Este espaço se quer simples: um altar à deusa Themis, um forno que libere pão para o espírito, uma mesa para erguer um brinde à ética, uma calçada onde se partilhe sonho e poesia!
terça-feira, 10 de novembro de 2009
BIBLIOTECA
As primeiras bibliotecas nasceram na Mesopotâmia cerca de 3.000 anos antes de Cristo, sob o húmus conceitual de guarda e manuseio de material escrito, que na época se constituía de placas de argila. Comenta-se que a biblioteca de Nínive, a primeira da história, chegou a abrigar mais de vinte e cinco mil dessas placas de argila. Depois, surgiram os rolos de pergaminho, os papiros... até chegarmos ao nosso atual papel.
“Diz-se que a alma das civilizações reside nas bibliotecas” – foi o que ouvi, mês passado, durante a solenidade de outorga da medalha Boticário Ferreira ao bibliófilo José Augusto Bezerra, meu confrade na Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, ao ser saudado pelo edil Paulo Facó, que acrescentou: “Amar os livros e construir bibliotecas figura entre as mais admiráveis propensões humanas”. Cícero, um dos maiores oradores da humanidade, asseverou: "Se tiveres um jardim perto da biblioteca, nada te faltará."
Sucede que esses espaços de ordenamento da sabedoria parecem se constituir verdadeiros afronta à insanidade humana, à ignorância feita arrogância, ao reinado do abuso e à fúria da ganância. É como se esses recintos que zelam a produção da virtude insuflassem permanentemente o embrutecimento das relações.
A mais famosa edificação de ordenação livresca e o maior referencial cientifico e cultural do Mundo Antigo, a biblioteca de Alexandria, era um lugar onde a jovem princesa Cleópatra, fascinada por leituras, se dirigia quase que diariamente a fim de revigorar o espírito. (Diferentemente do que muitos pensam, Cleópatra impressionava, além dos dotes físicos de beleza, pelo brilho cultural. E esse fulgor de sapiência foi decisivo na sedução ao imperador César). Pois bem, esse extraordinário espaço foi destruído pelo califa Omar.
A grande biblioteca de Atenas, a primeira de natureza pública que se tem ciência, foi saqueada por um rei Persa chamado Xerxes, também conhecido como Assuério.
Quando menino, mirava com admiração, ao lado da Catedral do Senhor do Bonfim, no meio da praça da matriz de Crateús, a Biblioteca Pública Municipal. (Inconscientemente, era como se estivéssemos relembrando a Grécia Clássica, onde as bibliotecas eram abrigadas nos templos). Um dia, a pretexto de se reformar e embelezar a praça, aquele prédio imponente e acolhedor foi destruído.
Passados vários anos, como que reparando o delito, um novo espaço foi erigido, juntamente com o Teatro Municipal, ao lado do Colégio Regina Pácis e da Casa de Cultura João Batista. Defronte à via de realização do carnaval popular, que faz da área o corredor cultural da urbe.
Teatro Rosa Morais, Biblioteca Norberto Ferreira Filho, o Ferreirinha. Justa homenagem ainda em vida a dois reitores da cultura e do saber, do magistério e da historiografia. Patrimônios da cidade.
Porém, a informação de que a Biblioteca Pública Municipal, na consecução do projeto de reforma da Praça na qual está inserida, poderia ser demolida, causou enorme comoção nos meios literários da cidade.
Seria mais uma contusão no miolo da cidadania, ainda ressentida, em sua sensibilidade ambiental, da derrubada de árvores centenárias na rua desembargador Olavo Frota. Cortar árvore e demolir biblioteca é como se esfaquear o coração cultural de uma comuna. É algo mais potencialmente lesivo do que uma mera dor física. Atinge os escaninhos da alma, o recôndito da consciência, a invisível gruta dos sentimentos.
Talvez lembrando da máxima de Samuel Johnson de que "nenhum lugar proporciona uma prova mais evidente da vaidade das esperanças humanas do que uma biblioteca pública" - a Academia de Letras de Crateús – ALC – tratou do assunto e constituiu uma comissão para fazer gestões no sentido de estancar essa descabida idéia.
O esforço vingou. A biblioteca, ao que se tem ciência, permanecerá incólume.
Do imbróglio poderemos extrair a lição: olhemos mais, vislumbremos melhor, aproveitemos mais a nossa modesta biblioteca. Pois, como bem ensinou Ralph Waldo Emerson: "Que imenso tesouro pode estar oculto em uma biblioteca pequena e selecionada! A companhia dos mais sábios e dignos indivíduos de todos os países, através de milhares de anos, pode tornar o resultado de seus estudos e de sua sabedoria acessíveis para nós."
(Por Júnior Bonfim - na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro-Oeste)
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Um comentário:
Prezados:
Tenho a seguinte relação de livros gravados em áudio (MP3).
São destinados a Portadores de Deficiência Visual.
Esse trabalho não fere a Lei do Direito Autoral, sendo garantida a divulgação sem ônus com essa finalidade.
Já distribuo esse material para várias instituições/audiotecas/bibliotecas em todo o Brasil, o que muito me honra.
Caso haja interesse, posso encaminhá-los a qualquer Instituição interessada, desde que sejam destinados exclusivamente a PDVs.
Trata-se de um trabalho voluntário. Dessa forma, não há nenhum custo para envio e gravação ou qualquer outro.
1. O PEQUENO PRÍNCIPE - ANTOINE DE SAINT EXUPÈRY
2. DOM QUIXOTE - MIGUEL DE CERVANTES (uma adaptação para o público infanto-juvenil)
3. ANIMORPHS - K A APPLEGATE (ficção científica infanto-juvenil)
4. HISTÓRIA DAS INVENÇÕES - MONTEIRO LOBATO
5. MENTES PERIGOSAS - ANA BEATRIZ BARBOSA SILVA
6. FELIZ ANO VELHO - MARCELO RUBENS PAIVA
7. OS 100 SEGREDOS DOS BONS RELACIONAMENTOS – DAVID NIVEN
8. COMÉDIAS DA VIDA PRIVADA – LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO
9. O SEGREDO – RHONDA BYRNE
10. CAPITÃES DE AREIA – JORGE AMADO
11. CASA DE PENSÃO – ALUÍSIO AZEVEDO
12. A VIDA ESCREVE – ESPÍRITO HILÁRIO SILVA, PSICOGRAFIA DE FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA
13. O CHALAÇA - JOSÉ ROBERTO TORERO
14. DIVÃ – MARTHA MEDEIROS
15. 1968, O ANO QUE NÃO ACABOU - ZUENIR VENTURA
16. ANNA DE ASSIS – HISTÓRIA DE UM TRÁGICO AMOR – JEFERSON DE ANDRADE
Susana Atan Galan
susag@terra.com.br
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