Há quarenta anos o mundo perdia Pablo Neruda, a mais expressiva voz da poesia chilena! O coração de Neruda não resistiu ao pranto que invadiu a sua pátria após o golpe de estado que destruiu o governo popular de Salvador Allende.
Neruda, chileno contemplado com o Nobel de Literatura, foi o mais fértil, fulgurante e fascinante dos cantores nascidos naquela terra mágica, pequeno e fino fio de terra entre o frio da cordilheira e as ondas do Pacífico.
No centenário de seu nascimento, desenhei este Soneto:
Primeiro, uma garrafa de vinho chileno.
Depois, um litro de cachaça do Ceará.
Apenas isto, e todo pó do idílio terreno,
Para o centenário de Neruda celebrar.
Poeta de todos os sonhos, viajor genial,
Voaste do amor fugaz, da desesperada canção,
Para a ardente paz da luta. A trincheira social
Da Espanha em guerra mudou teu coração.
Que fio azul une o meu mágico e quente sertão
À tua vinhateira, delgada e fria região austral?
-“O silencioso mistério, a solenidade essencial,
A clareza de horizonte, a inexplicável resistência,
A sublime condição, a humilde imponência...”
Um brinde, pois, ao mais portentoso cantor geral!
(Júnior Bonfim)
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