sábado, 14 de novembro de 2009

COISAS QUE SE FORAM



De vez em quando me debruço sobre o passado para sentir a saudade das coisas boas que se foram e que não mais voltarão. Há pouco, próximo à estação de trem, lembrei-me do movimento intenso que víamos ali todos os dias. O vai e vem de carroças, caminhões e carreteiros levando tudo para o trem cargueiro. À noite, principalmente quando o trem de Fortaleza atrasava, grande movimento se fazia nas mercearias do seu Raimundo Carlos e Belmiro Venâncio, ali no beco da cachaça, ou no quiosque do Chico Soldado, iluminados pela luz forte de petromax, visto que a luz da Prefeitura só iluminava a cidade até as 22 horas.

Ouvia-se o barulho do trem durante as manobras se posicionando para a viagem do dia seguinte. Lembrei-me das bancas de café da dona Chaguinha e do seu Carneiro que vendiam panelada, café e cachaça, iluminadas por faróis e lamparinas e ali permaneciam por toda a noite. Fecho os olhos e lembro-me de um bule de café no fogareiro, a panelada servida à freguesia e, no ofício de carregar bagagens os carreteiros Gabriel, Antônio Pequeno Chagas Roldão, Lira, Cipriano e Marcelino. Eles também atuavam como despertadores das pessoas que iam viajar . Acordavam os clientes e conduziam suas bagagens à estação.

O silêncio da noite era quebrado pelo sino da estação anunciando as horas. Antes das quatro da madrugada eram acionadas as caldeiras da velha Maria Fumaça, abriam-se as bilheterias da estação, e o telegrafista Ananias iniciava a comunicação com outras estações utilizando o código morse. O movimento na estação ferroviária aumentava na proporção em que chegavam os viajantes para fazer o embarque de malas, caixões de madeira sacos, etc. Quando se abriam as portas dos vagões de primeira e segunda classe, os passageiros se posicionavam em poltronas ou cadeiras que se modificavam e permitiam que o passageiro viajasse olhando para frente ou para trás, conforme preferisse.

O trem fez história e trouxe o progresso para nós e para todas as cidades por onde passava. Em qualquer estação, proporcionalmente, o movimento era o mesmo, intenso e divertido. Até o início da década de 1960 a única alternativa de transporte para Fortaleza era o trem, pois não havia linha de ônibus aqui, e as rodovias eram carroçáveis e sem pontes, o que provocava atrasos nas viagens empreendidas por caminhões que, durante o inverno perdiam tempo esperando as águas dos rios baixarem para poder passar quando não se metiam em atoleiros.

O tempo passou e o progresso aos poucos foi chegando, trazendo facilidades e encurtando caminhos, porém, não se acaba em nós a saudade do trem tradicional que fez história em Crateús, como também em todo o País, desde os tempos do Visconde de Mauá.


(Por Flávio Machado, da Academia de Letras de Crateús)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

LIVROS EM ÁUDIO PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL

Prezados:

Tenho a seguinte relação de livros gravados em áudio (MP3).

São destinados a Portadores de Deficiência Visual.

Esse trabalho não fere a Lei do Direito Autoral, sendo garantida a divulgação sem ônus com essa finalidade.

Já distribuo esse material para várias instituições/audiotecas/bibliotecas em todo o Brasil, o que muito me honra.

Caso haja interesse, posso encaminhá-los a qualquer Instituição interessada, desde que sejam destinados exclusivamente a PDVs.

Trata-se de um trabalho voluntário. Dessa forma, não há nenhum custo para envio e gravação ou qualquer outro.

1. O PEQUENO PRÍNCIPE - ANTOINE DE SAINT EXUPÈRY
2. DOM QUIXOTE - MIGUEL DE CERVANTES (uma adaptação para o público infanto-juvenil)
3. ANIMORPHS - K A APPLEGATE (ficção científica infanto-juvenil)
4. HISTÓRIA DAS INVENÇÕES - MONTEIRO LOBATO
5. MENTES PERIGOSAS - ANA BEATRIZ BARBOSA SILVA
6. FELIZ ANO VELHO - MARCELO RUBENS PAIVA
7. OS 100 SEGREDOS DOS BONS RELACIONAMENTOS – DAVID NIVEN
8. COMÉDIAS DA VIDA PRIVADA – LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO
9. O SEGREDO – RHONDA BYRNE
10. CAPITÃES DE AREIA – JORGE AMADO
11. CASA DE PENSÃO – ALUÍSIO AZEVEDO
12. A VIDA ESCREVE – ESPÍRITO HILÁRIO SILVA, PSICOGRAFIA DE FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA
13. O CHALAÇA - JOSÉ ROBERTO TORERO
14. DIVÃ – MARTHA MEDEIROS
15. 1968, O ANO QUE NÃO ACABOU - ZUENIR VENTURA
16. ANNA DE ASSIS – HISTÓRIA DE UM TRÁGICO AMOR – JEFERSON DE ANDRADE


Susana Atan Galan


susag@terra.com.br

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

CONJUNTURA NACIONAL

"NÃO SOU DEUS, MAS POSSO SER"

De um cantador das feiras do interior do nordeste arrematando o mote "Não sou Deus, mas posso ser", respondendo ao rival:

"O ano tem doze mês,
O dinheiro é quem faz guerra
Adão foi feito de terra,
Não se morre duas vez;
Um Reinaldo com dois reis
Não houve nem há de haver,
O homem não tem poder
De fazer outro feliz
Como é que este bruto diz:
Não sou Deus, mas posso ser?"

MÃO CHEINHA

Mão Cheinha era louco e muito querido no Ceará, conta Sebastião Nery. Um dia, levaram-no para o Sanatório Meduna, no Piauí. Mão Cheinha, muito vivo, acabou virando louco-chefe. Tomava conta dos outros e era respeitado por isso. No sanatório, havia um pé de mangueira que nunca dava fruta. Mão Cheinha achava que a mangueira tinha de produzir manga. Chamou oito loucos:

- Olha, minha gente, vocês todos são mangas maduras. Vão lá para cima. Quando eu gritar, as mangas vão caindo, porque manga madura cai. Manga madura sempre cai. Uma a uma. E chispem. Subam.

Os oito subiram. Mão Cheinha, de baixo do pé de mangueira, gritou:

- Manga um!

Pluf! O primeiro louco se esborrachou no chão aos gritos de "ai, ai, ai".

- Manga dois! Manga três! Manga quatro!

Iam se largando lá de cima e arrebentando-se cá embaixo. Gritos e mais gritos. O louco-chefe mandou:

- Manga sete!

Nada.

- Manga sete!

Nada.

- Manga sete, seu p...!

O sete respondeu:

- Mão Cheinha, chama manga oito, pois eu ainda estou verde!

A GRANDE DÚVIDA

A pergunta é recorrente: quem é o melhor candidato da oposição – José Serra ou Aécio Neves? Pois bem, responderei, antes dizendo que a análise leva em conta fatores e vetores da política, não preferências pessoais. Vejam. O ciclo Lula fará o possível para não perder as chances de eleger a(o) sucessora(or) do mandatário petista. Para tanto, fez e faz uma política voltada para preencher todos os espaços da pirâmide social. Demandas do A ao Z estão sendo preenchidas.

OS TIJOLOS DA PIRÂMIDE

Lula tem sido um mestre na arte de tapar buracos. Basta conferir. Bolsa Família (12 milhões de famílias), 46 milhões de brasileiros; Luz para Todos; Pronaf (Agricultura familiar), com 16 bilhões; Minha Casa, Minha Vida; redução do IPI para a linha branca e automóveis (subindo os degraus da pirâmide); auxílio bolsa estagiário; ProUni; Pré-Sal (simbolismo de Brasil Potência, auto-estima dos brasileiros); propaganda farta; máquina engordada com milhares de petistas em postos-chave da administração; Fundos de Pensão (só Previ dispõe de 200 cargos nas maiores empresas do país); Centrais Sindicais com os cofres cheios (R$ 116 milhões distribuídos só este ano); PAC, mesmo pobre de obras, mas com pulverização de serviços nas unidades federativas etc.

PLEBISCITO

Nunca na minha vida de consultor político, assisti a tamanha utilização e manipulação da máquina do Estado a serviço de um projeto eleitoral. O ciclo Lula vai querer – e não porque achar que não conseguirá – fazer a comparação entre os 8 anos de FHC e a era de prosperidade desenvolvida pelo lulopetismo. O eleitor decide sob a pressão do bolso, mais que sob a emoção. Pensará antes de dar seu voto: estou bem, prezo e defendo minha situação ou quero mudar? Essa pergunta será forte no ânimo eleitoral.

E O MENSALÃO?

Não haverá mensalão ou episódio de corrupção capaz de empanar os feitos do ciclo lulista. Até porque acho que o senador Eduardo Azeredo será inserido nas margens da crise do mensalão. Sob essa moldura, acho a eleição do governador paulista para presidente da República bastante difícil. Ao contrário, não tenho receio de dizer que a eleição estadual seria para José Serra um vôo tranqüilo; a eleição federal, um vôo muito arriscado.

QUEDA E SUBIDA

José Serra tende a cair nas pesquisas, até porque, hoje, seu alto índice de intenção de voto – que beira os 40% – reflete recall da alta visibilidade, de ontem e de hoje. E índice de recall não pode ser considerado seguro. Em uma campanha, valerá o índice da exposição e dos programas apresentados. Sempre pinço o exemplo de Gilberto Kassab. Como se recorda, ele, quando candidato, começou com 4%. Em abril de 2008, patinava baixo. Ganhou a campanha.

AÉCIO SOBE

Diante dessa moldura – ligeira, é claro – aconselho os leitores a uma reflexão. Aécio Neves não tem o que perder. Serra tem e muito. Se perder a campanha presidencial, encerra a carreira. A idade atrapalharia nova jornada. Aécio Neves poderia ser o candidato tucano, até porque tem o segundo colégio eleitoral do país nas mãos, o terceiro lhe seria simpático (Rio de Janeiro) e o nordeste poderia contar com um candidato que tem um pedaço do Estado sob o solo nordestino (o norte de Minas, Montes Claros está sob a égide da SUDENE).

MELHORES CHANCES

Por essa razão, vou à conclusão. O governador mineiro reúne o maior conjunto de fatores, condições e potenciais de crescimento. Quebraria a polarização entre os ciclos Lula e FHC. Racharia o PMDB de modo mais contundente como hoje o partido se apresenta. Já José Serra, pelo bom governo que realiza, teria condições efetivas de obter consagradora votação em São Paulo como candidato à reeleição. O momento da decisão não é agora. Pode ser que o quadro mude. E mude, até, a favor do governador paulista, de modo a destruir argumentos e posicionamentos que expressei acima.

HERMES, O BURRO

Depois de Nilo Peçanha, assume o governo o marechal Hermes da Fonseca (1910/1914). Levava fama de burro. Conta-se que nos 10 meses em que, sob o governo Hermes, o país viveu em estado de sítio, a Polícia proibiu que o jogo do bicho aceitasse palpite no burro. O burro poderia ser alusão ao marechal. Quem se der à tarefa de pesquisar os jornais da época, vai encontrar palpites nos outros 24 bichos da série, menos no burro.

1 MILHÃO DE EMPREGOS?

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, anuncia com estardalhaço: o país criou um milhão de empregos. Nota triste de pano de fundo: nunca na história deste país, as relações do trabalho foram tão manietadas por uma gestão fechada, sob a égide de sindicatos e Centrais Sindicais que se movem à pecúnia.

DIANTEIRA

José Serra tomou decisão avançada. Assinou lei que estabelece como meta reduzir 20% da emissão de gases de efeito estufa em SP até 2020. Tomou a dianteira. Foi ousado. Serra tem dado bons exemplos.

ABANANDO A CABEÇA

Churchill estava sentado, sacudindo a cabeça de maneira tão vigorosa e perturbadora que o orador gritou exasperado:

- Quero lembrar ao nobre colega que estou apenas exprimindo minha própria opinião.

Churchill, raposa matreira, respondeu:

- E eu quero lembrar ao nobre orador que estou apenas abanando a minha própria cabeça.

QUADRO PAULISTA

Se José Serra não for o candidato à reeleição, em São Paulo, é mais provável que a vaga fique com Geraldo Alckmin. O ex-governador não é o candidato in pectore de Serra e de Kassab. Ambos, porém, são realistas. Se Geraldo for o perfil a sinalizar melhores condições de vitória, será ele o candidato. Aloysio Nunes Ferreira, o chefe da Casa Civil, poderia voltar à Câmara Federal. O vice de Alckmin caberia ao DEM e este, por sua vez, gostaria de indicar Guilherme Afif para compor a chapa.

CIRO UNE BASE

Da base oposicionista, em São Paulo, Ciro Gomes acena com o apoio do PT, PDT, PSB, PSL, PSC, PRB, PTN e PC do B. Por enquanto. Poderia agregar, ainda, PR, PP e parte do PTB. Ciro quer ser candidato ao governo e à presidência. A decisão será de Lula.

POVO É POVO

Alcides Carneiro veio ao Rio, procurou o coronel Massa, sogro do escritor José Lins do Rego, que foi chefe de Polícia na Paraíba e agora era senador.

- Sou apenas um jovem advogado. Mas, se o senhor me permite, acho que o senhor precisa dar um pouco mais de atenção ao povo.

- Ora, meu filho, esse negócio de povo ninguém entende mais do que eu. Povo só é povo quando é povo. Povo que não é povo não é povo.

QUÉRCIA E MICHEL

Orestes Quércia imagina que, até a convenção do PMDB, em junho, poderá reverter a atual tendência do partido na direção de uma aliança com a candidata do petismo/lulismo: Dilma Rousseff. Olhando para a frente, a leitura aponta para o fortalecimento da ministra da Casa Civil e consequente maior conjunto de forças a seu favor. Quércia, por exemplo, tem cerca de 60% dos convencionais de São Paulo contra 40% de Michel Temer. Daqui para a convenção, poderá, até, vir a perder a maioria em seu colégio eleitoral.

JUNG E O REI AFRICANO

Jung perguntou, uma vez, a um rei africano:

- Qual é a diferença entre o bem e o mal?

O rei meditou, meditou e respondeu às gargalhadas:

- Quando roubo as mulheres do meu inimigo, isso é bom. E quando ele rouba as minhas, isso é muito ruim.

SKAF VAI DE QUÊ?

Dúvida cruel: o presidente da FIESP, Paulo Skaf, vai de quê? De táxi, como candidato a deputado federal pelo PSB, ou de AeroSkaf, como candidato ao governo? O transporte dependerá de Ciro Gomes. Que, por sua vez, dependerá de Aécio Neves. Que, por sua vez, dependerá de José Serra. Que, por sua vez, dependerá do imponderável.

A LOIRA DA MINISSAIA

Geisy Villa Nova Arruda, 20 anos, estudante de turismo, é o pivô do caso mais estrambótico da história recente da discriminação no país. Mostrou as pernas, atiçou a turba, foi agredida e, pasmem, acabou sendo expulsa da Universidade por um dinossaurico reitor. Que mais parece réplica do Torquemada da Inquisição. E que, após muita pressão da Opinião Pública, recuou da decisão. A moça da minissaia abriu intensa polêmica. O affaire merece ligeira reflexão. Se fosse um marmanjo de cuecas, seria apupado? Se a galera aprecia pernas bonitas, por que o massacre? Não deveria ser aplaudida como em um desfile na passarela?

ELIAS CANETTI E A MASSA

Valho-me de Elias Canetti, o grande escritor e sociólogo, para buscar razões para a agressão. Pincemos características da turba. Massa exaltada. Que quer descarregar. Na descarga, diz Canetti, todas as separações são colocadas de lado. Todos se sentem iguais. Para atacar. Ferir. Apupar. Emerge um impulso de destruição. Que assume a forma de um ataque a todos os limites. A massa quer crescer. Até o infinito. O apupo se expande. O estado primitivo da massa chama a atenção. É o fogo da massa. A massa que incendeia julga-se irresistível. Tudo vai se incorporando a ela enquanto o fogo – o apupo – avança. A massa de fogo se expande. Sem limites.

GETÚLIO, EU FICO

Getúlio Vargas sempre conservou intenções continuístas. Um dia, foram procurá-lo para saber se era verdade. E ele:

- Não, meu candidato é o Eurico (marechal Eurico Gaspar Dutra); mas se houver oportunidade, eu mudo uma letra: Eu Fico.

CONSELHO A JOSÉ SERRA

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na edição passada, o espaço foi destinado à ministra Dilma. Hoje, volta sua atenção ao governador do Estado de São Paulo, José Serra:

1. Avalie com muita acuidade os potenciais de cada perfil, a partir do seu, alinhando os ouvidos com fatores positivos e negativos, sem considerar o palavrório farto dos áulicos.

2. Sua candidatura à reeleição é um pássaro na mão; a candidatura à presidência da República, em 2010, são dois pássaros voando.

3. Seja realista. O risco é maior se deixar para a última hora – maio/junho – a decisão de se candidatar. Dezembro/janeiro seria um tempo mais que suficiente.

____________

(Por Gaudêncio Torquato)

AUGUSTO DOS ANJOS

HOJE DIA 12 DE NOVEMBRO HÁ EXATOS 95 ANOS PASSADOS PARTIA O GRANDE POETA AUGUSTO DOS ANJOS.

PARA LEMBRARMOS, SEGUE ABAIXO PARTE DE UM SONETO AUGUSTIANO ANGÉLICO:

Idealização da Humanidade Futura


Rugia nos meus centros cerebrais
A multidão dos séculos futuros
– Homens que a herança de ímpetos impuros
Tornara etnicamente irracionais!

Não sei que livro, em letras garrafais,
Meus olhos liam! No húmus dos monturos,
Realizavam-se os partos mais obscuros,
Dentre as genealogias animais!

Como quem esmigalha protozoários
Meti todos os dedos mercenários
Na consciência daquela multidão...

E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
Somente achei moléculas de lama
E a mosca alegre da putrefação!

Augusto dos Anjos, in Eu, 1912

(Enviado por Vilemar F. Costa)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

OBSERVATÓRIO

Na campanha eleitoral de 1990, Manoel Veras e Sérgio Moraes polarizavam, no município de Crateús, a disputa por uma vaga à Assembléia Legislativa. Amigo de ambos, José Pereira de Sousa, o “Pereirinha”, figura leve e descontraída, encontrou uma solução para agradar os dois lados. Colocou em cada um dos bolsos os “santinhos” (fotos) dos dois candidatos. Quando encontrava partidários de Manoel Veras, ressaltava que era amigo de infância do candidato e puxava do bolso direito a foto de Veras. Ao se deparar com militantes de Sérgio, exaltava as virtudes do postulante e sacava do bolso esquerdo o ‘santinho’ do pleiteante. Certo dia, ao passar defronte à barbearia do senhor Joãozinho Freire, avistou Sérgio Moraes, que fazia a barba. Aproximou-se. Sabendo das peripécias de Pereira, Sérgio indagou incisivamente: - ‘E aí, Pereirinha, você está comigo mesmo?’ Nervoso, Pereirinha pôs a mão no bolso errado e respondeu, exibindo – sem se dar conta - a foto de Manoel Veras: - ‘Claro, meu chefe, inclusive ando sempre com o seu retrato prá fazer a propaganda’.


MUITOS NOMES

O Prefeito de Crateús, quiçá pensando no melhor para a sua gestão, laborou um gesto de sagacidade política que pode lhe trazer complicações: prometeu, para o pleito de 2010, apoio a vários candidatos a deputado federal diferentes. João Ananias está crente que será o nome oficial, ou seja, o mais votado no município. José Guimarães sonha sair de Crateús com algo em torno de dez mil votos. O comunista histórico Chico Lopes imagina que seu quinhão está assegurado. Gorete Pereira, pelas emendas que disponibilizou, está ciente que receberá uma resposta à altura dos ‘empenhos’ (em seu duplo sentido). Lúcio Alcântara, de quem o Prefeito sempre se disse ‘amigo’, acionou o filho Léo para viabilizar obras cuja contrapartida está apalavrada em retorno eleitoral. Como na política é difícil se agradar a vários senhores ao mesmo tempo, essa estratégia precisa ser reavaliada.

CÂMARA

Exemplo de quão complexa é a teia das articulações políticas foi o que ocorreu na Câmara Municipal. Visando obter maioria folgada, o Chefe do Executivo encetou um acerto político com um setor do PMDB local. Passou a contar com o voto de mais dois vereadores (Paulo Teles e Eudes) na sua pilastra de apoio. Resultado: dois integrantes de sua base original (Betinha e Nego do Bento) se rebelaram e se uniram aos três da oposição. No placar - como o Presidente só vota em caso de desempate ou em alguns casos de maioria qualificada – o resultado é cinco a quatro. Ou seja, trocou seis por meia dúzia.

ADMINISTRAÇÃO

Se o terreno político está minado por essas escaramuças, o pátio administrativo começa a reagir. Várias obras foram anunciadas como forma de reação ao desgaste. Os governos federal e estadual, de olho na refrega eleitoral vindoura, estão sendo generosos na liberação de recursos. E isso beneficiará, indubitavelmente, a Administração Municipal. Porém, o Município, para viabilizar a maioria dessas obras, tem que exibir contrapartida financeira. Ou seja, terá que comprovar dinheiro em caixa. E aí esbarra em outro inconveniente: disponibilidade financeira. Há muito tempo a Prefeitura sofre as agruras de viver sob o signo do aperto. As despesas crescem de maneira inversamente proporcional às receitas. Ao invés de tomar medidas corretivas e estancar essa crônica situação, a atual gestão a agravou. Alargou o já imenso ralo maior das despesas com pessoal, superando inclusive o limite legal estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Subiu, também, o volume de despesas correntes. Resultado: o déficit financeiro só aumenta. Segundo os balancetes, apenas com despesas empenhadas, a Prefeitura já registra um passivo superior a cinco milhões de reais.


A OPORTUNIDADE


Respaldado pelo maior tapete de apoio e entusiasmo popular que um candidato já obteve no município, o Prefeito assumiu as rédeas da Prefeitura com a faca e o queijo na mão. Soltou a faca e menosprezou o queijo. O sentimento generalizado que o levou à vitória sinalizava para uma alteração substantiva na forma de fazer política e, em especial, de gerenciar a coisa pública. Cansado das velhas práticas, o povo enxergou em Carlos Felipe o nome capaz de liderar uma revolução nos costumes políticos e na forma de administrar. E o que fez o Prefeito eleito, então? Ao invés de convocar a população para o grande debate e elaborar uma agenda agregadora sobre o essencial à municipalidade, enveredou pelo mesmo caminho que tanto criticou: reativou a roda da barganha política e repetiu os equívocos administrativos anteriores. Perdeu a oportunidade inicial. Como a esperança é imorredoura, espera-se que, ao cabo deste primeiro ano, seja feita uma auto-avaliação sincera e a rota, alterada.


NENEN

Por conta dos problemas acima e, sobretudo, porque inexiste um nome local competitivo, Nenen Coelho caminha célere para repetir ou superar a mesma vultosa votação para Deputado Estadual que obteve na eleição passada. Político habilidoso e disposto, Nenen, que já penetra com facilidade nas camadas populares, começa a fazer uma inflexão junto aos setores de classe média e à massa crítica do município, que sempre lhe foi hostil. Prova disso foi a sua presença, quinta-feira passada (05 de novembro), na solenidade de colação de grau das turmas da FAEC - Faculdade de Educação de Crateús. Ante um auditório superlotado, instou o Reitor da UECE, professor Araripe, a anunciar que estava destinando, através da sua cota de emenda individual, R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) para a FAEC. Foi ovacionado.

ACADEMIA

A Academia de Letras de Crateús (ALC) começa a saborear os primeiros frutos do seu trabalho. Inaugurou, no começo do mês, a sua página na internet: http://academiadeletrasdecrateus.blogspot.com/. Na reunião passada, deliberou que iria lutar com todas as forças para evitar a demolição da Biblioteca Pública Municipal Norberto Ferreira Filho (Ver Crônica ao lado). Na noite de sexta-feira (06.11), o acadêmico Lourival Veras recebeu uma ligação do vice-prefeito, Dr. Mauro Soares, comunicando que a administração municipal havia entrado em contato com o engenheiro responsável pelo projeto de reforma da Praça dos Pirulitos para que fosse suspensa a idéia de demolição da Biblioteca Municipal. Segundo o Vice-Prefeito, aquele prédio será preservado. Lourival credita esta vitória à Academia e aos esforços da família Norberto Ferreira.


PARA REFLETIR


"No Egito, as bibliotecas eram chamadas 'Tesouro dos remédios da alma'. De fato é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras." (Jacques-Bénigne Bossuet)


(Por Júnior Bonfim - na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro-Oeste)

BIBLIOTECA



As primeiras bibliotecas nasceram na Mesopotâmia cerca de 3.000 anos antes de Cristo, sob o húmus conceitual de guarda e manuseio de material escrito, que na época se constituía de placas de argila. Comenta-se que a biblioteca de Nínive, a primeira da história, chegou a abrigar mais de vinte e cinco mil dessas placas de argila. Depois, surgiram os rolos de pergaminho, os papiros... até chegarmos ao nosso atual papel.

“Diz-se que a alma das civilizações reside nas bibliotecas” – foi o que ouvi, mês passado, durante a solenidade de outorga da medalha Boticário Ferreira ao bibliófilo José Augusto Bezerra, meu confrade na Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, ao ser saudado pelo edil Paulo Facó, que acrescentou: “Amar os livros e construir bibliotecas figura entre as mais admiráveis propensões humanas”. Cícero, um dos maiores oradores da humanidade, asseverou: "Se tiveres um jardim perto da biblioteca, nada te faltará."

Sucede que esses espaços de ordenamento da sabedoria parecem se constituir verdadeiros afronta à insanidade humana, à ignorância feita arrogância, ao reinado do abuso e à fúria da ganância. É como se esses recintos que zelam a produção da virtude insuflassem permanentemente o embrutecimento das relações.

A mais famosa edificação de ordenação livresca e o maior referencial cientifico e cultural do Mundo Antigo, a biblioteca de Alexandria, era um lugar onde a jovem princesa Cleópatra, fascinada por leituras, se dirigia quase que diariamente a fim de revigorar o espírito. (Diferentemente do que muitos pensam, Cleópatra impressionava, além dos dotes físicos de beleza, pelo brilho cultural. E esse fulgor de sapiência foi decisivo na sedução ao imperador César). Pois bem, esse extraordinário espaço foi destruído pelo califa Omar.

A grande biblioteca de Atenas, a primeira de natureza pública que se tem ciência, foi saqueada por um rei Persa chamado Xerxes, também conhecido como Assuério.

Quando menino, mirava com admiração, ao lado da Catedral do Senhor do Bonfim, no meio da praça da matriz de Crateús, a Biblioteca Pública Municipal. (Inconscientemente, era como se estivéssemos relembrando a Grécia Clássica, onde as bibliotecas eram abrigadas nos templos). Um dia, a pretexto de se reformar e embelezar a praça, aquele prédio imponente e acolhedor foi destruído.

Passados vários anos, como que reparando o delito, um novo espaço foi erigido, juntamente com o Teatro Municipal, ao lado do Colégio Regina Pácis e da Casa de Cultura João Batista. Defronte à via de realização do carnaval popular, que faz da área o corredor cultural da urbe.

Teatro Rosa Morais, Biblioteca Norberto Ferreira Filho, o Ferreirinha. Justa homenagem ainda em vida a dois reitores da cultura e do saber, do magistério e da historiografia. Patrimônios da cidade.

Porém, a informação de que a Biblioteca Pública Municipal, na consecução do projeto de reforma da Praça na qual está inserida, poderia ser demolida, causou enorme comoção nos meios literários da cidade.

Seria mais uma contusão no miolo da cidadania, ainda ressentida, em sua sensibilidade ambiental, da derrubada de árvores centenárias na rua desembargador Olavo Frota. Cortar árvore e demolir biblioteca é como se esfaquear o coração cultural de uma comuna. É algo mais potencialmente lesivo do que uma mera dor física. Atinge os escaninhos da alma, o recôndito da consciência, a invisível gruta dos sentimentos.

Talvez lembrando da máxima de Samuel Johnson de que "nenhum lugar proporciona uma prova mais evidente da vaidade das esperanças humanas do que uma biblioteca pública" - a Academia de Letras de Crateús – ALC – tratou do assunto e constituiu uma comissão para fazer gestões no sentido de estancar essa descabida idéia.

O esforço vingou. A biblioteca, ao que se tem ciência, permanecerá incólume.

Do imbróglio poderemos extrair a lição: olhemos mais, vislumbremos melhor, aproveitemos mais a nossa modesta biblioteca. Pois, como bem ensinou Ralph Waldo Emerson: "Que imenso tesouro pode estar oculto em uma biblioteca pequena e selecionada! A companhia dos mais sábios e dignos indivíduos de todos os países, através de milhares de anos, pode tornar o resultado de seus estudos e de sua sabedoria acessíveis para nós."

(Por Júnior Bonfim - na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro-Oeste)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

AMANHÃ, MAIS UMA EDIÇÃO DO JORNAL GAZETA DO CENTRO OESTE

LOURIVAL VERAS


“O maior acontecimento de minha vida foi, sem sombra de dúvida, a biblioteca de meu pai”. Essa frase, comoventemente impactante e fascinantemente grandiosa, nasceu da boca do mais extraordinário poeta argentino, Jorge Luis Borges. Esse contagiante amor pelos livros acompanhou o escritor até os últimos dias de sua existência, quando já estava cego e dependente de amigos ou familiares que diariamente o realimentavam e rejuvenesciam através da leitura.

Em 1978, Borges completara vinte anos que havia perdido a visão. Fora convidado para proferir uma conferência na Universidade de Belgrano, em Buenos Aires. O tema? O LIVRO.

Cego – e só quem é privado da vista sabe a dimensão e a profundidade dessa experiência - Borges articulou ali uma das mais belas orações que conhecemos sobre o assunto. Ele, em pleno vôo de inventividade, espargindo a fertilidade imaginativa, recorre a figuras que sintetizam a sondagem do infinito e a captação das minúsculas partículas. Principia assim sua sinfonia reflexiva: “Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, sem dúvida, o livro. Os outros são extensões do corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões da vista; o telefone é extensão da voz; temos o arado e a espada, extensões do braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação”.

Em verdade, o livro liberta. Quem experienciou o gáudio de se relacionar com um bom enfeixe de folhas, sabe o olor revolucionário que dali exala.

Só capta o perfume libertário de um livro quem se deixa por ele envolver, num enlace de flerte, num lampejo de namoro, numa relação amorosa. Se, através da viagem singular e intima da leitura, descobrirmos o minério de paixão que o livro esconde, seremos capazes de rapidamente nos tornarmos ricos. Ricos, sim! Detentores daquele invejável patrimônio que sobrevive à corrosão das traças e ao desgaste do tempo.

Foi por isso que meu coração palpitou de alegria e minha alma se inebriou de satisfação quando o amigo Lourival Veras me enviou uma correspondência eletrônica avisando que, em Crateús, a SABi (Sociedade Amigos da Biblioteca Norberto Ferreira Filho) estava a desenvolver um Projeto batizado de “Circulando Livros”, uma inédita feira de livros combinada com a oferta de brindes culturais ao ar livre, tendo como lócus a área do anfiteatro da Praça da Matriz.

Porém, o mais auspicioso é que aquele convite/contato virtual me fez repassar, no trailer da memória, um período abrasado de minha vida. Fiquei relembrando o velho Lourival de guerras idílicas. Lourival Mourão Veras. Amigo com quem comparti muitos momentos de fosforescência intelectual e semeadura poética, que me provocou a deixar cair as escamas e me permitiu vislumbrar a lua de uma mulher noturna.

Carlos Drummond de Andrade, ao contemplar a plural singularidade do modus vivendi de Vinicius de Moraes, proclamou que ele tinha sido “o único poeta que viveu como poeta”.

Dos poetas crateuenses, Lourival é, talvez, o que mais tenha incorporado a mística essencial, a rota insana, o culto à desobediência e o fulgor telúrico que constituem a argamassa dos que renomeiam as coisas.

Abstenho-me hoje, como sempre faço nesta moldura louvativa, de alinhavar a cronologia existencial do referenciado, marcada pelos assombros espetaculares que quase invariavelmente acidentam a biografia dos transcendentais amantes da profundidade.

Pouco importa se foi ou é dirigente social, líder cultural, contista premiado, poeta laureado, fundador da Sabi e membro da Academia de Letras da terra natal.
O que é lisonjeiro, prestigioso ou elevado é que saboreou e saboreia vagarosa e intensamente a fruta da vida. Que se embrenhou pela vegetação das paixões arrebatadoras, percorreu a trilha íngreme das contestações, desceu à gruta secreta das novidades, tocou a pele selvagem do desejo, banhou-se na cachoeira do sonho e descobriu o olho d’água da fraternidade.

Sinto muito. Devo parar por aqui. De um poeta se deve evitar falar. Ante um poeta se deve silenciar, celebrar.

Ou lembrar Federico Garcia Lorca. Que, convidado para falar sobre poesia, limitou-se a estender as duas mãos abertas e dizer: “Eu não posso, eu não sei falar sobre poesia. Eu a tenho aqui em minhas mãos. Sei que está queimando minha pele. Porém, não sei o que é”.

Calemo-nos. Sintamos apenas o poeta. Ou a sua poesia. Queimando a sensibilidade da nossa pele, penetrando o recôndito da nossa alma, esparramando-se pelo córrego do nosso coração.

Aplausos à sociedade dos poetas vivos!

(Por Júnior Bonfim - publicado na Coluna "Gente Que Brilha" - da Revista GENTE DE AÇÃO)


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Amigo Júnior,

É costume meu acessar sempre seu blog, informar-me com quem entende dos assuntos de nossa cidade e país.

Jamais esperei fazer parte dele, e de uma forma tão carinhosa, tão repleta de sentimentos bons.

Embora envaidecido, sei que não sou merecedor. Credito isso ao amor que você sempre dedica aos filhos de nossa querida Crateús. Agradeço a lembrança.

E aproveito a oportunidade para agradecer também, e publicamente, todo o empenho que você tem dedicado à defesa da cultura de nossa cidade.

Obrigados (assim mesmo no plural).

Lourival Mourão Veras

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Júnior, depois da leitura do seu texto me aconteceu o seguinte:

"Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira."

[Carlos Drummond]

Karla Gomes

domingo, 8 de novembro de 2009

CONHECENDO O "SEU LUNGA"



Seu Lunga


Joaquim Rodrigues dos Santos (Caririaçu, 18 de agosto de 1927), mais conhecido como Seu Lunga, é um comerciante que se tornou conhecido no Brasil por seu temperamento forte.

Teve sete irmãos e viveu sua infância "no meio dos matos", afastado da cidade. O apelido lhe acompanha desde esta época, quando uma vizinha de sua família, que ele só identifica como preta velha, começou a lhe chamar de Calunga, que virou Lunga e pegou.

Começou a trabalhar na roça aos oito anos de idade, e admira a criação rígida que teve de seu pai, o que marca um aspecto psicossocial do homem Lunga.

Aos 16 anos mudou-se para Juazeiro do Norte, passando a ser ourives por dois anos. Depois começou a comercializar no Mercado Público da cidade e a trabalhar no comércio com sua loja de sucata.

Casado em 1951, teve treze filhos, que, apesar da pouca instrução, conseguiu manter-lhes pelo menos com a educação básica. A pouca instrução de "Lunga", por outro lado, não o impediu de candidatar-se a vereador da cidade de Juazeiro em 1988, eleição que não ganhou.


Alguns de seus "causos" (não sei quais são apócrifos ou não:

Seu Lunga estava na sua casa com sede. E manda seu sobrinho lhe trazer um pouco de leite. Daí o pobre do garoto
pergunta:
- No copo, Seu Lunga?
E seu Lunga responde:
- Não. Bota no chão e vem empurrando com o rodo, fi de rapariga!!!


O funcionário do banco veio avisar:
- Seu Lunga, a promissória venceu.
- Meu filho, pra mim podia ter perdido ou empatado. Não torço por nenhuma promissória.


Seu Lunga entrando em uma agropecuária.
-Tem veneno pra rato?
-Tem! Vai levar? - Pergunta o balconista.
-Não, vou trazer os ratos pra comer aqui!!! - responde seu Lunga.

Seu Lunga, no elevador (no subsolo-garagem). Alguém pergunta:
- Sobe?
Seu Lunga:
- Não, esse elevador anda de lado.


Seu Lunga vai saindo da farmácia, quando alguém pergunta:
- Tá doente, Seu Lunga?
- Quer dizer que seu fosse saindo do cemitério, eu tava morto???


Seu Lunga dava uma bela surra no filho e o menino gritava:
- Tá bom, pai! Tá bom, pai! Tá bom, pai!
- Tá bom? Quando tiver ruim, você me avisa, que eu paro.

O amigo de seu Lunga o cumprimenta:
- Olá, seu Lunga! Tá sumido! Por onde tem andado?
- Pelo chão, não aprendi a voar ainda...


Na década de 70, Seu Lunga chega num bar e fala pro atendente:
- Traz uma cerveja e bota o disco de Luiz Gonzaga pra eu ouvir!
- Desculpe seu Lunga, não posso botar música hoje...
- Mas por que??
- Meu avô morreu!
- E ele levou os discos, foi?

Durante a madrugada, a mulher do seu Lunga passa mal:
- Lunga! Ta me dando uma coisa...
- Receba!
- Mas é uma coisa ruim!
- Então devolva!!

O telefone toca. Seu Lunga:
- Alô!
- Bom dia! Mas quem está falando?
- Você!

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Olá Júnior,

Adoro esta ignorância engraçada reinante nas cidades do interior.

Cada cidadezinha tem um seu lunga a fazer suas graças, são figuras como estas que enriquecem e diferenciam as pequenas cidades.

Um abraço,

Dalinha