quarta-feira, 11 de abril de 2012

PROJETO MOTIVA PLANTIO DE MUDAS


A partir da campanha "Plante uma Árvore. Semeie esta Ideia", as pessoas despertaram em favor da natureza

Já dizia Dalai Lama: seja a mudança que você quer ver no mundo. Refletindo sobre a frase e inspirado na campanha "Plante uma Árvore. Semeie esta Ideia", do Grupo Edson Queiroz, o engenheiro agrônomo e economista Joaquim Anízio Frota arregaçou as mangas e desenvolveu ação em defesa do meio ambiente, no São João do Tauape, onde mora há sete anos.

Ele é autor do projeto Agente Voluntário Ambiental (AVA) e tem um objetivo bem definido: transformar o cenário quase árido das ruas do bairro com atitudes simples, como plantar mudas, protegê-las e motivar cada morador a ser um AVA. "Foi lendo as matérias do Diário do Nordeste que decidi que é hora de fazer a diferença", conta. E Anízio foi à luta. Voltou a estudar, concluiu Pós-Graduação em Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental da Universidade Paulista (Unip) e promoveu, por conta própria, uma pesquisa informal com a maioria dos 32 mil habitantes do São João do Tauape - dados do Censo/IBGE de 2010. "O resultado foi o que já imaginava: 81% afirmaram desconhecer qualquer ação governamental e concordaram que é preciso fazer alguma coisa em prol da natureza", diz.

A partir daí, começou a produzir mudas de árvores frutíferas, medicinais, ornamentais e espécies nativas, como oiti. "Uma andorinha só não faz verão, mas uma pessoa sozinha pode e deve ter responsabilidade com a cidade onde mora", afirma Anízio.

Dicas

Ele não só distribui as mudas, colocadas diariamente em frente à sua casa, na Rua Monsenhor Salazar, como também informa ao interessado dicas de como plantar de forma correta e cuidar das plantas. "Anízio vem mudando nosso modo de encarar as coisas. Hoje, em vez de viver reclamando do calor, da falta de sombras sem as árvores, já plantei uma castanhola e refiz o jardim lá de casa, que ficou uma beleza", testemunha a dona de casa Iraci Maria Peixoto.

Outro que destaca a iniciativa do agrônomo é o administrador José Alexandre de Souza Filho. "Achei fantástica a ideia. Sou exemplo de quem não ligava para isso, mas entendo que é preciso cuidar da natureza e respeitar o meio ambiente se quisermos melhorar nossa qualidade de vida", reflete.

Para ser um AVA, explica Anízio Frota, não é preciso ser um expert, mas, sim, ter amor pela natureza e querer fazer a diferença. "A partir da campanha ´Plante uma Árvore. Semeie esta Ideia´, que serve para motivar as pessoas em favor do meio ambiente, muita gente veio me procurar. O projeto está apenas começando. Temos muita coisa pela frente. Apenas o primeiro passo foi dado. Muitos virão, até porque nosso bairro necessita de mais arborização e não vamos deixar para o poder público".

A vida humana, afirma o biólogo Antonio Barbosa, depende direta ou indiretamente da diversidade de espécies vivas, animais e vegetais que são elementos fundamentais ao sustentáculo da vida em todo o planeta. Por isso, salienta, campanhas como "Plante uma Árvore..." e iniciativas do cidadão comum são fundamentais para salvar a natureza e mudar essa paisagem tão carente de verde da cidade.

Movimento denuncia corte de árvores

Nenhuma árvore deve ser cortada à toa, sem conhecimento da sociedade ou sem análise técnica de especialistas. É o que defende integrantes do Movimento Pró-Árvore. Eles entraram com denúncia, na Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor), contra o corte de oitis centenários na calçada do Colégio Militar de Fortaleza (CMF), querendo saber qual órgão da Prefeitura de fato autorizou a derrubada e poda radical da espécie realizada na última quinta-feira.

"Queremos informações concretas sobre se teve estudo técnico e, se houve, cadê essa análise da condição das árvores, já que nossos botânicos e engenheiros agrônomos não veem necessidade da ação", afirma uma das integrantes do movimento ambiental, Marize Leo.

O grupo esteve no local e constatou que a maioria das árvores está com um "X" vermelho, como se estivessem marcadas para o corte. "Pode verificar que elas estão com o caule saudável. Uma ou outra tem problema que pode ser solucionado. Infelizmente, cortam sem pensar e apenas para se livrar", afirma o biólogo Antônio Sérgio Farias. O movimento propõe o diálogo com o poder público para que todo estudo que indique a real necessidade do corte venha acompanhado do replantio da espécie no mesmo local.

"Por não existir órgão na Prefeitura responsável pelos parques e jardins, tudo é feito de forma radical ou cortam ou não estão nem aí", avalia o biólogo, indicando uma castanhola, na Avenida Santos Dumont, na pracinha em frente ao CMF, que apresenta sérias condições. "O tronco de seis metros pode cair a qualquer momento e ninguém viu isso", alerta.

O grupo conversou com a direção da instituição, que reafirmou que o corte e poda foram realizados por equipe da Prefeitura, após avaliação da Secretaria do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam) com o objetivo de evitar acidentes causados pela iminente queda de troncos ou galhos. "Na análise técnica, algumas foram condenadas por estarem podres e com risco de tombar". A assessoria da Semam negou a autorização e a Sercefor também não sabia de nada.

LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER
No Diário do Nordeste de hoje

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