segunda-feira, 10 de novembro de 2008

GESTÃO – EIS A QUESTÃO!

O colunista Fábio Campos, do Jornal O POVO, levanta uma questão que há muito inquieta os estudiosos da matéria.

Na opinião de Michal Gartenkraut, presidente da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), o que pode realmente tornar o Brasil mais competitivo não é nem educação, nem infra-estrutura e nem reforma tributária, mas o investimento em gestão governamental.

Gartenkraut obviamente reconhece que melhorar a qualidade do ensino, eliminar os gargalos produtivos e diminuir a carga tributária são ações fundamentais. "Mas nesses campos o governo não estará fazendo nada além de compensar uma defasagem histórica", avalia. "Agora se de fato quisermos sair na frente da concorrência, a máquina pública tem de ser mais eficiente." Essa seria a forma mais barata e rápida de tornar o país capaz de gerar inovação. "O Brasil não é mais uma nação pobre", declara. "Desde que bem geridos, os recursos que nós temos hoje são suficientes para acelerar o desenvolvimento socioeconômico."

"Concentrar esforços em uma mesma direção é uma forma clara de estabelecer prioridades e organizar o funcionamento do Estado."

Trabalhos em conjunto com empresas (Parcerias Público Privadas) e Organizações Não Governamentais também podem, na visão de Gartenkraut, trazer mais eficiência à máquina pública. "O pragmatismo das empresas e a inventividade do Terceiro Setor seriam incorporados ao funcionamento do Estado durante esses projetos", sugere. "É uma forma produtiva de aprender."

Outra proposta de Gartenkraut é criar no governo uma "cultura de avaliação". Implantar em suas diversas áreas uma metodologia de medição dos resultados. Mas não apenas para detectar problemas. "Quando, por exemplo, o Ministério da Educação avalia as instituições de ensino superior, o ideal seria não apenas apontar o que está dando errado, mas também descobrir os bons exemplos e copiá-los."

O presidente da FNQ vê ainda outra vantagem nessa prática. "As avaliações são uma maneira de combater o 'corpo mole' no funcionalismo público, pois as pessoas sabem que seu trabalho está sendo acompanhado." Nesse caso, segundo Gartenkraut, o governo também se municiaria de dados para punir a ineficiência, aplicando corretamente o recurso da demissão por justa causa.

Implantar essas medidas não é coisa simples. Exige vontade política, transparência e disposição para contrariar interesses - palavras raras no vocabulário dos governantes. Por isso, a demanda por mudanças deve surgir na sociedade. "Com uma democracia madura e uma imprensa livre, há condições para que a população e a mídia tornem impossível a vida de um governo descomprometido com a eficiência", afirma.

Basta, segundo o presidente da FNQ, que o cidadão tenha consciência dos seus direitos. "A pressão deve vir de fora, pois vai ser muito difícil surgir um governante que queira comprar essa briga por livre e espontânea vontade."

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