sexta-feira, 2 de março de 2012

PERFÍDIA - POR NANA MOUSKOURI

quinta-feira, 1 de março de 2012

SOBRE D. JACINTO

Deixa-nos Dom Jacinto.

Deixa-nos com muita saudade. Pastor dedicado. Afeito a grandes desafios. Mostrou-nos a face mariana da Igreja.

Deu a Nossa Diocese uma Padroeira: Nossa Senhora da Conceição. E um templo belíssimo.

Foi fiel aos ditames da Igreja e do Concilio Vaticano II.

Era um pastor de compromisso.

Vai nos faltar quando desejamos o perfil do Povo Bom e Piedoso de Crateus. Valeu.



José Maria Bonfim de Morais

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

CONJUNTURA NACIONAL

"Foi o que me valeu"

Carlos Pedreira, advogado e engraçado, entra no relato engraçado de Leonardo Mota, no Tempo de Lampião, lá no Nordeste. A passagem é esta:

Certa vez, passei a atuar num processo de desquite. Como esses processos são sempre escandalosos, interferi suasoriamente junto aos cônjuges, a ver se os reconciliava. Consegui um entendimento de ambos. A esposa era uma jararaca velha ciumenta. Feia e desdentada, casara-se em segundas núpcias com o meu constituinte. Atendendo ao meu pedido para que dissesse francamente as razões que a levavam a desquitar-se, ela não hesitou:

- Doutor, eu não aguentei ingratidão do finado, quanto mais deste! Felizmente, o defunto meu primeiro marido está hoje prestando contas a Deus das noites e noites que me fez passar em claro. Agora, faz seis mês que eu estou casada com este cidadão. Os primeiros três mês viveu-se em paz. Ele tratava de me agradar e eu a ele. Mas, de certo tempo pra cá, este homem se desencabeçou, pensa que eu sou peixe podre, se esqueceu que é casado comigo, virou oficial de varruma (conquistador) e vive espalhando o sacramento pela rua..( prevaricando..).

- Mentira sua! Exaltou-se o acusado. E como prova de que cumpria os seus "deveres", e procurando desabotoar a camisa:

- Inda na semana passada você deu-me uma dentada aqui no peito, que eu não sei como não me arrancou um chaboque... Está aqui a roncha!

- É menos verdade! Titubeou ela, mostrando as gengivas. É menos verdade: a prova é que eu nem dente tenho...

Ele pôs levemente a mão sobre o peito equimosado e resmungou:

- Foi o que me valeu...

Serra, ufa, saiu do muro

Até que enfim, José Serra decidiu encarar a realidade. Não tinha alternativa melhor que a de entrar no páreo paulistano. Elenco as seguintes razões: o ciclo Serra de Vida Política não aguentaria mais uma esticada no limbo até 2014. Sem poder e sem visibilidade, chegaria trôpego e com a fala engrolada no ano do pleito presidencial. A eleição paulistana fecha o ciclo da polarização PT versus PSDB. Mas essa polarização só ocorreria com Serra candidato para disputar com Fernando Haddad. Nenhum outro candidato tucano teria cacife para ser competitivo.

Apoio e visibilidade

Serra conta com o apoio de duas máquinas, a da prefeitura, comandada por Kassab, e a do Estado, comandada por Alckmin. Serra tem alta visibilidade e já entra na disputa carregando uns 25% de intenção de voto. Tem ele uma rejeição alta - 33% - mas pode diminuí-la ao correr da campanha. Experiente, conhece os problemas de São Paulo mais que outros. Ademais, FHC e a cúpula tucana já avisaram que o candidato tucano, em 2014, para enfrentar Dilma é Aécio Neves. Portanto, ante a melhor alternativa, Serra desceu o muro.

O novo quadro

Diante da moldura que se estabelece com a decisão de Serra, é possível fazer as seguintes projeções: um segundo turno envolvendo Haddad e Serra, em campanha polarizada; a estrutura das máquinas - municipal e estadual - tende favorecer a candidatura tucana; Serra tentará comer o prato do centro para as bordas, ou seja, das classes médias para as margens sociais; Haddad, sob o império carismático de Lula, tentará comer a sopa das bordas para o centro, ou seja, tentando fisgar o eleitorado de Marta Suplicy e, vir com ele, das margens para o centro. O PT começa com seus 30% históricos de votos. Mas sua decolagem carecerá de mais alguns pontinhos.

Nacionalização?

A questão é: com a entrada de Serra, a campanha será nacionalizada? Este consultor tende a apostar que poderá, sim, ser nacionalizada, até porque a entrada de Lula na arena contribuirá para essa ideia.

Táticas de guerra

"Prepare iscas para atrair o inimigo. Finja desorganização e esmague-o. Se ele está protegido em todos os pontos, esteja preparado para isso. Se ele tem forças superiores, evite-o. Se o seu adversário é de temperamento irascível, procure irritá-lo. Finja estar fraco e ele se tornará arrogante. Se ele estiver tranquilo, não lhe dê sossego. Se suas forças estão unidas, separe-as. Ataque-o onde ele se mostrar despreparado, apareça quando não estiver sendo esperado".(Sun Tzu)

Chalita no meio

Mas há a candidatura de Gabriel Chalita, pelo PMDB, que não pode ser desprezada. Chalita é carismático e junta um voto fiel de parcela importante da Igreja Católica. Terá um bom tempo de TV e rádio, mais de quatro minutos, e expressa um discurso de renovação. Poderá, portanto, fazer barulho. Seu desafio: quebrar a polarização entre tucanos e petistas. Se não entrar no segundo turno, fechará posição com Haddad. Neste caso, o petista contará com a maior parcela do eleitorado de Chalita. Claro, nem todos os eleitores deverão entrar na corrente, pois há, em São Paulo, forte onda contra o petismo. A partir das classes médias.

D'Urso


Na telinha estará também a imagem de Luiz Flávio Borges D'Urso, candidato do PTB, que poderá surpreender nos debates. D'Urso é bom de embate. Se tiver um tempinho razoável de TV, pode crescer.

Renda mínima

"As rendas mínimas asseguradas aos cidadãos que não trabalham podem fazer com que grupos sociais inteiros caiam em um alçapão de pobreza por inatividade, de onde terão as maiores dificuldades de sair. E assim se reduz a oferta de trabalho". (Majnoni D'Intignano)

PSB com Haddad

O PSB do governador Eduardo Campos deverá formar aliança com o candidato petista. Lula e Campos são muito amigos e conservam uma admiração recíproca. Mas há um imbróglio: Marcio França, que comanda o PSB estadual, é secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin. Será que se curvará à orientação/determinação do governador Eduardo Campos? Há, como se pode depreender, muita interrogação no ambiente pré-eleitoral.

PC do B e PR

O PT quer atrair, ainda, o PC do B, o PR e outros partidos que compõem a aliança governista na área Federal. O PC do B tem Netinho de Paula, o cantor e vereador, como pré-candidato a prefeito. O PR é o partido de Paulo Maluf. Seria interessante Maluf no palanque de Haddad, ao lado de Lula e Marta Suplicy. Como o pleito deste ano é o do samba do crioulo doido, Maquiavel faz o patrocínio.

Dilma virá?

Claro, a presidente Dilma, convocada por Lula, deve aparecer para dar um abraço em seu candidato Haddad. Mas, como ela própria já anunciou, não gastará sola de sapato com os contendores, porque na maior parte dos 5.564 municípios os candidatos pertencem à base governista. Agradar a um significará desagradar a outro. A exceção deverá ser São Paulo. Trazida pela batuta do Papa Lula.

PSD de Kassab

O PSD do prefeito Gilberto Kassab terá papel importante no cenário político. O fato de apoiar Serra, em São Paulo, não implicará uma teia de apoios aos tucanos em outros espaços. Kassab tem sido muito claro: esse apoio se restringe a São Paulo. Até porque a tendência do partido é a de vir a integrar a base governista, logo após o quadro eleitoral. O PSD lutará para eleger 500 prefeitos. Com uma bancada de 53 deputados, terá cacife suficiente para influir no processo legislativo. Kassab pisca com um olho para o norte e, com o outro olho, para o sul. Um dos mais hábeis articuladores da política nacional.

Centrais e empresários

A FIESP promoveu, nesta segunda-feira, um encontro/almoço entre Centrais Sindicais e empresários. O motivo: debater a desindustrialização em marcha no país. Em torno de uma comprida mesa, dirigentes de entidades sindicais e industriais expressaram sua indignação com a falta de sensibilidade do Governo Dilma para com os setores produtivos. Paulo Skaf deu o tom dos discursos. Mostrou como o país está estrangulando seu parque industrial. A contrariedade se dirigia também ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que prometera comparecer ao encontro e, na última hora, deu o cano. Por que Pimentel não apareceu? Cochichos: desprezo por São Paulo; falta do que dizer aos participantes; medo de ser foco de grande indignação (e foi mesmo); veto da presidente Dilma à sua presença na FIESP.

A lição de Lincoln

"Não criarás a prosperidade se desestimulares a poupança. Não fortalecerás os fracos, por enfraquecer os fortes. Não ajudarás o assalariado, se arruinares aquele que paga. Não estimularás a fraternidade humana, se alimentares o ódio de classes. Não ajudarás os pobres, se eliminares os ricos. Não poderás criar estabilidade permanente, baseada em dinheiro emprestado". (Lincoln)

Dados contundentes

Sindicalistas e empresários cantaram a mesma música: o Brasil está patrocinando milhares de empregos no exterior. O presidente da Marcopolo, gigante da fabricação de ônibus, exibiu dados contundentes: a hora trabalhada em sua fábrica, na Índia, é de R$ 12,00; no Brasil, é de R$ 54,00. Essa tende, dentro de poucos anos, a ser a maior fábrica do grupo. E desfilou o rosário de contas negativas, que termina na nossa logística, que cunhou com o adjetivo: "podre".

Pano de fundo

A presidente Dilma Rousseff dá visíveis demonstrações de desconsideração à maior Federação de Indústrias do país, FIESP. Diferentemente de Lula, que sempre visitou a entidade, quando convidado, Dilma é indiferente aos convites para encontros com empresários na avenida Paulista. Parece ter optado por uma aliança tática com a Federação de MG e com o mineiro Robson Andrade, que dirige a CNI. Em suma, Minas faz a cabeça (e o coração) da presidente. Fernando Pimentel, amigo dileto da mandatária, dá sinais de que a FIESP não existe em seu sistema cognitivo.

PDT em chamas

O PDT parece um partido em chamas. Paulinho, da Força Sindical, diz que será candidato a prefeito de São Paulo. Mas pode vir a apoiar José Serra. Ou não? Depende. Depende de quem será nomeado ministro do Trabalho. Se for alguém de sua ala, poderá debandar para o lado de Haddad, em São Paulo. Se não for, baterá cabeça com o governo e com o PT em São Paulo. Lupi, por sua vez, espera que o ministro seja alguém de sua confiança. Não pode ser o deputado Vieira da Cunha ou Brizola Neto. Se for Vieira, Paulinho garante que pulará para a oposição. Ninguém sabe para onde a sigla caminhará.

Base da Antártica


A base brasileira na Antártica foi destruída por um incêndio. Pesquisas de 30 anos foram destruídas. Retrato brasileiro do desleixo e displicência.

Marketing de campanhas

Este consultor, ancorado em sua vivência, chama a atenção para o planejamento do marketing das campanhas. Senhores candidatos e assessores, atentem para estas abordagens: 1) priorizem questões regionalizadas, localizadas, na esteira de um bairro-a-bairro, ou seja, façam a micropolítica; 2) procurem criar, logo, logo, o diferencial de imagem, elemento que será a espinha dorsal da candidatura, facilmente captável pelo sistema cognitivo do eleitor; 3) desenvolvam uma agenda que seja capaz de proporcionar "onipresença" ao candidato (presença em todos os locais); 4) organizem uma agenda contemplando as áreas de maior densidade e, concentricamente, chegando às áreas de menor densidade eleitoral; 5) eventos menores e multiplicados são mais decisivos que eventos gigantescos e escassos; 6) despojamento, simplicidade, agilidade, foco para o essencial, mobilidade, propostas fáceis de compreensão e factíveis - eis aí um ligeiro escopo de conceitos-chave.

Maia e Garotinho

Cesar Maia e Anthony Garotinho formalizaram a aliança entre PR e DEM. Minha velha mãe, Chiquita, sempre me lembra: "meu filho, nunca diga: desta água não beberei".

Porandubas populares

Pois é, esta coluna Porandubas Políticas tem a satisfação de registrar a peça Porandubas Populares ou Paulicéia Desvairada, de Carlos Queiroz Telles. Misto de teatro de revista, circo e ópera-rock. Ora, Porandubas é isso mesmo, coisa como fragmentos. Vivem perguntando a este consultor : o que significa Porandubas? Digo: em tupi guarani, quer dizer notas, notícias curtas, flashes, fragmentos de texto, pílulas.

O nome dos ministros?

Pequeno teste: quem é capaz, agora mesmo, de citar sete ministros do governo Dilma? Até o final deste texto, procure se lembrar. Num regime presidencialista forte, como o nosso, e ainda por cima controlado com mão de ferro, sob o regime do medo, ministro que aparece muito tem a língua cortada. Bom, chegamos ao final. E os cinco ministros? Lembro: há 37 ministros.

Mais que uma rosa

"Quero ser algo mais que uma rosa na lapela de meu marido" (Margaret Trudeau, então casada com o primeiro ministro do Canadá, Pierre Trudeau)

Conselho a José Serra

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos foliões. Hoje, sua atenção se volta à José Serra:

1. Não perca tempo. Alinhe o discurso, com abordagens convincentes, para justificar sua decisão de ser candidato, depois de tanto tempo indefinido.

2. Desta feita, evite coisas espalhafatosas, como registro em Cartório com o compromisso de permanecer até o final da administração, caso seja eleito. Uma vez, é aceitável. A segunda vez, mesmo sob o colchão da sinceridade, ninguém vai aceitar. Lembraria o compromisso não cumprido.

3. Tente usar a experiência para estabelecer seu diferencial. E administre sua conhecida índole de auto-suficiência, arrogância e superestima. Os olimpianos também despencam dos céus.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

OBSERVATÓRIO



Indiscutivelmente o fato mais marcante da última quinzena no universo da atividade política foi a votação, pelo Supremo Tribunal Federal, da constitucionalidade da Lei Complementar 135/10, popularmente conhecida como Lei da Ficha Limpa. Em que pese ser inquestionável sua validade para as eleições deste ano, é óbvio que isso não anula as opiniões divergentes que já esposamos sobre o tema. A maioria dos ministros da Suprema Corte esqueceu voluntariamente de considerar lições básicas de eleitoralistas de nomeada, ilustres constitucionalistas e teóricos luminares do Direito Pátrio, assim como a jurisprudência consolidada do próprio STF.

PONDERAÇÕES

Em primeiro lugar, o termo. A expressão “ficha limpa” em contraposição a “ficha suja” resume bem o tom de intolerância que dominou o debate em torno desse tema. Venceu o velho maniqueísmo de dividir o mundo entre bons e maus, entre limpos e sujos (ah! Se o mundo fosse tão simples assim...). Sempre olhei com cautela para essas posições extremadas. Da forma em que foi colocada, a Lei se ressente de várias impropriedades jurídicas. Por exemplo: nivela as pessoas por baixo. Um cidadão que, por um motivo qualquer – às vezes uma mera atecnia - teve uma conta de gestão votada por um Tribunal de Contas como irregular, é colocado no mesmo patamar de uma figura que cometeu um crime hediondo. Todos receberão igual rótulo de “ficha suja”. E sofrerão um verdadeiro linchamento moral. Acho isso injusto. Fere os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Embora saiba que atende um desejo de justiçamento presente em setores bem intencionados da sociedade.

A NOVIDADE

Ultrapassada essa questão, o fato é que nas eleições deste ano os eleitores terão a oportunidade de acessar o plano de governo de todos os candidatos. Agora, por força de uma inovação introduzida no artigo 11, inciso IX, da Lei Eleitoral, ao solicitar o registro da candidatura, todo candidato a prefeito deve apresentar seu programa de governo. Nas eleições municipais passadas não existia essa obrigatoriedade. Para que se tenha uma idéia, salvo melhor juízo, nenhum dos candidatos a prefeito de Crateús na eleição passada registrou sua plataforma eleitoral. Passamos a campanha inteira ouvindo idéias, assistindo debates etc. Mas ninguém exibiu, manuseou, disponibilizou e registrou um Programa de Governo. Este ano, os candidatos têm até as dezenove horas do dia cinco de julho – três meses antes da eleição – para fazer o protocolo junto à Justiça Eleitoral, sob pena de sofrerem um processo de impugnação.

A NOVIDADE II

Essa inovação é um passo essencial à consolidação de uma consciência de cidadania no eleitorado em geral. É óbvio que, com o documento do candidato na mão, o eleitor fica com mais força para cobrar do postulante o compromisso assumido em campanha. Hoje, há pessoas elaborando uma lista com as promessas feitas na eleição passada e que não foram colocadas em prática. Mas ninguém possui um programa de governo escrito e assinado pelo candidato.

O RUMO

Há uma lição que devemos recolher disso. Devemos inverter a ordem de prioridades. Antes de tudo, deve se debater o município. As forças e fraquezas, os desafios e oportunidades, as angústias do presente e os sonhos de futuro. Desenhar um modelo, como quem projeta um edifício. Após definir o rumo que queremos para nossa comuna é que devemos escolher um nome para coordenar esse trabalho. Temos, até agora, feito o inverso: primeiro, e sempre, se discute pessoas. Nunca, ou quase nunca, um projeto. Setores da oposição estão empenhados em fazer esse trabalho de alavancar um debate em torno das questões estratégicas do município. É óbvio que se houver uma alteração no eixo da condução de campanha, elevando-a para um patamar qualificado, todos sairão ganhando.

DOM JACINTO

A imprensa piauiense noticiou: Foi anunciado por volta das 07horas da quarta feira de cinzas (22), no Palácio Arquiepiscopal, o nome do novo arcebispo de Teresina. Em carta do Núncio Apostólico no Brasil endereçada ao administrador arquidiocesano, Pe. Antonio Soares Batista, foi comunicado que o Papa Bento XVI escolhera o bispo Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho, atual bispo de Crateús-CE, como o novo arcebispo de Teresina. Dom Jacinto Brito vai tomar posse no dia 06 de maio deste ano em missa solene com a presença do clero piauiense, maranhense e cearense. Ele substitui a Dom Sérgio da Rocha, transferido para Brasília no ano passado.

DOM JACINTO II

A promoção de Dom Jacinto para o arcebispado de Teresina, Piauí, provocou, nos católicos dos sertões de Crateús, reações de alegria e tristeza. Esta pelo fato da perda do pastor que liderava a Diocese local; aquela em razão do reconhecimento ao seu talento. “Dom Jacinto é preparado, simples e tem uma forte identidade com a realidade do povo piauiense, porque é nordestino como nós. Foi uma excelente escolha”, afirmou Padre Tony Batista, administrador diocesano de Teresina, ao fazer o anúncio. Abaixo, a crônica que a ele dedicamos há algum tempo atrás.

PARA REFLETIR

Não nos deixemos iludir! Sem respeito às legítimas convicções religiosas do outro não há PAZ! Respeitar não quer dizer: “tudo é igual, deixa assim mesmo”, mas reconhecer que no sacrário da consciência de cada um está o direito de responder livremente a Deus. O cristão-católico, como afirmava o Papa Bento XVI aos bispos, na Catedral de São Paulo (2008) não age por proselitismo ou imposição e sim por atração. Vede como
eles se amam! Essa força não esmaga, transforma e encanta! Quem acolhe e ama, escuta de seus lábios: “Bem aventurados os que constroem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Paz! Um ano em favor da Paz!
(Dom Jacinto)


(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

DOM JACINTO FURTADO DE BRITO SOBRINHO



A Catedral do Senhor do Bonfim, em Crateús, está leve como uma garça que se prepara para alçar vôo, acolhedora como uma matriarca generosa e sensível, dotada de delicadas saliências arquitetônicas e revestida da imponência silenciosa de um monólito do sertão central. A Cúria Diocesana e a Casa Paroquial também passaram por cirurgias plásticas que as fizeram rejuvenescer. O Cemitério São João Batista, pela beleza da fachada, está digno de ser chamado de mansão dos mortos. O Centro de Treinamento Diocesano experimenta uma inflação floral. Uma nova residência foi erigida na Rua Poty. Como os antigos fortes protetores das urbes, novos templos irrompem estrategicamente dispostos em bairros diferentes como Planalto, COHAB Ipase e Cidade Nova. Toda a infra-estrutura predial da Igreja Católica acusa o palpitar da renovação.

Esse impulso motivador há contagiado também os fiéis, que se revelam estimulados e atendem prontamente a todas as convocações do Pastor, inclusive para o exercício de longas peregrinações.

Estas consideráveis alterações se produziram graças ao Sopro do Espírito através de um dos seus discípulos, o bispo Jacinto Furtado de Brito Sobrinho. No ímpeto empreendedor, lembra D. José Tupinambá da Frota, o sobralense que elevou às estrelas a auto-estima da Princesa do Norte.

Na concordância de Juarez Leitão, D. José fundou uma escola “segundo a qual o padre deveria assumir o papel principal de sua comunidade. Prefeitos, juízes e delegados de polícia teriam que se conformar com a função coadjuvante. O vigário tinha de ser o líder maior e o puxador do progresso, onde quer que se encontrasse. Ele próprio, o bispo-conde, fora o maior construtor de Sobral. E, certamente, o homem mais virtuoso”.

Do Maranhão veio o atual prelado de Crateús. O anterior, D. Antonio Batista Fragoso, também, assim como o primeiro bispo a pisar o solo crateuense, Dom Antonio de Alvarenga. Há entre os crateuenses e os maranhenses um fio de união religiosa que atravessa as eras, pois de lá advieram missionários com prédicas peculiares na condução do estandarte da fé.

Hoje, costumamos identificar pessoas que tentam rivalizar ou fazer uma comparação excludente entre D. Fragoso e D. Jacinto. Acho impróprio. Aquele marcou época, inscreveu seu nome na lápide da história com a tinta do sangue profético; este se firma pelo pendor à edificação, pela inclinação à mobilização pastoreia, pela disposição gerencial.

Quando a Pátria agonizava sob o cativeiro da ditadura e as Instituições estavam amordaçadas, Dom Fragoso percorreu a íngreme vereda do combate, revelando ao povo com o aço cortante da sua verve que era possível atravessar o mar vermelho do regime de exceção.

Dom Jacinto é um carpinteiro da fé, que talha a madeira bruta do sonho realizador coletivo e estimula o rebanho religioso a desenvolver os talentos, que são dádivas celestiais. São caminhos distintos, mas não antagônicos.

Ambas as trilhas conduzem ao mesmo Jovem Galileu, que ora expulsou com ira santa os vendilhões do templo e ora coordenou a operação milagrosa da multiplicação dos pães.

O importante é que cada um de nós deve saber usar corretamente o dote que Deus lhe deu. Como bem leciona a música, “se um dom especial é dado para alguém, é pra ajudar o bem na luta contra o mal”.

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

CÉU E INFERNO ÍNTIMOS


Conta-se que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole violenta, foi procurar um sábio monge em busca de respostas para suas dúvidas.
- Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender, ensina-me sobre o céu e o inferno.
O monge, de pequena estatura e muito franzino, olhou para o bravo guerreiro e, simulando desprezo, lhe disse:

- Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. Seu mau cheiro é insuportável.
- Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a sua classe.

O samurai ficou enfurecido. O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguiu dizer nenhuma palavra, tamanha era sua raiva.

Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.

- "Aí começa o inferno", disse-lhe o sábio mansamente.

O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno.

O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento.

O velho sábio continuou em silencio.

Passado algum tempo o samurai, já com a intimidade pacificada, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz.

Percebendo que seu pedido era sincero, o monge lhe falou:

- "Aí começa o céu".

Para nós, resta a importante lição sobre o céu e o inferno que podemos construir na própria intimidade.

Tanto o céu quanto o inferno, são estados de alma que nós próprios elegemos no nosso dia-a-dia.

A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno.

É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse ferramentas e materiais de primeiros socorros.

Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objeto do seu interior.

Assim, quando alguém nos ofende, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância.

Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze da autoconfiança.

Quando injúria bater em nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo do perdão.

Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da confiança.

Ante a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo punhal do desespero ou pela chave da resignação.

Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações, poderemos sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz.

A decisão depende sempre de nós mesmos.

Somente da nossa vontade dependerá o nosso estado íntimo.

Portanto, criar céus ou infernos portas à dentro da nossa alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós.

Pense nisso!

Sua vontade é soberana.

Sua intimidade é um santuário do qual só você possui a chave.

Preservá-la das investidas das sombras e abri-la para que o sol possa iluminá-la só depende de você.


(enviado por Francys Mary Paiva)