quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O CRISTO DOS INHAMUNS


(Poeta Estanislau Fragoso)

Eu vi Cristo
perdido
na capoeira seca
dos Inhamuns.

Seu rosto
estava queimado
pelo sol malvado
e seco
do sertão sem chuva.

Ele estava
de chapéu de couro
na cabeça
molhado de suor,
encurvado sobre o
cabo da enxada.

Suas mãos
estavam cheias
de calo, de sol e
de vontade
de rasgar um chão
com cheiro de chuva.

Sim! Eu vi Cristo
dos Inhamuns,
camisa grossa
com cheiro
de suor honrado,
corpo arranhado
pelos espinhos de
jurema preta,
seus pés empoeirados
de couro grosso
e curtido
e cansado de apanhar do chão.

Ele estava
quase sem dente...
apenas
uns caquinhos
de dor na gengiva
emperrada
e enferrujado
de mastigar
tão pouco.

Ah! Meu doce
Cristo dos Inhamuns
sem semblante,
sem face
e sem esplendor,
de pele enrugada
sem saber ler,
escrevendo um poema
de roça
no papel seco
da capoeira
cinzenta,
com a pena
do cabo da enxada.

Ah! Meu Cristo
com cheiro
de povo e de chão,
como eu te amei
quando te vi perdido
na capoeira seca dos Inhamuns.

Tive vontade
de por as mãos
e rezar,
meu Cristo dos Inhamuns,
ajuda-me a ser
homem
como tu, meu irmão!

(Enviado por "Ticuá")

OBSERVAÇÕES SOBRE O "OBSERVATÓRIO"

É isso JB,em verdade,a grande jornada que a humanidade não fez,que seria em si propria,ainda não foi feita,no que pese as inúmeras lições de iluminados como Jesus,Gandhi,Buda,etc tanto a clamarem; a maior parte das religiões distorceram e ainda distorcem seus ensinamentos;erguem-se templos, paramentam-se e se dizem representantes de Deus no planetinha.

Aquela corda atada, entre o homem e o além-túmulo do velho Friedrich Nietzsche, por quantas vezes ja não foi "torada"!.

Sugestão de musica para final do ano: A lista(Osvaldo Montenegro).

Paulo Nazareno


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Olá Júnior,

Eu até que tento desembaçar o meu olhar. Ser mais complacente. Contudo continuo tendo a leve impressão que o povo continua sendo crucificado e dividindo espaço entre o bom e o mau ladrão.

O pior é saber que roubar pode! tendo a grandeza de se arrepender, nem passa no purgatório, vai direto para o céu. Assim foi com Dimas e será com os demais.

Mas quem poderá atirar a primeira pedra?

Quero desejar a você e toda sua familia, um feliz Natal, um Ano Novo cheio de paz, alegrias e felicidade.

Dalinha Catunda

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

OBSERVATÓRIO


Estamos a celebrar mais um Natal. Em momentos como esse, impende indagar: existe relação entre uma coluna inclinada para as coisas externas da política e a uma data voltada para o farol íntimo da fé? Existe alguma ligação entre o fio mundano da representação popular e a raiz profunda que nos liga ao transcendente? Penso que sim. Porém, nosso olhar precisa ser desembaçado.

NOSSO OLHAR

Segundo Gibran, “a humanidade olha para Jesus Nazareno como para um miserável que sofreu pobreza e humilhação como todos os fracos. E ela tem pena d’Ele, pois acredita que Jesus foi crucificado na dor... E tudo o que lhe oferece é choro, gemidos e lamentação. Por séculos a humanidade tem adorado a fraqueza na pessoa do Salvador. O Nazareno não era fraco! Ele era forte e é forte! Mas as pessoas se recusam a ouvir o verdadeiro significado da força. Jesus nunca viveu uma vida de medo, nem morreu sofrendo ou queixando-se... Viveu como um líder, foi crucificado como um cruzado, morreu com um heroísmo que assustou seus assassinos e torturadores”.

JESUS, O MODELO

“Jesus não foi um pássaro de asas quebradas. Foi uma tempestade furiosa que quebrou todas as asas deformadas. Não temeu seus perseguidores nem seus inimigos. Não sofreu diante de seus assassinos. Foi livre, bravo e ousado. Desafiou todos os déspotas e opressores. Viu as pústulas contagiosas e amputou-as... Fez calar o mal, esmagou a falsidade, despedaçou a perfídia. Jesus não veio do centro do círculo de luz para destruir os lares e construir sobre suas ruínas os conventos e mosteiros. Não persuadiu o homem forte a se tornar monge ou padre, mas veio difundir sobre esta Terra um espírito novo, com poder para demolir as fundações de qualquer monarquia erguida sobre ossos e crânios humanos... Veio demolir os palácios majestosos, construídos sobre os túmulos dos fracos, e esmagar os ídolos, erigidos sobre os corpos dos pobres. Jesus não foi enviado aqui para ensinar as pessoas a construir igreja e templos magníficos no meio dos frios barracos miseráveis e das choupanas melancólicas... Ele veio para transformar o coração humano num templo, a alma no altar e a mente num sacerdote”.

A REFLEXÃO

Certamente, é pela ausência da compreensão do verdadeiro Jesus, exemplo maior de coerência e justiça, que os homens entregues à magnânima tarefa de dirigir os demais através da representação popular deslizam tanto sobre a calçada molhada dos escândalos. Enquanto assistimos, atônitos e indignados, a cenas deprimentes de corrupção protagonizadas por governantes, deveríamos antes nos perguntar: - Se eu lá estivesse, agiria diferente? Seria capaz de resistir ao toque sedutor do vil metal? Será que, nas pequenas ações que preenchem o meu cotidiano, dou exemplo de honestidade e decência?

A ALTERAÇÃO

Cada dia que passa sedimento em meu coração a clara certeza de que, além de mudar o nosso sistema representativo (alterando a legislação, implantando o voto distrital misto, financiamento público de campanha etc) temos que mudar o ser humano, ou melhor, cada um de nós. Como lembrou Gandhi, “Nós devemos ser a mudança que desejamos ver no mundo”. Esta, imagino, há de ser a principal reflexão que devemos fazer neste Natal de 2009.

SALA DE VISITA

O radialista Marcelo Chaves comanda, na Super Vale, um programa leve e envolvente. É o ‘Sala de Visita’. Numa sala virtual montada no estúdio da emissora, Marcelo provoca convidados a abrir o coração, escancarando a alcova da infância, narrando inconfidências adolescentes e expressando segredos da alma. Emociona a participação do público ouvinte. Fui seu convidado no último dia 05 de dezembro. Agradeço a deferência do convite. Agradeço, também, às trinta e três pessoas que participaram.

SÃO VICENTE E PETRÓLEO

José Edvaldo Melo, o popular Zagalo, teve uma idéia tão inusitada quanto feliz: reativar, neste final de ano, o maior clássico futebolístico crateuense: São Vicente e Petróleo. Já conseguiu os uniformes vermelho e branco do São Vicente e o amarelo e preto do “Puma do Sertão”. Estas equipes, que arrastavam frenéticas multidões ao estádio municipal, ainda permanecem vivas na memória dos desportistas locais. Esse é o tipo de partida onde, paradoxalmente, todos saem com a sensação de vitória. Gol de placa!

A VOLTA DOS SOMBRAS

Outra iniciativa com som de saudade veio do empresário Vanderlei que, juntamente com alguns amigos, pretende promover a volta do “Os Sombras”, famoso conjunto musical que atingiu o auge nas décadas de 70 e 80. Na festa, agendada para o próximo dia 09 de janeiro de 2010 na Cabana Mendes, serão homenageadas personalidades que salpicaram de estrelas a vida noturna de Crateús. Sucesso aos organizadores do evento!

ANO NOVO

Estamos a fechar a cortina de mais um ano. É hora de colocar o olho no retrovisor, abrir o peito para o balanço, fazer a assepsia da alma e deixar desabrochar a flor do novo ano. É imperioso que eliminemos as pendências, através da faxina nos nossos arquivos mentais. Abra um espaço para doar com gratidão o que pode ser benéfico ao próximo e acione a sintonia vibrante da aurora do ano que nasce. Um Natal de Luz e um Ano Novo de Paz!

PARA REFLETIR

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo... e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares... É o tempo da travessia... e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos". (Guimarães Rosa)

(Por Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro-Oeste)

FLÁVIO MACHADO


Primeiro, um apelo aos representantes do povo no Legislativo da minha terra: aprovem, com aclamação e louvamento, à unanimidade de votos, um título de Cidadão Crateuense para Flávio Machado e Silva.

Ele apenas nasceu na bíblica Palestina (hoje distrito de Novo Oriente), que pertencia à antiga freguesia de “Pelo Sinal”, atual Independência; porém toda a sua caminhada histórica foi trilhada em Crateús. Todos os registros da sua memória primária se concentram na terra do Senhor do Bonfim, onde passou a residir desde os três primeiros setembros de vida. Sua alma é um monumento comemorativo às pessoas, aos lugares e às cousas da cidade que ama. É um dos raros nobres da nossa ex-Príncipe Imperial.

Ao beijar a cidade de Crateús, o rio Poty se bifurca e, como um bolo atraente, uma coroa de terra emerge: é o bairro da Ilha. Quando Flávio abre o filme das recordações, a primeira imagem o remete ao espaço de ternura desenhado pelo rio. E, em especial, àquele caminho constituído por dormentes de aroeira, trilhos de ferro e uma passarela cerimoniosa, imponente e primorosa que liga o bairro ao restante da urbe: a ponte de ferro.

Flávio é daqueles cuja infância esteve indelevelmente vinculada ao som do trem e à magnitude da ponte. Incorporou às veias do coração o hábito dos bons ferroviários: amar o trabalho sereno, cultivar a velocidade constante e andar sempre nos trilhos. Descobriu e cultiva a liturgia da rotina. Na música Caminhos, Raul Seixas e Paulo Coelho fazem uma peroração sobre a rotina: “E você ainda me pergunta: /aonde é que eu quero chegar, /se há tantos caminhos na vida /e pouquíssima esperança no ar! /E até a gaivota que voa /já tem seu caminho no ar!” Segundo o comercial do perfume, “a rotina do destino é a certeza. Toda rotina tem a sua beleza”. Esse apego à rotina, no entanto, nunca significou acomodação. Pelo contrário. O filho do casal Izauro Machado Portela e Antonia Silva Machado desde cedo revelou pendores para a atividade intensa. Sertanejo de clara e gema, ainda criança criava galinha e vendia os ovos para juntar dinheiro. Após o curso primário na Escola da D. Delite, tomou assento no trem e foi estudar em Sobral, no Seminário Diocesano São José.

Em que pese ser uma figura compenetrada, descobriu que se sentia melhor com o blusão de leigo do que com as vestimentas clericais. Voltou aos bancos escolares crateuenses e, na Escola de Comércio, concluiu o Curso Técnico de Contabilidade. Estudante ativo, militou no Grêmio Clóvis Beviláqua, onde começou a alinhavar artigos para o jornal O Estudante. Integrou a Juventude Estudantil Católica – JEC – e incursionou pelas ondas sonoras da radiofonia, compondo a equipe da única emissora da região, a Rádio Educadora de Crateús, onde apresentou programas como “Sertão do Ceará” e “Discoteca do Fã”. (Anualmente, era promovida a festa para a escolha da Rainha dos Radialistas. A eleita de 1968, Izabel Morais Barros, foi por Flávio desposada e lhe deu quatro filhos: Izauro Neto, Elizabeth (Betinha), Eliane e Flaviana).

Sua imagem de compenetrado virginiano e comedido torcedor do Fluminense só se transformava quando era convidado a entrar em campo como jogador de futebol. Aí virava um verdadeiro tufão: aonde ia arrastava tudo e arrancava com a bola até o gol. Ganhou, por isso, o apelido de Caterpillar, numa referência à famosa multinacional fabricante de máquinas pesadas.

Membro de uma geração dedicada ao labor e ao estudo, varava madrugadas à luz de um candeeiro de petróleo preparando-se para concursos públicos. Sem maiores dificuldades, foi aprovado nos certames que enfrentou para ingressar nos quadros da Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural – ANCAR-CEARÀ, do Banco do Nordeste e Banco do Brasil. Optou definitivamente por este último, onde assumiu destacadas posições até atingir o posto de Gerente Geral.

A aposentadoria, no ano de 1995, foi apenas um detalhe, dês que continua em embalada atividade, pois considera que “a ociosidade atrofia a mente e o corpo”. Rui dizia que “oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem. A oração é o íntimo sublimar-se d'alma pelo contato com Deus. O trabalho é o inteirar, o desenvolver, o apurar das energias do corpo e do espírito, mediante a ação contínua de cada um sobre si mesmo e sobre o mundo onde labutamos”.

Flávio ora e labora. Homem de fé, colaborou no Conselho de Assuntos Econômicos da Diocese de Crateús exercendo o cargo de ecônomo.

Além de tocar, com o irmão Antonio, a Casa Comercial Santo Antonio, herança paterna, administra uma empresa rural que trabalha com frango de corte, criação de ovinos, bovinos e suínos.

Às filhas Edite e Larissa, da sua união com a professora Lindalva F. de Carvalho, sua atual companheira, dedica todo o tempo livre. Porque, além da intensa atividade empresarial, continua a labutar com vigor juvenil, reservando espaço para o estudo e a produção literária.

Como Roberto Marinho, que fundou a Rede Globo após ter completado sessenta anos de idade, Flávio encara novos empreendimentos após virar sexagenário. Alimenta quinzenalmente a Coluna “Crateús de Ontem” e lançou, no último dia 05 de dezembro de 2009, o livro “Crateús, lembranças que aquecem o coração”, um conjunto de belas crônicas sobre a vida florida e espinhosa de personagens reais que, na comuna dos seus amores, tocaram o badalo do sino do progresso. É, também, um dos fundadores da Academia de Letras de Crateús – ALC, onde ocupa a cadeira número 04, cujo patrono é seu ex-reitor Dom José Tupinambá da Frota.

Que continues, bom companheiro, seguindo as paralelas da rotina transparente, sob os auspícios da serena crença, no ritmo equilibrado da decência, aquecendo os nossos corações com as lembranças do passado e sempre atento ao apito inconfundível do trem do futuro!


(Por Júnior Bonfim, publicado na Revista Gente de Ação e Jornal Gazeta do Centro-Oeste)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

AMANHÃ É DIA DE MAIS UMA EDIÇÃO DO JORNAL GAZETA DO CENTRO-OESTE!

PARA ENTRAR NO CLIMA DO NATAL


Happy Xmas (War Is Over) Feliz Natal (A Guerra Acabou)

So this is christmas Então é natal
And what have you done E o que você tem feito?
Another year over Um outro ano se foi
And new one just begun E um novo apenas começa

And so this is christmas E então é natal
I hope you have fun Espero que tenhas alegria
The near and the dear one O próximo e querido
The older and the young O velho e o Jovem

A very merry christmas Um alegre Natal
And a happy new year E um feliz ano novo
Let's hope it's a good one Vamos esperar que seja um bom ano
Without any fear Sem sofrimento

And so this is christmas (war is over...)E então é natal (e a guerra terminou...)
For weak and for strong (...if you want it)Para o fraco e para o forte (...se você quiser)
The rich and the poor one Para o rico e para o pobre
The world is so wrong O mundo é tão errado

And so happy christmas E, então, feliz natal
For black and for white Para o negro e para o branco
For the yellow and red one Para o amarelo e para o vermelho
Let's stop all the fight Vamos parar com todas as lutas

A very merry christmas Um alegre Natal
And a happy new year E um feliz ano novo
Lets hope it's a good one Vamos esperar que seja um bom ano
Without any fear Sem sofrimento

And so this is christmas E então é Natal
And what have we done E o que nós fizemos?
Another year over Um outro ano se foi
And new one just begun... E um novo apenas começa...

And so happy christmas E então Feliz Natal
We hope you have fun Esperamos que tenhas alegria
The near and the dear one O próximo e querido
The older and the young E velho e o jovem

A very merry christmas Um alegre Natal
And a happy new year E um feliz ano novo
Let's hope it's a good one Vamos esperar que seja um bom ano
Without any fear Sem sofrimento

War is over - if you want it A guerra acabou , se você quiser
War is over - if you want it A guerra acabou , se você quiser
War is over - if you want it A guerra acabou , se você quiser
War is over - if you want it A guerra acabou , se você quiser

Happy Xmas (War Is Over)
John Lennon
Composição: John Lennon e Yoko Ono