Não por acaso as principais confrarias místicas do planeta nos ensinam a importância do respeito aos contendores. Já tive a oportunidade de afirmar que “os nossos inimigos, às vezes, são os nossos maiores amigos”. Por quê? Porque nos dizem verdades que outros não têm coragem de nos dizer; porque nos apontam nossas maiores falhas... O Dalai Lama, pregando sobre as benesses da consideração aos contrários, assim se manifestou: “Quem te ensina a tolerância? Teus filhos podem te ensinar a seres paciente, mas só teu inimigo te ensina a tolerância. Ele é como teu professor. Se experimentares respeito pelo teu inimigo em vez de cólera, tua compaixão se desenvolve. Esse tipo de compaixão é a verdadeira compaixão, aquela que se baseia em crenças saudáveis”. Esta, talvez, a regra essencial: reconhecer defeitos nas pessoas que temos proximidade e descobrir virtudes nas pessoas que temos distanciamento.
FELIPE
Há duas semanas, por ocasião de um evento político no município de Ipaporanga, o ex-prefeito de Crateús, doutor Carlos Felipe, me abordou e, após um rápido diálogo, arrematou: - “Outro dia, em uma roda de conversa sobre literatura, disse que você era um dos bons escritores de Crateús. Eu sempre lhe elogio. Espero que você também me elogie em sua coluna”.
FELIPE II
Batalho para que meu coração jamais seja hospedeiro de sentimentos mesquinhos, sobretudo em relação às outras pessoas, sejam chegados ou distanciados. Nunca fui muito próximo do atual candidato a deputado estadual Carlos Felipe. Conheci-o mais amiúde entre 2003 e 2004, quando se candidatou (ou foi feito candidato) pela primeira vez. Era o médico de alto índice de simpatia, afamado pela dedicação aos pacientes e que granjeava a afeição de todos. Desde o início, apesar de parecer o contrário, notei que ele sabia manusear com habilidade as armas de um político esperto e sagaz: dizia-se contra a política tradicional, mas entrava na arena pelos seus portões. Conquistou, àquela época, o apoio dos maiores líderes de plantão: o governador do estado, Lúcio Alcântara, e o prefeito municipal, Paulo Nazareno. Vendo que ambos estavam em situação delicada (os dois perderam as respectivas eleições sucessórias), Felipe mudou de partido, compôs-se com os ex-adversários, costurou uma grande aliança e pavimentou o caminho para conquistar a Prefeitura de Crateús se opondo ao triunvirato que tinha assumido o município antes dele: Zé Almir, Nenzé e Paulo. Revelava-se aí outra de suas características: um aguçado faro de oportunidade.
FELIPE III
Abstraindo uma análise de gestão, porque complexa, o maior legado de Felipe foi, sem dúvida, o de sugestionar o povo, superando lideranças tradicionais com a exploração positiva de sentimentos do “novo” em oposição ao “velho” e a sacudida na autoestima local com o discurso da rejeição aos forasteiros. (Embora, na prática, tenha sido diferente: a equipe do então prefeito Felipe teve muita gente de fora). Hoje, Felipe é candidato a deputado estadual. Imaginava ser o único filho da terra a exibir essa condição. Não o é. O ex-deputado e atual vereador José Humberto registrou candidatura e entrou no páreo. O discurso de votar em filho da terra agora é, também, uma arma dos seus opositores. Walter Cavalcante, correto e maduro Presidente da Câmara de Fortaleza, apesar de não ter domicílio em Crateús, é também filho da terra. Obviamente, essa disputa bairrista pelo resgate do protagonismo crateuense no cenário político estadual é saudável e, sobretudo, louvável. Oxalá a terra que já deu ao Brasil senadores como José Lins, Valmir Campelo, Sérgio Machado e Beni Veras e Deputados Federais e Estaduais de pujante qualidade e notório destaque retome a vanguardista posição de outrora. Ganha seu povo!
GIRO PELA REGIÃO
Via de regra, os municípios da região dos sertões de Crateús amargam sérias dificuldades. Porém, apesar das adversidades, há notícias auspiciosas. Nova Russas, que se angustia com o colapso da falta de água, recebeu inspeção do TCM. Noutro giro, a Presidente da Câmara Municipal, Socorrinha Pedrosa, autorizou estudos para lançar um Concurso Público, algo que há muitos anos aquele Legislativo não faz. Tamboril, que desde Pedro Timbó experimenta o jejum de não ter um deputado filho da terra, exulta com as possibilidades de Jeová Mota. Sobre a Serra Grande, na Poranga, Carlisson Emerson sonha com clima mais ameno nas finanças municipais, pois o grau de evaporação é alto. O Prefeito Aristeu, de Ararendá, faz uma administração pé no chão, sem exibicionismos e cumprindo os compromissos. O simpático e habilidoso Toinho Contábil, de Ipaporanga, esteve semana passada no Tribunal de Justiça e assinou um acordo histórico: vai zerar a dívida de precatórios, algo inédito na história do município. Após muita luta, a maior obra hídrica de Crateús, o Lago de Fronteiras, vai ser iniciada graças a um esforço concentrado em que teve destaque o filho da terra Ivan Monte Claudino. O alcaide Godô, de Novo Oriente, oxigenou a equipe e realiza trabalho de motivação em busca do Selo UNICEF. O Prefeito Valterlin, de Independência, vencendo problemas de saúde e gargalos na gestão, começa a encher o município de obras.
PARA REFLETIR
“O Orçamento deve ser equilibrado, o Tesouro Público deve ser reposto, a dívida pública deve ser reduzida, a arrogância dos funcionários públicos deve ser moderada e controlada, e a ajuda a outros países deve ser eliminada, para que Roma não vá à falência. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar, em vez de viver às custas do Estado”. (Marco Túlio Cícero, 55 anos antes de Cristo ou há 2069 anos).
(Júnior Bonfim, no Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)
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