sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O COMERCIAL DA CAIXA E A POLÊMICA SOBRE MACHADO DE ASSIS

Uma polêmica apareceu estes dias, e nós, adoradores do autor de Dom Casmurro, vimo-nos forçados a meter nossa colher. Este mês, a CEF iniciou a veiculação da campanha publicitária comemorativa de seu sesquicentenário. Na TV, era intitulada "Caixa 150 anos - O Bruxo do Cosme Velho" e trazia, como principal personagem, Machado de Assis. No reclame, o criador de Capitu ia a uma agência da CEF para realizar uma transação bancária e, ato contínuo, era mostrado seu testamento, no qual constava que ele, de fato, era cliente da instituição. Tudo isso, frise-se, com a apresentação perfeita de Glória Pires e com o tom das imagens em sépia, dando aparência de um filme de época. Perfeito. Mas não foi bem assim. O que era para ser louvado, pois raras vezes uma instituição desse porte faz uma campanha ao público com uma ligação histórica ou cultural, virou motivo de perseguição. Com efeito, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da presidência da República chiou porque o personagem que interpretava Machado de Assis não tinha a mesma cor de pele que provavelmente teria o escritor. Ou seja, não era um mulato, mas um homem branco. Se bem que pelo tom sépia não dá muito para medir. Diante disso, o comercial foi retirado do ar e o presidente da Caixa, Jorge Hereda, pediu desculpas "a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial". Mas será que o que se pretendeu fazer não era uma mera representação artística, sem o apanágio da verossimilhança? Ademais, se fosse uma cópia exata, talvez Machado de Assis tivesse tido um dos seus ataques (inerente à doença da qual padecia), na boca do caixa, ao conferir seu saldo, já que com os parcos vencimentos - Machado era funcionário público - certamente ele não conseguia engordar sua poupança. (Migalhas)

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A CEF suspendeu a veiculação do comercial "Caixa 150 anos – O Bruxo do Cosme Velho". Na publicidade, o escritor Machado de Assis ia a uma agência da CEF para realizar uma transação bancária e, ato contínuo, era mostrado seu testamento, no qual constava que ele, de fato, era cliente da instituição.

A decisão da CEF ocorreu após a grande repercussão de um "deslize" na escolha do ator que interpretava Machado, que não tinha a mesma cor de pele que provavelmente teria o escritor. A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da presidência da República pediu para que a instituição suspendesse a publicidade.

Em nota oficial, assinada por Jorge Hereda, presidente da CEF, a instituição pediu desculpas "a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial".

Veja abaixo a íntegra da nota divulgada pela CEF.

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NOTA DA CAIXA - Peça Publicitária Machado de Assis

A Caixa Econômica Federal informa que suspendeu a veiculação de sua última peça publicitária, a qual teve como personagem o escritor Machado de Assis. O banco pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial.

A CAIXA reafirma que, nos seus 150 anos de existência, sempre buscou retratar, em suas peças publicitárias, toda a diversidade racial que caracteriza o nosso país. Esta política pode ser reconhecida em muitas das ações de comunicação, algumas realizadas em parceria e com o apoio dos movimentos sociais e da Secretaria de Política e Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) do Governo Federal.

A CAIXA nasceu com a missão de ser o banco de todos, e jamais fez distinção entre pobres, ricos, brancos, negros, índios, homens, mulheres, jovens, idosos ou qualquer outra diferença social ou racial.

Jorge Hereda

Presidente da Caixa Econômica Federal


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VEJA O COMERCIAL:


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