quarta-feira, 29 de abril de 2009

RELEMBRANDO GONZAGUINHA



Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior nasceu em 22 de setembro de 1945, no Rio de Janeiro, filho legítimo de Luiz Gonzaga, o rei do baião, e Odaléia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil.

"Venho de Odaléia, uma profissional daquelas que furam cartão e de vez em quando sobem no palco; ela cruzou com meu pai e de repente eu vim" (Gonzaguinha)

A mãe morreu de tuberculose ainda muito moça, com apenas 22 anos de idade, deixando Gonzaguinha órfão aos dois anos, e o pai, não podendo cuidar do menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos: "Dina (Leopoldina de Castro Xavier) e Xavier (Henrique Xavier), baiano do violão das calçadas de Copacabana, do pires na zona do mangue, morro de São Carlos, foram eles que me criaram e por isso eu toco violão. (Gonzaguinha)

As primeiras letras Gonzaguinha aprendeu numa escola local, mas as verdadeiras lições de vida recebeu pelas ladeiras do morro. Quando garoto, para conseguir algum dinheiro, carregava sacolas na feira.

Moleque Luizinho – seu apelido de infância - ia aprontando das suas. Pipas, peladas, bolinha de gude, pião e os acidentes da infância. Como as três vezes em que furou o olho esquerdo. Na primeira, com uma pedrada, depois, com um estilingue e, na quina da cama, com isso perdeu 80% da visão desse olho.

No carnaval fugia com Pafúncio, um vendedor de caranguejos que morava nas redondezas e era membro da ala de compositores da Unidos de São Carlos, a partir daí, o samba estaria definitivamente em sua vida. Nas ruas do Estácio, Gonzaguinha ia crescendo, entre a malandragem dos moleques de rua e o carinho da madrinha.

Do pai, recebia o nome de certidão, dinheiro para pagar os estudos e algumas visitas esporádicas. Imerso no dia-a-dia atribulado da população, Gonzaguinha ia aprendendo a dureza de uma vida marginal, a injustiça diária vivida por uma parcela da sociedade que não tinha acesso a nada.

O aprendizado musical se fez em casa mesmo, ouvindo o padrinho tocar violão e tentando fazer o mesmo: "Sempre toquei um instrumento e poderia chegar a tocar bem, sendo um músico profissional, coisa que não sou. Sou um compositor e um intérprete que também toca violão, mas não sou músico nem tenho intenção de me arvorar a sê-lo" (Gonzaguinha)

Quando pequeno, Gonzaguinha ouvia Lupicínio Rodrigues, Jamelão e as músicas de seu pai. Gostava de bolero e era assíduo freqüentador de programas sertanejos. Ouvia também muita música portuguesa, pois D. Dina, sua madrinha e mãe adotiva, era filha de portugueses e manteve-se ligada às tradições familiares.

A MATURIDADE

Em 1975, Gonzaguinha dispensou os empresários e essa atitude foi fundamental para sua carreira, segundo Gonzaguinha a vantagem de trabalhar independente dos empresários está nos contatos que o artista mantém com várias pessoas, o que concorre para recuperar se a base humana do trabalho.

O ano de 1975 foi particularmente importante na vida do compositor: tendo contraído tuberculose, Gonzaguinha viu-se obrigado a passar oito meses em casa e aproveitou o tempo para meditar e refletir sobre si mesmo. Neste período acabou chegando a algumas conclusões importantes.

"Achei que devia retomar toda uma espontaneidade em termos de apresentação, de estar no palco como se estivesse em qualquer outro lugar" (Gonzaguinha)


O ano de 1975 também marcou o início das suas excursões pelo Brasil, em que rodou todo o país de violão. Com isso, conseguiu solidificar as bases nacionais de sua arte e descobriu a importância de seu pai, na música popular brasileira.

Em 1976, Gonzaguinha gravou o LP Começaria Tudo Outra Vez. O disco, de acordo com o próprio autor, representou a capacidade de voltar ao início da carreira, retomar a espontaneidade perdida e "assumir a coerência de um trabalho que vem se estendendo há muito tempo"

Em 1981 nasceu Amora Pêra, filha de Gonzaguinha e da Frenética Sandra Pêra.

Depois disso, sua carreira constituiu um coleção de sucessos, tanto nas apresentações ao vivo como nos diversos LPs que lançou, entre os quais Gonzaguinha da vida (1979), Coisa Mais Maior de Grande (1981), Alô, Alô Brasil (1983), em toda essa trajetória, Gonzaguinha tem demonstrado, ao lado de qualidades artísticas indiscutíveis, uma grande coerência de idéias sobre a arte, a vida e a dimensão política do homem.

Seus últimos 12 anos de vida, Gonzaguinha passou-os ao lado de Louise Margarete Martins - a Lelete. Desta relação nasceu Mariana, sua caçula. Até hoje Lelete e Mariana vivem em Belo Horizonte, cidade onde Gonzaguinha viveu durante dez anos.

A vida em Minas, mais calma, com longos passeios de bicicleta em torno da lagoa da Pampulha, marcou um período mais introspectivo de sua carreira. O músico dedicava-se a pesquisar novos sons dividindo-se entre longos períodos em casa e demoradas turnês de shows pelo país.

A mais importante dessas turnês talvez tenha sido com o show "Vida de Viajante", ao lado do pai Luiz Gonzaga, em 1981. Não apenas um show, "Vida de Viajante" selou o reencontro de pai e filho, a intersecção de dois estilos, o Brasil sertanejo do baião encontrando o Brasil urbano das canções com compromisso social e uma só paixão - o palco.

Se "Todo artista tem de ir aonde o povo está", lá estavam pai e filho deixando mágoas, desavenças, ressentimentos na poeira das estradas. Viajando juntos por quase um ano, mais do que se perdoaram - tornaram-se amigos. Não houve reconciliação, houve compreensão.

O ACIDENTE

O acidente que tirou a vida de Luiz Gonzaga Júnior aconteceu na manhã do dia 29 de abril de 1991 , ocorrido no quilômetro 30 da BR-280, entre os municípios de renascença e marmeleiro, na região sudoeste do Paraná e a cerca de 420 quilômetros de Curitiba.

(Fonte: www.gonzaguinha.com.br)
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GONZAGUINHA NOS BRINDOU COM GRANDES MENSAGENS DE GRANDEZA E HUMANISMO EM FORMA DE MÚSICA. UMA DELAS É A QUE ESTA POSTADA A SEGUIR:

Um comentário:

Dalinha Catunda disse...

Olá Júnior,

Duas saudades grandes
batem em meu coração.
Uma do Gonzaguinha,
Outra do Gonzagão.
Um menino do Rio,
O outro rei do sertão.

Um abraço,
Dalinha