Quando, ao jeito de pomba, beijou o hidrogênio
Com tudo que tinha de duplo na sua estrutura
A fina flâmula perpétua do oxigênio
Uma paixão os dominou... e na candura
Transformaram-se no mais múltiplo dos elementos:
((Potável, um dia não estarás mais poluída!)
Pois tu és quem fabricas, ó amada pelos ventos,
Alimento, alto lirismo, remédio e bebida.
Energética, das incolores és a mais colorida
Mais cheirosa das inodoras e gostosa das insípidas.
Ah! Tu, livre e poderosa, és arquiteta de beleza,
Poetisa que mudas a alma da Natureza
Em ti se esvaece o meu minério de mágoas.
- Ei, Senhor, passa pra mim a índole das águas!
(Júnior Bonfim, in “Poesias Adolescentes e Maduras”)
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