terça-feira, 18 de novembro de 2008

COLUNA OBSERVATORIO



Júnior Bonfim

A cidade de Crateús vive sob uma atmosfera de especulações em torno da futura Administração. Semana passada, alguns fatos contribuíram para uma maior ebulição desse caldeirão investigativo. Como o resultado dessa eleição foi fruto de um movimento de massas, onde se gerou uma expressiva expectativa de respeito à cidadania e abertura para um processo de exercício de instrumentos de democracia direta, é natural que o povo se sinta sujeito de todos os debates.

O TEMPO

Um dos principais debates que toma conta dos meios políticos é sobre o tempo de dedicação de Carlos Felipe ao gerenciamento da coisa pública. Como é de sabença coletiva, o futuro alcaide é o primeiro que assumirá residindo, de fato, fora de Crateús. Divulga-se que o novo Prefeito permanecerá apenas três dias por semana no município, pois não pretende abandonar a medicina (naquela lógica: médico, é; prefeito, está). Questão aparentemente simples, esse assunto tem causado certa preocupação nos meios populares. Raciocina o cidadão comum: “ora, se os outros, mesmo morando aqui, tiveram dificuldade de dar conta do recado, imagine este morando fora...” Em verdade, o assunto é mais sério do que se pensa. O amplo respaldo recebido das urnas sinaliza que o povo almeja alterações profundas, o que exigirá dedicação integral á causa. Existe, porém, quem argumente que, delegando poderes a um “gerentão” de confiança, tudo estará resolvido.

SECRETÁRIO

Na esteira desse raciocínio, surge a pergunta: quem é o mais potencial candidato a ser esse homem forte? Quem vai ser o primeiro-secretário? Excetuadas as eminências pardas, três nomes despontam no rol daqueles que deverão dar as cartas na próxima gestão. O primeiro é Mauro Soares, o vice-prefeito eleito. Cotado para assumir a Chefia de Gabinete, Mauro é um político experiente e que detém plena consciência do papel histórico que está reservado á futura gestão. O segundo é Elder Leitão, que foi um dos articuladores de linha de frente de Zé Almir no começo do atual mandato. Homem de negócios, Elder é habilidoso no trato pessoal e demonstra possuir grande ascendência sobre Carlos Felipe. Em raia própria, corre o primeiro-irmão João Alberto. Este conta com o respaldo do universo familiar e do círculo íntimo do gestor para assumir o papel de protagonista da cena administrativa.


INSATISFAÇÃO

Sobem aos céus os primeiros sinais de insatisfação no futuro bloco governista. O atual vice-prefeito Luizinho Sales, como uma espécie de porta-voz dessa inquietação, foi á Rádio Super Vale e abriu o verbo. Indagado sobre um possível entendimento entre Carlos Felipe e o PMDB, Luizinho afirmou que até agora o Prefeito eleito não havia lhe comunicado nada a respeito desse entendimento. Adiantou mais que reprovava esse tipo de acordo. Luizinho revela-se indignado com os desvirtuamentos de discurso, que tanto identifica na situação como na oposição. Acha uma traição ao povo alguém se eleger dizendo que não aceitava acordos e, de repente, já se colocar na linha de frente dessas costuras. Por outro lado, revolta ver gente que se dizia oposicionista e, antes das urnas esfriarem, correr para pular de lado. Esse sentimento de indignação externado pelo vice-prefeito encontra eco, no presente momento, em amplos setores da opinião pública.


CACHIMBO DA PAZ


Ao largo dos atritos, os ex-prefeitos Paulo Nazareno e Nenzé Bezerra fumaram o cachimbo da paz. Após o afastamento ocorrido durante a campanha – afastamento que muitos julgavam irreversível – os dois sentaram-se á mesa e chegaram á conclusão de que deveriam colocar em prática o lema “política, política – negócios á parte”. Acertaram que o senhor tempo, patrono da razão, deveria apontar a vereda pela qual haveriam de palmilhar.


CAMARA MUNICIPAL


A disputa pela Presidência da Câmara promete surpreender. O duplo favoritismo da oposição (se marchar unida, possui seis votos; em caso de empate, conta com o edil mais velho), em nada garante a retirada de grandes emoções na reta final. Betinha, a vereadora mais votada e candidata do bloco governista, trabalha com muito empenho visando a Chefia do Legislativo Municipal. Nego do Bento pondera que é hora de reconhecimento. Sucede que esta é uma batalha que requer perspicácia, humildade e inteligência. Como o colégio eleitoral é pequeníssimo, cada voto possui uma cotação altíssima.

PARA REFLETIR

Não há nada tão equitativamente distribuído no mundo como a inteligência: todos estão convencidos de que têm o suficiente. (René Descartes)


(Publicado na Edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste – Crateús, Ceará).

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