sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

GENTE QUE BRILHA - RODRIGUES VALE



Sem embargo, razão assiste àquele pensador que afirmou que o rádio jamais seria substituído pela televisão, porque os americanos teriam que parar diante do aparelho de TV.

Se o rádio é insubstituível e inolvidável, mais ainda o são aqueles que o edificam e o tornam vivo. Em Crateús, há uma legenda histórica, uma bandeira expressiva, um estandarte representativo da radiofonia local. É Antonio Rodrigues Vale, o popular “Goleiro”, apelido recebido nos campos da infância quando era escalado para essa posição.

Nascido na Fazenda Graça, cresceu sem a graça do afeto paterno, cujo olhar nunca teve a oportunidade de divisar. Talvez, por isso, seja tão dedicado ao maior patrimônio que erigiu ao lado da esposa Irismar Sabóia: os filhos Harley (engenheiro mecânico), Océlio (contabilista pertencente aos quadros do INSS), David (oficial da Aeronáutica) e Danielle (concursada do Município lotada no Juizado Especial da Comarca de Crateús). Mas, sobremaneira, aos tesoiros que mais cultua: os netos Letícia, Julio César, Giovana e Isabele – os grandes amores de sua vida.

Crescido entre as manjedouras da pobreza, teve a fome como companheira e a necessidade como parceira. Morando na rua D. Pedro II quando ali era “praticamente só mato”, aprendeu desde cedo a enfrentar a aspereza da vida. Ainda menino, era seletivo na escolha das amizades. Aos doze anos trabalhava na Alfaiataria do ‘Bobola’ e do ‘Caramba’ – onde usava a força do sopro para aquecer as brasas do ferro de engomar.

Depois, descobriu que com a pujança e o calor da própria voz poderia acender e animar uma fogueira: o espírito gregário da gente de sua terra e região. Desde a fundação da Rádio Educadora de Crateús em 1962 até os dias atuais, mantém-se na rotina nunca monótona de radialista. Mesmo sem ter diploma, aprendeu na escola da vida. Dedicou-se com tanto afinco à profissão da existência que muitos o julgam um homem de formação superior.

É uma estante memorial viva da radiodifusão. Relembra, com nostalgia no peito e vivacidade no olhar, os grandes momentos da primeira emissora da sua terra, que promovia eventos memoráveis, como a escolha da Rainha do Rádio, que teve como primeira vencedora a senhora Margarida Batista. Permanece resplandecendo, no farol biográfico pessoal, o dia em que o então governador Virgilio Távora realizou o lançamento da energia elétrica na cidade, fincando o primeiro poste no centro da urbe. Jamais esquecerá a emoção que arrebatou os fiéis do Senhor do Bonfim por ocasião da chegada do primeiro bispo de Crateús, o profético D. Antonio Batista Fragoso. Relembra, com musical alegria, o sucesso do Programa Discoteca do Fã, onde o ouvinte pagava para ouvir a canção preferencial. Marcado ficou para sempre, também, o travo que tomou conta da língua ao ler a mais dolorosa notícia da vida profissional: o falecimento do ex-prefeito Olavo Cardoso.

No inicio da década de 1970, embalado pela enorme popularidade da sua atuação, Rodrigues resolve incursionar pelas veredas imprevisíveis da política. Candidatou-se ao Parlamento Mirim de Crateús. Foi ovacionado por mais de 10% (dez por cento) dos eleitores: num universo de 14.037 votos válidos, obteve 1.440 sufrágios. Depois dele, ninguém mais conseguiu esse fenômeno no município. Mas o intrincado palco da política era diferente da libertária cabine de rádio. E ele preferiu ficar com esta última.

No microfone, nunca abriu mão da liberdade jornalística. Mesmo vinculado a um esquema político específico, nunca descurou de exercitar a fortuna crítica que caracteriza os grandes homens de imprensa. Como uma peixeira afiada, sua palavra cortante vai direto ao coração dos problemas e desconcerta a alma dos criticados.

Quem desfruta da sua intimidade, sabe que é, no mais recôndito de si mesmo, uma figura do bem, que se embevece com as coisas simples da vida porque estas são, de fato, as mais profundas: a ambiência do lar, o papo desinteressado, um brinde no bar do “beijú”, o convívio com os amigos, as especulações do trabalho e o amor da família.

Rodrigues Vale, melhor seria te chamarmos Rodrigues Rádio, pois tua vida e a da radiofonia da nossa terra se confundem, uma vez que ambas desfilam na luminosa passarela dos sonhos de um mundo livre e justo, razão de ser da comunicação de massa!

Júnior Bonfim

(Publicado na edição de hoje da Revista GENTE DE AÇÃO)

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Meu Nobre Junior Bonfim



Você disse quase tudo a respeito do Rodrigues Vale. Porém, esqueceu Daquela que lhe trouxe ao mundo! Chamava-se Rosa, Dona Rosa, exímia Cozinheira! Por demais requisitada nos almoços festivos nas mais diversas residências.

Outra omissão meu Douto Doutor, esta gravíssima, sinceramente, merece por sua parte, pedido de desculpa à Nação Rubro Negra! Rodrigues Vale, Nosso Goleiro, é um fervoroso torcedor do Mais Querido do Brasil! Meu Nobre Junior, recuso-me a dizer o nome! Visto que, como Vocês Advogados falam "é fato público e notório"! ou seja, quem é o Mais Querido do Brasil! Portanto, Rodrigues Vale, como dezenas de milhões de brasileiros, nasceu sem desvio de conduta! É FLAMENGUISTA!

Abraços

FRANCISCO ANTONIO SALES SABÓIA - TICUÁ

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