sábado, 1 de setembro de 2012

QUE MUNDO MARAVILHOSO! - LOUIS ARMSTRONG

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

HOMENAGEM A PELUSO NO STF

"Nenhum juiz condena ninguém por ódio. Magistrado condena em primeiro por uma exigência de justiça. Em segundo, porque reverencia a lei, que é a salvaguarda da própria sociedade. É com amor e em respeito aos próprios réus, que a condenação é um chamado para que se reconciliem com a sociedade". Desta forma, e com a voz embargada, o ministro Cezar Peluso proferiu seu último voto no STF. Após sua fala, ele se emocionou e foi homenageado no plenário.
O primeiro a se pronunciar foi o ministro Ayres Britto que afirmou que Peluso é um "Juiz eminentemente estudioso, culto, solícito, aberto, sempre disponível para as nossas interlocuções em público ou em gabinetes”. “E nesse momento em que ele mesmo anuncia sua despedida, eu estou certo de que todos nós experimentamos um sentimento mesclado de tristeza e ao mesmo tempo de honra, de gratidão, por esse convívio tão frutuoso para todos nós. Vossa Excelência tem uma carreira judiciária longa, acho que de mais de 40 anos, passou pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e está aqui há mais de 9 anos, sempre transmitindo valiosas experiências de vida. Aprendemos todos com vossa Excelência que um juiz deve pautar o seu ofício por esses conjugados prismas da decência, independência, do estudo, da ética, da transparência, da abertura espiritual para o diálogo permanente. Também me emociono neste momento ao registrar que vossa Excelência está nos deixando. Mas nos deixando sob essa trajetória luminosa. Vossa Excelência é a encarnação do seu próprio discurso. Entre o seu discuso e a prática não há abismo, não há hiato. Vossa Excelência faz o que prega. E autenticidade é o encurtamento da distância entre o que se teoriza e pratica. Receba as nossas homenagens e gratidão pelo ser exponencial, espiritualmente evoluído", disse o ministro.

O procurador-Geral da República, Roberto Gurgel também pediu a palavra para prestar homenagens. "Tive o privilégio de saudar Vossa Excelência no momento em que ele assumiu a presidência desse Supremo Tribunal Federal. E ali tive a oportunidade de realçar as virtudes do magistrado e do homem. Ele é uma personalidade absolutamente exemplar, seja na magistratura ou na sua dimensão humana. Nos anos em que abrilhantou, com sua presença, esta Corte Suprema, como fez com o Tribunal Superior Eleitoral, deu sempre a contribuição que só é possível àquelas pessoas que reúnem, de um lado, a capacitação técnica, o profundo conhecimento jurídico, à erudição dos outros ramos do conhecimento. E, mais do que erudição, as qualidades pessoais, esse humanismo que faz das pessoas especiais. Eu lembro que, então, observei que tinha certeza que no período em que passaria à frente da presidência, Sua Excelência, lembrando Augusto Schmidt, saberia dar ao efêmero a densidade do eterno. No período que Sua Excelência esteve nesta Corte, sem dúvida alguma, ficará marcada para sempre na História do Supremo Tribunal Federal, na História do país".

Celso de Mello pediu para fazer um registro e disse que "os grandes juízes do STF, como o eminente ministro, não partem jamais, permanecem eternos na memória e na história deste grande tribunal. Justamente pela independência, altivez e integridade com que esse notável magistrado exerceu sua função na mais elevada corte do Brasil. (...) Lamento que o constituinte de 1988 tenha estabelecido essa restrição de idade".

Por fim, Marcio Thomaz Bastos pediu a palavra e homenageou Peluso em nome de todos os advogados. "É com alegria eu que acompanho a sua trajetória. (...) Pude sentir seu rigor e vigor na instrução criminal. Tive muita honra de participar do processo de indicação e seleção de vossa Excelência para esta corte. Vossa Excelência chegou aqui pronto, já era magistrado honesto, brilhante, independente, capaz de votar com a própria cabeça e, como bem disse o ministro Celso de Mello, vossa Excelência fica pelos seus votos e exemplos, pela maneira que vossa Excelência conduziu nessa Corte, participando de decisões cruciais dessa Corte, como aquela que homologou e sagrou a constitucionalidade do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em nome dos advogados quero agradecer pelo serviço de alta relevância que o senhor prestou aqui. Como disse Celso de Mello, a função de juiz do STF deveria ser vitalícia, sem nenhum limite, enquanto ele se sentisse em condições de ser juiz e distribuir justiça. Quero pedir a Corte que suspenda o trabalho por alguns minutos por que sinto que os advogados querem cumprimentar vossa Excelência pessoalmente. Esse é o requerimento que faço".

OS PRIMEIROS DIAS DO NOVO GOVERNO DA FRANÇA

Isto é o que fez o François Hollande (não palavras mas... atos) em poucos dias de governo e no cargo de Presidente. Os dados que aqui constam são oficiais, e foram traduzidos do Le Monde:

- Suprimiu 100% dos carros oficiais e mandou que fossem leiloados; os rendimentos destinam-se ao Fundo da Previdência e destina-se a ser distribuido pelas regiões com maior número de centros urbanos com os suburbios mais ruinosos.

- Tornou a enviar um documento (doze linhas) para todos os órgãos estatais que dependem do governo central em que comunicou a abolição do "carro da empresa" provocativa e desafiadora, quase a insultar os altos funcionários, com frases como "se um executivo que ganha € 650.000/ano, não se pode dar ao luxo de comprar um bom carro com o seu rendimento do trabalho, significa que é muito ambicioso, é estúpido, ou desonesto. A nação não precisa de nenhuma dessas três figuras " . Fora os Peugeot e os Citroen. 345 milhões de euros foram salvos imediatamente e transferidos para criar 175 institutos de pesquisa científica avançada de alta tecnologia, assumindo o emprego de 2560 desempregados jovens cientistas "para aumentar a competitividade e produtividade da nação."

- Aboliu o conceito de paraíso fiscal (definido "socialmente imoral") e emitiu um decreto presidencial que cria uma taxa de emergência de aumento de 75% em impostos para todas as famílias, líquidas, que ganham mais de 5 milhões de euros/ano. Com esse dinheiro (mantendo assim o pacto fiscal) sem afetar um euro do orçamento, contratou 59.870 diplomados desempregados, dos quais 6.900 a partir de 1 de julho de 2012, e depois outros 12.500 em 01 de setembro, como professores na educação pública.

- Privou a Igreja de subsídios estatais no valor de 2,3 milhões de euros que financiavam exclusivas escolas privadas, e pôs em marcha (com esse dinheiro) um plano para a construção de 4.500 creches e 3.700 escolas primárias, a partir dum plano de recuperação para o investimento em infra-estrutura nacional.

- Estabeleceu um "bónus-cultura" presidencial, um mecanismo que permite a qualquer pessoa pagar zero de impostos se se estabelece como uma cooperativa e abrir uma livraria independente contratando, pelo menos, dois licenciados desempregados a partir da lista de desempregados, a fim de economizar dinheiro dos gastos públicos e contribuir para uma contribuição mínima para o emprego e o relançamento de novas posições sociais.

- Aboliu todos os subsídios do governo para revistas, fundações e editoras, substituindo-os por comissões de "empreendedores estatais" que financiam acções de actividades culturais com base na apresentação de planos de negócios relativos a estratégias de marketing avançados.

- Lançou um processo muito complexo que dá aos bancos uma escolha (sem impostos): Quem porporcione empréstimos bonificados às empresas francesas que produzem bens recebe benefícios fiscais, e quem oferece instrumentos financeiros paga uma taxa adicional: é pegar ou largar.

- Reduzido em 25% o salário de todos os funcionários do governo, 32% de todos os deputados e 40% de todos os altos funcionários públicos que ganham mais de € 800.000 por ano. Com essa quantidade (cerca de 4 mil milhões) criou um fundo que dá garantias de bem-estar para "mães solteiras" em difíceis condições financeiras que garantam um salário mensal por um período de cinco anos, até que a criança vá à escola primária, e três anos se a criança é mais velha. Tudo isso sem alterar o equilíbrio do orçamento.

Resultado:

O spread com títulos franceses caiu, por magia.

A inflação não aumentou.

A competitividade da produtividade nacional aumentou no mês de Junho, pela primeira vez nos últimos três anos.

Portanto, as promessas eleitorais estão sendo cumpridas na íntegra, passo a passo, sem bolsas esmolas e sem discursos populistas.

E é assim que tem de ser, mas só possível com gente de caráter, honra, povo culto, esclarecido e sobretudo eleitores que sabem votar.

(enviado por Ademir Rocha)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

PARA REFLETIR

"Não há uma estrada real para a felicidade, mas sim caminhos diferentes. Há quem seja feliz sem coisa nenhuma, enquanto outros são infelizes possuindo tudo."
Luigi Pirandello

CONJUNTURA NACIONAL

Abro a coluna com Zé Abelha, o impagável contador de historinhas mineiras.

Comício à Paganini

Comício em Entre Folhas, à época, distrito de Caratinga/MG. A política fervia. Os grupos iam aos palanques, armados até aos dentes. Zé Augusto, candidato, para onde vai, leva a tiracolo seu famoso violino, a pequena metralhadora, cuja capa lembra o instrumento de Paganini. Fazia parte da comitiva do candidato um famoso padre da região, o monsenhor Aristides Marques da Rocha, que militava no PSD e exercia grande influência sobre as massas. Só andava armado. Revólver em um bolso e as balas embrulhadas num lenço, bem amarradas, no outro. O monsenhor Rocha tinha a batina cheia de pequenos rasgos, feitos por devotos que arrancavam pedaços para fazer bentinhos. Um adversário de Zé Augusto, ao ver o monsenhor armado, toma coragem e tenta desconcertado:

- Uai, monsenhor, o senhor não vive dizendo que homem só morre quando Deus chama?

- É isto mesmo, meu filho, mas hoje eu estou armado porque posso encontrar algum udenista que Deus está chamando com urgência e, aí, eu presto um serviço ao Criador, matando o filho da p....

O comício de Zé Augusto transcorreu na santa paz.

Procurando um norte

Os programas eleitorais procuram um norte. Nas duas primeiras semanas, os programas tatearam no escuro, ao tentar fisgar o eleitorado com descrições melosas sobre a vida dos candidatos, propostas genéricas nas áreas de saúde e transportes, principalmente. Mas não deixaram também de fazer incursões na arena de guerra, ou seja, fustigaram adversários. Se formos dividir em blocos, podemos apontar o seguinte enquadramento: a) perfil dos candidatos; b) propostas e temas gerais; c) ataques; d) comparações entre ideias e estilos. Os programas, regra geral, não abrigam os recursos a serem investidos.

A campanha paulistana

Como era previsível, os programas de José Serra e Fernando Haddad são os que mais tempo se dedicam a questões da cidade, principalmente o do tucano. O programa do candidato petista tem dedicado muito tempo à descrição do perfil de Haddad, coisa compreensível face ao seu desconhecimento pelo eleitorado. Serra procura mostrar conhecimento sobre a cidade, gastando um bom tempo discorrendo sobre o sistema de transportes e saúde. Mostra o que já foi feito nessa área por ele e Kassab. Mais da metade do tempo de Haddad é usada para exposição sobre sua vida. O programa tucano bate forte na proposta petista do "bilhete mensal", chamando-o de "bilhete mensaleiro". A campanha negativa abriu espaço. Russomanno apresenta-se sempre no meio do povo. Chalita mostra sua carreira política, fixa a imagem do educador e propõe que o eleitor não dê ouvido às "picuinhas" entre tucanos e petistas. Soninha encaixa-se no rótulo da sustentabilidade, combate o apadrinhamento político, enquanto Paulinho da Força lapida a vertente do emprego, meta de sua proposta de descentralização.

Campanha negativa

A campanha negativa é a do ataque ao adversário, seja lembrando frentes abandonadas, seja tentando vincular propostas novas com situações escandalosas, como é o caso do bilhete mensal de Haddad, cuja associação com o "mensalão" torna-se patente. Os profissionais de marketing podem, até, se respaldar em pesquisas para decidir usar as armas de ataque em campanhas. Em casos específicos, principalmente quando ficou consagrada uma gestão irresponsável em alguma área - como a da saúde - mostrar cenários devastados pode gerar efeitos. Contanto que essa estratégia seja comedida, usada de maneira tópica. Não deve significar o eixo de um programa. O eleitor quer ver coisas positivas. Já nos Estados, os ataques ganham mais eficácia em função do embate histórico entre os partidos democrata e republicano.

Os políticos

"Político é dividido em duas partes. Uma trabalha para ser eleito. A outra trabalha para conseguir um cargo público se for derrotado". (Augusto Zenun, de Campestre, sul de Minas)

Embolados

Quatro candidatos podem embolar o meio de campo em SP: Serra, Russomanno, Haddad e Chalita. Os quatros podem oscilar em torno de 20% a 25%. Serra e Russomanno, descendo; e Chalita e Haddad, subindo. Haddad deve chegar aos 13% na próxima rodada. Pesquisas qualitativas abrem esta possibilidade. Lá pelo dia 15/20 de setembro, a tendência se mostrará mais clara. A campanha paulistana ainda se reveste de grandes interrogações.

O preço do voto

"O preço do voto de um eleitor mentiroso é sempre o mais caro". (Augusto Zenun, de Campestre, sul de Minas)

O livro do Ruy

Ruy Altenfelder Silva é um profissional de muitos conhecimentos, a partir do Direito, área que domina exemplarmente. Profissional de múltiplas atividades, consultor, conferencista, Ruy, do alto de sua experiência no comando de instituições de magnitude, como o Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE, também se destaca como um denso intérprete da vida nacional. Basta ver a infinita coleção de entrevistados de seu programa Diálogo Nacional, veiculado em 10 canais a cabo em diversas regiões do país, onde recebe os mais renomados perfis da cultura e da educação, da política e dos negócios. Preâmbulo para dizer que, hoje, às 18h30, Ruy lançará o livro "Diálogo Nacional - Repensando o Brasil", que terá coautoria de Alexandre Artacho Altenfelder Silva. A obra contém 35 artigos, envolvendo questões de ética, política, educação e desenvolvimento.

Mensalão

Até o momento, o julgamento do mensalão derruba hipóteses preliminarmente assentadas. Não há dois grupos de ministros, um pela absolvição, outro pela condenação dos réus; os ministros têm procurado expressar abordagens diferentes, ângulos inusitados. Ou seja, não há concordância com todos os pontos levantados pelo relator. E mesmo quando concordam, enxergam aspectos diferenciados. A expressão reveste-se de densa argumentação jurídica. Quanto à influência sobre as eleições, este consultor volta a lembrar: o processo apenas reforçará pontos de vista já firmados por grupamentos de eleitores, não induzindo o voto. O grande eleitorado tende a votar por esta geografia do voto: bolso, estômago, coração, cabeça.

Adversário

"Quando estamos no governo, todo adversário que quer se encaixar diz ser técnico". (Augusto Zenun, de Campestre, sul de Minas)

Delfim pergunta

Delfim Netto, nosso economista maior, pergunta: "como vamos organizar a sociedade brasileira para propiciar empregos - de boa qualidade e salários adequados - a 150 milhões de pessoas que constituirão a população em idade ativa em 2030?".

Delfim responde

"Se quisermos ter em 2030 algo parecido com o nível de renda per capita em paridade de poder de compra de Portugal de hoje, temos de crescer em torno de 5% ao ano (mais ou menos 4% do PIB per capita), em média, nos próximos 18 anos. Isso exigirá cuidadosa e rigorosa política fiscal, capaz de sustentar a política monetária (que produzirá o equilíbrio interno), e adequada política cambial (que produzirá o equilíbrio externo)".

O choque

"Há um fato na política que a torna bastante interessante: o choque dos falsos políticos com os políticos falsos". (Augusto Zenun, de Campestre, sul de Minas)

168 mil temporários

Levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem) revela que de janeiro a julho deste ano foram contratados 168 mil temporários para trabalhar em diversos segmentos no comércio, indústria e lazer. Deste total, cerca de 10%, ou seja, 16 mil trabalhadores foram efetivados na vaga. Os números consideram somente as contratações feitas nos períodos de aumento na demanda, como as férias de verão, Páscoa, Dia das Mães e férias de julho. De acordo com as pesquisas, encomendadas pela entidade ao Instituto Ipema, a data que mais gerou vagas temporárias foi a Páscoa, com 70,8 mil contratos, sendo 7 mil efetivações.

As greves

A presidente Dilma deve se esforçar para o Congresso aprovar a lei que regulamenta as greves no setor público. Vai enfrentar muitas resistências, a partir das Centrais Sindicais. Mas a opinião pública não concorda com o grevismo desenfreado que paralisa setores da vida nacional. A questão é: qual a causa das greves de servidores, se estes ganham salários que, na média, chegam a ultrapassar os de categorias assemelhadas na iniciativa privada? Resposta: o engessamento da legislação trabalhista e os escudos que o governo construiu, ao longo dos últimos anos, para abrigar o sindicalismo. Como se sabe, as frentes do trabalho foram entregues ao sindicalismo, a começar pelo Ministério do Trabalho. O mundo gira na roda do trabalho. Que, no Brasil, está travada. A livre negociação foi para o brejo. O que vale, hoje, é a rígida obrigação imposta por um acervo legislativo herdado do passado.

À Propósito

Os servidores Federais de 18 categorias aceitaram proposta de reajuste salarial de 15,8% oferecida pelo governo. São servidores dos ministérios da Saúde, Previdência, Trabalho, Cultura, Fazenda, Agricultura, Planejamento, Transportes, além de Arquivo Nacional, Imprensa Nacional, Museu do Índio, Embratur, entre outros.

As relações de Guimarães Rosa

Guimarães Rosa, o grande escritor mineiro, prezava o que chamava de 'Relações Exteriores', ou seja, suas relações pessoais com terceiros. O velho Rosa alinhava as normas de sua 'mineirice', dentre as quais Zé Abelha nos brinda com essas:

"Combater a expansividade, em todas as suas formas. De uma maneira geral, é preciso guardar silêncio".

"Dominar todos os impulsos. Não comunicar notícias, não transmitir novidades".

"Never explain, never complain". (Nunca explicar, nunca queixar-se!)

"Não ser afirmativo (dogmático) nem demonstrativo (explicativo)".

"Não expressar nunca as nossas impressões, especialmente as que resultam das conversações que ouvimos".

"Cada exclamação, cada palavra, cada gesto - conservador - aumentam nossas reservas".

"Moderar todos os movimentos expressivos e dar apenas mui ligeiras mostras de emoção, surpresa, alegria, descontentamento".

Conselho aos partidos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos candidatos. Hoje, sua atenção se volta aos partidos:

1. As primeiras escaramuças de campanha mostram que a negatividade abre campo nos espaços da mídia eleitoral. Não deixem seus candidatos e assessores trilhar as vias tortuosas dos ataques a adversários e xingamentos.

2. Procurem compor programas eleitorais com exposições objetivas e propostas viáveis, demonstrando quanto custarão e de onde virão os recursos.

3. A procura de diferenciais para arrumar os perfis dos candidatos é uma meta desejável e todo esforço de marketing deve ser empreendido para consegui-la. É legítima a comparação de perfis quando dois ou mais contendores debatam suas diferenças no plano das ideias, não na esfera de vida pessoal.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 28 de agosto de 2012

GINASTA ESPETACULAR - NINA BURRI

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Confusões e divergências fazendárias I

Tem mais coisa que uma simples trapalhada por trás da retirada, poucas horas depois de ter sido divulgada no boletim economia brasileira do ministério da Fazenda, das previsões para o PIB deste ano e dois próximos e da expectativa oficial de investimentos para 2012. A explicação: os números estão sendo revistos. De fato, precisavam mesmo. Enquanto o mercado financeiro já faz previsão para o crescimento da economia abaixo de 2% e o BC já se fixou em 2,5%, com claro viés de baixa, os fazendários ainda cravavam 3%. No caso dos investimentos, elas estavam menores que o dado anterior. A desculpa é que, como o PIB oficial do segundo semestre sai sexta-feira (previsão de analistas: de + 0,3% a + 0,8%), haverá mais segurança para as pitonisas da Fazenda depois de conhecê-lo. Ora é desculpa de muito farrapo : nessa altura o ministro Guido Mantega e sua equipe já têm informações suficientes do IBGE para saber como andou oficialmente a economia brasileira em abril, maio e junho.

Confusões e divergências fazendárias II

O fato real é que, internamente, estão surgindo na equipe econômica divergências mais acentuadas sobre a condução da economia brasileira e, portanto, a respeito dos resultados de suas políticas, do que até pouco tempo atrás. Mantega ainda é o grande animador de tudo, mas há duas estrelas com o prestígio em franca ascensão com quem de fato decide e faz questão de decidir sempre, até, dizem as más línguas, sobre a compra de clipes - Nelson Barbosa, o secretário Executivo do Ministério, há mais tempo voz ouvida no Palácio, e mais recentemente, Arno Agustin, secretário do Tesouro. Mais e mais serão vozes influentes. Aliás, faz parte do estilo Dilma: não ouvir apenas os titulares. Que o digam ministros de várias extrações.

COPOM: mais queda dos juros

Em meio a apuração dos efeitos da política de estímulos monetários e tributários empreendidos desde o início do ano pelo governo, o BC vai reduzir ainda mais a taxa básica de juros na próxima reunião do COPOM. Ainda não se sabe ao certo os efeitos de todos os estímulos econômicos, como é razoável se esperar. Todavia, já se sabe, por meio de várias análises que podem ser engendradas, que a taxa de juros básica se aproxima do seu ponto mínimo possível, qual seja, o de equilibrar crescimento da atividade econômica sem acelerar a inflação. Restam, ainda no campo monetário e financeiro, os resultados (relativamente modestos) da redução dos juros dos empréstimos e financiamentos. Daqui para frente, o crescimento econômico estará muito mais dependente do estímulo ao investimento de vez que o estímulo ao consumo está quase todo dado. Neste campo, as habilidades dos senhores da Esplanada dos Ministérios terão de ser redobradas e os sinais do Palácio do Planalto terão de ser cada vez mais ressonantes.

Pacote atrasado (e fatiado) I

Em princípio, o pacote para turbinar a economia brasileira seria anunciado em um lance só, tudo de uma vez. Depois foi "fatiado" (palavra da moda) para permitir ao governo mais momentos de exposição positiva e marketing. Os marqueteiros oficiais teriam aconselhado esse método (estilo Joaquim Barbosa) para que se criassem mais ondas positivas e se rivalizasse na mídia com o noticiário do mensalão. As boas novas viriam em sequências semanais : concessão de ferrovias e rodovias ; concessão de portos e aeroportos ; redução das tarifas de energia elétrica ; inclusão de mais setores da economia na redução da contribuição para a Previdência Social.

Pacote atrasado (e fatiado) II

Todos os projetos em estudo há bastante tempo e mais do que pré-anunciados. Sobre a situação da eletricidade, por exemplo, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, deu a notícia somente mais de dez vezes somente este ano. No entanto, o pacotão do PIB emperrou logo após seu primeiro filhote, o das rodovias e ferrovias, anunciado em suas grandes linhas, mas faltando o essencial: os detalhes, que ainda vão demorar alguns meses para serem todos conhecidos. O restante ficou para setembro e algo até para agosto. As razões: (1) havia muito voluntarismo, muita improvisação e pouco estudo nos pré-anúncios; (2) as divergências entre as diversas áreas envolvidas no projeto, inclusive algumas de cunho ideológico; (3) a presidente está sempre insatisfeita com o que se lhe é apresentado.

Uma questão também de dinheiro

Nos casos específicos da energia elétrica e da contribuição empresarial para a Previdência Social há um agravante: o caixa do Tesouro e o compromisso com a meta de superávit fiscal. O governo não está em condições de abrir mão da receita agora. E talvez tenha de ser comedido, pelo menos inicialmente, pelo menos nos primeiros meses de 2013. A duas medidas só devem começar a valer mesmo a partir de janeiro ou mais. O Orçamento da União, a ser enviado ao Congresso até sexta-feira, vai dar mais dicas sobre o que se pode esperar da promessa da presidente Dilma de tratar os brasileiros um pouquinho melhor em matéria de tributos.

PIB do segundo semestre

O PIB do segundo semestre do ano será anunciado provavelmente na próxima sexta-feira. Deve crescer algo em torno de 0,5%. Duas atenções e uma conclusão devem ser notadas. As atenções estarão voltadas para o consumo das famílias, em particular, e do setor privado, em geral. Em segundo lugar o percentual do investimento. A conclusão mais óbvia será a de que o PIB não vai além dos 1,7%-1,8% este ano. Para desgosto de todos. E ranger de dentes no PT e no Planalto.

Europa: a Grécia a caminho do Dracma

Não há razão para tecermos grandes considerações sobre a situação da Grécia. Basta ver que o PIB vai cair cerca de 8% somente este ano. Um acúmulo de mais de 20% desde 2008. A sustentação do país já não está ligada aos burocratas de Berlim e Frankfurt. Está nas ruas de Atenas e das cidades e campos daquela bela península e suas ilhas. O país não tem como cumprir o que querem os outros "cooperados" do sistema monetário europeu. A velha moeda, o dracma, deve voltar às mãos do povo grego, recheada de inflação e instabilidade. O cerco se fecha. Resta saber como se comportarão os investidores em relação à Itália e à Espanha.

Greves: administrar as sequelas

É possível que o Palácio do Planalto consiga arrefecer os ânimos dos grevistas Federais esta semana. A greve já passou dos limites, tanto para a autoridade do governo, como para a paciência da sociedade e os negócios. Os grevistas tendem a ceder em muitas áreas, pelo cansaço, pelo temor de maiores perdas e pelo desgaste perante os cidadãos atingidos direta ou indiretamente pelas paralisações. A presidente ganhou pontos diante da opinião pública, o que é bom para sua imagem e projetos futuros. Mas, terá de administrar sequelas que podem mais tarde atingir os mesmo projetos. Está com um funcionalismo de um modo geral insatisfeito, saudoso dos tempos de Lula e que, na menor oportunidade, pode voltar a criar problemas. Qualquer influência da paralisação e da insatisfação dos servidores nas eleições, com prejuízos para aliados, será debitado na conta de Dilma, na sua "inabilidade" para lidar com os sindicatos e os movimentos sociais. Em números eleitorais, os funcionários públicos são poucos no universo de votantes brasileiro, porém são politicamente ativos e influentes.

O papel de Lula

Ainda não é sabido se ajudou e o quanto ajudou o ex-presidente Lula na gestão desta turbulenta onda de greves. Parece que pouco. Resta saber, se for possível, como vê o Planalto esta participação do honorável ex-líder sindical. Sabe-se que as reuniões "secretas" do ex-presidente tem sido vazadas, como no caso do encontro com Gilmar Mendes e Nelson Jobim, antes do julgamento do mensalão. Se tais reuniões "secretas" com as centrais sindicais existiram, estas permaneceram tão secretas quanto visíveis eram as greves.

Eleições: o que está em jogo para Dilma I

Para o eleitor de um modo geral a eleição é essencialmente municipal, mas para muitos partidos e políticos as urnas de outubro tem outros significados e outro alcance, para o bem e para o mal. Vamos, nas próximas colunas, avaliar a situação de cada um deles. Começamos hoje com a presidente Dilma. A presidente está nesse jogo numa espécie de "ganha-ganha". A não ser que a combalida oposição consiga um desempenho de bom tamanho, principalmente nas capitais e nas grandes cidades, Dilma será a grande vencedora das urnas de outubro, com a enfiada de partidos aliados que tem em torno de seu governo. Onde houver um governista eleito, o troféu será dela.

Eleições: o que está em jogo para Dilma II

Seu grande risco é uma derrota em BH, capaz de ofuscar o grande sucesso mais do que previsível, onde se meteu para derrubar ao mesmo tempo Eduardo Campos e Aécio Neves. Se meter, por pressões dos aliados, em algumas outras cumbucas, tipo São Paulo e Recife, pode ficar com respingos de uma derrota. Outra situação problemática que terá de administrar será a insatisfação de alguns aliados, que tenderão a jogar parte de prováveis derrotas no alheamento presidencial. De todo modo é quem está mais à vontade na eleição. Até porque poder ver-se livre de alguns aliados incômodos em derrotas para as quais nem sonha nem torce, mas para que seriam bem-vindas. Só em sonhos seus aliados mais fiéis admitirão algumas derrotas específicas dos petistas e dos peemedebistas, somados aos fracassos do PSB, derrotas estas que lavariam a alma presidencial, transformando-a, sem contraste, na mais forte figura da política brasileira. Um governo vitorioso sem uma grande figura vitoriosa em seu campo é um governo sem mais sombras. O único desafio passaria então a ser a economia, única capaz de dar algum fôlego à oposição e/ou a companheiros de jornada.

Mensalão: contornos (cada vez mais) incertos

O STF tece um longo tecido jurídico para sentenciar 38 réus, numa mistura de argumentos factuais, jurídicos e retóricos (estes mais a cargo do relator e revisor). Ao mesmo tempo, está se formando na opinião pública - esta limitada aqueles que de facto tentam entender tudo que corre no salão principal da Corte Suprema - uma percepção de que interesses, além do livre convencimento dos juízes, estão fluindo com mais força para dentro do STF. (As entrevistas de advogados e ministros do STF complicam ainda mais). Ademais, evoca-se na Corte e, sobretudo fora dela, de forma crescente, nomes consagrados (juristas ou não) para justificar o que fizeram e o que não fizeram os réus para merecer tal penalidade ou absolvição. Falta mesmo é a opinião clara dos juízes que julgam o caso. Com efeito, a confusão está crescendo. Deve-se observar que, sem esta transparência "pedagógica" das sentenças, o distinto público vai sentir cheiro de pizza no ar. Ou seja, é preciso que os julgadores sejam mais transparentes em relação ao que estão concluindo. O tal do mensalão precisa satisfazer além dos autos. Senão, o julgamento histórico vira "retórico" e a Justiça parecerá ainda mais inalcançável para o cidadão desprovido de privilégios.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

TUDO QUE VICIA COMEÇA COM "C".

Por alguma razão que ainda desconheço, minha mente foi tomada por uma ideia um tanto sinistra: vícios.

Refleti sobre todos os vícios que corrompem a humanidade. Pensei, pensei e,de repente, um insight: tudo que vicia começa com a letra C!

De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou diversões, percebi que todo vício curiosamente iniciava com cê.

Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita droga pesada. Cigarro vicia e começa com a letra c. Depois, lembrei das drogas pesadas: cocaína, crack e maconha. Vale lembrar que maconha é apenas o apelido da cannabis sativa que também começa com cê.

Entre as bebidas super populares há a cachaça, a cerveja e o café. Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café mas não deixam de tomar seu chimarrão que também – adivinha – começa com a letra c.

Refletindo sobre este padrão, cheguei à resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que a Coca-Cola vicia e a Pepsi não? Tendo fórmulas e sabores praticamente idênticos, deveria haver alguma explicação para este fenômeno. Naquele dia, meu insight finalmente revelara a resposta. É que a Coca tem dois cês no nome, enquanto a Pepsi não tem nenhum.

Impressionante, hein?

E o computador e o chocolate? Estes dispensam comentários. Os vícios alimentares conhecemos aos montes, principalmente daqueles alimentos carregados com sal e açúcar. Sal é cloreto de sódio. E o açúcar que vicia é aquele extraído da cana.

Algumas músicas também causam dependência. Recentemente, testemunhei a popularização de uma droga musical chamada “créeeeeeu”. Ficou todo o mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade… cinco.

Nesta altura, você pode estar pensando: sexo vicia e não começa com a letra C. Pois você está redondamente enganado. Sexo não tem esta qualidade porque denota simplesmente a conformação orgânica que permite distinguir o homem da mulher. O que vicia é o “ato sexual”, e este é denominado coito.

Pois é. Coincidências ou não, tudo que vicia começa com cê. Mas atenção: nem tudo que começa com cê vicia. Se fosse assim, estaríamos salvos pois a humanidade seria viciada em Cultura.

(Luiz Fernando Veríssimo)