quinta-feira, 27 de novembro de 2008

EM MEIO À CRISE, PETROBRAS PEDIU EMPRÉSTIMO À CEF


A informação foi levada ao plenário do Senado com ares de denúncia pelo tucano Tasso Jereissati (CE).

No final de outubro, mês em que a crise global se agravou, a Petrobras viu-se compelida a pedir dinheiro emprestado à Caixa Econômica Federal.

Coisa de R$ 2,02 bilhões. Dinheiro para capital de giro, com prazo de pagamento de 180 dias.

Renato Casagrande (ES), líder do PSB, apressou-se em telefonar para José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras.

Alcançou-o pelo celular. Depois, informou aos colegas o que acabara de ouvir:

1. Gabrielli confirmou que a Petrobras tomara dinheiro emprestado à CEF;

2. Disse que a operação foi "normal";

3. Tomou-se o empréstimo no Brasil porque o crédito no exterior secou;

4. Além da CEF, a Petrobras contraiu empréstimos no Banco do Brasil e no BNDES. Não foram mencionados os valores.

O curioso é que, em setembro, ao expor os resultados do terceiro trimestre de 2008, a Petrobras anunciara ao mercado lucros vistosos:

R$ 10,8 bilhões para o trimestre e R$ 26,5 bilhões no acumulado do ano. Coisa que não se registrava havia 21 anos.

A despeito disso, sem muito alarde, o Conselho Monetário Nacional autorizou a estatal a contrair empréstimos na rede bancária nacional.

“Essa operação não é corriqueira, não é típica da Caixa, que tem de cuidar de saneamento e habitação”, insistiu Tasso Jereissati.

“Mostra que a Petrobras não está conseguindo se financiar no mercado bancário privado”, completou.

O senador obtivera a informação no início da tarde. Disse ter levado o tema ao plenário à noite para não causar sobressaltos no mercado e na Bolsa de Valores.

Depois do pronunciamento de Tasso, Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB, protocolou um requerimento de convocação de Gabrielli.

Deseja que o presidente da Petrobras dê explicações à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

No mesmo requerimento, o tucanato pede o comparecimento de Maria Fernanda Coelho, presidente da Caixa. A convocação precisa ser votada na comissão.

Tasso exibiu aos colegas e aos repórteres um documento da CVM. Chama-se CCB (Cédula de Crédito Bancário - CCB para Capital de Giro).

Anota informações sobre o empréstimo, levadas pela Petrobras à CVM (Comisão de Valores Mobiliários) em 11 de novembro, às 19h15.

O PSDB divulgou a notícia também no portal que mantém na internet. Tratou-a como “denúncia”. O texto reproduz uma frase dita por Tasso no Senado:

"Nunca antes na história deste país a Petrobras precisou pedir um socorro desse tipo", dissera o senador, evocando o bordão de Lula.

Escrito por Josias de Souza

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