quarta-feira, 20 de maio de 2009

HOJE ANIVERSARIO!!!

A rigor, aniversário é motivo de regozijo, de comemoração, de congratulação comunitária.

Não sei bem explicar o motivo, mas sempre senti uma certa resistência no ato de se transformar o natalício em momento exógeno, de extravasamento festivo, de exteriorização de alegria.

Quando aniversario, adoro me agarrar às asas da reflexão endógena e voar para o desconhecido território lúdico que faz contraponto ao conhecido cotidiano lúgubre.

Talvez seja porque a relembrança da data em que nascemos nos remeta ao mais íntimo e profundo de nós mesmos, refazendo o itinerário fantástico que nos fez romper com a cápsula de ternura, com a nave de conforto protetivo, com a bolsa de afeto do útero materno e permitiu que abríssemos os olhos marejados para o espasmo do universo, para o espetáculo da existência, para o êxtase da vida!

Hoje, lembro especialmente de uma poesia que escrevi quando completei dezesseis anos e que expressa um pouco minha alma de poeta. Está um pouco ensimesmada, porém isso é próprio de quem, naquela época, incursionava pelas trilhas imoderadas da adolescência:

Que poderia eu dizer-te
Pelo aniversário, pela minha vida?

Só posso te dizer o que é possível
Dizer uma pessoa que ama
Com amor
O que não é amável!

Tenho apenas aquilo que é tudo:
O sorriso de infância, a alegria permanente!
E a alegria te envio
Como uma carta transparente.

Eu sou, camponesa, o errante menino
Que não se banha com lágrimas
Nem experimenta roupas de tristeza.

Ando somente com uma luz suave
E tudo aquilo que me toca
Sente o poder da amizade.

Agradam-me os violões
E as músicas que lhes saltam.

Admiro os pássaros... e quando saio voando
Tenho o coração mais vasto que o horizonte azul,
E o sol luminoso a cada dia de paz
Afasta de mim as dores e cicatrizes.

Para esta aventura te convoco, amiga,
Como uma abelha que convida outra abelha
Para conhecer a Árvore do Mel.

Quero que a partir de agora passes
A pertencer ao que é fecundo e germinal:
À vontade de nascer – das sementes
À teoria silenciosa – das noites
À fúria juvenil – dos ventos
À claridade derramada – das manhãs
À floração colorida – das primaveras!

Sou apenas aquilo que não sou
E por isso te desejo que sejas
Aquilo que hoje tu não és!

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