Este espaço se quer simples: um altar à deusa Themis, um forno que libere pão para o espírito, uma mesa para erguer um brinde à ética, uma calçada onde se partilhe sonho e poesia!
terça-feira, 8 de setembro de 2009
ENTREVISTA
(Por Dideus Sales)
Na contracapa do seu livro “Amores e Clamores da Cidade”, escrevi que Júnior Bonfim é orador insigne, político habilidoso, poeta iluminado e cronista maiúsculo.
Conheci-o ainda muito jovem, no alvorecer da década de oitenta, e fiquei impressionado com tamanha desenvoltura, ocasião em que discursava para platéia superior a cinco mil pessoas que, como eu, acompanhava enlevada a cachoeira de frases muito bem metaforizadas e ricas em sintaxe.
O seminário fora a roça onde colhera os frutos que alimentaram e solidificaram sua prática humanística. Inebriado, sorvera na fonte do mensageiro da dignidade D. Fragoso, gota a gota, sábias lições de justiça social e de amor ao próximo.
Elegante ator dos palcos da política, não aplica revanchismo, usa a verve com competência para transitar nos íngremes e ínvios terrenos antagônicos, apregoando a conjugação do verbo contemporizar.
Sua nova obra é uma miscelânea tecida com fios da alma. Uma cascata que se derrama no Saara cultural da nossa terra e nos chega com toda graça, oferenda deste fulgurante escritor que se consolida como o melhor cronista da pátria dos Caratiús.
Integrante da GENTE AÇÃO, Júnior assina a Coluna “Gente Que Brilha”, onde apresenta perfis de crateuenses que se destacam nas suas áreas de atuação.
Hoje, recebemos o JB para um bate-papo.
GENTE DE AÇÃO – Como foi o lançamento do seu livro em Fortaleza?
JÚNIOR BONFIM – Para mim, um evento memorável. Primeiro, porque se transformou em um fraterno e emocionante encontro da colônia crateuense, que compareceu em grande número à festa. Segundo, porque agregou outros segmentos com os quais temos contato permanente: imortais da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF, à qual pertencemos; colegas operadores do direito; irmãos de militância maçônica; figuras expressivas do mundo político que atuam nas mais variadas agremiações partidárias; amantes das letras de todos os matizes e, por fim, amigos e amigas com os quais tecemos o linho da amizade. Obviamente, o fato do grande poeta e acadêmico Juarez Leitão, cuja eloqüência é festejada nas mais altas rodas literárias da Capital, haver se colocado à disposição para fazer a fala de apresentação foi um grande chamariz. Comoveu-nos especialmente o comparecimento de uma caravana de Aracati e a chegada surpreendente do estimado Senador José Neri, que nos brindou com um caloroso depoimento.
GENTE DE AÇÃO – Como está sua vida atualmente?
JÚNIOR BONFIM – Vivo hoje dedicado a um tripé que pode ser sintetizado em três efes:
- forense – que compreende o exercício da atividade jurídica nos fóruns aquecidos pelo sol do nosso sertão e nos Tribunais bafejados pela brisa do litoral, onde milito na advocacia com paixão e alegria;
- filantrópico-literário – abarca a necessidade que sempre alimentei de estar desenvolvendo algum trabalho suscitador da alegria de outras pessoas, da felicitação dos demais, visto ser algo que sempre retorna prá gente mesmo. É isso que eu procuro passar na Coluna que lapido nesta Revista. E também na página que assino no Jornal Gazeta do Centro-Oeste, de Crateús. Aliás, está na dedicatória do meu último livro que o escrevi fruto das provocações que você, amigo Dideus, e o jornalista César Vale me fizeram. Eis a razão de a obra ser dedicada a vocês dois.
GENTE DE AÇÃO – Você também possui uma página pessoal na internet?
JÚNIOR BONFIM – Ah! É verdade. Alimento um blog cujo acesso é pelo endereço http://juniorbonfim.blogspot.com/. Digo lá que é um espaço que se quer simples: um altar à deusa Themis, um forno que libere pão para o espírito, uma mesa para erguer um brinde à ética, uma calçada onde se partilhe sonho e poesia!
GENTE DE AÇÃO – E o terceiro efe, qual é?
- é o familiar – as ondas tempestuosas da militância social, onde sempre estive imerso, via de regra nos impõem, dentre outros, um sacrifício íntimo: o distanciamento do universo familiar. Tenho buscado, ultimamente, reparar um pouco esse contratempo.
GENTE DE AÇÃO – Você tem algum projeto literário futuro? Pensa em escrever outra obra?
JÚNIOR BONFIM – Sim. Acho extremamente fascinante o manejo da escrita ou a arte de renomear as coisas. Meu primeiro livro foi de poesias; o segundo, de crônicas. Penso em desenvolver outra modalidade. Mas, antes de tudo, procuro cuidar do principal: regar o jardim dos bons pensamentos. Os franceses ensinaram que “bem escreve aquele que bem pensa”. E, ademais de pensar correto, procurar alimentar o laço matrimonial entre prédica e prática, entre a palavra gerada (seja ela escrita ou falada) e a ação desencadeada. Escrever ou falar nos coloca no palco da observação coletiva. Somos analisados por quem nos lê ou escuta. Por isso, temos que estabelecer uma vigília permanente sobre o nosso interior, ficar em sintonia freqüente com a voz íntima, a da consciência, que indica a trilha correta.
GENTE DE AÇÃO – Como surgiu a idéia de fundar a Academia de Letras de Crateús?
JÚNIOR BONFIM – Em 2007, quando ingressei na Academia de Letras Municipalista do Ceará – AMLECE – hoje, Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF, fiquei laborando mentalmente a idéia de fundarmos um Sodalício de Letras em Crateús. A semente germinou, a Academia foi oficialmente fundada em junho passado e os primeiros frutos estão surgindo, inclusive com o lançamento de obras novas de alguns acadêmicos.
GENTE DE AÇÃO – E o trabalho na área jurídica?
JÚNIOR BONFIM – Como ressaltei, é outra das minhas paixões. A pugna advocatícia é, a um só tempo, árdua e empolgante, desafiadora e envolvente. Associei-me a um grupo de colegas que atuam na área que tenho mais identificação, que é o Direito Público, e estou no pleno exercício desse múnus, que exige dedicação permanente.
GENTE DE AÇÃO – Qual o seu pensamento sobre a próxima eleição da OAB no Ceará?
JÚNIOR BONFIM – O processo eleitoral é um momento privilegiado para estimularmos o calor do debate, o aprofundamento das discussões. Tenho uma posição que, desvinculada de qualquer questão pessoal, é de natureza eminentemente conceitual: acho que é mais de uma reeleição, ou o chamado “terceiro mandato” – em qualquer esfera – é pouco republicano. No entanto, pondero que o debate jamais há que se quedar somente a esse item. Precisamos realizar uma reflexão abrangente, com caráter de totalidade, a fim de redesenharmos o papel de uma instituição que sempre esteve presente nos mais altos momentos da vida nacional.
GENTE DE AÇÃO – Que mensagem você quer deixar aos leitores da Gente de Ação?
JÚNIOR BONFIM – Faço minhas as palavras de Chaplin: “Nosso cérebro é o melhor brinquedo já criado: nele se encontram todos os segredos, inclusive o da felicidade.”
(Publicada na Revista GENTE DE AÇÃO)
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Um comentário:
Olá Júnior,
Eu tinha apenas rabiscos de seu retrato, com traços pinçados de seu próprio blog.
Dideus Sales, com a competência que lhe é peculiar, desenhou você com todas as letras nesta magnífica entrevista.
Fiquei encantada com a arte final.
Parabéns aos dois.
Dalinha Catunda
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