1921
Estreou o filme Os quatro cavaleiros do apocalipse, com Rodolfo Valentino, ator que foi símbolo sexual do cinema.
1941
Adolf Hitler, ditador alemão, proibiu os judeus que viviam na Polônia, então tomada pelos alemães, de andarem em transporte público.
1941
Foi criado o Correio Aéreo Nacional (CAN).
1962
John Glenn tornou-se o primeiro astronauta norte-americano a entrar em órbita na Terra. Ele deu três voltas ao redor do planeta, em uma viagem que durou pouco mais de 4 horas. Em 1998, ele se tornou o homem mais velho no espaço ao participar de uma missão do ônibus espacial STS-95.
1974
A cantora e atriz Liza Minelli chegou ao Brasil para fazer três shows na inauguração do Hotel Nacional, no Rio de Janeiro, e recebeu um cachê de 200 mil dólares.
1980
Estreou o filme Bye bye Brasil, de Cacá Diegues, que chegou a ser o terceiro filme brasileiro mais visto nos Estados Unidos.
2000
Morreu em Los Angeles (EUA) a atriz norte-americana Sandra Dee, vítima de uma pneumonia e de problemas renais. Ela tinha 62 anos.
Este espaço se quer simples: um altar à deusa Themis, um forno que libere pão para o espírito, uma mesa para erguer um brinde à ética, uma calçada onde se partilhe sonho e poesia!
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
SOBRE AS MARCHINHAS I
NOBRE CAUSÍDICO JB,
VISITANDO O SEU BLOG , O QUE VENHO FAZENDO COM FREQUENCIA , LEMBREI-ME DE UMA LETRA QUE FIZ PARA O CARNAFOLIA DE CRATEÚS , ALGUNS ANOS ATRÁS. A LETRA ERA UMA HOMENAGEM A ALGUMAS PERSONALIDADES QUE FIZERAM E FAZEM PARTE DA NOSSA HISTÓRIA.
OH. CRATEÚS, OH. CRATEÚS,.....
OH. CRATEÚS QUE TE QUERO LINDA
TUA CULTURA É O QUE BRILHA MAIS
TUA BELEZA É O QUE ME SEDUZ
VENHA A CRATEÚS NÃO SE ESQUEÇA MAIS
NOSSA HISTÓRIA CONTA "FERREIRINHA"
HOMEM DE GRANDE CULTURA
EDUCAÇÃO FAZ " ROSA MORAIS "
COM ARTE E LITERATURA
CARNAFOLIA É SÓ ALEGRIA
GRANDE MAGIA E SAMBA NO PÉ
AGRADECEMOS A MAESTRIA
QUE FOI UM DIA " MANOEL PICOLÉ"
NA CANTORIA " EVANGELISTA "
MESTRE " BATISTA" COM A PINTURA
O "D'ALMEIDA" HERDOU O DOM
HOJE ELE É BOM EM XILOGRAVURA
OH CRATEÚS ........
(EDMILSON PROVIDENCIA)
SOBRE AS MARCHINHAS II
OLÁ JUNIOR,
FOI MUITO BOM PASSAR AQUI E REVER AS ANTIGAS E ETERNAS MARCHINHAS QUE ANIMARAM OS SAUDOSOS CARNAVAIS.
E, AINDA HOJE ESTÃO PRESENTES EM BAILES, BLOCOS NUM ETERNO BOCA-A-BOCA QUE PASSA DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO.
VALEU, PELA POSTAGEM,
DALINHA CATUNDA
FOI MUITO BOM PASSAR AQUI E REVER AS ANTIGAS E ETERNAS MARCHINHAS QUE ANIMARAM OS SAUDOSOS CARNAVAIS.
E, AINDA HOJE ESTÃO PRESENTES EM BAILES, BLOCOS NUM ETERNO BOCA-A-BOCA QUE PASSA DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO.
VALEU, PELA POSTAGEM,
DALINHA CATUNDA
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
PARA REFLETIR
"Os outros animais só inventaram para dois fins: garantir a alimentação e a morada. Conseguindo isso, pararam. Parece que o espírito inventivo deles adormeceu. O homem, não. Quanto mais inventa, mais quer inventar e mais inventa. Nunca parou, nem nunca parará. E a coisa vai com tamanha velocidade, que é impossível prever o que seremos daqui a alguns milhares de anos."
Monteiro Lobato,
pela boca de Dona Benta,
narrando aos netos a "História das Invenções"
SERRA ACUSA PETISTAS DE ''PIRATEAR'' OBRAS DO ESTADO
Governador diz que prefeitos do PT omitem que realização é de seu governo
O governador paulista, José Serra (PSDB), acusou ontem o PT de promover uma "pirataria" das obras da gestão tucana em São Paulo. Em um discurso para prefeitos e secretários municipais de todo o Estado, Serra disse ainda que propagandas do governo federal passam a idéia equivocada de que a maioria dos investimentos no País é feita pela gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Em São Paulo, tem prefeitos do PT que pegam a obra e não põem que é do governo estadual, escondem. É a pirataria total das obras do Estado", afirmou. A crítica foi feita quando Serra defendia que, em seu governo, não há diferença de tratamento entre os municípios por causa de partidos políticos. "O governo do Estado faz em geral (obras) no atacado, independentemente da coloração partidária. Exatamente o contrário do PT", prosseguiu.
O tucano fez questão de ressaltar, entretanto, que as críticas não se estendiam ao presidente. "Estou me referindo ao Estado. Na esfera federal, não tem tido esse tipo de problema."
A crítica ao governo Lula veio mais adiante, sem citá-lo diretamente. "Não sei se todos sabem, mas 70% dos investimentos no Brasil não são feitos pelo governo federal, mas pelos Estados e municípios. Isso é incrível porque, às vezes, com toda essa propaganda, pode se pensar o contrário", disse ele, em encontro com secretários municipais da Saúde de São Paulo.
No evento, o governador expôs as principais realizações da sua gestão nesse setor e em outros também. Citou, por exemplo, o programa de recuperação de estradas vicinais, uma das vitrines da administração tucana, e, ao final do discurso, explicou: "Nada do que eu estou dizendo aqui é coisa para a mídia. Essa reunião não foi feita para a mídia, é uma reunião de trabalho, tanto que ela se prolonga por todo o dia."
ARTILHARIA
A artilharia do governador contra os petistas vem dias depois de o PT divulgar nota à imprensa criticando o pacote de medidas anticrise anunciado pelo governo paulista na semana passada. Ontem, enquanto o tucano tecia as críticas, o PT anunciava uma lista de medidas de combate à crise econômica e acusava o governador paulista de ser omisso e tímido em relação ao avanço da recessão.
Em encontro com prefeitos e deputados petistas, o presidente estadual do PT, Edinho Silva, cobrou de Serra iniciativas como a construção de 50 mil casas populares e o descongelamento de recursos para programas sociais.
Edinho classificou as declarações do tucano de "ataque gratuito". "Não tem sentido o governador sair atacando partidos políticos. Outro dia vi uma publicidade do Rodoanel sem mencionar o governo federal, apenas Estados, municípios e União. A população lá sabe quem é União?", reagiu.
"Se tiver prefeitos descumprindo convênios, ao não dar publicidade correta às obras, tome as providências."
PROGRAMA
Em meio às críticas ao PT e ao governo, o tucano anunciou ontem um programa de transferência de R$ 13,4 milhões para prefeituras paulistas reformarem unidades básicas de saúde.
Relembrando a sua passagem pelo Ministério da Saúde, Serra cobrou do governo federal a regulamentação da emenda constitucional - criada na sua gestão - que estipula porcentual mínimo de aplicação de recursos do orçamento em saúde nos três níveis de governo. "Essa emenda ficou para ser regulamentada em 2004 e não foi até agora. Não vai ser feita na atual gestão", sentenciou.
Voltando-se novamente para a gestão Lula, ele cobrou descentralização maior da administração em tempos de crise. "Tenho a tese de que, para elevar o investimento público, um dos caminhos mais importantes é a descentralização com a entrega de recursos comprometidos com o investimento", afirmou. "Eu defendo que o grosso do investimento, nesse período de crise, seja através de Estados e municípios, pela rapidez."
(Silvia Amorim e Clarissa Oliveira)
MARCHINHAS DE CARNAVAL
Allah-la-ô
Allah-la-ô
Mas que calor, ô ô ô
Atravessamos o deserto do Saara
O Sol estava quente e queimou a nossa cara
Filho de imigrantes libaneses, o compositor e desenhista Antonio Gabriel Nássara nasceu no dia 11 de novembro de 1910, no Rio de Janeiro. Sua marchinha mais famosa ,"Allah-la-ô", foi escrita em parceira com Haroldo Lobo em 1941.
Haroldo Lobo também escreveu, em 1951, a marchinha "O retrato do velho", inspirado no hábito do Estado Novo de Getúlio Vargas de pendurar retratos do presidente da República nas repartições públicas. Interpretada por Francisco Alves, a música não agradou Getúlio, que odiava ser chamado de velho.
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Cabeleira do Zezé
Olha a cabeleira do Zezé!
Será que ele é? Será que ele é?
Será que ele é bossa nova?
Será que ele é Maomé?
Parece transviado mas isso eu não sei se ele é
A inspiração para a marchinha surgiu no bar São Jorge, em Copacabana, Rio de Janeiro. Um dos garçons, apelidado de "Zezé", tinha cabelos compridos - uma ousadia em 1963 - e ainda por cima flertou com a namorada do compositor João Roberto Kelly, que - em parceria com o amigo Roberto Faissal - transformou a "cabeleira do Zezé" em música.
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Jardineira
Oh! Jardineira por que estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu?
Foi a Camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu
Seu compositor, Benedito Lacerda, era flautista e policial militar. Humberto Porto, que também assina a composição, era estudante de Medicina.
Composta em 1938, a música apareceu na comédia musical "Banana da Terra" (1939), que tinha no elenco Carmen Miranda, Oscarito e Emilinha Borba.
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Mamãe Eu Quero
Mamãe eu quero, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar
José Luís Rodrigues, o "Jararaca", nasceu no dia 29 de setembro de 1896, em Maceió, Alagoas.
A música foi lançada pela primeira vez em janeiro de 1937. Nos anos 40, ela foi traduzida e lançada no mercado norte-americano nas vozes de Bing Crosby e Carmen Miranda.
A "pequena notável" cantou a música de Jararaca e Vicente Paiva no filme "Serenata Tropical" (1940), indicado ao Oscar em três categorias técnicas (Melhor Fotografia, Direção de Arte e Melhor Trilha Original).
O compositor morreu no Rio de Janeiro, no dia 8 de setembro de 1977, aos 81 anos.
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Máscara Negra
Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando pelo amor da Colombina
No meio da multidão
Gravada pela primeira vez em 1967, a marchinha "Máscara Negra" foi sucesso em uma época que as músicas tradicionais do Carnaval estavam saindo de moda.
Sua autoria é disputado pelos músicos Zé Keti e Pereira Mattos, que processou o primeiro por plágio.
José Flores de Jesus, o "Zé Kéti", nasceu no dia 16 de setembro de 1921 no Rio de Janeiro e morreu no dia 14 de novembro de 1999, aos 78 anos.
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Mulata Yê-Yê-Yê
Mulata bossa nova
Caiu no hully gully
E só dá ela
Ê ê ê ê ê ê ê ê
Na passarela
Sucesso na voz de Emilinha Borba, a música também foi composta por João Roberto Kelly, em 1965.
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Teu cabelo não nega
O teu cabelo não nega mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega mulata
Mulata eu quero o teu amor
A marchinha - uma adaptação da composição "Mulata", dos irmãos pernambucanos João e Raul Valença, - foi gravada em 1932 por Lamartine Babo.
Lamartine de Azeredo Babo nasceu - no dia 10 de janeiro de 1904 - e morreu na cidade do Rio de Janeiro, aos 59 anos, no dia 16 de junho de 1963.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
ENTREVISTA COM O UROLOGISTA MIGUEL SROUGI - VALE A PENA LER ATÉ O FINAL
O urologista, que cuida da saúde do "PIB" brasileiro, fala sobre os
principais temores masculinos, como problemas na próstata, disfunções
sexuais e decadência física.
Não tem nem o que questionar: quando se fala em urologia, e
principalmente em saúde masculina, primeiro nome da agenda e da
confiança dos principais políticos, empresários e brasileiros em geral
é o do médico Miguel Srougi. Considerado o número 1 do Brasil em
Cirurgias de câncer de próstata ( já realizou 2.900), atende em seu
consultório gente como o presidente Lula, José Alencar, José Serra ,
Geraldo Alckmin, Joseph Safra, Lázaro Brandão, Abílio Diniz e Antônio
Ermírio de Moraes, entre outros pesos pesados.
Professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP,
pós-graduado pela Harvard Medical School, em Boston, nos Estados
Unidos, 35 anos de carreira, uma dezena de livros publicados e outra
centena de artigos espalhados mundo afora, Srougi tem a simplicidade
daqueles que muito sabem, pouco ostentam e continuam lutando. Ele se
dedica integralmente ao que faz - trabalha todos os dias, das 7 da
manhã às 10 da noite -, abriu mão da vida pessoal - é casado, pai de dois filhos - e não tem receio de dizer que se envolve demais com seus pacientes. "Sofro muito e esse sofrimento é um dos fatores de sucesso da minha carreira, porque acabo me entregando mais aos doentes."
Embora viva intensamente entre os limites das dores da perda e
alegrias dos resgates da vida, Srougi, aos 60 anos, se abastece
lecionando na Faculdade de Medicina, "uma de minhas razões
existenciais".
No ano passado inaugurou um moderno centro de ensino e pesquisa para
seus alunos, garimpando verbas junto aos seus pacientes poderosos. A
sala ganhou o nome de Vicky Safra, mulher de Joseph Safra - em
homenagem ao banqueiro que doou a maior parte dos recursos.
Nesta entrevista, o maior especialista em câncer de próstata do país
afirma que "todo homem nasce programado para ter a doença" e que, se
viver até os 100 anos, inevitavelmente vai contraí-la.
Fala ainda sobre medos, fantasmas masculinos, impotência, novos
tratamentos e seus sonhos pessoais.
E conta por que trocou o Hospital Sírio-Libanês pelo Oswaldo Cruz
depois de 30 anos.
A seguir, os principais trechos.
ASSOMBROS MASCULINOS
Os homens têm uma certa sensação de invulnerabilidade - isso faz parte
da cabeça deles. Passam boa parte da sua vida livre de todos os
incômodos que a mulher tem, fazendo com que relaxem mais com a sua
saúde. Com o passar dos anos, começam a perceber a sua vulnerabilidade
e passam a dar um pouco mais de valor aos cuidados médicos.
O que mais os atemoriza hoje?
Problemas com a próstata, disfunções sexuais e a decadência física, que mexe muito com a cabeça das mulheres, mas também com a deles. As mulheres pautam muito a vida em
função da beleza e os homens, da força, da virilidade, da capacidade
de agir, raciocinar. E na hora em que surgem falhas nessas áreas, ele
percebe que, talvez, não seja aquele ser imortal que achava que
fosse.
ENVELHECIMENTO
Há dois profundos temores hoje nos homens: o primeiro é o crescimento
benigno da próstata, um fenômeno que ocorre em praticamente todos
eles: ela aumenta de tamanho depois dos 40 anos e, dessa forma, o
canal da uretra fica ocluído.
Isso faz com que o homem comece a urinar sucessivas vezes, a não
ficar em uma reunião prolongada, tem de levantar à noite, prejudica o
sono, acorda mal, pode ter descontroles de urina. O crescimento
benigno é quase inexorável: todos os homens vão ter em maior ou menor
grau - felizmente, apenas um terço, 30%, tem sintomas mais
significativos que exigem apoio médico.
Nesses casos, há medicações que desobstruem parcialmente a uretra e
fazem o indivíduo urinar e viver melhor; apenas de 4% a 5% dos homens
têm de fazer uma cirurgia para desobstruir a uretra por causa desse
crescimento benigno.
Essa é uma cirurgia, que se faz com segurança e sem os inconvenientes
de uma cirurgia maior nos casos de câncer.
Ela remove apenas o fator obstrutivo, o homem passa a viver melhor e
sem nenhuma seqüela. Esse crescimento não tem causa conhecida, surge
por um desequilíbrio hormonal no homem maduro, ou seja, as células da
próstata passam a se proliferar em decorrência dos hormônios. Não tem
como prevenir. Existem algumas medidas, mas nenhuma consistente.
OBESOS E FUMANTES
Existe a idéia de que o obeso e os fumantes teriam menos crescimento
benigno da próstata. O que é interessante é que a próstata seria o
único lugar no organismo que eles deixam de ter todas as desvantagens,
mas a realidade é meio dura: recentemente se apurou que eles são menos
operados da próstata, mas não porque ela não cresce, mas pelo receio
dos médicos de operá-los porque complicam mais e também porque muitas
vezes não vivem o suficiente para ser operados - morrem antes. É uma
realidade perversa.
REALIDADE NUA E CRUA
O câncer na próstata adquire maior relevância porque tem uma grande
prevalência: 18% dos homens - um em cada seis - manifestarão a doença.
E também porque o tumor, que ocorre com muita freqüência dentro da
próstata, é eliminado com sucesso em 80%, 90% dos homens. Se esse
tumor não é identificado no momento certo e se expande, saindo para
fora da próstata, as chances de cura caem para 30%. É um tumor muito
comum e se for detectado a tempo, tem como resgatar esse paciente.
Dos 18%, somente 3% morrem - a medicina consegue curar 15% dos homens,
ou seja, a maioria. Mas vale dizer que todo homem nasce programado
para ter câncer de próstata. Ou seja, nós temos, nas nossas células,
genes que as estimulam a virar cancerosas e eles ficam bloqueados
durante a nossa existência. Quando o indivíduo envelhece, esses
mecanismos de bloqueio deixam de exercer o seu papel e o câncer começa
a se manifestar. Com isso vai aumentando a freqüência da doença e todo
homem que chegar aos 100 anos vai ter câncer de próstata.
SEM FANTASIA
O exame de toque - um dos meios de se detectar a doença - gera na
cabeça dos homens fantasias negativas e receios, mas, na verdade, eles
tem muito medo da dor. Tanto é que os que fazem pela primeira vez, no
ano seguinte perdem o medo. Leva três ou quatro segundos e não dói.
Então, um dos fatores de resistência é eliminado. Existe um segundo
sentimento, que é muito forte: expressar, exteriorizar uma fraqueza se
a doença for descoberta. O homem tem pavor disso porque, de acordo com
todas as idéias evolucionistas, só vão sobreviver aqueles que forem
fortes. É comum você descobrir um câncer no indivíduo, e ele entrar em
pânico, não pela doença, mas porque as pessoas vão descobri-la. Porque
o câncer é muito relacionado com morte, decadência física, perda da
independência, dependência dos outros. O homem não aceita essa idéia,
e prefere fechar os olhos e enfiar a cabeça debaixo da terra a
enfrentar, mostrando para o mundo e às pessoas que ele é um ser mais
fraco. Isso vai afetar a imagem dele, acha que vai perder poder sobre
outras pessoas, porque ninguém obedece a um fraco, alguém que vai
morrer. Isso vai contra a idéia que temos de ser mais fortes para
sobreviver.
A PERFORMANCE DO ROBÔ
Estamos fazendo cirurgias com robô, que permite uma visão muito mais
precisa do campo cirúrgico, elimina os tremores mão do cirurgião, permite incisões
pequenas, uma operação muito mais perfeita porque os movimentos dele
são muito suaves.
Isso é muito novo no Brasil. Fiz o primeiro caso há dois meses, no
Sírio-Libanês. E agora, o Albert Einstein tem e o Oswaldo Cruz está
adquirindo. Nos Estados Unidos se faz cirurgia robótica em larga
escala. Lá, o robô ganha em performance do cirurgião médio, mas ele
ainda perde do habilitado.
Tenho mais de 2.900 pacientes operados de câncer de próstata
pessoalmente. Eu sou o terceiro cirurgião do mundo nesse quesito - só perco para dois
americanos e eles estão parando de trabalhar. Apesar de ter essa
grande experiência, quando comecei a operar, 35% ficavam com
incontinência urinária grave. Agora são só 3%. Impotentes, todos
também ficavam. Hoje, se o homem tem menos de 55 anos, a incidência é
de 20% - antes era 100%. Há também enxertos de nervos, porque a
impotência se deve à remoção de dois nervos que passam perto da
próstata, e nós estamos fazendo esse enxerto quando somos obrigados a
retirá-los nos casos em que o tumor fica grudado.
Entre os pacientes que fizeram os enxertos, metade voltou a ter
ereções com o tempo.
IMPOTÊNCIA, O QUE FAZER?
Esses novos remédios para tratar a disfunção sexual contornam 1/3 da
impotência, tanto após a cirurgia quanto depois da radioterapia. Se os
comprimidos não atuarem, existem injeções. Há ainda próteses penianas
que são muito desenvolvidas e produzem uma ereção que quase não tem
nenhuma diferença em relação à normal. Isso permite que o homem
reassuma a vida sexual plenamente e que as mulheres tenham muita
satisfação. Os homens ficam extremamente felizes - são hastes colocadas dentro do
pênis. Não fica marca, nem cicatriz. Nos Estados Unidos, entrevistaram
as mulheres sobre os homens que tinham prótese e as respostas foram
positivas. Ela funciona muito bem.
ENTRE A VIDA E A MORTE
Minha vida é complexa porque eu ando um caminho muito estreito que, de
um lado tem a morte e, de outro, a vida. E as minhas ações podem, com uma certa
freqüência, resgatar alguém para a vida. Trilhar esse caminho é muito
difícil porque, quando você se identifica com o paciente, compreende o
sofrimento humano, isso cria um estado de impotência que lhe faz
sofrer. Mas, por outro lado, traz momentos de alegria incontida,
principalmente quando você resgata um ser para a vida, que não tem
nada parecido.
ESCUTANDO MAIS, OUVINDO MENOS
Se eu listar uma série de qualidades, como, por exemplo, humildade,
conhecimento técnico, dedicação ao doente, presença, coerência,
sentido humanístico, desprendimento material e comunicação e perguntar
qual é melhor, só tem uma resposta: comunicação. Todas as outras são
importantes. O médico precisa ser humano, ter desprendimento material.
A relação médico-doente não é tipo supermercado, que você dá e recebe,
é algo muito superior. Ele precisa ter conhecimento técnico, precisa
estar presente, gerar esperança, mas ele tem de se comunicar. É
comunicação superior, não apenas saber falar.
É tão significativo que explica por que há médicos brilhantes aqui no
Hospital das Clínicas que conhecem tudo, e não conseguem atender a um
doente porque falam bobagem na hora de se expressar. São inibidos,
tímidos, não sabem dar para o doente o substrato humanístico. Ele
lista 450 tabelas de números e cálculos e não sabe o que se passa pelo
seu coração. Isso explica também porque tem tanto charlatão por aí -
médicos mal-intencionados e não-médicos - que conseguem atender a
muitos pacientes. Eles têm a comunicação. Comunicação envolve inicialmente gerar empatia no doente. É errado cumprimentar um doente e falar "como vai?". Você deve
cumprimentar alguém que está com uma doença grave e falar "eu lamento
que você esteja nessa situação, imagino o que está sentindo".
Saber ouvir, que é diferente de escutar. A hora que você passa a
ouvir, entende quais as apreensões que ele tem, elimina um pouco do
sentimento de culpa, entende por que está lhe procurando e conquista a
confiança. É preciso ser coerente e falar com realismo. É ilusão achar
que se engana as pessoas. Falar numa dimensão maior significa gerar
esperança, estimular a espiritualidade, porque um dos maiores medos é
morrer e não saber o que vai acontecer depois; explicar o que vai ser
a evolução dele. Também assegurar presença - ele não será abandonado.
O PAPEL DAS MULHERES
Os homens são resistentes: eles relutam muito em ir ao médico fazer um
exame de próstata e só vão quando a mulher os empurra: dois terços dos
pacientes no consultório de Miguel Srougi são trazidos por elas.
"Ligam para marcar a consulta, os acompanham. A gente não vê mulheres
jovens trazendo homens jovens para fazer exames. A gente vê mulheres
maduras. Claro que o jovem não está na faixa de risco. Mas existe um
outro significado da importância da mulher.
Primeiro, que ela é pragmática e incentiva o marido." Mas, por que ela
quer isso? "Porque quem ficou vivendo bem 30 anos e conseguiu superar
todos os embates da vida conjugal é um casal que o tempo consolidou. E
aí a mulher tem um sentido de preservação da família muito mais forte
que o do homem. Passadas as tempestades e oscilações do relacionamento, ela não quer que o marido morra. É real. Toda vez que tenho um paciente e ofereço dois tratamentos: um que aumente a existência dele, mas vai, por exemplo,causar alguma deficiência na área sexual. E ofereço um outro tratamento, que cura menos, mas
preserva melhor a parte sexual, o homem balança na decisão. A mulher
nunca hesita. Ela prefere aquele que aumenta a existência, mesmo
ocorrendo o risco de comprometer a vida sexual dele e do casal. Poucas
vezes vi uma mulher aconselhar um tratamento que dê menos chance de
vida e aumente a possibilidade de ele ficar potente. Dá para contar
nos dedos. Ela quer o companheiro, quer preservar aquela pirâmide que
foi construída, que é rica."
GERANDO ESPERANÇAS
O ser humano precisa ter alguma esperança, nem que sejam vislumbres.
Os médicos americanos acham que são fantásticos e verdadeiros quando
dizem que não tem jeito o seu caso, mas isso é não conhecer a natureza
humana. É preciso mostrar que ele tem alguma chance, sim.
SOFRIMENTOS E PRIVILÉGIOS
Eu me envolvo muito com meus pacientes. Sofro muito. E esse sofrimento
é um dos fatores do sucesso da minha carreira, de 35 anos. Nesse
sofrimento eu acabo me entregando mais e mais aos doentes. Isso é
ruim, porque não tenho vida pessoal, minha vida familiar é feita nos
intervalos. Felizmente, os momentos bons prevalecem sobre os ruins.
É por isso que eu sobrevivo. Um doente que coloca a cabeça no meu
ombro e agradece por ter feito algo por ele, ou deixa correr uma
lágrima na minha frente, me faz deletar, superar aqueles momentos em
que me senti totalmente impotente. Uma das coisas importantes é o médico saber e demonstrar que a medicina não é infalível e ele não se sentir onipotente. O urologista tem um privilégio. O oncologista mexe com câncer avançado, já no fim
do caminho - eu lido com o inicial. Eu consigo salvar muita gente. É
um privilégio para mim.
MEDO DA SEPARAÇÃO
Nós não queremos morrer. Primeiro, pela incerteza do porvir. segundo,
porque a morte implica extinção e o ser humano não aceita a
aniquilação. A nossa cabeça nasceu para ser imortal. A morte está
relacionada com dor, sofrimento, à decadência física, à desfiguração,
à perda do papel social, desamparo da família, perdas dos prazeres
materiais, da independência. Mas a causa verdadeira é o nosso horror
de nos separar das pessoas que amamos. Bem material não deixa ninguém
feliz. Há tanta gente rica se suicidando, tomando droga para sair da
realidade. Os médicos não compreendem isso. Se as pessoas têm medo de
se afastar das pessoas do seu entorno, você precisa tratar o entorno
também. Não é o médico que apóia o doente nas fases difíceis - é a
família. Eles reagem raivosamente contra a família, querem afastá-la do
processo, sem perceber que um doente só vai ter paz, tendo a morte
pela frente ou não, se a família estiver ao lado.
VIVENDO NOS LIMITES
Eu sou católico, não praticante, acredito em alguma coisa depois da
vida e isso me dá muita paz. Eu continuo numa luta incessante. Vivo
nos limites. Nos limites do sofrimento, porque estou do lado das
pessoas que sofrem. Nos limites das minhas energias, porque começo a
trabalhar às 7 da manhã e vou até as 10 da noite. Trabalho na
faculdade de Medicina. Tenho várias razões existenciais,
uma delas é a faculdade. Aqui é a única forma de deixar marcas e
mostrar que a minha passagem pela Terra não foi em vão. Aqui você
planta as coisas. Cada aluno que receber esses conhecimentos, vai multiplicar o feito. Em vez de ajudar 20 pessoas que ajudo num mês, para cada aluno que eu
fizer isso, serão 40, 60, 80, 320... Se eu saísse da faculdade, não
iria agüentar essa carga toda de emoções, sentimentos, morte e vida.
Aqui a gente conhece o que é o ser humano. Lá fora as pessoas estão
todas maquiadas.
REABASTECENDO ENERGIAS
Eu simplesmente acabei com a minha vida pessoal, os meus grandes
amigos mal vejo. O meu melhor amigo médico, o oncologista Sergio
Simon, não encontro há quase três anos. Sábado à noite vou para uma
casa de campo que tenho e fico 24 horas ouvindo música, fazendo minhas
leituras, pesquisas, um pouco no computador. E controlo muito bem a
alimentação, o sono e a atividade física para poder agüentar. Faço
ginástica de quatro a cinco vezes por semana, tenho uma alimentação
equilibrada e durmo bem. Deixo de sair com os amigos para dormir. Não
gosto de dormir, mas preciso me recompor.
A SAÍDA DO SÍRIO-LIBANÊS
Os verdadeiros templos na Terra são os hospitais - não as igrejas. Nas
igrejas tem muito ouro, riqueza. Aqui não, você conhece o sofrimento, o valor da existência humana. Os orgulhosos e os soberbos ficam humildes, ricos e pobres são iguais; os ruins, os autoritários e os maldosos se tornam condescendentes:
eles ficam despidos, tiram a máscara; é aqui que você conhece o que é
viver, que resgata para a vida, não em uma igreja qualquer,que o
sujeito entra lá, reza dez minutos e sai. Ele pode até sarar,
cicatrizar a sua alma. Mas aqui nós curamos a alma e o corpo. Esse é o
verdadeiro templo, onde o ouro é a vida. Você entende o impacto que a
desigualdade social tem sobre o ser humano, a pobreza, a falta de
instrução causa doenças. Depois de 30 anos no Sirio-Libanês eu mudei
para o Oswaldo Cruz. Achar que eu vou ter novas salas, três
enfermeiras a mais, é brutalizar o que passou pela minha cabeça. Mudei
porque não estava vendo esse lugar como um templo. Eu vivo intensamente, por isso tenho esses sentimentos.
NAS ASAS DA LIBERDADE
Você só é livre quando tem boa saúde. Ninguém fala isso. Dar saúde
para uma pessoa é um pré-requisito para ela ser livre. Nesse templo,
que é o hospital, nós tornamos as pessoas livres.
UM POUCO DE FILOSOFIA
A melhor forma de se transmitir as virtudes é pelo exemplo, pela
coerência. Certa vez perguntaram para Sócrates como a virtude poderia
ser transmitida - se pelas palavras ou conquistada pela prática. Ele
não soube responder. Então, Aristóteles, depois de uns anos,
respondeu: "A virtude só pode ser transmitida pela prática e por meio
do exemplo". Aqui, eu posso tentar ser o exemplo. Mudando o cotidiano
das pessoas, transformando a sociedade e construindo um novo mundo.
CINCO MEDIDAS PREVENTIVAS
Segundo Miguel Srougi, a prevenção ao câncer de próstata é feita de
forma um pouco precária, porque não existem soluções para impedi-lo.
Na prática, há o licopeno, que é o pigmento que dá cor ao tomate, à
melancia e à goiaba vermelha. "Talvez diminua em 30% a chance, mas
esse dado é controvertido, por causa disso a gente incentiva os homens
a comerem muito tomate, só que deve ser ingerido pós-fervura, ou seja,
precisa ser molho de tomate. Não pode ser seco ou cru."
A vitamina E também reduz teoricamente os riscos em 30%, 40%. Mas, se
for ingerida em grandes quantidades, produz problemas
cardiovasculares. Na verdade, se o homem quiser se proteger, deve
tomar uma cápsula de vitamina E por dia. Acima disso, não é
recomendável.
O terceiro elemento é o Selenio, um mineral que existe
na natureza e é importante para manter a estabilidade das células,
impedindo que elas se degenerem, que é encontrado em grande quantidade na castanha-do- Pará. "Qualquer homem pode ingerir em cápsulas, mas se ele comer duas
castanhas por dia, recebe uma certa proteção", diz o especialista.
Uma quarta medida é comer peixe, três porções por semana - rico em ômega
3 e tem uma ação anticancerígena provável.
E, uma quinta, tomar sol. "O homem que toma muito sol sintetiza na pele vitamina D, que tem forte ação anticancerígena. É por isso que os homens da Califórnia
desenvolvem muito menos a doença do que os de Boston", afirma Srougi.
PACIENTES ILUSTRES
Trato todos os meus pacientes de forma igual. Se começo a tratar os
mais importantes de um jeito diferente, eles dão mais trabalho. Se
tratar igual, não. Até se sentem melhor com isso.
PODER vs TRANSFORMAÇÃO
O poder é a única forma de passar pela existência deixando marcas. Só
com ele você consegue fazer isso. E nenhum de nós terá vivido de forma
digna se não deixá-las. A minha definição de felicidade é estarmos
alegres com o que somos, o que representa um continuum de bem-estar
físico, mental e afetivo. É fantástica essa definição. E a gente só
é feliz se estivermos circundados por pessoas felizes. E o poder nos
dá um pouco dessa felicidade.
Mas o grande problema é você dá-lo ao ser humano, que é altamente
imperfeito - ele tem defeitos incompreensíveis para qualquer espécie -
aí vira uma arma de destruição. Mas, quando se dá poder às pessoas de
bem, ele se torna algo transformador.
(Colaboração Gabriel Vale)
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
OBSERVATÓRIO
Nos tempos de ardência da militância estudantil, um dos conceitos que mais se discutia era o da Dialética – que, na Grécia Antiga, significava a arte do diálogo, da contraposição e contradição de idéias que leva a outras idéias. Entrecortando as mais distintas correntes filosóficas ao longo do tempo, chegamos ao método dialético, cujos elementos do esquema básico são a tese, a antítese e a síntese. O exemplo clássico é o do ovo: este contém um germe, que a uma certa temperatura se desenvolve. Desenvolvendo-se dará um pintinho. Desse modo, o germe já é a negação do ovo. Noutras palavras: o ovo é a afirmação (tese); o pintinho é a negação (antítese); porém o resultado final de tudo é a galinha (síntese).
A POLÍTICA
No universo da luta política é, talvez, onde identificamos com mais intensidade essa tensão entre a afirmação e a negação, entre sol e sombra, entre luz e escuridão - as distintas dimensões que compõem a unidade dialética. A tendência natural é se reduzir isso a um jogo simplório: quem está na oposição só enxerga defeitos em quem governa; quem está no governo despreza e tenta desqualificar a opinião oposicionista. Facilmente recorre-se a métodos grosseiros, golpes baixos e instrumentos escusos para denegrir a opinião divergente. Olvida-se que, ao final, há razões e equívocos em ambos os lados. E o resultado final pode, inclusive, contemplar facetas de um e outro.
O PAPEL
Discute-se muito hoje o papel da oposição. É lógico que à orquestra oposicionista incumbe dedilhar a partitura do protesto. Aos ouvidos da situação compete decifrar a letra dessa música, avançando para uma síntese. Analisemos o nosso município. O Prefeito Carlos Felipe foi guindado ao Paço Municipal com a mão sobre o mastro de uma bandeira revolucionária: Vida Nova para Crateús! Cobrar dele uma alteração imediata, mudanças profundas ou grandes transformações após pouco mais de um mês de governo é algo insano, absurdo, fora de propósito. Ele necessita daquele benefício que a todos foi dado: um prazo mínimo para acertar o passo. No entanto, algumas ações estratégicas podem servir de indicativo do rumo que será seguido.
O PROBLEMA
Vamos a um caso concreto. Hoje, 17 de fevereiro de 2009, está prevista a realização de uma Licitação, sob a modalidade de Pregão Presencial, para a contratação de empresa visando a prestação de serviços de transporte escolar dos alunos da rede pública de Crateús. Segundo o Edital, o valor estimado para o objeto desse Pregão é de R$ 2.686.594,20 (Dois milhões, seiscentos e oitenta e seis mil, quinhentos noventa e quatro reais e vinte centavos). O dinheiro é oriundo, em parte, do Governo Federal através do PNATE (Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar), do Governo do Estado através da SEDUC e da Prefeitura Municipal. É óbvio que um certame licitatório dessa magnitude impõe uma análise acurada. Indaga-se: há alguma diferença entre este processo e os que foram realizados em anos anteriores? Parece que não: pressão dos vereadores e cabos eleitorais por rotas, disputas pesadas entre os diversos grupos, carros desprovidos das condições básicas de segurança, apadrinhamento etc. Nada diferente do que ocorreu desde quando esse sistema foi implantado. Mas há uma novidade...
A PROPOSTA I
Hoje, os municípios dispõem de um Programa que pode revolucionar o transporte escolar. Desde 2007, o Governo Federal lançou o Programa Caminho da Escola - criado com o objetivo de renovar a frota de veículos escolares, garantir segurança e qualidade ao transporte dos estudantes e contribuir para a redução da evasão escolar, ampliando, por meio do transporte diário, o acesso e a permanência na escola. O programa também visa à padronização dos veículos de transporte escolar, à redução dos preços dos veículos e ao aumento da transparência nessas aquisições. O Decreto Federal Nº 6.768º/2009 disciplina esse programa, que consiste na aquisição de veículos padronizados para o transporte escolar. Existem três formas para estados e municípios participarem do Caminho da Escola: com recursos próprios, bastando aderir ao pregão; via convênio firmado com o FNDE; ou por meio de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que disponibiliza linha de crédito especial para a aquisição de ônibus zero quilômetro. Para 2009, foram aportados 1,1 bilhão de reais (a linha de financiamento do BNDES é de R$ 700 milhões; R$ 200 milhões de emendas parlamentares; R$ 100 milhões do orçamento do MEC e outros R$ 100 milhões de recursos próprios de municípios e estados). Nesta última forma, o município pode adquirir um ônibus escolar financiado em 60 meses, com prestação em torno de R$ 2.000,00 (Dois mil reais) por mês. Complementando essa idéia de oferta qualificada de transporte escolar, o Governo do Estado anunciou que, para cada ônibus que o município adquirisse, ele entraria com outro.
A PROPOSTA II
No caso de Crateús, digamos que a demanda total para cobrir a necessidade de transporte de estudantes seja de quarenta (40) ônibus. Basta o Município financiar vinte, porque os outros vinte seriam repassados pelo governo estadual. E qual seria o custo desse financiamento para a Prefeitura de Crateús? Algo ao redor de 25% a 30% do que ela gasta hoje, pagando a carros que em sua maioria não preenchem as condições legais de segurança e conforto. Naturalmente, a concretização de uma medida dessa natureza encontrará resistências. Mas, sem embargo, ecoará positivamente no seio da grande maioria da população. E será muito mais sinalizador de algo novo do que a mera reprodução dos equívocos que cometemos no passado. Fica a sugestão!
PARA REFLETIR
O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica. (Norman Vincent)
Não podes ensinar nada a um homem; podes apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo. (Galileu Galilei)
(Por Júnior Bonfim - Publicado na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste - Crateús - Ceará)
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
BOA LIÇÃO!
Uma velha senhora foi para um safári na África e levou seu velho vira-lata com ela.
Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido.
Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção,
Com intenção de conseguir um bom almoço . .
O cachorro velho pensa:
-'Oh, oh! Estou mesmo enrascado ! Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo, e começa a roê-lo, dando as costas ao predador ..
Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:
-Cara, este leopardo estava delicioso ! Será que há outros por aí ?
Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na
direção das árvores.
-Caramba! Pensa o leopardo, essa foi por pouco ! O velho vira-lata quase me pega!
Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção
para si, informaria ao predador que o vira-lata não havia comido leopardo algum...
E assim foi, rápido, em direção ao leopardo.
Mas o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa:
-Aí tem coisa!
O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo.
O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz:
-'Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!'
Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa:
-E agora, o que é que eu posso fazer ?
Mas, em vez de correr ( sabe que suas pernas doídas não o levariam longe...) o cachorro senta, mais uma vez dando costas
aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouví-lo, o velho cão diz:
-'Cadê o safado daquele macaco? Tô morrendo de fome! Ele disse que ia trazer outro leopardo para mim e não chega nunca! '
Moral da história: não mexa com cachorro velho.. Idade e habilidade se sobrepõem à juventude e intriga.
Sabedoria só vem com idade e experiência.
A cada dia você acrescenta mais uma.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
"O BOLSA FAMÍLIA É O MAIOR PROGRAMA OFICIAL DE COMPRA DE VOTOS DO MUNDO"
Senador peemedebista diz que a maioria dos integrantes do seu partido só pensa em corrupção e que a eleição de José Sarney à presidência do Congresso é um retrocesso
A ideia de que parlamentares usem seu mandato preferencialmente para obter vantagens pessoais já causou mais revolta. Nos dias que correm, essa noção parece ter sido de tal forma diluída em escândalos a ponto de não mais tocar a corda da indignação.
Mesmo em um ambiente político assim anestesiado, as afirmações feitas pelo senador Jarbas Vasconcelos, de 66 anos, 43 dos quais dedicados à política e ao PMDB, nesta entrevista a VEJA soam como um libelo de alta octanagem.
Jarbas se revela decepcionado com a política e, principalmente, com os políticos. Ele diz que o Senado virou um teatro de mediocridades e que seus colegas de partido, com raríssimas exceções, só pensam em ocupar cargos no governo para fazer negócios e ganhar comissões. Acusa o ex-governador de Pernambuco: "Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção".
O que representa para a política brasileira a eleição de José Sarney para a presidência do Senado?
- É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado. De repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador.
Mas ele foi eleito pela maioria dos senadores.
- Claro, e isso reflete o que pensa a maioria dos colegas de Parlamento. Para mim, não tem nenhum valor se Sarney vai melhorar a gráfica, se vai melhorar os gabinetes, se vai dar aumento aos funcionários. O que importa é que ele não vai mudar a estrutura política nem contribuir para reconstruir uma imagem positiva da Casa. Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão.
Como o senhor avalia sua atuação no Senado?
- Às vezes eu me pergunto o que vim fazer aqui. Cheguei em 2007 pensando em dar uma contribuição modesta, mas positiva – e imediatamente me frustrei. Logo no início do mandato, já estourou o escândalo do Renan (Calheiros, ex-presidente do Congresso que usou um lobista para pagar pensão a uma filha). Eu me coloquei na linha de frente pelo seu afastamento porque não concordava com a maneira como ele utilizava o cargo de presidente para se defender das acusações. Desde então, não posso fazer nada, porque sou um dissidente no meu partido. O nível dos debates aqui é inversamente proporcional à preocupação com benesses. É frustrante.
O senador Renan Calheiros acaba de assumir a liderança do PMDB...
- Ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido. Renan é o maior beneficiário desse quadro político de mediocridade em que os escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando à paisagem.
O senhor é um dos fundadores do PMDB. Em que o atual partido se parece com aquele criado na oposição ao regime militar?
- Em nada. Eu entrei no MDB para combater a ditadura, o partido era o conduto de todo o inconformismo nacional. Quando surgiu o pluripartidarismo, o MDB foi perdendo sua grandeza. Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos.
Para que o PMDB quer cargos?
- Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.
Quando o partido se transformou nessa máquina clientelista?
- De 1994 para cá, o partido resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer eleição. Daqui a dois anos o PMDB será ocupante do Palácio do Planalto, com José Serra ou com Dilma Rousseff. Não terá aquele gabinete presidencial pomposo no 3º andar, mas terá vários gabinetes ao lado.
Por que o senhor continua no PMDB?
- Se eu sair daqui irei para onde? É melhor ficar como dissidente, lutando por uma reforma política para fazer um partido novo, ao lado das poucas pessoas sérias que ainda existem hoje na política.
Lula ajudou a fortalecer o PMDB. É de esperar uma retribuição do partido, apoiando a candidatura de Dilma?
- Não há condições para isso. O PMDB vai se dividir. A parte majoritária ficará com o governo, já que está mamando e não é possível agora uma traição total. E uma parte minoritária, mas significativa, irá para a candidatura de Serra. O partido se tornará livre para ser governo ao lado do candidato vencedor.
O senhor sempre foi elogiado por Lula. Foi o primeiro político a visitá-lo quando deixou a prisão, chegou a ser cotado para vice em sua chapa. O que o levou a se tornar um dos maiores opositores a seu governo no Congresso?
- Quando Lula foi eleito em 2002, eu vim a Brasília para defender que o PMDB apoiasse o governo, mas sem cargos nem benesses. Era essencial o apoio a Lula, pois ele havia se comprometido com a sociedade a promover reformas e governar com ética. Com o desenrolar do primeiro mandato, diante dos sucessivos escândalos, percebi que Lula não tinha nenhum compromisso com reformas ou com ética. Também não fez reforma tributária, não completou a reforma da Previdência nem a reforma trabalhista. Então eu acho que já foram seis anos perdidos. O mundo passou por uma fase áurea, de bonança, de desenvolvimento, e Lula não conseguiu tirar proveito disso.
A favor do governo Lula há o fato de o país ter voltado a crescer e os indicadores sociais terem melhorado.
- O grande mérito de Lula foi não ter mexido na economia. Mas foi só. O país não tem infraestrutura, as estradas são ruins, os aeroportos acanhados, os portos estão estrangulados, o setor elétrico vem se arrastando. A política externa do governo é outra piada de mau gosto. Um governo que deixou a ética de lado, que não fez as reformas nem fez nada pela infraestrutura agora tem como bandeira o PAC, que é um amontoado de projetos velhos reunidos em um pacote eleitoreiro. É um governo medíocre. E o mais grave é que essa mediocridade contamina vários setores do país. Não é à toa que o Senado e a Câmara estão piores. Lula não é o único responsável, mas é óbvio que a mediocridade do governo dele leva a isso.
Mas esse presidente que o senhor aponta como medíocre é recordista de popularidade. Em seu estado, Pernambuco, o presidente beira os 100% de aprovação.
- O marketing e o assistencialismo de Lula conseguem mexer com o país inteiro. Imagine isso no Nordeste, que é a região mais pobre. Imagine em Pernambuco, que é a terra dele. Ele fez essa opção clara pelo assistencialismo para milhões de famílias, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo.
O senhor não acha que o Bolsa Família tem virtudes?
- Há um benefício imediato e uma consequência futura nefasta, pois o programa não tem compromisso com a educação, com a qualificação, com a formação de quadros para o trabalho. Em algumas regiões de Pernambuco, como a Zona da Mata e o agreste, já há uma grande carência de mão-de-obra. Famílias com dois ou três beneficiados pelo programa deixam o trabalho de lado, preferem viver de assistencialismo. Há um restaurante que eu frequento há mais de trinta anos no bairro de Brasília Teimosa, no Recife. Na semana passada cheguei lá e não encontrei o garçom que sempre me atendeu. Perguntei ao gerente e descobri que ele conseguiu uma bolsa para ele e outra para o filho e desistiu de trabalhar. Esse é um retrato do Bolsa Família. A situação imediata do nordestino melhorou, mas a miséria social permanece.
A oposição está acuada pela popularidade de Lula?
- Eu fui oposição ao governo militar como deputado e me lembro de que o general Médici também era endeusado no Nordeste. Se Lula criou o Bolsa Família, naquela época havia o Funrural, que tinha o mesmo efeito. Mas ninguém desistiu de combater a ditadura por isso. A popularidade de Lula não deveria ser motivo para a extinção da oposição. Temos aqui trinta senadores contrários ao governo. Sempre defendi que cada um de nós fiscalizasse um setor importante do governo. Olhasse com lupa o Banco do Brasil, o PAC, a Petrobras, as licitações, o Bolsa Família, as pajelanças e bondades do governo. Mas ninguém faz nada. Na única vez em que nos organizamos, derrotamos a CPMF. Não é uma batalha perdida, mas a oposição precisa ser mais efetiva. Há um diagnóstico claro de que o governo é medíocre e está comprometendo nosso futuro. A oposição tem de mostrar isso à população.
Para o senhor, o governo é medíocre e a oposição é medíocre. Então há uma mediocrização geral de toda a classe política?
- Isso mesmo. A classe política hoje é totalmente medíocre. E não é só em Brasília. Prefeitos, vereadores, deputados estaduais também fazem o mais fácil, apelam para o clientelismo. Na política brasileira de hoje, em vez de se construir uma estrada, apela-se para o atalho. É mais fácil.
Por que há essa banalização dos escândalos?
- O escândalo chocava até cinco ou seis anos atrás. A corrupção sempre existiu, ninguém pode dizer que foi inventada por Lula ou pelo PT. Mas é fato que o comportamento do governo Lula contribui para essa banalização. Ele só afasta as pessoas depois de condenadas, todo mundo é inocente até prova em contrário. Está aí o Obama dando o exemplo do que deve ser feito. Aqui, esperava-se que um operário ajudasse a mudar a política, com seu partido que era o guardião da ética. O PT denunciava todos os desvios, prometia ser diferente ao chegar ao poder. Quando deixou cair a máscara, abriu a porta para a corrupção. O pensamento típico do servidor desonesto é: "Se o PT, que é o PT, mete a mão, por que eu não vou roubar?". Sofri isso na pele quando governava Pernambuco.
É possível mudar essa situação?
- É possível, mas será um processo longo, não é para esta geração. Não é só mudar nomes, é mudar práticas. A corrupção é um câncer que se impregnou no corpo da política e precisa ser extirpado. Não dá para extirpar tudo de uma vez, mas é preciso começar a encarar o problema.
Como o senhor avalia a candidatura da ministra Dilma Rousseff?
- A eleição municipal mostrou que a transferência de votos não é automática. Mesmo assim, é um erro a oposição subestimar a força de Lula e a capacidade de Dilma como candidata. Ela é prepotente e autoritária, mas está se moldando. Eu não subestimo o poder de um marqueteiro, da máquina do governo, da política assistencialista, da linguagem de palanque. Tudo isso estará a favor de Dilma.
O senhor parece estar completamente desiludido com a política.
- Não tenho mais nenhuma vontade de disputar cargos. Acredito muito em Serra e me empenharei em sua candidatura à Presidência. Se ele ganhar, vou me dedicar a reformas essenciais, principalmente a política, que é a mãe de todas as reformas. Mas não tenho mais projeto político pessoal. Já fui prefeito duas vezes, já fui governador duas vezes, não quero mais. Sei que vou ser muito pressionado a disputar o governo em 2010, mas não vou ceder. Seria uma incoerência voltar ao governo e me submeter a tudo isso que critico.
(Transcrito da VEJA de 18/2/2009 - edição 2100)
Entrevista do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) ao repórter Otávio Cabral.
UNIVERSIDADE DO MAGISTÉRIO
Os dados do último censo escolar mostram a tragédia de uma hemorragia no organismo do Brasil: a redução no número de jovens que buscam a carreira do magistério nas nossas universidades. A continuar nesse rumo, o Brasil terá o agravamento da anemia intelectual que nos caracteriza. Em um mundo competitivo, isso significa a anemia na economia, na cultura, na vida social. Sem uma boa educação de base, não teremos uma boa universidade, porque desperdiçaremos os cérebros excluídos por falta de boa qualidade nos primeiros anos de educação. Mas sem uma boa universidade, não teremos boa educação de base, por falta de bons professores; esse é o círculo vicioso da hemorragia intelectual do Brasil.
A culpa está na falta de prestígio da carreira do magistério, por causa dos baixos salários, das vergonhosas condições de trabalho, da violência a que são submetidos os professores e da falta de adaptação da escola atual às necessidades e gostos das novas gerações. Mas a culpa está também na estrutura universitária, que não produz os profissionais de que o País precisa, nem com a qualificação necessária.
A universidade deve formar uma elite intelectual que se ponha a serviço do país, da população e da humanidade. A formação de professores é uma prioridade fundamental. Mas não é só isso. Nossa elite é pobre intelectualmente, minúscula numericamente e alienada socialmente. Formamos uma elite muito aquém do potencial de nossa população; e sem profissionais nas especialidades de que precisamos, em quantidade e qualidade, especialmente professores.
Entretanto, a criação de mais universidades não aumentará o número de professores, nem melhorará a qualidade na formação deles. Os alunos dessas universidades continuarão preferindo outras carreiras e as universidades continuarão mantendo uma estrutura sem vínculos com a educação de base.
Em vez de mais universidades similares às atuais, o círculo vicioso da hemorragia intelectual pode ser quebrado pela criação de uma “universidade” diferente das atuais. Uma Universidade do Magistério que consistiria simplesmente de uma estrutura administrativa, com as funções de definir o número de estudantes necessários para preencher a anemia de professores; selecionar os estudantes especificamente para as carreiras de magistério, no número necessário a cada especialidade para os próximos anos; selecionar universidades e faculdades com qualidade, sejam estatais ou particulares; e financiar os estudos desses jovens, incluindo salários durante a formação.
A Universidade para o Magistério definiria o número de alunos conforme a necessidade do sistema educacional, teria uma pequena estrutura para selecionar os alunos e as faculdades com qualidade onde eles estudariam; financiaria os cursos; e pagaria um salário para os alunos. O diploma de cada formando seria assinado pela universidade onde estudou e pela Universidade do Magistério, ambas controlariam a qualificação.
Com uma pequena estrutura basicamente administrativa, a Universidade do Magistério começaria de imediato, ajustada às necessidades de profissionais deste momento, aproveitando o imenso potencial já existente na universidade brasileira, ajustando-a às exigências atuais.
Uma proposta parecida foi oferecida pelo Ministério da Educação, em 2003, à Presidência da República, para formar professores e outros profissionais. Essa foi a sugestão dada também para a nova universidade orientada a estudantes vindos de países pobres. Os alunos seriam selecionados e distribuídos nas universidades já existentes, e com estruturas consolidadas.
A Universidade do Magistério teria a flexibilidade de aumentar ou reduzir o número de alunos de cada especialidade, conforme a demanda; aproveitar o potencial universitário de qualidade já disponível; evitar o custo de novas estruturas; permitir a dinâmica estrutural que o mundo moderno exige e, sobretudo, começar imediatamente, com a urgência de tratamento que as hemorragias exigem.
Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)
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