domingo, 25 de novembro de 2012

CRONISTA RETRATA A HISTÓRIA DE CRATEÚS EM NOVO LIVRO






Crateús "Cratheús - Do Portão da Feira aos Galos das Torres" é o terceiro livro da lavra do professor, poeta e cronista Raimundo Cândido Teixeira Filho. O lançamento ocorreu neste município no dia 17 de novembro último, dia em que completou um ano de falecimento de sua genitora, a educadora Maria Delite Menezes Teixeira, grande incentivadora do autor e mestra da maioria dos crateuenses. Por esse motivo, o autor escolheu como palco para o evento a calçada do Externato Nossa Senhora de Fátima, instituição fundada por ela e que o autor considera como uma extensão da sua casa. Em breve, a publicação será lançada na Capital, Fortaleza.

A obra é a primeira incursão do autor no mundo da crônica. Antes escreveu "Karatis", em 2008, e dois anos depois "Raiz do poema teorema pra nos tanger e outras esquisitices ao quadrado". Em ambas predomina a poesia, uma das maiores paixões do autor. "Karatis" enfocou a poesia regionalista e a segunda publicação traz uma curiosa relação poética da matemática - disciplina à qual leciona - com a existência humana.

Na atual publicação, Raimundo Cândido traz à memória do crateuense a história da cidade por meio de personagens e fatos. Em verso e prosa, o autor faz "um resgate histórico da cidade com personagens, políticos, retratando profissões, momentos vividos, lembranças e fatos. É uma miscelânea de fatos e histórias", define o autor.

A homenagem à sua mãe, exemplo de vida, de profissão e incentivadora, está expressa na crônica "O Ipê e Colibri", em que, com um diálogo entre anciãos, o escritor remete à dedicação de Delite Menezes à educação. "Deixamos as sementes plantadas, e mais do que nunca percebemos o valor daquela sua proposição máxima: Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. Lembra-se!". Mais adiante, outro trecho destaca "Senhora, eu confesso que me emocionei quando disse em tom de despedida: Dei tudo de mim pela educação. A senhora criou um belo amanhã nas cartilhas amareladas do ontem!". De acordo com ele, é um dos momentos mais fortes do livro porque a sua mãe orientou e acompanhou toda a construção da obra. Levava os textos para ela, que lia, analisava e fazia sugestões, sempre acatadas pelo autor. "Ela dizia o que não gostava e eu acatava as suas valiosas opiniões. Chegou a ver todo o conteúdo do livro, antes de falecer", diz.


Desconhecidos


Marcante contribuição presta à cidade ao relembrar personagens importantes da história, que ao contrário de D. Delite, muitos são "ilustres desconhecidos" dos crateuenses. Nesse contexto, Raimundinho, como é conhecido o autor, destaca as crônicas "Caçadores de Tesouros" e "Coriolano - Príncipe dos Poetas", em que resgata o poeta crateuense, José Coriolano de Souza Lima nascido em 1829 e que é pouco conhecido em sua terra. Aliás, não fosse nominar uma movimentada rua no centro da cidade, Coriolano seria completo desconhecido, especialmente para as novas gerações.

Na crônica "Caçadores de Tesouros", Cândido conta que o sentimento de reavivar a memória de José Coriolano surgiu ano passado, quando a Academia de Letras de Crateús (ALC) iniciou os escritos e pesquisas para a publicação do livro "Crateús 100 Anos", comemorativo ao centenário de Crateús. Ele e os acadêmicos Flávio Machado e Edmilson Lopes enveredaram pelos difíceis caminhos - devido à falta de documentos e de indicação de parentes ou familiares - da pesquisa sobre Coriolano.

O resgate do nobre crateuense, inclusive, tornou-se bandeira de luta da ALC - da qual Raimundo Cândido é membro - e no início de 2013 por ocasião do II Encontro de Escritores Cearenses, em que Crateús anfitrionará os literatas cearenses o busto de Coriolano retornará à Praça da Matriz, de onde foi retirado há algumas décadas. De acordo com o autor, pela própria família, indignada com a falta de conservação da estátua. A homenagem ao poeta havia sido feita em 1947, com um monumento inaugurado pelo então prefeito Afonso de Almeida Vale.

"Foi quando os três mosqueteiros, como uma infalível cavalaria, entraram em ação numa descomedida busca pelo torso do poeta. Conjecturava-se: ´um busto tão pesado não pode ter saído a andar por aí, ou criado asas imitando a imaginação do poeta Coriolano!´. Por fim, alguém afirmou: ´Tenho certeza de que o busto foi derretido!´. Uma tristeza enorme apossou-se dos animados caçadores de poetas, deixando-os em desalento profundo e, com olhar incrédulo, perguntávamos ao vazio: "Como pode um líquido brônzeo que representa nossa poesia, escoar pelo ralo da ingratidão e desaparecer nas coxias da ignorância?´", diz um dos trechos da crônica dedicada ao poeta crateuense, considerado o "Principe dos Poetas", pelo Estado do Piauí, à qual Crateús pertencia naquela época.

Mais Informações:

ALC: Rua do Instituto Santa Inês, 231 - centro - Crateús/CE -
Tel. do autor: (88) 8834.9154 ou http:academiadeletrasdecrateus.blogspot.com/


SILVANIA CLAUDINO
REPÓRTER (No Jornal Diário do Nordeste de hoje)

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