sábado, 7 de março de 2009

A ARTE DE SER FELIZ!

Acorde todas as manhã com um sorriso. Esta é mais uma oportunidade que você tem para ser feliz. Seja seu próprio motor de ignição. O dia de hoje jamais voltará. Não o desperdice, pois você nasceu para ser feliz!

Enumere as boas coisas que você tem na vida. Ao tomar consciência do seu valor, você será capaz de ir em frente com muita força, coragem e confiança!

Trace objetivos para cada dia. Você conquistará seu arco-íris, um dia de cada vez. Seja paciente.

Não se queixe do seu trabalho, do tédio, da rotina, pois é o seu trabalho que o mantém alerta, em constante desenvolvimento pessoal e profissional, além disso o ajuda a manter a dignidade.

Acredite, seu valor está em você mesmo. Não se deixe vencer, não seja igual, seja diferente. Se nos deixarmos vencer, não haverá surpresas, nem alegrias ...

Conscientize - se que a verdadeira felicidade está dentro de você. A felicidade não é ter ou alcançar, mas sim dar. Estenda sua mão.

Compartilhe. Sorria. Abrace. A felicidade é um perfume que você não pode passar nos outros sem que o cheiro fique um pouco em suas mãos.

O importante de você ter uma atitude positiva diante da vida, ter o desejo de mostrar o que tem de melhor, é que isso produz maravilhosos efeitos colaterais.

Não só cria um espaço feliz para o que estão ao seu redor, como também encoraja outras pessoas a serem mais positivas.

O tempo para ser feliz é agora.
O lugar para ser feliz é aqui!

(Do velhosabio.com.br)

NO DIA DE HOJE, EM...

1808

D. João VI chegou ao Rio de Janeiro acompanhado da família real e outras 10.000 pessoas da corte portuguesa. O monarca deixou Portugal depois que o país, invadido por Napoleão, foi dividido entre França e Espanha no Tratado de Fontainebleau.

1876

Alexander Graham Bell recebeu a patente pela invenção do telefone.

1989

Por causa do lançamento do livro Versos Satânicos, do escritor inglês Salman Rushdie, o Irã rompeu relações diplomáticas com o Reino Unido.

1997

Numa operação não-oficial na favela Naval, em Diadema (SP), policiais militares assassinaram um homem com um tiro na nuca. A cena foi gravada por um cinegrafista amador e chocou o país inteiro.

1999

Morreu aos 83 anos Antonio Houaiss, diplomata, sociólogo e professor, um dos maiores estudiosos da língua portuguesa.

1999

Faleceu aos 70 anos o cineasta Stanley Kubrick, que entre outros filmes, dirigiu o famoso 2001: uma odisséia no espaço.

quinta-feira, 5 de março de 2009

100 ANOS DE PATATIVA DO ASSARÉ!



Poetas niversitário,
Poetas de Cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia;
Se a gente canta o que pensa,
Eu quero pedir licença,
Pois mesmo sem português
Neste livrinho apresento
O prazê e o sofrimento
De um poeta camponês.

Eu nasci aqui no mato,
Vivi sempre a trabaiá,
Neste meu pobre recato,
Eu não pude estudá.
No verdô de minha idade,
Só tive a felicidade
De dá um pequeno insaio
In dois livro do iscritô,
O famoso professô
Filisberto de Carvaio.

No premêro livro havia
Belas figuras na capa,
E no começo se lia:
A pá — O dedo do Papa,
Papa, pia, dedo, dado,
Pua, o pote de melado,
Dá-me o dado, a fera é má
E tantas coisa bonita,
Qui o meu coração parpita
Quando eu pego a rescordá.

Foi os livro de valô
Mais maió que vi no mundo,
Apenas daquele autô
Li o premêro e o segundo;
Mas, porém, esta leitura,
Me tirô da treva escura,
Mostrando o caminho certo,
Bastante me protegeu;
Eu juro que Jesus deu
Sarvação a Filisberto.

Depois que os dois livro eu li,
Fiquei me sintindo bem,
E ôtras coisinha aprendi
Sem tê lição de ninguém.
Na minha pobre linguage,
A minha lira servage
Canto o que minha arma sente
E o meu coração incerra,
As coisa de minha terra
E a vida de minha gente.

Poeta niversitaro,
Poeta de cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia,
Tarvez este meu livrinho
Não vá recebê carinho,
Nem lugio e nem istima,
Mas garanto sê fié
E não istruí papé
Com poesia sem rima.

Cheio de rima e sintindo
Quero iscrevê meu volume,
Pra não ficá parecido
Com a fulô sem perfume;
A poesia sem rima,
Bastante me disanima
E alegria não me dá;
Não tem sabô a leitura,
Parece uma noite iscura
Sem istrela e sem luá.

Se um dotô me perguntá
Se o verso sem rima presta,
Calado eu não vou ficá,
A minha resposta é esta:
— Sem a rima, a poesia
Perde arguma simpatia
E uma parte do primô;
Não merece munta parma,
É como o corpo sem arma
E o coração sem amô.

Meu caro amigo poeta,
Qui faz poesia branca,
Não me chame de pateta
Por esta opinião franca.
Nasci entre a natureza,
Sempre adorando as beleza
Das obra do Criadô,
Uvindo o vento na serva
E vendo no campo a reva
Pintadinha de fulô.

Sou um caboco rocêro,
Sem letra e sem istrução;
O meu verso tem o chêro
Da poêra do sertão;
Vivo nesta solidade
Bem destante da cidade
Onde a ciença guverna.
Tudo meu é naturá,
Não sou capaz de gostá
Da poesia moderna.

Dêste jeito Deus me quis
E assim eu me sinto bem;
Me considero feliz
Sem nunca invejá quem tem
Profundo conhecimento.
Ou ligêro como o vento
Ou divagá como a lêsma,
Tudo sofre a mesma prova,
Vai batê na fria cova;
Esta vida é sempre a mesma.

Antônio Gonçalves da Silva, dito Patativa do Assaré, nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Foi casado com D. Belinha, de cujo consórcio nasceram nove filhos. Publicou Inspiração Nordestina, em 1956, Cantos de Patativa, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré. Tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais. Está sendo estudado na Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, sob a regência do Professor Raymond Cantel. Patativa do Assaré era unanimidade no papel de poeta mais popular do Brasil. Para chegar onde chegou, tinha uma receita prosaica: dizia que para ser poeta não era preciso ser professor. 'Basta, no mês de maio, recolher um poema em cada flor brotada nas árvores do seu sertão', declamava.

Cresceu ouvindo histórias, os ponteios da viola e folhetos de cordel. Em pouco tempo, a fama de menino violeiro se espalhou. Com oito anos trocou uma ovelha do pai por uma viola. Dez anos depois, viajou para o Pará e enfrentou muita peleja com cantadores. Quando voltou, estava consagrado: era o Patativa do Assaré. Nessa época os poetas populares vicejavam e muitos eram chamados de 'patativas' porque viviam cantando versos. Ele era apenas um deles. Para ser melhor identificado, adotou o nome de sua cidade.

Filho de pequenos proprietários rurais, Patativa, nascido Antônio Gonçalves da Silva em Assaré, a 490 quilômetros de Fortaleza, inspirou músicos da velha e da nova geração e rendeu livros, biografias, estudos em universidades estrangeiras e peças de teatro. Também pudera. Ninguém soube tão bem cantar em verso e prosa os contrastes do sertão nordestino e a beleza de sua natureza. Talvez por isso, Patativa ainda influencie a arte feita hoje. O grupo pernambucano da nova geração 'Cordel do Fogo Encantado' bebe na fonte do poeta para compor suas letras. Luiz Gonzaga gravou muitas músicas dele, entre elas a que lançou Patativa comercialmente, 'A triste partida'. Há até quem compare as rimas e maneira de descrever as diferenças sociais do Brasil com as músicas do rapper carioca Gabriel Pensador. No teatro, sua vida foi tema da peça infantil 'Patativa do Assaré - o cearense do século', de Gilmar de Carvalho, e seu poema 'Meu querido jumento', do espetáculo de mesmo nome de Amir Haddad. Sobre sua vida, a obra mais recente é 'Poeta do Povo - Vida e obra de Patativa do Assaré' (Ed. CPC-Umes/2000), assinada pelo jornalista e pesquisador Assis Angelo, que reúne, além de obras inéditas, um ensaio fotográfico e um CD.

Como todo bom sertanejo, Patativa começou a trabalhar duro na enxada ainda menino, mesmo tendo perdido um olho aos 4 anos. No livro 'Cante lá que eu canto cá', o poeta dizia que no sertão enfrentava a fome, a dor e a miséria, e que para 'ser poeta de vera é preciso ter sofrimento'.

Patativa só passou seis meses na escola. Isso não o impediu de ser Doutor Honoris Causa de pelo menos três universidades. Não teve estudo, mas discutia com maestria a arte de versejar. Desde os 91 anos de idade com a saúde abalada por uma queda e a memória começando a faltar, Patativa dizia que não escrevia mais porque, ao longo de sua vida, 'já disse tudo que tinha de dizer'. Patativa morreu em 08 de julho de 2002 na cidade que lhe emprestava o nome.

EM LOUVOR A PATATIVA!

Dideus Sales, poeta magnífico e bondoso companheiro, nos abre a estante do novo milênio e dela retira uma preciosidade ímpar: um livro todo dedicado a Patativa, ou melhor, ao Sertão, visto que a ave e o homem, o mito e o sertanejo são raízes da mesma árvore lírica.

Homenagear muito cedo da vida ou somente após a morte é uma postura equivocada. Dideus trilhou o caminho certo: saúda o mestre da poesia popular no momento propício, na melhor idade.

Usando glosas decimais, amparado no mote “eu fui nascido e criado nos cafundós do sertão”, o poeta crateuense nos brinda com a densidade do seu cantar campesino.

Assim como Lampião, lâmpada justiceira na escuridão nordestina, Patativa enxerga com dificuldades. Talvez a luz que lhe falta nos olhos, Deus tenha colocado na alma.

Símbolo da genialidade matuta, o cancioneiro de Assaré conseguiu reunir – pasmem, letrados! – o vigor épico de um Camões, a sensibilidade ambiental de um Gonçalves Dias e o fulgor social de um Castro Alves.

Salve, Dideus, teu canto se eleva às alturas azuis do céu. Cantaste o mais luminoso dos nossos cantores, o poeta estrelado Patativa do Assaré.

(Por Júnior Bonfim, na Orelha do livro "NOS CAFUNDÓS DO SERTÃO", de Dideus Sales, em 2001, quando entre nós ainda cantava Patativa do Assaré)

A PONTUAÇÃO FAZ A DIFERENÇA! SHOW!


'Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim:

'Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres. '

Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava a fortuna? Eram quatro concorrentes.

1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:

Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

3) O padeiro pediu cópia do original.. Puxou a brasa pra sardinha dele:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

Moral da história:

'A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós é que fazemos sua pontuação.

E isso faz toda a diferença...

(Enviado por Gabriel Vale)

terça-feira, 3 de março de 2009

GILMAR MENDES NO BLOG DE REINALDO AZEVEDO: "FALO COMO CHEFE DE PODER E NÃO VOU PEDIR LICENÇA PARA FALAR"



Lula concedeu uma entrevista a jornalistas brasileiros e estrangeiros nesta segunda. Censurou, como se viu, a violência do MST, o que pega bem no exterior. Afinal, trata-se de execuções sumárias. Também se referiu à censura feita por Gilmar Mendes, presidente do Supremo, ao financiamento oficial de entidades que promovem ilegalidades: "Eu quero crer que o presidente Gilmar tenha dado opinião enquanto cidadão brasileiro. Quando houver um processo, certamente ele se manifestará como presidente e dará o seu voto".

Palavras de conciliação e bom senso, não é mesmo? Pois é... A mim me pareceu haver algo de, digamos, caviloso na fala presidencial. Acompanhem: segundo Lula, Gilmar Mendes só poderia se pronunciar se houvesse um processo. Não havendo, ele é mais um brasileiro opinando, leitor, como eu, você e o taxista. Será mesmo assim? Tentei falar com Mendes, o que só consegui na noite desta segunda. Segue a reprodução da rápida conversa:

Blog - Ministro, quando o senhor censurou o financiamento oficial a entidades que promovem atos ilegais, estava falando apenas como um cidadão, como disse o presidente da República, ou “fora dos autos”, como afirmam alguns?

Gilmar Mendes - Falo fora dos autos, e o faço de propósito. E não falo apenas como um cidadão, não. Falo é como chefe de um dos Poderes da República mesmo.

Blog - Como responde à crítica de que o senhor deveria esperar o caso chegar ao Supremo?

Gilmar Mendes – Que caso? Questões dessa natureza já chegaram ao Supremo. Falo com a responsabilidade de quem é chefe de um Poder. Não vou pedir licença para falar! É uma questão de responsabilidade. Sou presidente do Conselho Nacional de Justiça e posso dar diretrizes aos juízes e falar com os brasileiros. Aliás, não estou dizendo nada de diferente do que afirmei em meu discurso de posse, na presença do presidente da República.

Blog - Há quem diga que o senhor está organizado o discurso da oposição.

Gilmar Mendes – Isso é uma bobagem. Trata-se de uma tentativa de certos setores, notórios, de silenciar e desqualificar o chefe de um dos três Poderes da República. O que foi que eu disse de tão espetacular? Que o país dispõe de uma Constituição e de um arcabouço legal que devem ser respeitados? Até onde sei, trata-se de uma obviedade que vale tanto para o governo como para as oposições.

(Por Reinaldo Azevedo)

VOCÊ DECIDE



Que papel desempenha no cenário político brasileiro o ministro Gilmar Mendes desde que assumiu há quase um ano a presidência do Supremo Tribunal Federal?

O de bufão – que longe de apenas divertir o rei e zombar da corte lhes diz verdades incômodas? Ou o de fiscal dos atos públicos atento a tudo que ponha em risco a legalidade? Você decide.

A atuação de Mendes pode ser examinada levando-se em conta dois cenários – o otimista e o pessimista. No primeiro, juiz se limita a julgar e só fala nos autos. Escapa à função dele a abordagem de temas políticos. Ministro da Suprema Corte americana, por exemplo, recusa até convite para refeições com gente estranha ao seu meio. Vive em um mundo à parte.

O que confere nobreza ao Judiciário é justamente a função restrita de julgar. “O drama do juiz é a solidão. Não conheço ofício que exija tão viril dignidade”, escreveu o jurista italiano Piero Calamandrei no livro “Eles, os juízes, vistos por nós, advogados”.

Uma sentença de qualquer natureza satisfaz uns e aflige outros. Ela mexe com os interesses e o destino de pessoas.

O mínimo, pois, que se exige de alguém dotado de tamanho poder é recato, contenção, sobriedade.

Jamais um juiz pode se tornar um ator político. Ao proceder assim, ele se apequena, atrai suspeição, estimula o surgimento de desafetos, expõe seus pares e, ao cabo, compromete o Judiciário. É a regra universal. E se desconhece qualquer estudo sério que sugira sua revogação.

À luz do cenário otimista, o comportamento de Mendes é censurável. Cite um único tema político relevante que ele tenha deixado passar ao largo.

Certamente, Mendes disse o que pensa a respeito de todos – de fidelidade partidária a grampos telefônicos, passando por invasões ilegais de terras. Por sinal, a mais recente delas, a da fazenda do banqueiro Daniel Dantas, foi promovida a título de “homenagear” Mendes.

Nelson Jobim foi um presidente do Supremo que fez política o tempo todo nos bastidores. Saiu do ministério da Justiça do governo Fernando Henrique para ocupar uma vaga no Supremo. Aposentou-se e voltou a ser ministro – dessa vez de Lula. Sucedeu-o na presidência do tribunal a ministra Ellen Gracie, que resgatou a discrição inerente ao cargo.

Mendes? Mendes faz política de forma ostensiva.

No cenário pessimista, a erosão moral e ética dos demais poderes pode levar, sim, um juiz a romper com o silêncio público que a toga lhe obriga e a falar como um cidadão preocupado com as instituições.

Se ninguém fala, se poucos falam, se a oposição renunciou a se opor, se os demais partidos se comportam como ovelhas gordas e saciadas, quem dirá ao rei e à corte o que eles não querem ouvir?

O prestígio do Legislativo está ao rés-do-chão. Cada vez mais os mandatos são exercidos por aqueles ocupados em enriquecer depressa.

A sucessão de escândalos envolvendo políticos subtraiu a capacidade de se indignar do distinto público. Outro dia, a ONG Transparência Brasil descobriu que 85 parlamentares doaram para suas campanhas mais do que declararam ter em bens. E daí? Quem liga?

Do alto de seus 84% de aprovação, o presidente da República mais popular da História estava pronto para entregar à fatia mais corrupta do PMDB a chave de um cofre com R$ 6,5 bilhões do fundo de pensão da empresa estatal Furnas.

O que fez Lula abortar o ato? A resistência oferecida pelos funcionários da empresa. Faltava-lhe autoridade para se opor à velhacaria? Não. Por conivente, faltava-lhe vontade.

Foi Mendes que forçou o governo a prestar atenção na farra das escutas telefônicas ilegais. Foi Mendes o responsável pelo fim das operações mediáticas da Polícia Federal e do uso indiscriminado de algemas em presos.

Na semana passada, Mendes engrossou o coro dos que reclamam da cumplicidade do governo com o Movimento dos Sem Terra, responsável por quatro assassinatos em Pernambuco.

Mendes é um bom ou um mau juiz?

(Por Ricardo Noblat)

SITE ESPETACULAR!!!

Não deixe de ver, e use e abuse dos efeitos.
Vai gostar.

DÁ UMA OLHADA. PRIMEIRO NA IGREJA E DEPOIS NO MODO EM QUE FOI FEITO:
TEM ZOOM, APROXIMA = (+)
AFASTA = (-)
TEM CLOSE = (-> SETAS). OU ENTÃO USE APENAS O MOUSE PARA QUALQUER LADO.
GIRANDO PELO INTERIOR DA IGREJA = (SETA CIRCULAR) MUITO BEM BOLADO.
ACHO QUE NINGUÉM PODE DEIXAR DE VER ESTA MARAVILHA.

http://www.photojpl.com/flash/08mallet.html

Copie o endereço acima (http....) e quando abrir a imagem, observe as
teclas em baixo e clique.
Você verá o efeito das imagens.

APROVEITEM

(Enviado por Gabriel Vale)

segunda-feira, 2 de março de 2009

REFORMA ORTOGRÁFICA



2009 é o ano da reforma ortográfica.

Em casos como AUTOESTIMA, o hífen cai. A sua é que não pode cair.
Em algum as palavras, o acento desaparece, como em FEIÚRA.
Aliás, poderia desaparecer a palavra toda.

O acento também cai em IDÉIA, só que dela a gente precisa. E muito.

O trema sumiu em todas as palavras, como em INCONSEQUÊNCIA, que também poderia sumir do mapa. Assim, a gente ia viver com mais
TRANQUILIDADE.

Mas nem tudo vai mudar.

ABRAÇO continua igual. E quanto mais apertado, melhor.
AMIZADE ainda é com "z", como vizinho, futebolzinho, barzinho.

Expressões como "Eu te amo." continuam precisando de ponto.
Se for de exclamação, é PAIXÃO, que continua com "x", como ABACAXI,
que, gostando ou não, a gente vai ter alguns para descascar.

SOLITÁRIO ainda tem acento, como SOLIDÁRIO, que só muda uma letra, mas faz uma enorme diferença.

CONSCIÊNCIA ainda é com SC, como SANTA CATARINA, que precisa tocar a vida pra frente.

E, por falar em VIDA, bom, essa muda o tempo todo, e é por isso que emociona tanto.

Comunicação é a nossa VIDA.

(Enviado por Gabriel Vale)

STJ PROMOVE REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NA TRAMITAÇÃO DE PROCESSOS



Cinquenta e cinco scaners estão operando 12 horas diariamente na digitalização dos processos recebidos no STJ desde o dia 2/1. A meta estabelecida pelo presidente da Corte, ministro Cesar Asfor Rocha, de ter todos os processos tramitando virtualmente a partir de agosto deste ano, não é mais um desafio assustador. Está se tornando realidade.

Em fevereiro a equipe aumentou em tamanho e eficiência, uma força-tarefa que envolve 250 servidores e estagiários. O reforço ampliou a média diária de processos digitalizados, que passou de 522 para 1.060. Brevemente, o grupo terá um novo acréscimo de colaboradores que darão ainda mais agilidade aos trabalhos.

"O STJ está a caminho de se tornar o primeiro tribunal nacional do mundo a ter todos os processos tramitando virtualmente", prevê o ministro Cesar Rocha, orgulhoso do empenho de sua equipe. Ele também comemora que todo esse trabalho está sendo realizado sem despesas adicionais para os cofres públicos. "O custo é praticamente zero, pois estamos trabalhando com técnicos do próprio STJ, que possui um quadro de servidores altamente qualificados e dedicados. Estão todos muito entusiasmados com esse projeto", afirmou.

Esse entusiasmo é confirmado pelos servidores. Rodrigo Carvalho, da Secretaria de Tecnologia da Informação do STJ, está bastante empenhado no projeto. "O que estamos fazendo é uma revolução que será lembrada pelos nossos filhos e netos", disse o servidor. Não é exagero. Quando o processo judicial eletrônico entrar em operação, os advogados e cidadãos com ações no STJ poderão acessar a íntegra do processo de qualquer lugar do mundo com acesso à internet. Sem sair do lugar, poderão também fazer petições, o que já é permitido em alguns casos.

Golpe na morosidade

Para Murilo Kieling, juiz auxiliar da Presidência do STJ, o processo judicial eletrônico está sendo concebido como a ferramenta mais importante para combater a morosidade no Poder Judiciário. Atualmente o advogado precisa vir ao Tribunal, levar o processo para analisar e voltar para devolver. Nesse período, o advogado da outra parte fica impedido de ter acesso aos autos. "O processo eletrônico poderá ser analisado ao mesmo tempo pelas partes e seus procuradores sem a necessidade de comparecer ao STJ", explica Kieling. "Isso poderá ser feito a qualquer hora do dia ou da noite, sete dias por semana, de forma que o STJ será compreendido como uma Justiça full time".

Os julgamentos também ganharão celeridade. Com a tramitação virtual do processo, ele será automaticamente distribuído ao gabinete do ministro pelo sistema. Não haverá mais o trânsito físico de papel. Segundo estimativa do ministro Cesar Rocha, o tempo entre o recebimento do processo e a distribuição cairá de quatro meses para uma semana. Junto com o os processos, os ministros relatores receberão a pesquisa da jurisprudência sobre o caso, o que vai agilizar ainda mais os trabalhos.

Além de oferecer um serviço mais rápido e eficiente para a sociedade, o processo judicial eletrônico vai gerar uma economia significativa de dinheiro público. Atualmente são gastos R$ 20 milhões por ano só com o envio de processos entres os tribunais e o STJ, despesa que desaparecerá com a transferência eletrônica. O meio-ambiente também será favorecido com a redução drástica no consumo de papel.

Nos tribunais

Com a transformação dos processos físicos em arquivos digitais promovida pelo STJ, os tribunais de segundo grau precisam estar preparados para receber um grande volume de papel nos próximos meses. A estimativa do presidente do STJ, ministro Cesar Asfor Rocha, é a de que 300 mil processos sejam devolvidos aos tribunais de origem ainda neste semestre.

O ministro Cesar Rocha já alertou sobre a iminente sobrecarga dos espaços de armazenamento mantidos pelos tribunais em reunião com os presidentes de 23 tribunais de justiça e dos cinco tribunais regionais federais, realizada no dia 17 de fevereiro, na sede do STJ. Na ocasião foi apresentado aos magistrados o trabalho de digitalização dos processos e a meta da Corte Superior de ter todos os autos em tramitação convertidos em arquivos eletrônicos até 31 de julho de 2009.

A substituição dos processos em papel vai gerar expressiva economia de espaço, dinheiro e tempo com o transporte dos autos. Mas o objetivo principal é agilizar os trabalhos na Corte e fazer com que a decisão judicial chegue mais rápido ao cidadão. Nesse desafio, a participação dos tribunais de segundo grau é essencial. Atualmente, os processos em papel que chegam ao STJ estão sendo digitalizados pelos servidores. O ideal é que os recursos já cheguem eletronicamente.

O ministro Cesar Rocha conseguiu a adesão dos tribunais, que deverão informar oficialmente quando pretendem implantar a digitalização e envio eletrônico dos processos. Alguns já iniciaram os trabalhos e o STJ ofereceu consultoria técnica para integração dos sistemas de transmissão. "A partir daí, sem dúvida nenhuma, em dois meses nós teremos esses processos executados em todos os tribunais que fizerem a adesão", afirmou o presidente do STJ.

Na avaliação de Murilo Kieling, juiz auxiliar da Presidência do STJ, a iniciativa do Tribunal da Cidadania vai transformar a Justiça brasileira. "Esse primeiro passo do STJ, definitivo, irá trazer todos os outros órgãos do Poder Judiciário para essa realidade que é, sem dúvida nenhuma, a modernização da Justiça como elemento mais importante para enfrentarmos nossos problemas, em especial, a morosidade".

Para o ministro Cesar Rocha, essa modernização é irreversível e nenhum tribunal conseguirá ficar de fora. "A virtualização processual no Brasil vai acontecer muito rapidamente. Ninguém vai suportar ver tanto processo de papel diante de si".

domingo, 1 de março de 2009

RIO DE JANEIRO ANIVERSARIA HOJE



# Estácio de Sá fundou a cidade do Rio de Janeiro no dia 1 de março de 1565.

# Uma das heranças deixadas pela Família Real portuguesa, que chegou ao Rio de Janeiro, em 1808, foi o "r" aspirado e o "s" chamado palatal (para pronunciar encosta-se o dorso da língua no céu da boca). Toda a Corte falava assim e o jeito foi adotado pelos cariocas.

# A Igreja Nossa Senhora da Candelária é a mais antiga do Rio de Janeiro. Sua pedra fundamental foi colocada em 1630. A obra, em estilo neoclássico, é uma cópia da Igreja de São Pedro em Roma. Sua cúpula foi feita com 1.400 pedras e pesa cerca de 600 toneladas.

# Erguida entre 1761 e 1808, a Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé guarda os restos mortais de Pedro Álvares de Cabral.

# O Bondinho do Pão de Açúcar tem capacidade para 75 passageiros. O percurso entre as colinas Babilônia e Urca é de 1.400 metros.

# O Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, tem 650 metros de comprimento e capacidade para 88.500 pessoas. Foi inaugurado em 1984.

# A Barra da Tijuca foi projetada pelo arquiteto Lúcio Costa no início da década de 1970. Tem 18 quilômetros de praias e é um dos bairros mais moderno do país.

# A Biblioteca Nacional tem o oitavo maior acervo do mundo. São 8,5 milhões de peças. A obra impressa mais antiga é a Bíblia de Mogúncia, de 1462, impressa em pergaminho. Foi publicada na cidade em que Gutenberg inventou a imprensa, em 1450. Restam 60 exemplares no mundo e a Biblioteca Nacional, inaugurada em 1910, possui dois.

# A Rocinha, maior favela da América Latina, ocupa uma área de 722 mil metros quadrados, entre os bairros da Gávea e de São Conrado. Segundo o IBGE, tem 45 mil habitantes, três vezes menos que as estatísticas dos próprios moradores.

# A lagoa Rodrigo de Freitas tem um volume de 6,5 milhões de metros cúbicos de água. Seu espelho d’água é de 2,5 milhões de metros quadrados e sua profundidade máxima, de 4,3 metros.

# Inaugurada em 4 de março de 1974, a ponte Rio-Niterói tem 13.290 metros de extensão, sendo quase 9 mil metros sobre o mar. Seu ponto mais alto fica a 70 metros do nível do mar e seu ponto mais fundo, a 210 metros abaixo da água. A obra consumiu 220 milhões de quilos de cimento. Seu nome oficial é Ponte Presidente Costa e Silva.

# O Teatro Municipal do Rio de Janeiro foi inspirado no Teatro de Ópera de Paris e realizado dentro do estilo eclético com predomínio do neoclássico. Suas colunas externas foram erguidas em mármore de Carrara (Itália). O material importado, incluindo o do telhado, todo em cobre, tinha a preocupação em demonstrar riqueza e durabilidade. Na parte superior da fachada, as esculturas de Rodolfo Berndadelli, representam o Canto, a Dança, a Tragédia, a Comédia, a Música e a Poesia.

# O engenheiro Ronaldo Belassiano, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, descobriu numa pesquisa em 1996 que o carioca é o povo mais ágil para embarcar nos coletivos. Ele leva apenas 1,85 segundo contra os 2,4 segundos gastos pelos londrinos. Tudo para não ser deixado para trás pelos motoristas.

# A estação Central do Brasil teve influência de Getúlio Vargas, que estava encantado com o nazi-fascismo. Ele fez questão de que o prédio tivesse um estilo imponente, como era comum na Itália e na Alemanha, e acatou o projeto art déco do engenheiro brasileiro Roberto Magno e do arquiteto húngaro Geza Helle. O resultado é um imenso bloco de 45 mil metros quadrados, um dos cartões-postais da cidade. A Central do Brasil é formada por 44 estações, que ligam o centro do Rio à zona Norte, zona Oeste e Baixada Fluminense.

# A maior floresta urbana do mundo é o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Com 33 quilômetros quadrados, a mata está rodeada pela paisagem urbana. No final do século XIX, Dom Pedro II mandou replantar a floresta nas encostas dos morros, pois a mata original havia sido derrubada para o plantio de cafezais. No parque, visitado por um milhão de pessoas a cada ano, estão o Corcovado (com a estátua do Cristo Redentor), o Pão-de-Açúcar, o Jardim Botânico, a Pedra da Gávea e o Pico da Tijuca.

# O bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, se chamava Real Engenho. Mas na estação de trem estava escrito Real Engº. O povo lia Realengo e assim ficou.

CONVITE À REFLEXÃO

Posto hoje três artigos que estão circulando na imprensa. Da lavra de três intelectuais que atuam, que fizeram da vida um processo de interação entre o agir e o refletir: Cristovam Buarque, Fernando Henrique Cardoso e André Haguette.

Devemos sorver essas meditações sócio-políticas com o intelecto desarmado, sem a armadura do preconceito que geralmente nos impede de aprofundar a análise dos fatos e melhorar a vida em sociedade.

DIREITOS GLOBAIS



Na semana passada, a Academia da Latinidade, inspirada e dirigida pelo Professor Candido Mendes, realizou no Instituto Nobel para a Paz e na Academia de Ciências da Noruega um debate de três dias sobre a ética na universalização dos direitos humanos. Embora o principal tema tenha sido as relações entre cristianismo e islamismo, ao longo dos debates surgiram cinco novos direitos humanos, que ainda precisam ser globalizados.

Primeiro, o direito ao meio ambiente. É preciso que o patrimônio natural do planeta seja garantido para as gerações futuras. Esse é um direito humano tão sagrado quanto os já reconhecidos e defendidos há 60 anos, pela Declaração Universal. E vai exigir mudanças profundas no sistema produtivo e nos padrões de consumo das gerações atuais.

Segundo, o direito à migração. No mundo onde uma crise do sistema financeiro norte-americano se espalha por todos os países, onde o comércio é praticado livremente, onde um carro ligado em qualquer parte do mundo eleva a temperatura de todo o planeta, ainda há fronteiras que impedem a mobilidade das pessoas. Os pobres são impedidos de se mudar em busca de emprego em outros países. O mundo global precisa tratar a migração internacional como um direito humano fundamental, derrubar as fronteiras da migração, como derrubou as fronteiras comerciais.

Terceiro, o direito à educação. Se o capital econômico está baseado no conhecimento, e o emprego de cada pessoa depende de sua qualificação, é inaceitável que a educação de cada criança dependa dos recursos da prefeitura da sua cidade. Se os direitos proíbem a tortura, não podemos permitir que ainda existam cerca de 800 milhões de analfabetos no mundo. Nem podemos tolerar que, por falta de educação, mais de um bilhão de jovens sejam incapazes de navegar no mundo virtual que caracteriza a contemporaneidade.

O quarto direito é ao emprego. As sociedades devem se unir em torno de um grande programa mundial de geração de empregos. Obviamente, esse emprego não poderá ser imposto ao setor privado, para produzir bens para o mercado, mas pode ser criado pelo setor público para atender a demanda por bens culturais, pela recuperação do meio ambiente, pela atenção em saúde, pela educação. A Bolsa-Escola era um exemplo desse emprego social: a família era empregada para garantir que o filho estudasse.

O quinto direito é à saúde. Ao nascer no mundo global de hoje, as pessoas têm mais desigualdade no acesso à saúde, inclusive no direito a viver mais ou menos, do que tinham no passado. No século XIX, a medicina era praticamente a mesma para qualquer pessoa. No século XXI, o acesso à medicina é completamente diferente, segundo a renda da pessoa. Isso é imoral. E pode levar a uma diferenciação tão grande entre os seres humanos, que provocará o desaparecimento do conceito de semelhança. O mundo precisa definir sistemas de atendimento médico que iguale a chance de todos à saúde, sem importar em que país estão e a renda de que disponham.

Fiz a defesa destes cinco direitos durante os debates do XIX o Colóquio da Academia da Latinidade, em Oslo. Creio que o Congresso Nacional deveria debater o assunto nas Comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado. Ao mesmo tempo, com a liderança que adquiriu nos governos dos presidentes Fernando Henrique e Lula, o Brasil deve tentar influir no cenário internacional, nas entidades que pertencem ao sistema das Nações Unidas, para que sejam encontradas formas de realizar o que pode ainda parecer um sonho: cinco novos direitos humanos globais.

No final da grande crise de 1929 a 1945, o mundo aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos e implantou o Plano Marshall, que recuperou a economia da Europa e lançou as bases para o desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo. As crises globais deste começo de século XXI - ambiental, financeira, social - podem ser o novo tempo dos direitos humanos globais e sociais. O Brasil tem um papel a cumprir, omitir-se é fugir à responsabilidade.

(Cristovam Buarque é Professor da Universidade de Brasília e Senador pelo PDT/DF)

O GESTO E A PALAVRA



Andou na moda falar de decoupling para dizer, em simples português, descolamento entre a economia brasileira e a internacional. Os efeitos da crise em nossa economia fizeram o termo sair de moda. Foi substituído por termo mais terno, "marolinha". Com o bicho-papão corroendo o mercado financeiro lá fora (na verdade, o sistema financeiro central quebrou) há certo aturdimento.

Não se sabe com que palavras qualificar o que anda pelo mundo: recessão prolongada, depressão, fim do unilateralismo americano na política, multipolaridade, não-polaridade, etc. Por aqui o governo prefere passar em marcha batida sobre o que nos azucrina. Em vez de desenhar quadros sombrios ou róseos para o mercado, faz o decoupling à moda brasileira: descola a economia da política, precipita o debate eleitoral e, nele, vale o discurso vazio.

É verdade que não somos os únicos a encobrir as angústias apelando para gestos sem conotação, sequer alusiva, aos fatos e circunstâncias. Basta mencionar a campanha bolivariana pela reeleição perpétua, uma quase-caricatura da política. O significado da democracia se esboroou na "consulta popular". Se o povo quer o bem-amado para sempre, pois que o tenha e, como disse nosso presidente Lula, se a prática ainda não é boa para o Brasil, é questão de tempo. Quando a cidadania amadurecer, encontrará a fórmula de felicidade perpétua...

Assisti na TV, por acaso, ao último comício eleitoral do presidente Chávez em Caracas e, confesso, fascinei-me. Ele chegou, simpático como sempre, um pouco mais gordo que o habitual, vestindo camisa-de-meia vermelha, abraçando toda a gente, sorrindo, e foi direto ao ponto. "Hoje não falarei muito, vamos cantar!", disse. E entoou uma canção amorosa de melodia fácil, repetindo o refrão "amor, amor, amor..." Conversou com um ou outro no palanque, incitando-os a também cantar, falou familiarmente com a plateia e finalizou: amor é votar sim no domingo! Por mais que no plano pessoal possa sentir até estima pelo personagem, não pude deixar de reconhecer no estilo algo que nos é habitual: o modelo Chacrinha de animação de auditório. Funciona, e como!

O descolamento entre a política e a realidade das pessoas (não só a economia), a repetição simbólica de gestos que guardam pouca relação com um ambiente racional, mas "ligam" o ator com a plateia e com a "sociedade", está se tornando regra nas atuais democracias de massas. Há algo de encantatório no modo como a política do gesto sem palavras (ou em que as palavras contam menos do que a forma) funciona, substituindo o discurso tradicional.

Quando me recordo do "sangue, suor e lágrimas" dito por Churchill ao se tornar primeiro-ministro em plena guerra contra o nazismo, do discurso em Fulton, quando disse que uma "cortina de ferro descia sobre a Europa", ou de vários pronunciamentos de Roosevelt, como o de posse em plena Depressão, célebre pela frase "nada há a temer, exceto o próprio medo", ou ainda de Getúlio Vargas no estádio do Vasco da Gama apelando aos trabalhadores, e comparo com a retórica atual, há um abismo a separá-los.

E não se diga que é fenômeno de países de "democracia pouco amadurecida". A entronização de Obama como imperador de todos os americanos, na magnífica posse no Capitólio, assemelhava-se a uma grande cena romana. O cenário era tão expressivo, a fusão simbólica do recém-eleito com os founding fathers e com os valores fundamentais da democracia americana eram tão fortes que obscureceram o conteúdo do discurso inaugural. E isso no caso de alguém que, por sua cor e mesmo por sua campanha, trouxe um significado imenso de renovação.

Ainda na semana passada, na primeira visita presidencial ao Congresso, o que foi dito sobre a crise econômica e sobre o futuro foi menos importante do que o reafirmar o "yes, we can", num cenário da pátria unida para perpetuar sua glória. Mesmo que o castelo financeiro esteja desabando, a América vencerá, era a mensagem. No caso, nada que ver com Chacrinha, o símile é outro: a invocação do pastor, a reafirmação da fé, e não a troca simbólica de favores, do bacalhau, da Bolsa-Família ou da canção de amor.

Faço estes comentários despretensiosos porque me preocupa o que possa vir a ocorrer no Brasil. A mídia e a sociedade cobram um discurso de oposição. Diz-se, e é certo, que ela deve unir-se se quiser vencer. Mas que discurso fazer? O racional, da crítica ao desmanche das instituições, do enlameamento cotidiano da política, deveria ganhar mais vigor, dizem. O grito de Jarbas Vasconcelos estava parado no ar e sua entrevista na Veja deu-lhe um sopro de vida. Mas foi o próprio senador quem mostrou os limites desse tipo de protesto: o governo e o próprio presidente banalizaram o dá-cá-toma-lá. É como nos computadores, quando se envia um e-mail e surge o aviso: a caixa está cheia. A caixa da revolta dos brasileiros contra o mau uso da política parece estar cheia. Temo que qualquer discurso "político" seja logo desqualificado pelos ouvintes.

Quer isso dizer que as oposições devem silenciar sobre a perda de substância das instituições, sobre o clientelismo e a corrupção larvar, tudo com a leniência de quem manda? Não. Mas precisam inventar uma maneira de comunicar a indignação e as críticas que toque na alma das pessoas. Este é o enigma da mensagem política, de governo ou de oposição. Tanto o modelo Chacrinha como o do discurso de pregador chegam à alma das pessoas. Não estou dizendo que a comunicação política se resolve pela supressão do discurso analítico. Isso seria rendermo-nos à ideia da política como mistificação (o que, aliás, não é o caso de Obama). Mas quando se dispõe de um ícone, como o Plano Real, por exemplo, ou quando o próprio candidato é um ícone, tudo fica mais fácil.

Em nosso caso, as oposições, além de articularem um discurso programático, condição necessária para quem se respeita e acredita nas instituições, deverão expressá-lo de forma a sensibilizar o eleitorado. Para tal não bastam a crítica convencional e a discussão da política, tal como ela ocorre no Congresso, nos partidos e na mídia. É preciso buscar os temas da vida que interessem ao povo. Ademais, a comunicação emotiva requer "fulanizar" a disputa para atribuir ao candidato virtudes que despertem o entusiasmo e a crença. Sem eles, a "caixa de entrada" das mensagens da sociedade continuará a dar o sinal de estar cheia e os ouvidos continuarão moucos aos conteúdos, por melhores que sejam. Pior ainda se não os tivermos. Mas só eles não bastam. Programa político só mobiliza a sociedade quando é vivido por intermédio do desempenho de personagens que tratam como próprias as questões sentidas pelo povo.


(Artigo de Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, que foi presidente da República)

JARBAS SOBRE LULA



Os comentários do senador Jarbas Vasconcelos sobre a mediocridade da política brasileira e a corrupção dos políticos e dos partidos políticos de maneira geral e do PMDB, de forma particular, encontraram eco na mídia e nas conversas, provocando unanimidade no público e silêncio entre os atingidos. Fazer política continua sendo o que sempre foi: negócio a serviço de interesses individuais e clânicos, ampliando cada vez mais o fosse entre representados e representantes.

Essa situação levanta questionamentos de várias ordens, entre os quais, explicar porque são eleitos e reeleitos políticos corruptos (fica difícil afastar a idéia da “compra” de votos) e, de forma mais institucional, um questionamento sobre a tradicional tese da separação e harmonia dos poderes. Se ao poder legislativo cabe legislar, há de se perguntar se deveria caber-lhe legislar sobre si mesmo, em causa própria. Fica difícil imaginar deputados e partidos votando leis real e eficazmente moralizadoras. Talvez um outro poder (o ministério público, por exemplo, ou o eleitor via plebiscito) pudesse ser encarregado de legislar sobre o legislativo. Não sei, apenas levanto a questão.

Mas pouco foi dito e escrito a respeito dos comentários do senador Jarbas Vasconcelos sobre o presidente Lula e seu governo, comentários, a meu ver, também extremamente lúcidos. Corretíssima a afirmação de que Lula “havia se comprometido com a sociedade a promover reformas e governar com ética” e que no decorrer do primeiro a mandato demonstrou não ter “nenhum compromisso com reformas ou com ética”. Os governos de Lula não são absolutamente reformistas, nem criativos, nem éticos, contentando-se em tocar políticas econômicas e sociais herdadas, habilmente embrulhadas de modo propagandístico sob os nomes de Bolsa Família e PAC (muito longe, diga-se de passagem, das propostas iniciais do Fome Zero).

Jarbas diz que o presidente Lula optou pelo assistencialismo, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. É fato, embora não se possa ser contrário a toda e qualquer política assistencialista num país de tamanha pobreza e desigualdade. Mas se torna essencial que o assistencialismo eventual tenha uma porta de saída conduzindo à autonomia, o que o programa lulista não contempla.

O senador fala da mediocridade do governo Lula, que em vez de construir estradas, apela para o atalho. Não fez reforma tributária, não completou a reforma da Previdência nem a reforma trabalhista e política. Não transformou a infraestrutura do país. Não realizou a reforma agrária. Não promoveu mudanças de costumes e atitudes. Estruturalmente, o País continua o mesmo.

Pergunto-me, às vezes, o que de inovador, de significativamente diferente Lula implantou em seis anos de governo? E fico sem resposta, mas uma vez decepcionado e traído. A estrutura sócio-econômica e cultural mudou em alguma coisa? Se a continuidade da política econômica, descontado os juros e os superávits primários exorbitantes beneficiando a elite financeira nacional e internacional, traz crescimento, os aspectos institucionais e políticos são medíocres.

O PT com Lula prometia ética e no poder faz o que faz.. O PT prometia renovação política. Lula desvincula-se de seu partido, abençoa com desenvoltura a Dilma, promove Sarney, Renan Calheiros e o PMDB, provoca uma indistinção e desideologização dos partidos e da oposição, em nome de uma governabilidade caso a caso. “O mundo passou por uma fase áurea, de bonança, de desenvolvimento, e Lula não conseguiu tirar proveito disso”, diz o senador.

Nessa fase áurea, houve uma reorientação da sociedade brasileira? E agora que a crise se alastra em todos os cantos do mundo o que faz o governo Lula de original? Obama propõe algumas mudanças de rumos. E Lula e sua equipe?

Certo, os ricos recebem seus juros; os pobres, sua bolsa família; o PT e os sindicalistas, seus cargos; os sindicatos, suas contribuições obrigatórias; os políticos, sua imunidade; o governo, seus impostos; o Lula, sua popularidade; o povo, sua acomodação; e o país cresce. Está tudo bem; está tudo no lugar. A decepção é do tamanho das promessas.

(Por André Haguette – Sociólogo – edição do O POVO de hoje)