domingo, 22 de março de 2009

ÁGUA E O SOM!



Raramente percebemos, mas o SOM... Sensibiliza, Organiza e Movimenta todo o conjunto humano.

A contar dos primeiros estremecimentos da composição humana, as vibrações se associam à nossa estrutura e dela não se apartam. Desde o feto, somos sensíveis a sons agudos e vibrações intensas, mas também sofremos se a que nos gerou sentir qualquer outro tipo de propulsão. (Ainda gravitando no útero, como se um dos órgãos da mulher fosse, o embrião recepciona todas as sensações da mãe: da fina melancolia ao grave estresse, da tímida alegria ao efusivo prazer).

Toda a ambiência do feto é, pois, extremamente rica em estimulação acústica. Segundo os estudiosos, o som mais constante que o feto ouve é o da pulsação da principal artéria abdominal e o segundo mais freqüente é o da voz da mãe.

Hoje já está patente que os sons podem afetar e sensibilizar a criança desde a gestação. Se, no jardim da infância, já identificamos a presença das sementes sonoras, imaginemos essa influência no campo da juventude ou no vale da maturidade?

Outro dia tive acesso ao trabalho de um pesquisador japonês, Masaru Emoto, que revelou o efeito do som musical sobre os cristais de água. Quando a amostra de água usada na pesquisa ficou exposta a uma Sinfonia de Beethoven (ou As Quatro Estações, de Vivaldi, como na foto acima), os cristais resultantes ficaram belos, perfeitos e luminosos. Mas, quando as mesmas amostras de água ficaram expostas ao rock pesado ou ao heavy metal, apresentaram uma “desestruturação” de seus cristais, um “turbilhão confuso” – imagens de águas poluídas.

Setenta por cento da estrutura do corpo humano – pasmem! – é ÁGUA! Sensível, pois, à influência dos efeitos dos sons.

Faço estas divagações para chegar a uma modesta conclusão: o cuidado com o equilíbrio sonoro significa, em última escala, zelo com o ser humano.

O som funciona como elemento de poder simbólico: quem o utiliza de modo abusivo, desrespeita toda a comunidade a que pertence. Ao obrigar alguém a escutar a música que eu quero e no volume que estipulo, estou agindo de forma tirânica, arvorando-me de poder de juiz, atribuição de legislador, prerrogativa de autoridade. Estou ditando para os meus conterrâneos normas criadas única e exclusivamente por mim, sem a necessária anuência dos outros.

O que mais atrai uma pessoa a residir numa cidade interiorana é, precipuamente, a perspectiva da atmosfera pacífica, a convivência tranqüila, a ambiência calma que faz contraponto à rotina agressiva e aos furacões estressantes das grandes metrópoles.

Conservemos, na nossa urbe original, os salutares cristais da harmonia, os ares fraternais de província e, de modo especial na utilização do som, os evangélicos hábitos de respeito e amor ao próximo!

(Júnior Bonfim, in “Amores e Clamores da Cidade”)

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