Abaixo do berro
Nestor Duarte, deputado e escritor, viajava pelo interior da Bahia com o jornalista Nilson de Oliva César. Conheceram um pistoleiro cego:
- Como é que o senhor faz para matar sem ver?
- Ah, doutor, eu grito o nome do cabra. Quando ele responde, atiro num palmo abaixo do berro. Não erro um.
Coligações
Eis a radiografia das coligações no país: a coligação entre PT e PMDB contempla os seguintes Estados: Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins. A coligação entre PSDB e DEM abrange: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Paternidade/maternidade
A campanha começou e a disputa se instala em muitas áreas: quem é pai e quem é mãe de alguns programas-chave? Quem é o pai do FAT? E quem é o pai do Bolsa Família, símbolo da era Lula? Os tucanos estão sempre puxando a paternidade da Bolsa para sua floresta. Os petistas argumentam que ele faz parte de sua seara. Vamos lá. Ambos têm algo com a paternidade, ou se quiserem, com a maternidade do programa.
Fundo de Amparo ao Trabalhador
Primeiro, vamos à paternidade do FAT. Em 1988, o deputado Jorge Uequed (PMDB-RS) apresentou um projeto criando o FAT. Em 1989, José Serra propôs, em maio, o projeto de lei 2.250 também regulamentando o FAT. Foi considerado prejudicado porque já havia sido aprovado projeto semelhante. Vale lembrar que o projeto aprovado em plenário em 1990 em regime de urgência (PL 7.998) levou em consideração um substitutivo diferente do projeto original de Uequed. Mas os tucanos dizem que o PL aprovado se baseou na emenda sugerida por Serra. Consta, ainda, que Serra apresentou em 1992 outro projeto de lei prorrogando para 30 de junho daquele ano o prazo para concessão de seguro desemprego especial. Resta, por último, lembrar que o seguro desemprego foi criado em 1986 pelo presidente Sarney, mas era considerado precário.
Bolsa Família
Em 1991, o Senado aprovou projeto de lei do senador Eduardo Suplicy (PT/SP), que instituía o Programa de Garantia de Renda Mínima (PGRM), segundo o qual toda a pessoa de 25 anos ou mais que não recebesse o equivalente, hoje, a cerca de R$ 350,00 teria o direito de receber 30%, ou até 50%, da diferença entre aquela quantia e sua renda. Posteriormente enviado à Câmara dos Deputados, o projeto recebeu parecer favorável do deputado Germano Rigotto (PMDB-RS) mas, até hoje, apesar de pronto, aguarda para ser votado.
Campinas e Brasília
Ainda sob o amparo bíblico do rei Salomão, vale anotar que ambas as siglas estão por trás da ideia original da Bolsa, eis que exemplos pioneiros e simultâneos de políticas de combate à pobreza foram o Programa de Garantia de Renda Mínima (PGRM) e o Bolsa-Escola, implantados em 1995 e patrocinados, respectivamente, por um tucano, o ex-prefeito Magalhães Teixeira, de Campinas, e o então petista Cristovam Buarque, ex-governador do Distrito Federal. Pouco antes, em 1993, o sociólogo Betinho levantava a bandeira da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.
Ciclo FHC
Vieram, depois, os desdobramentos. No ciclo FHC, José Serra criou o Bolsa Alimentação e o ministro da Educação na época, Paulo Renato, sob a supervisão da antropóloga Ruth Cardoso, instalava o Bolsa Escola e o programa de erradicação do trabalho infantil. A era Lula abriu mal sucedido Fome Zero, que deu lugar à unificação dos programas de distribuição de renda, surgindo assim o Bolsa Família, hoje poderoso canal que despeja nos lares de 12,4 milhões de famílias (totalizando 49,2 milhões de beneficiários) cerca de R$ 13 bilhões.
Efeitos
Os resultados dessas e de outras experiências positivas de Renda Mínima e Bolsa Escola se alastraram por muitos municípios e alguns estados, vindo a ter repercussão no Congresso Nacional, onde surgiram mais seis projetos de lei dos deputados Nelson Marchezan, (PSDB/RS), Chico Vigilante (PT/DF) e Pedro Wilson (PT/GO) e dos senadores Ney Suassuna (PMDB/PB), Renan Calheiros (PMDB/AL) e José Roberto Arruda (na época, do PSDB/DF).
Deu-se o vice-versa
Dr. Dantinhas, deputado da Bahia, elo de todo um clã político do Estado (neto do barão de Geremoabo), foi convidado para padrinho de casamento da filha de um coronel do sertão. No dia de viajar, recebeu telegrama:
- Compadre, não precisa vir. Deu-se o vice-versa. Menina morreu.
Promoção de caixão
Na porta da funerária, velório em andamento, seu Lunga e vizinhos conversando baixinho, caras tristes. Passa um conhecido: "O que o sr. está fazendo aí, seu Lunga?"
- Estou na fila pra promoção de caixão com pequenos defeitos.
Escolha a rima
A fama de seu Lunga se espalha pelo mundo.
Um turista português senta em sua mesa, quando se refrescava com uma cerveja gelada.
- O Senhoire me esclareça: é "seu Lunga" ou "seu Longa" ?
- Com qual rima o sr. prefere?
(Colaboração de João Thomas Luchsinger, defensor público em Manaus, casado com uma cearense de Itaiçaba)
Novo modelo de segurança
As regras gerais do Regulamento de Segurança da FIFA disciplinam exaustivamente a segurança privada nos grandes eventos futebolísticos, dentre eles, itens primordiais, como princípios fundamentais, arredores e perímetros do estádio, vias de acesso e evacuação, medidas e equipamentos de segurança, proteção contra fogo e primeiros socorros, proibição de bebidas alcoólicas, código de conduta, integração da polícia de segurança pública e os seguranças privados e suas tarefas, seu campo de abrangência e etc. Desde já, o setor vem se preparando para desenhar um novo modelo de expansão para que a segurança se enquadre nestas exigências da maior competição mundial do futebol.
Copa, uma oportunidade
"Hoje, o Brasil não adota o modelo integrado de segurança, no qual as empresas privadas atuam dentro dos estádios e a polícia militar nas vias públicas, intervindo quando necessário, como ocorre em outros países. Acreditamos que a Copa seja a oportunidade para começarmos a aplicar este modelo que, certamente, potencializa a eficácia da estratégia de segurança, quando efetuado por uma empresa regular", argumenta o presidente do Sesvesp (Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo), José Adir Loiola.
O país dos impostos
O Brasil apresenta a conta: são 72 impostos, contribuições e taxas. Diz o SEBRAE: a taxa de mortalidade das empresas é de 29% no 1º ano, 42% no 2º ano, 53% no 3º ano e 56% no 4º ano.
De onde virão os votos
Eis aqui a tabelinha de onde virão os votos da vitória de um (ou de uma) e da derrota de outro (ou de outra). Centro-Oeste, eleitorado: 9.547.231 (7,121%). Exterior, eleitorado: 169.825 (0,127%). Nordeste, eleitorado: 36.091.327 (26,918%). Norte, eleitorado: 9.796.530 (7,306%). Sudeste, eleitorado: 58.384.124 (43,544%). Sul, eleitorado: 20.091.480 (14,985%). Eis o total do eleitorado brasileiro: 134.080.517.
Dilma, aqui, e Serra, lá
Dilma Rousseff decidiu, nesse início de campanha, priorizar o sudeste, a partir de São Paulo, onde perde nas cidades grandes e médias por 20 pontos para José Serra. Já o tucano decidiu priorizar o nordeste, onde perde para Dilma por uma diferença de mais de 20 pontos.
Moldura regional
Lembremos. Serra avançou no sul, onde passou de 38% para 50%. Dilma perdeu terreno na região, caindo de 35% para 33%. No sudeste, o tucano ampliou a vantagem de 10 para 13 pontos. No nordeste, Dilma foi de 44% para 47%. E no norte/centro oeste, os dois avançaram.
Chamando para a briga
Serra insiste em chamar Dilma para a briga. Ataca a candidata petista, diz que ela é mais fraca que o PT, faz gozação com a rubrica que ela fez no programa enviado ao TSE etc. E Dilma cai na rede. Rebate o tucano. Entra no jogo de Serra. Que abre espaço na mídia e deixa Dilma na defensiva. Ou seja, a ex-ministra comete um erro : dar explicações contínuas à opinião pública.
Morte do JB
O velho e bom Jornal do Brasil, onde aprendi a escrever as primeiras letras no jornalismo, está à beira da morte. A versão impressa deixará de circular. Apenas a versão eletrônica permanecerá. O JB, nessa versão tablóide, já se apresentava como um ente capenga. Sob lamento, dou adeus ao ex-grande jornal.
Adeus, Paulo Moura
Comovido, dou também Adeus ao grande Paulo Moura, 78 anos. Um dos saxofonistas e clarinetistas mais requisitados no Brasil e no exterior, Paulo Moura foi reconhecido no ano 2000 com o Grammy - o maior prêmio da música mundial, com seu trabalho "Pixinguinha: Paulo Moura e os Batutas". Paulista de São José do Rio Preto, Paulo Moura nasceu no dia 15 de julho de 1932, numa família de instrumentistas. Aos 9 anos, ele pediu para estudar música e começou a tocar clarineta. Aos 14, entrou para o conjunto do pai. Paulo Moura gravou o primeiro dos 40 discos em 1956. Ele chegou a integrar a orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Moura tocou com grandes nomes da MPB, como Elis Regina e Milton Nascimento.
Vi seu último show
Tive a felicidade de ver Paulo Moura por ocasião da Virada Cultural, essa última, ocorrida há pouco tempo. Lá pelas 10 da noite, ele começou seu belíssimo show no Centro Cultural São Paulo, na av. Vergueiro. Que maravilha. Sábado passado, um grupo de amigos foi ao quarto do músico, na Clínica São Vicente, no Rio. O grupo de artistas tocou várias canções de Paulo. E ele, feliz, pegou sua clarineta, foi à varanda e tocou, com Wagner Tirso, "Doce de Coco", de Jacob do Bandolim. Estava dando adeus ao mundo. E à música.
Nome da bola
Brasileiro é mesmo um gozador. Quatro anos antes, já começa a dar nome à Jabulani. Eis alguns já mapeados: Amazônia, Arrastone, Boladona, Bussunda, Brasuca, Carambola, Caturrita, Chimbinha, Chulipa, Gorduchinha, Jaburaca, Jabá-lani, Jabá-nela, Jabulula, Jabutica, Joaninha, Mulata, Pelé, Pelota, Propina, Popozuda, Rebolation, Redonda, Roubulani, Samba, Sambabamba, Trombadinha. Tanajura, Uirapuru e Zumbida.
Cooperativismo oportunista
As falsas cooperativas usam sempre o expediente de burlar a lei para alavancar seus negócios. Como se sabe, o cooperativismo se rege por normas próprias. Hoje, as cooperativas de trabalho se multiplicam no país, fazendo concorrência com as empresas que prestam serviços. Estas são obrigadas a arcar com uma batelada de tributos, impostos e ônus burocráticos. Já as cooperativas não enfrentam tantas barreiras. Daí a concorrência desleal. Por isso, deve-se aplaudir o decreto 55.938, de 21 de junho deste ano, baixado pelo governador Alberto Goldman. Proíbe a participação de cooperativas nas licitações promovidas pela Administração, direta e indireta do Estado de São Paulo. Exemplo a ser seguido.
Conselho aos fichas-sujas
Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Hoje, volta sua atenção aos políticos fichas-sujas:
1. Não corram com muita sede ao pote. Ou seja, não abram muito o bolso, porque poderão perder um bom dinheiro.
2. O TSE examinará, em agosto, o mérito da questão. Os fichas-sujas poderão ser proibidos de entrar na campanha.
3. Tenham um plano B ou mesmo C. No caso de serem impugnados pelo TSE, para onde irão seus votos? Quem serão os herdeiros de seu legado político?
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(Gaudêncio Torquato)
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