Vai poeta
escreve aquela poesia
que te entende,
que conhece o teu verbo,
que te escuta.
Vai poeta
debruça-se sobre tua lavra
como criança perdida
querendo ser adotada;
Agarra-te a tua poesia
como mulher desesperada
querendo ser seduzida.
Vai poeta
perde o medo da solidão
não vês que tua companhia
é esta fonte de inspiração
que nunca seca
que nunca te abandona
Vai poeta
sofre com prazer
neste masoquismo poético,
chicotea tua alma
com as rimas que precisam
entregar-se a ti,
queima tua pele
com o fogo das palavras inflamadas
que vão como labaredas a espalhar
incêndios em teu contrassenso
Vai poeta
solta aquela poesia
que te empobrece de feridas
que te inunda o rio de lágrimas
sofre com prazer
nesta luxúria poética
chama tua alma
que quer novamente acordar
e falar contigo
escreve aquela poesia
que te entorpece
que te segura a mão
que te adormece
pra te acordar o coração
Vem poeta
escreve para o mundo
que não quer falar contigo
que não te entende
que não conhece o teu verso
que não te escuta
Nesta sodomia poética
tu sofres com prazer
sai poeta
de dentro da tua gruta
escreve aquela poesia
que todos precisam saber
tua alma não é bruta...
A poesia é o documento coletivo das individualidades, em que encontramos
as palavras que não foram ditas, não foram escutadas, não foram
entendidas ou não foram lembradas. É um desabafo em rimas.
14 de Março, dia Nacional da poesia.
Da minha lavra, uma homenagem aos poetas da AMLEF. (Paulo Roberto Cândido)
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