quinta-feira, 16 de setembro de 2010

COMENTÁRIO

Olá meu amigo Júnior.

Na atual conjuntura, penso assim:

TIRIRICA

Em palhaço vejo graça.
Em político, vejo não!
É melhor votar em palhaço
Do que em político ladrão.
Já que tudo é palhaçada
A população tá roubada,
Vamos ao circo e ao pão.
.
O circo vai pegar fogo
A chapa vai esquentar.
Tiririca é a vingança.
Quero ver a cobra fumar.
Já que tudo é uma Titica
Aposte no Tiririca,
Apenas para afrontar



Postado por Dalinha Catunda

CORES DA PRIMAVERA


As cores da primavera

Ornamentam a estação.

A vida parece mais bela

Com a nova coloração.

É a temporada das flores,

Dos sonhos e dos amores

Que brotam no coração.

*

As buganvílias e os Ipês ,

São espetáculos à parte.

Nas estradas ou jardins

Formam uma obra de arte,

Uma aquarela e sua beleza

Um presente que natureza,

Com pobres mortais reparte.

*

A mãe natureza é pródiga

Mostrando seu esplendor.

O que hoje é galho em botão

Amanhã será leque em flor

Num artifício da natureza

Que mostra a sua riqueza,

Em forma de aroma e cor.

*

O ciclo da vida é um fato,

Que se repete a cada estação.

Não fique à beira da estrada

Somente em contemplação.

Aproveite bem sua a vida,

Não fique parada e perdida

Esperando outra encarnação.


(Texto Dalinha Catunda)

OPINIÃO - TIRIRICA TEM RAZÃO


É público que ele é um palhaço. Fazer as pessoas rirem é sua profissão. Por conta disso, tornou-se cantor. Por amor ou por ódio, ninguém se esquece de “Florentina”, sua famosa canção, e, por ter progredido na vida, foi convidado pelo Partido da República – PR para concorrer a uma vaga de deputado federal. Como esperado e pela praxe na política brasileira, será eleito, e com sobra, que ajudará na eleição de colegas da sigla. Foi para essa finalidade que foi convidado e por ela é o maior investimento do Partido.

Tiririca não inventou nada na sua campanha eleitoral, e tascou logo uma frase perfeita, ao pedir ao povo para que: “vote em Tiririca, pior do que tá, não fica”. Foi o que melhor surgiu até agora no horário eleitoral gratuito neste ano. Uma frase que não foge ao da campanha geral. O atual ministro da Cultura não entendeu assim e conseguiu achar deboche na frase do palhaço-candidato. Pior, conseguiu ver risco à democracia.

Que Tiririca usa uma brincadeira caricata não resta dúvida. Tiririca foi convidado em razão dela, não usurpou lugar de ninguém. Não inventou nada agora. É mais autêntico do que os beijinhos em qualquer peão, as crianças colocadas no colo a todo instante, comer tudo que é exótico, como buchada; mais autêntico até do que os famosos cafezinhos em padarias e lanches em barracas de rua, inimagináveis para os candidatos em outras épocas.

Quanto ao risco à democracia, essa citação está mais configurada como um vício de retórica. Quando houve a reabertura democrática, os atos de corrupção afloravam a todo instante, e o argumento geral era de positividade, sob a justificativa de que “agora os desmandos vêm a público”. Diminuiu, mas até hoje, alguns desvairados ainda repetem essa cantilena. Corrupção deve ser combatida em qualquer sistema de governo, ainda mais num governo democrático, que deveria criar mecanismos para evitá-la, pois o erário não costuma ser ressarcido dos valores usurpados.

Só para ficar em 2010, o governo do Distrito Federal, incluindo quase todos os deputados, foi flagrado empacotando dinheiro em todo lugar do corpo. A prefeitura de Dourados, segunda maior cidade do estado de Mato Grosso do Sul, também repetiu a cena. Está sem administrador. E o governador do Amapá está na cadeia. No Rio de Janeiro, um falso médico, que atuam no país inteiro, é acusado pelo assassinato de uma de suas vítimas.

Na esfera federal, houve a invasão aos dados fiscais da filha do candidato José Serra. É fato que foi por um órgão do atual governo; que envolve parentes do principal adversário. Mas, tentam passar para todos que tudo não passa de mera coincidência. Ainda repete-se a cena do pagamento de mais de seis milhões em outras extras aos funcionários do Senado, mesmo sem nenhum parlamentar trabalhando no mês janeiro. No meio do ano a prática de mais essa mamadeira se repetiu no Congresso.

São exemplos de uma vastidão de acontecimentos tenebrosos, rotineiros, aos quais os governos ignoram e passam a idéia de que eles são fatos naturais e inevitáveis, o que não é verdade. Nem mesmo essas condutas ilegais, lesivas ao erário e oportunistas colocam a democracia em risco.

Tiririca tornou-se conhecido por um trabalho; simplório ou não, ao menos teve uma construção. O ministro da Cultura pouca gente, se existir alguém, deve saber de onde surgiu nem conhece algum trabalho relevante. Seria bom perguntar ao candidato-palhaço, e exigir uma resposta séria, se ele conhece algum projeto do Ministério da Cultura. Também deveria estender a mesma pergunta ao eleitorado brasileiro. O percentual de desconhecimento vai mostrar para o ministro que não é a brincadeira do candidato quem debocha da democracia. Tiririca só está errado em afirmar que pior do que está não fica. Fica, sim, mas não por conta da candidatura, da brincadeira sem graça de campanha nem pela votação esmagadora que terá Tiririca.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP

Bel. Direito

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

CONJUNTURA NACIONAL

Hermenegildo

Recebo de Raimundo Junior uma historinha do Piauí que foi contada por seu pai, Raimundo Dias, ao nosso amigo Sebastião Nery com quem estudou no Seminário. Vejam o inelegível:

O candidato contra Jorcelino chamava-se Hermenegildo. O advogado de Hermenegildo, na impugnação de Jorcelino, era Benjamin Lustosa. O Dr. Benjamin ficou a audiência inteira tentando provar que Jorcelino era "inelegível". Era "inelegível prá cá, inelegível prá lá". Quando saíram, Jorcelino disse a seu advogado, Raimundo Dias:

- Doutor, o senhor viu como o Dr. Benjamin está louco?

- Por quê?

- Ele passou o tempo todo dizendo que eu era Hermenegildo.

Dilma estável

Dilma está com o pé direito no Palácio do Planalto. Em menos de 20 dias, o desafio de tirar mais de 20 pontos de diferença se apresenta como missão quase impossível para Serra. O quase é por conta do fator imponderável em política. Tudo pode acontecer. A essa altura, nem ondas fortes conseguem o naufrágio do barco da governista. Dilma tem atravessado borrascas : invasão de dados de Verônica Serra e tucanos; denúncia de lobby que teria sido feito pelo filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra etc. Não houve alteração de voto nos índices. Pode ter havido refluxo em setores da classe média paulista.

Classe média paulista?

Teria havido, sim, certo retraimento de votos por parte de setores da classe média de São Paulo. Essa inferência se deve ao fato de Mercadante não ter avançado. Mostra-se que Dilma teria perdido alguns pontinhos – entre 3 a 4 – em São Paulo, o que teria sido compensado pelo crescimento da votação no nordeste. Em Santa Catarina, Dilma, que perdia, já põe 5 pontos à frente de Serra. Em Minas Gerais, 2º maior colégio eleitoral do país, sua votação cresce. E continua a ganhar em São Paulo, terra principal do tucanato.

Estranho, hein?

Há coisas muito estranhas nessa campanha. Por que Dilma ganha na terra mais importante dos tucanos, que é São Paulo? Resposta: a força de Lula. Até aí tudo bem. Por que, então, Mercadante, candidato do PT, não chegou, ainda, aos 30%? Por que não avança para alcançar o patamar histórico do petismo ? Será que o perfil do candidato o segura?

O caso paulista

O cenário paulista vem se apresentando como um dos mais obscuros dessa eleição. O tracking, mapeamento feito diariamente, aponta para os seguintes dados: Geraldo Alckmin estaria com 45%; Mercadante com 26%. Caso Celso Russomanno consiga preservar seus 10%, teríamos 36%. Caso Paulo Skaf obtenha 3%, chega-se a 39%. Se os candidatos nanicos somarem uns 4% a conta vai para 43%. Isso é o que PT espera. Com mais dois pontos, a campanha paulista poderia entrar no segundo turno. É difícil, mas não impossível. Entre 0 a 10, a chance de Alckmin é, hoje, de 8. A não ser que...

Nunes Ferreira

O quadro ao Senado, em São Paulo, também continua obscuro. Este consultor acha muito difícil que as oposições por aqui – PT e PC do B – façam os 2 senadores, deixando os tucanos a ver navios. Por isso, Aloysio Nunes Ferreira, com a renúncia de Quércia, por doença, tem chances. Há quem garanta que será o mais votado, devendo ultrapassar Marta Suplicy. Pode ser. E o Netinho de Paula, que é um candidato com votação suburbana, poderia ser ultrapassado pelos votos de Nunes Ferreira no interior do Estado. Mas há quem considere Netinho o perfil que pode ultrapassar Marta. O campo está embolado.

Tuma ajudando Tuma

O senador Romeu Tuma deverá continuar na campanha para ajudar o filho, Robson Tuma, candidato a deputado federal. O senador está convalescente. Mas não dá sinais de que vai desistir. Fez aliança branca com Nunes Ferreira. Pedem votos para a dupla.

"Las creencias son el soporte del carácter; el hombre que las posee firmes y elevadas, lo tiene excelente. Las sombras no creen." (José Ingenieros in El Hombre Medíocre)

Tiririca

Já o Tiririca, que pede para o "abestado" (ele mesmo), deverá angariar entre 800 a 1 milhão de votos. Puxará três ou quatro parlamentares para a legenda do PR. O palhaço tem a cara de boa parte do Brasil.

Temores e dúvidas

Dilma já não provoca tanto medo nos meios produtivos. A estratégia do amedrontamento, articulada por alguns setores, começa a dar sinais de desvanecimento. Há, isso sim, receio de que alguns enclaves no entorno da ministra continuem a gestar a formulação de ideias exógenas – que apontam para o dedo do Estado – em algumas áreas, como por exemplo, nas telecomunicações. Os meios empresariais e os comandos de empresas receiam que o tom intervencionista venha a se sobrepor à ordem privativista que hoje impera. Há um grupo dentro do governo, comandado por Franklin Martins, que continua a formular a política para a área das comunicações. Comenta-se que é intenção deste grupo aprovar esta matéria até o fim do governo Lula. (O tal grupo estaria acumulando raiva de setores da mídia)

"A justiça pode ser cega, mas não devemos fazê-la paralítica." (Mark Berg)

Mídia e ameaças

Pelo que se infere, se aparecer algum projeto, de cunho mais intervencionista, no Congresso Nacional, a tendência das casas congressuais é pela aprovação. O Parlamento se sente acossado e acuado pela mídia. Logo, não se inclinaria a atender pleitos de grupos de comunicação. Tenho ouvido o bordão por onde passo: a mídia tornou-se um partido escancarado. Faz campanha aberta para um candidato. E o faz de maneira agressiva e sem pudor. Tento, às vezes, argumentar que o papel da imprensa também é de vigiar, criticar, fiscalizar. Vejo a fogueira subindo e aqueles que se preocupam em jogar água para baixar o fogo infelizmente não o conseguem. Cabeça fria, gente, cabeça fria. O momento sugere bom senso.

"A ousadia dirigida por uma inteligência dominante é a marca do herói." (Clausewitz in Da Guerra)

Debates

Ninguém aguenta mais ouvir debates. Essa bateria de lengalenga tem funcionado mais como estratégia de alavancagem de marketing das empresas do que efetivo instrumento para avaliação e comparação de propostas de candidatos. Os debates têm oscilado entre os índices de 4% a 5%. Pouca audiência. E mesmo o debate da Rede Globo, ao final do mês, não deverá ter muito impacto. A saturação do verbo motiva os telespectadores a desligarem os aparelhos de TV ou mudar de canal.

Novos senadores?

Dois casos emblemáticos: Marco Maciel (DEM/PE) e César Maia (DEM/RJ). Estavam bem de saúde eleitoral. Passam mal. Em Pernambuco, o ex-presidente da CNI, deputado Armando Monteiro, deverá desalojar um senador dos mais antigos, o ex-presidente da República, Marco Maciel. No Rio de Janeiro, César Maia, um bom pensador político, está sendo ultrapassado pelo petista Lindberg Farias. De Roraima, virão Romero Jucá (PMDB) e Ângela Portela (PT). Do Amazonas, deverão vir Eduardo Braga (PMDB), Arthur Virgílio (PSDB) ou Vanessa Grazziotin (PC do B).

RN

Um dos últimos redutos do DEM é o Rio Grande do Norte. A senadora Rosalba Ciarlini (DEM/RN) poderá levar a melhor logo no primeiro turno. Junto de um peemedebista, Garibaldi Alves, e de um democrata, José Agripino. Indo ao RN, Lula poderia puxar os nomes de Iberê Ferreira (PSB) ao governo e Vilma Faria (PSB) ao Senado. Difícil. O Rio Grande do Norte é um Estado quase imune às pressões.

O governismo

A continuidade governista poderá agregar 20 governadores no pleito de 3 de outubro. Lembra os tempos áureos do governo Sarney, quando o PMDB fez 22 dos 23 governadores. Só não elegeu o governador de Sergipe, Antonio Carlos Valadares, na época PFL.

Ficha Limpa

Faltam menos de 20 dias para as eleições. Se o STF não julgar se a lei da Ficha Limpa está em vigência para as eleições de outubro, muitos candidatos se submeterão às urnas mergulhados em dúvida. Poderão, caso eleitos, perder o mandato mais adiante.

Lula extrapola

Lula sempre extrapola. Desta feita, o presidente foi além do bom senso, ao dizer que é preciso extirpar o DEM da política brasileira. Se ele não gosta de fulano ou sicrano deste partido, não pode e não deve usar a parte pelo todo. Há gente de qualidade na sigla. E que merece respeito, a partir de um quadro como Marco Maciel, senador de Pernambuco.

"Não tem futuro a gramática da vida." (Machado de Assis)

Conselho a todos os candidatos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos gurus do marketing. Hoje, volta sua atenção a todos os candidatos. Atenção, candidatos majoritários e proporcionais de partidos e coligações. Atentem para alguns princípios orientadores na busca do voto :

1. Procurem expressar a característica mais importante de sua identidade – o foco.

2. Não esqueçam que o eleitor deseja travar conhecimento com o personagem. Circular no meio da massa é importante.

3. Façam grande esforço para multiplicar presença em vários locais – a onipresença é um valor insuperável. Planejar eventos rápidos em lugares e cidades diferentes em um mesmo dia.

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(Por Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

OBSERVATÓRIO


Ainda esta semana, Crateús deverá ganhar o foco dos holofotes nacionais nesta campanha eleitoral. José Serra, o candidato tucano à Presidência da República, estará pisando a escassa mata ciliar do Poty amanhã, quarta-feira, dia 15 de setembro. O comício de Serra, em Crateús, será enfeitado com a mais alta plumagem do tucanato local, estadual e nacional. Demais disso, é um momento para a terra do Senhor do Bonfim figurar na grande mídia. O presidenciável tucano, que gravará cenas para o seu programa de TV, pousará no aeroporto de Crateús acompanhado de repórteres dos principais órgãos de imprensa do País.

AS CAMPANHAS

Nos últimos tempos, as campanhas políticas ganharam contornos de imprevisibilidade. Nem sempre o que se imagina meses antes do inicio da contenda eleitoral se confirma durante a rinha de fato. Praticamente, os meses de julho e agosto têm sido os definidores do processo. Veja-se o caso da disputa presidencial. O PSDB projetava que, com o inicio do programa eleitoral gratuito, Serra subiria. Caiu. Agora tenta reagir.

O SENADO

A corrida para o Senado, no Ceará, é outro exemplo emblemático de discrepância entre o que foi desenhado e o que efetivamente acabou por se concretizar. Antes das convenções, projetava-se um quadro francamente favorável para José Pimentel: ministro da Previdência com louvável folha de serviços prestados ao País, homem de linha de frente do partido do Presidente e oficialmente candidato in pectore (do peito) de Lula. A avaliação corrente era que Pimentel descolaria do parceiro Eunicio Oliveira e conquistaria tranquilamente uma das vagas de senador. Ocorreu o inverso.

CID

Enquanto sua dupla de candidatos ao Senado se enfrenta, Cid Gomes tomou uma decisão: tirou o pé do acelerador de campanha e diminuiu o ritmo frenético da agenda de eventos em busca de votos. O trabalho eleitoral está concentrado de quinta-feira a domingo. Nos demais dias, investe no solene ritual de governador. Com isso, evita polêmicas e desgastes desnecessários. O governador só altera o tom sóbrio quando se depara com incursões do rival Lúcio Alcântara. No debate sobre a vinda de Dilma ao Ceará, Cid exigiu que a presidenciável optasse entre subir no seu palanque ou no de Lúcio. Mediadores nacionais buscam uma saída. Há um compromisso de tratamento isonômico para ambos os apoiadores. Setores do PT defendem isso. Porém, o problema persiste.

PERSEGUIÇÃO

A atmosfera da refrega eleitoral costuma contaminar a todos com energias pesadas. Quem está no poder costuma se deixar influenciar pelo animus de perseguir. Há funcionários da Prefeitura de Crateús reclamando de tratamento discriminatório. A lei proíbe a abominável perseguição por razões políticas. Mesmo assim, há caso de gente que foi chamado às falas e instado, sob ameaça velada, a apoiar candidaturas que contam com o beneplácito do Chefe do Executivo. Inclusive, há registro de gente que foi removida dentro do trimestre vedado. O artigo 73, inciso V, da Lei Eleitoral proíbe expressamente que, nos três meses que antecedem às eleições e até a posse dos eleitos, seja realizada remoção (ou transferência) de servidor público. Portanto, cuidado!

PROCURADORIA

Chegou à coluna a informação de que o Procurador-Geral, Odijas de Paula Frota, teria recebido portaria de exoneração. A articulação que desaguou na saída de Odijas e de sua consorte Juliana, que também era comissionada da Procuradoria, teria contado com o empenho de um influente Vereador. Da mesma fonte recebemos a notícia de que um advogado da terra será o substituto.

NOVA RUSSAS

Por falar em edil, a Câmara Municipal de Nova Russas afastou a vereadora Karla Loiola, Presidente da Casa. Karla, aliada do Prefeito, dificultava um processo investigatório contra o alcaide Marcos Alberto, alvo de um vigoroso rosário de denúncias. Agora, o processo segue célere.

SEDE

A diretoria da Academia de Letras de Crateús – ACL – reuniu-se no sábado passado, 11.09.2010. A ACL alugou um espaço na Rua do Instituto Santa Inês, 231, e o transformou em sede da entidade (vizinho ao antigo posto do INAMPS, atrás do Colégio Lourenço Filho). A Academia firmou uma parceria com a SABi (Sociedade Amigos da Biblioteca Norberto Ferreira Filho), que também está se transferindo para o mesmo endereço. Juntas, as duas entidades prometem brindar a população crateuense com ações de envergadura na área cultural. A nova sede será festivamente inaugurada no dia 16 de outubro.

PARA REFLETIR

“Senhor... Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar os aplausos dos fracos. Se me dás fortunas, não me tires a razão. Se me dás sucesso, não me tires a humildade. Se me dás humildade, não me tires a dignidade. Ajuda-me a enxergar o outro lado da moeda. Não me deixes acusar o outro, traindo os demais. Apenas por não pensarem igual a mim. Ensina-me a amar os outros como a mim mesmo.” (...) (Mahatma Gandhi)


(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro-Oeste, Crateús, Ceará)

OS OLEIROS


Nasci e me criei à beira do rio Serrote, tributário do Poty. Às margens desse curso natural de água, há uma elevação de terra que chamamos “croa”. Aí encontramos a melhor substância de terra moldável, a argila mais adequada para a produção de artefatos de barro cozido.

Sempre me empolguei com aquele fenômeno da infância: a produção de telhas. Inebriava-me mirando aqueles grupos de homens que se levantavam religiosamente às quatro horas da manhã e marchavam para o local de trabalho: uma pequena barraca de palha com um lastro de areia à frente, um forno de barro, um monte de lenha e outro de estrume, que se mistura à argila formando uma massa consistente como a dos bolos caseiros. Isso, mais um pouco de água e os instrumentos de moldagem era o suficiente para assistirmos ao espetáculo da transformação.

Segundo estudiosos do assunto, “calcula-se que o barro vermelho já teria sido explorado no período Neolítico (8.000 anos antes de Cristo). No fim da Idade da Pedra, iniciou-se a cozedura da argila em fornos, o que revolucionou a utilização da mesma ao conferir-lhe propriedades de resistência que viriam a permitir a sua utilização em projetos mais arrojados, de que são exemplos, segundo nos informa a Bíblia (Gênesis XI, 3) a famosa Torre de Babel, a grande muralha da China e a inscrição dos primeiros hieróglifos (a palavra escrita, base de toda a Civilização) em placas de argila”.

Há entre nós e o barro uma ligação mística, uma relação profunda, um enlace sagrado, uma conjunção transcendental. Ensina a tradição oral popular que Deus foi o primeiro Oleiro. Logo, a profissão de Oleiro é a mais antiga do mundo.

No campo filosófico, o pensador grego Plutarco, ao refletir sobre a meticulosa dedicação do trabalho de quem mergulha na arte do barro, disse: “Oleiro algum jamais molhou a argila e depois a deixou, como se os tijolos fossem fabricados do acaso.” Possivelmente, tal assertiva tenha um viés pedagógico. Pai nenhum coloca (ou deveria colocar) um ser humano no mundo ao acaso...

O mundo dos Oleiros ofereceu, também, um enorme contributo ao arsenal das expressões comuns ao cotidiano da gente simples do povo. A expressão “feito nas coxas”, por exemplo. Ao invés de qualquer conotação libidinosa, estaria ligada ao universo oleiro do tempo da escravidão. No período colonial, as telhas eram feitas em formas arredondadas e tinham um tamanho relativamente grande e semelhante ao tamanho da coxa do escravo que as moldava. Quando uma telha ou um lote de telhas saia ruim diziam que elas tinham sido feitas nas coxas do escravo e não na forma.

No sábado passado, no distrito de Curral Velho - o maior pólo de olarias do município - os oleiros se reuniram para comemorar mais uma festa do barro. Em um mesmo dia, torneio futebolístico, celebração da Santa Missa e festa dançante.

É um momento que, além da impulsão comemorativa, há que provocar uma parada reflexiva. Naquela região encontramos três estruturas fabris em atividade e dezenas de olarias artesanais. Estas últimas, constituídas basicamente de grupamentos familiares, carecem de maior organização e, sobretudo, de incentivo governamental. Desprotegidos, vivem expostos à sanha dos atravessadores. O imenso labor ainda estar por se traduzir em real melhoria do patamar de renda dos protagonistas do processo.

Que, em futuro próximo, possamos festejar o progresso educacional, o avanço na qualidade de vida e a pujança econômica daquela gente humilde e cheia de vida. Gente que, com artísticas mãos calejadas, transforma o barro cru no tijolo e na telha essenciais a todas as edificações.


(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro-Oeste, Crateús, Ceará)

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Vou pegar a sua deixa e farei uma reportagem sobre o assunto.

Quem sabe daí seja plantada a semente de uma nova fase na vida dos oleiros e região!

Um abraço.

Silvania Claudino

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

AMANHÃ É DIA DE MAIS UMA EDIÇÃO DO JORNAL GAZETA DO CENTRO-OESTE!

DEIXA A "MULHER" FALAR, PRESIDENTE!


Lula é hoje talvez o brasileiro que menos confia na capacidade de Dilma Rousseff de andar com os próprios pés, falar com a própria boca, pensar com a própria cabeça. O rompante demagógico e sentimental do presidente no dia 7 de setembro atropelou sua candidata. Na TV, Lula afirmou que associar o PT à quebra de sigilo fiscal de parentes de José Serra é “um crime contra a mulher brasileira”. Não, presidente, a violação do sigilo é um crime contra a Constituição. Crime contra a mulher é outra história.

Mais chato e pernicioso que o jogo de empurra entre personagens menores na Receita com nomes mirabolantes como Adeildda, que fuçam como tatus a vida de milhares de cidadãos e falsificam assinaturas, é esse discurso sobre a mulher intocável e santa. Quando os debates começaram, Lula disse que esperava de concorrentes e entrevistadores “mais delicadeza” com Dilma, por ser ela do sexo feminino. Também afirmou que “finalmente o país está preparado para ter uma mulher como presidente”. Como se antes não estivesse. E como se ser mulher fosse pré-requisito para uma boa Presidência. A vizinha Cristina Kirchner não nos deixa mentir.

Agora, o paternalismo do presidente tornou-se patético. Dilma foi jogada para escanteio, numa rouquidão providencial, seguida do nascimento tuitado do primeiro neto. Lula deu uma de macho, falando por uma ex-ministra que nada tem de frágil, conhecida pelo temperamento forte e por um passado de luta contra a ditadura. Em seu ufanismo pontuado pelo Hino Nacional, de terno e broche da Presidência, Lula fez-se de vítima e infantilizou seus eleitores, tratando-os como analfabetos desprovidos de raciocínio.

Como chamar a oposição de “turma do contra”, sem amor pelo país, que “quer destruir tudo o que foi feito”, se o adversário José Serra, à revelia ou não do PSDB, adotou um discurso atabalhoado de continuidade e quis pegar carona nas conquistas sociais do presidente? Lula não tentou destruir tudo o que foi feito por FHC. Ao contrário, manteve a política econômica do governo anterior e caiu de amores por impostos que considerava “assalto ao povo”, como a CPMF. Quando fala da “zelite” para o povão, Lula omite que os banqueiros estão entre os mais satisfeitos com o governo do PT. Esse é o maniqueísmo favorito do ex-sindicalista. Ricos contra pobres. Doutores contra operários. Uma dicotomia falsa no Brasil de hoje, felizmente.

Nenhum presidente de outro partido ousaria mexer no que está dando certo. Um exemplo positivo, a comemorar, é a contínua redução da desigualdade. Apesar da crise internacional, 1 milhão de brasileiros deixaram de ser pobres no ano passado, nos cálculos da Fundação Getulio Vargas.

O paternalismo de Lula é patético. Ele é quem menos confia na capacidade de Dilma andar sozinha.

A atitude intempestiva de Lula não é novidade para quem acompanha seus oito anos de mandato. Sua incontinência verbal se aprofundou e hoje resvala no vulgar. Chamar os Estados Unidos de “elefante que se borra para o rato” é uma expressão não apenas gratuita e ofensiva. Ela não faz jus ao relacionamento adulto entre os dois países. Lula tem dito impropérios, mas pede “equilíbrio”. A baixaria é de quem?

Dilma era considerada pelo próprio PT um poste, por jamais ter disputado uma eleição. Hoje é favorita, pelo milagre da transferência de votos, mas também por seus próprios méritos. Dificilmente esse escândalo obscuro pode mudar o panorama. Os números explicam isso. Somente 40 milhões no Brasil declaram Imposto de Renda. Mas, dos 130 milhões de eleitores, 54% são analfabetos, analfabetos funcionais ou não terminaram o ensino fundamental. E a maioria deles idolatra Lula.

Sob pressão de seu mentor, Dilma disse em comício em Goiás que “eles (os tucanos) estão com medo de uma mulher dar certo”.

Governar não é uma questão de gênero. Ser presidente da República é o desafio de uma vida. Se eleita, Dilma vai querer imprimir sua marca e não se conformará em ser vista como interina, esquentando cadeira para a volta de Lula após quatro anos sabáticos.

Conseguirá o “pai dos pobres” calar-se e deixar o país em suas mãos de mulher? Ou exigirá guarda compartilhada?

(Ruth Aquino, na Revista Época desta semana)