Às vésperas de receber Lula em Pernambuco, o governador Eduardo Campos disse que cabe apenas ao PSB definir se Ciro Gomes disputará o Planalto:
“Nossas decisões não serão tomadas por dirigentes de outras legendas. Nossas decisões serão tomadas pela nossa direção”.
Campos é presidente nacional do PSB. Falou sobre Ciro depois de almoçar com um personagem que inspira ojeriza em Lula: o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Cristão novo no PSB, Skaf liderou o movimento que resultou na rejeição, em 2007, da emenda que prorrogava a CPMF.
Desde então, Lula traz o presidente da Fiesp atravessado na traquéia.
O neo-socialista Skaff reivindica o aval do PSB para disputar o governo de São Paulo. Deseja justamente a posição que Lula reservou para Ciro.
Em entrevista, Campos disse que “a candidatura de Paulo Skaf amplia” o palanque da oposição em São Paulo.
Afirmou que que Skaf vai “ficar mobilizado” até que o PSB tome sua decisão sobre o “projeto Ciro”. Algo que só deve ocorrer em março.
Lembrou que a data foi acertada com Lula. E não vê razões para descumprir o combinado.
O governador exalou incômodo com o noticiário acerca do encontro que terá com Lula, nesta quinta (28). Estranha sobretudo o caráter político conferido à conversa.
É algo que, segundo disse, Lula não acertou com ele. O presidente fará no Recife escala para uma viagem à Suiça.
Chega no início da tarde, acompanhado de oito ministros. Entre eles Dilma Rousseff, a candidata do PT.
A comitiva presidencial tem agenda cheia –um pa©mício, visita a uma exposição e a uma sinagoga.
Só à noite, por volta de 20h, Lula será recebido em jantar pelo governador. Participam do repasto companheiros de viagem de Lula.
É gente demais para uma conversa consequente, que o petismo se apressa em apresentar como definidora dos destinos de Ciro Gomes.
Em férias na Europa, Ciro retorna ao Brasil nesta quarta (27). Informa-se que deve dar as caras no Recife.
Integrante da comitiva de Lula, Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado disse nesta segunda (25):
"O PSB tem legitimidade para ter candidato, mas o importante é unir a base e vencer no primeiro turno...”
“...O presidente vai a Pernambucano conversar com Ciro e eu vou junto”.
O lero-lero sobre a pressão para que Ciro troque a cena nacional pelo ringue paulista foi açulado pelo próprio Lula.
Em reunião ministerial, na semana passada, o presidente repisou a tecla da sucessão plebiscitária –era Lula X fase FHC.
Disse que conversaria com o “companheiro Ciro” sobre a candidatura dele ao governo de São Paulo. Deu a entender que o jogo estava, por assim dizer, jogado.
É nesse contexto que Eduardo Campos veio ao meio-fio para propalar a autonomia do seu PSB. Uma autonomia que enfrenta uma conspiração dos fatos.
Ao transferir o seu domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo, em setembro passado, Ciro aceitou gostosamente o papel de candidato multiuso.
Em novembro, animada pelas pesquisas que mostravam um Ciro encostado em Dilma, a Executiva do PSB proclamou-o candidato à presidência.
Dono de escassos 2,5 minutos de tempo de TV, o PSB sonhava pôr de pé uma coligação com pelo menos outras duas legendas: PDT e PCdoB.
Dias atrás, acossado por Lula, o PDT proclamou o apoio a Dilma. O PCdoB, premido pelo menos assédio, também se encaminha para o colo da ministra-candidata.
Em movimentos calculados, Lula tratou de asfixiar a candidatura presidencial de Ciro. Em menos de cinco meses, deixou o PSB falando sozinho.
De resto, numa conversa do tipo ‘olho no olho’ com Lula, o presidente do PSB tende a atenuar o tom de voz.
A gestão de Eduardo Campos é, hoje, uma das mais umedecidas pelas verbas borrifadas por Brasília. Graças a Lula, converteu o Estado em canteiro de obras.
Candidato à reeleição num Estado em que a popularidade de Lula roça os 90%, Campos não dispõe de motivos nem de disposição para divergir de Lula.
Resta saber o que tem a dizer o próprio Ciro. Antes de tomar chá de sumiço, desfilara sua candidatura presidencial por diversos pedaços do mapa brasileiro.
Por onde passou, fez questão de atacar alvejar o tucano José Serra e realçar a “frouxidão moral” que permeia a união PT-PMDB em torno de Dilma.
Soou tão enfático que, agora, vai parecer um frouxo se ceder aos apelos de Lula, incorporando-se à caravana dos imorais.
(Escrito por Josias de Souza)
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