“RESGATAR O ESSENCIAL”
Júnior Bonfim
Ouvi a frase acima outro dia numa reunião de trabalho. Um colega advogado disse que, neste início de ano, esta era a frase que pretendia colocar no frontispício de sua luta cotidiana. A oração acima me atravessou a mente. Mais: grudou-se em minha alma.
Esta é a primeira crônica que lapido no alvorecer deste 2009. Obviamente, ao sentar para construí-la, me veio a locução do causídico: Resgatar o essencial!
Nestes tempos paradoxais - que alternam simultaneamente momentos de límpidos horizontes e céus nebulosos, em que sobre uma aura de aparente prosperidade desce um raio de imensurável crise – o que nos toca buscar?
Extrair o óleo fino e aromático da árvore vital, recolher a seiva especial das coisas, apalpar a raiz fundamental de tudo. Eis o que, possivelmente, todos deveríamos fazer: colocar na ribalta as lições que essa quadra de inquietação reflexiva nos oferece.
Penso que, por sobre essa instabilidade financeira que atormenta os coletivos humanos de todos os matizes, palpita um desassossego civilizacional alimentado por razões muito mais profundas, cujas luzes só emergirão se nos dispusermos a ver o essencial. Este, à Saint Exupéry, só vemos bem com o coração.
Como abrir, então, as pálpebras delicadas do núcleo que comanda a consciência, sedia os sentimentos e produz as emoções?
Quais os meios para transitar por essa via que destaca o semáforo azul da alegria duradoura?
Comprovado está que, tão importante quanto a saúde mental e/ou emocional, é a saúde espiritual.
O psicólogo pesquisador Lewis Andrews, após dez anos estudando a ligação entre espiritualidade e saúde mental, concluiu que as pessoas que acreditam em Deus e adotam valores espirituais muito fortes são mais felizes, mais sadias e, na maioria dos casos, mais interessadas intelectualmente do que as pessoas que não o fazem.
Segundo o Professor José Emilio Menegatti, “na hipótese de você não ser tão entusiástico, como eu, sobre o valor dos conselhos bíblicos, recomendo que se lembre do seguinte: de acordo com a Revista Fortune, 91% dos executivos-chefes das “500 Maiores” empresas do país aprenderam aparentemente seus valores éticos e morais nas mesmas fontes – na Bíblia e na igreja. Pelo menos todos eles alegaram freqüentar igrejas protestantes, católicas ou sinagogas. Menos de 7% disseram que não tinham religião”.
Na visão do Professor Menegatti, a espiritualidade gera em nós qualidades indispensáveis:
Humildade - Um dos princípios cristãos é a humildade. A razão é simples: a humildade reduz o estresse. As pessoas humildes não acreditam que devam ter todas as respostas; conseqüentemente, não precisam fingir ter essas respostas, o que reduz a ansiedade. Quando a ansiedade diminui, a felicidade aumenta. Esse sentimento certamente melhora os seus relacionamentos. Afinal, ninguém gosta de se relacionar com um sabe-tudo. Com isso, seu número de amigos irá aumentar e sua felicidade também.
Amar ao próximo - “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:29). Ajudar ao próximo por razões puramente altruístas, sem ganhar nada, a não ser o prazer de prestar um favor ou praticar uma boa ação. As pessoas que só pensam em si desconhecem a alegria proporcionada pelo dar. Quem faz as coisas pelos outros sem visar ganho pessoal colhe grandes benefícios.
Saber perdoar - As pessoas que não têm fé quase sempre guardam mágoas, ressentimentos, rancor e amargura em relação aos outros e raramente, ou nunca, têm paz de espírito. A solução para essa situação é o perdão, que é um grande auxiliador para as pessoas espiritualizadas, pois sempre estaremos nos relacionando com pessoas imperfeitas, assim como nós.
Gratidão – agradecer agrada o ser – já disse uma vez. Agradeçamos sempre, porque dádivas recebemos diariamente.
Fortalecimento da fé - Da mesma forma que uma poupança financeira prescinde à realização de um bom empreendimento econômico, a reserva espiritual nos mantém firmes ante as intempéries da vida.
Somos uma construção de totalidade composta de corpo, mente e espírito. Resgatar o essencial é equilibrar essa tríade. Assim, nos tornaremos seres melhores!
(Publicado no Jornal Gazeta do Centro-Oeste de hoje)
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