sexta-feira, 1 de novembro de 2013

CONJUNTURA NACIONAL

O talento assusta

Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar o seu 1º discurso, na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu desempenho naquela assembleia de vedetes políticas. O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse-lhe em tom paternal:

- Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi demasiado brilhante neste seu primeiro discurso. Isso é imperdoável ! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta.

Ali estava uma das melhores lições que um velho sábio pode dar ao pupilo que se inicia numa carreira difícil. Encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar.

Historinha enviada pelo amigo Luis Costa.

Campos e o agronegócio

Eduardo Campos vai ter de rebolar para recuperar terreno no campo do agronegócio. Depois que Marina Silva, a parceira, chutou o pau da barraca, enxotando o líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado, entidades ruralistas e empresários de peso do setor do agronegócio decidiram tomar outro rumo que não o do candidato do PSB. Campos se esforça para manter o grupo ao seu lado, abrindo um diálogo com seu ex-colega de Ministério e fazendeiro, Roberto Rodrigues. Que o recebeu, mas não prometeu nada. Apenas conversar.

Lula como articulador

Lula, é sabido, o maior mobilizador de massas da política tupiniquim. É capaz de ainda animar as massas e causar furor na plebe. Mas nunca deixou os bastidores da articulação política. Ultimamente, por exemplo, tem falado bastante com o vice-presidente da República, Michel Temer, com quem discute a planilha de candidatos do PMDB e do PT. Ambos tentam aparar as arestas entre os dois partidos nos Estados. Mas os conflitos regionais se expandem. Sua orientação é para preservar a aliança nacional, a qualquer custo, mesmo se os dois partidos decidirem por candidaturas próprias em alguns Estados, como é o caso de SP, RJ e BA. Michel é um harmonizador por índole; e Lula é a voz mais forte do PT.

Alckmin e a segurança pública

A covarde agressão ao coronel da PM, que comanda as tropas do Centro capital, poderá reverter em endurecimento das ações de prevenção e repressão ao vandalismo dos black blocs em SP. E uma política mais eficaz no campo da segurança pública poderá resultar em maior apoio ao governador Geraldo Alckmin e à sua reeleição. O perfil do governador é de suavidade, harmonia, diálogo. Daí se cobrar dele mais força, mais autoridade. O combate ao vandalismo pode se transformar no eixo forte do candidato tucano nesse momento de tensão e insegurança.

Embate PT x PSDB

Veremos, em 2014, o último grande embate entre forças petistas e tucanas. Vamos às razões. O PSDB não se renovou. A sigla vive de lembranças de quando os governadores Franco Montoro e Mário Covas brandiam seus escopos, desfraldando o estandarte da modernidade. O PT, por seu lado, passou a ser membro atuante no palco da velha política, disputando com apetite fatias de poder e usando métodos combatidos de cooptação política. Na floresta dos tucanos, as árvores, com cascas cada vez mais despregadas, envergam de velhice. O tom lamuriento é de Lula. Vejam o que disse : "Por que queríamos chegar ao governo ? Não para agir como os outros, mas para atuar de maneira diferente". Já o desespero tucano para unir suas alas e amenizar querelas internas constituem inequívoca sinalização de que, em 2014, assistiremos à última sessão de cinema, encenada pelos dois maiores competidores eleitorais.

Renascer das cinzas?

PSDB e PT poderão até voltar a resplandecer no futuro, voltando a se espichar para cima e para baixo como uma árvore adolescente, mas esse renascimento implica profundo reencontro com ideários e valores. Não significa que outros deverão, a seguir, tomar seu lugar. Não há indicação disso. O cenário é o de difusa disputa entre grandes e médios partidos, com foco em indivíduos e não das ideias, sob a égide de uma modelagem eleitoral muito permissiva quanto a uso de recursos financeiros e centrada na exuberância mercadológica. Por ausência absoluta de vontade política para reformar costumes e ante o mesmo blá blá blá que se ouvirá no próximo pleito, faz sentido a hipótese do esgarçamento maior do tecido institucional caso protestos e expectativas frustradas continuem a fazer barulho nos tensos meses do próximo verão.

Dois círculos concêntricos

Veremos, em 2014, dois grandes círculos concêntricos agitando as correntes : um, que se formará na onda da Copa do Mundo, a partir de junho; e outro, que tende a bater nas margens eleitorais e despejar suas águas (votos) nas urnas. Os resultados de um evento impactarão o outro ? Os perfis mais identificados com o novo (Marina veste esse figurino ?) serão beneficiados ? As velhas árvores voltarão a ser viçosas ? Sejam quais forem as respostas, não há como deixar de enxergar entulhos de velhos edifícios que desmoronam por falta de reboco.

Marina é o Lula de ontem

Marina Silva é o Luiz Inácio de 33 anos atrás. Que lembrava os tempos heróicos em que ele e os companheiros "carregavam pedras". Pois bem, os visionários de ontem e os sonháticos de hoje imaginam plantar em todas as searas da República sementes imunes aos vírus da velha política - patrimonialismo, fisiologismo, mandonismo, grupismo, nepotismo -, capazes de gerar árvores frondosas e frutos saudáveis, todas irrigadas pelas limpas fontes da ética. Os campos pragmáticos dariam lugar às roças programáticas. Diante da impossibilidade de substituir uma cultura política por outra da noite para o dia, principalmente quando não há movimentos capazes de redirecionar práticas, costumes e processos, torna-se evidente que a emblemática Marina se assemelha, em sua peregrinação, à imagem de "carregadora de pedra" do mesmo molde do empreendimento que o velho PT tentou construir, em 33 anos, e não conseguiu.

A nova política é abstração

Por que uma "nova política" tem se tornado abstração em nossas plagas, não adentrando o território da práxis? Por ser complexa a tarefa de promover mudanças rápidas na fisionomia política, principalmente quando se vê nela a estampa dos valores do passado. Os agentes políticos em atuação no Parlamento, a quem cabe dar o primeiro passo na direção das mudanças, não se motivam a avançar em qualquer vereda reformista, considerando que a equação custo-benefício não lhes rende.

A imagem da corrosão

Se os avanços não ocorrem por falta de suficiente motivação dos agentes partidários, o que a estática na política acarreta ao tecido institucional ? Um agregado paralisante: acomodação, mesmice, burocracia, obsolescência, embrutecimento das estruturas e passividade dos gestores públicos. A imagem se assemelha às árvores que chegam à velhice vegetal : o crescimento diminui, os processos de regeneração são lentos, as raízes não conseguem mais retirar água do solo e sais minerais em quantidade necessária; os vasos que conduzem nutrientes param de funcionar; as folhas caem, os galhos perdem o viço, o tronco ameaça tombar a qualquer momento. Não é o que ocorre com os partidos?

Arquivos da Ditadura

Paralelamente à discussão em torno da divulgação dos arquivos existentes no STM, que tratam do julgamento dos presos políticos durante da ditadura militar, foi produzido o filme "Sobral - um homem que não tinha preço", no qual Sobral Pinto denuncia a prática de tortura no Brasil durante o Regime Militar de 1964. O advogado criminalista Fernando Augusto Henriques Fernandes tem participação na produção do filme e também é autor do livro "Voz Humana - A defesa perante os tribunais de República".

Recuperando a memória do país

É de autoria do advogado Fernando Fernandes a ação que busca a divulgação dos arquivos de áudio retidos no STM, com as gravações das audiências de julgamento dos presos políticos, de 1975 até 1979. Uma parte destes arquivos, já recuperada, foi revelada no filme "Sobral - um homem que não tinha preço". "Ainda temos inúmeras questões não resolvidas, como permitir às famílias de presos políticos encontrar os corpos e enterrá-los", argumenta Fernandes.

O rei mais humilde

O rei Roberto Carlos mudou de opinião. Antes, era um renitente e duro combatente das biografias não autorizadas. Inspirou a criação de um grupo - Procure Saber - composto, entre outros, por Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Djavan. Domingo, em entrevista ao Fantástico, Roberto Carlos mudou de posição. Diz agora que é a favor das biografias não autorizadas, bastando alguns ajustes. Urge conversar, pede ele. Ainda bem. O grupo recebeu uma batelada de artigos e textos contrários ao seu posicionamento. Inclusive, um artigo deste escriba.

As vedetes

Nesse texto, fiz o posicionamento. As vedetes da cultura de massa podem ter biografias não autorizadas sobre suas vidas ou os relatos devem receber sua prévia autorização? A resposta deve considerar a faceta pública desses semideuses, tanto os políticos quanto os artistas. Uns e outros têm deveres para com a sociedade. Dependem do público. A partir do momento em que suas atividades são massificadas - fator de sucesso profissional - submetem-se ao ordenamento ético de prestar contas a quem os acompanha. Que inclui relatos não apenas das retas, mas das curvas de sua existência. A esse posicionamento público do artista e do político, soma-se o ditame constitucional que acolhe a manifestação de pensamento e da informação sem restrição.

Danos morais

Se a honra, a vida privada e a imagem das pessoas são invioláveis, ainda nos termos constitucionais, lembre-se que há dispositivos no Código Penal contra danos morais, calúnia (art.138), difamação (art. 139) e injúria (art. 140). Daí não caber a restrição às biografias, prevista pelo art. 20 do Código Civil. Países democráticos, como EUA, Canadá, Reino Unido, França, Espanha não admitem qualquer censura às biografias não autorizadas, ao contrário de Rússia, China e Síria, por exemplo.

Nos EUA

Imagine-se a execração pública de Bill Clinton se censurasse biografia sobre sua trajetória presidencial, nela incluído o episódio com a estagiária Monica Lewinsky. Aliás, os norte-americanos estão lendo avidamente o livro "Sexo na Casa Branca", do historiador David Eisenbach e do editor Larry Flynt, que conta histórias impactantes, algumas conhecidas, mas não relatadas com detalhes, como as que envolveram os presidentes Abraham Lincoln, Thomas Jefferson, James Buchanan, Franklin Roosevelt e John Kennedy.

Na Inglaterra

Houvesse censura na Inglaterra, a história do príncipe Charles e Camila Parker teria sido guardada no baú. E também o caso mais escandaloso da política inglesa : o envolvimento do ministro da guerra, John Profumo, com a modelo Christine Keeler, no começo dos anos 60. Isso é importante ? Sem dúvida. São as entranhas da política. Estabelecer patamar diferente para político e artista é defender tratamento privilegiado para uns. É formar uma casta dentro da casta.

Censurar? Pelas mãos dos leitores

Biografias autorizadas são livros de autoglorificação, loas ao biografado. E querer cobrar do autor percentagem pela obra é apropriar-se de um direito que não pertence ao artista. Nas situações em que as biografias alavanquem a venda de discos, o autor da obra teria direito a uma percentagem da vendagem ? Livros maldosos e mentirosos devem ir, sim, para a fogueira. Pelas mãos dos leitores, não pelo tacão da censura.

Conselho aos manifestantes

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado médicos brasileiros. Hoje, volta sua atenção aos manifestantes:

1. O Brasil vivencia um dos ciclos de maior participação social. Esse momento deve ser aproveitado pela sociedade para exigir, criticar, condenar, sugerir, acompanhar atentamente o processo político e a gestão pública.

2. Sob esse pano de fundo, é importante ter participação no processo social de manifestações nas ruas.

3. Urge, porém, não abrigar ou apoiar as brigadas de vândalos que se aproveitam do momento para desenvolver sua agressividade. Se "guerreiros" querem destruir patrimônios públicos e privados, que mostrem a cara e não se escondam sob máscaras.

(Gaudêncio Torquato)

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

ROSA CENTENÁRIA!


“Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.” Esta citação está em Eclesiastes 11,1.

À primeira vista é difícil entendê-la: o pão, lançado sobre as águas, certamente depois de muitos dias tende a se diluir. Por que a máxima bíblica assegura que o acharemos?

A Bíblia é um livro parabólico, carregado de expressões figurativas. Segundo historiadores, era costume egípcio, herdado dos hebreus, o lançamento de sementes de trigo sobre as águas nas margens do rio Nilo. Quando as águas baixavam, elas brotavam e produziam trigo na entre safra trazendo, portanto, pão para os famintos nos tempos de mesa escassa.

Rosa Ferreira de Moraes, que no dia 26 de outubro de 2013 partilhou o pão centenário, aprendeu a dadivosa extensão dessa assertiva bíblica. Celebrou um século de lúcida e lúdica existência rezando a Santa Missa na mesma Igreja em que se batizou, lançando um livro biográfico no Teatro que leva seu nome, sendo diplomada como honorária da Academia de Letras de Crateús e colhendo homenagens fiadas por familiares, autoridades e amigos na Cabana Mendes, clube de um parente seu.

1913. Ano de seu nascimento. Estados Unidos da América. Henry Ford concebia a famosa “linha de montagem”, revolução na engrenagem de trabalho capitalista que combinava componentes estandardizados, movimento mecânico, equipamento de precisão e processos padronizados.

1913. Rio de Janeiro, Brasil. Nascia, na cidade maravilhosa, o extraordinário poeta Vinicius de Moraes, que embalou a humanidade com algumas das canções mais entoadas no Planeta.

1913. Tagore, o místico poeta indiano a quem o Mahatma Gandhi se referia como "o grande mestre", ganhava o Premio Nobel de Literatura por sua Oferenda Mística. Tagore pontificou que “o homem só ensina bem o que para ele tem poesia”.

1913. Crateús, Ceará. 26 de outubro. Nascia Rosa Ferreira de Moraes. Contraponto aos equivocados e desumanizadores sinais dos tempos; ponto de encontro dos mais elevados valores que a higidez humana podia almejar.

Rosa musicalmente fez do trabalho a sua vida; e da sua vida, o trabalho. Não esse enfadonho labor fundado na individual ambição, mas aquele sintonizado com a transcendental compreensão do serviço de edificação.

Lecionou bem, com o espasmo sereno da verdadeira alegria, porque pincelou a faina com poesia!

Quando o ventre da História, por intermédio do casal José Olímpio de Moraes e Maria da Conceição Ferreira Moraes, pôs Rosa Ferreira de Moraes para abraçar a madrugada do mundo, estava lançando sobre a terra um lírio especial da flora humana.

Na noite do natalício centenário, invisivelmente postada na varanda do firmamento, sentada no trono magisterial de sua urbe, comandando o círculo dos discípulos de sua tribo, Rosa nos convidou para uma breve liturgia de amor.

Com o que podemos comparar Rosa?

Quando estendemos a retina por todo esse mágico bioma que nos circunda, facilmente se conclui que a nossa veneranda professora guarda similitude com o nosso principal estandarte: a elegante, expressiva, multifacetária e imponente Carnaúba!

Visivelmente majestosa, aparentemente solitária como as Carnaúbas – que, no entanto, possuem a fidalguia da palmeira imperial – Rosa tem nas veias abertas do coração a nobreza de princípios.

Da aparente solidão que exibe descobrimos um ser completamente doado à interação com o próximo e ao serviço à comunidade. Da tua palha, Rosa, confeccionamos a vassoura que varre os nossos defeitos de caráter; o teu tronco, Rosa, se transforma na bancada que agrega a família ou no teto que oferece a sombra da reflexão; a tua cera, Rosa, alisa o piso da nossa alma e faz brilhar os talentos do nosso espírito!

Salve, centenária ROSA FERREIRA DE MORAES, sacerdotisa da educação, mestra da pintura, irmã da música, jardineira da fé, semeadora de bons costumes, legenda referencial!

Abençoada sejas, per sécula seculórum, pelo século dos séculos! Viva!

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)


OBSERVATÓRIO

Reza a lenda que um monge, próximo de se aposentar, precisava encontrar um sucessor. Entre seus discípulos, dois já haviam dado mostras de que eram os mais aptos, mas apenas um poderia sucedê-lo. Para sanar as dúvidas, o mestre lançou um desafio para colocar a sabedoria dos dois à prova. Ambos receberam alguns grãos de feijão que deveriam colocar dentro dos sapatos, para então empreenderem a subida de uma grande montanha. Dia e hora marcados, começa a prova. Nos primeiros quilômetros, um dos discípulos começou a mancar. No meio da subida, parou e tirou os sapatos. As bolhas em seus pés já sangravam, causando imensa dor. Ficou para trás, observando seu oponente sumir de vista. Prova encerrada, todos voltam ao pé da montanha para ouvirem do monge o óbvio anúncio. Após o festejo, o derrotado aproxima-se e pergunta ao seu oponente como é que ele havia conseguido subir e descer com os feijões nos sapatos: - Antes de colocá-los no sapato, eu os cozinhei - foi a resposta. Carregando feijões ou problemas, há sempre um jeito mais fácil de levar a vida. Problemas são inevitáveis. Já a duração do sofrimento é você quem determina... Aprenda a cozinhar seus feijões!

TRANSPORTE ESCOLAR

A fábula acima é apropriada para uma reflexão sobre qualquer ramo da atividade humana. Para a Administração Pública, sobremaneira, cai como uma luva. É incrível como as pessoas, quando assumem funções de mando, teimam em prorrogar atitudes que causam a extensão das dores. Para alertar os gestores sobre irregularidades no Programa do Transporte Escolar, a entidade que congrega os Prefeitos Cearenses, APRECE, realizou no dia 16 de outubro um Seminário de Orientação Técnica. Entre os diversos pontos tratados, alertou que é vedada a subcontratação integral do serviço contratado pela administração pública. Noutras palavras: uma empresa que ganha uma licitação para transporte de alunos não pode repassar todo o serviço para terceiros. Outro alerta importante foi o de que os municípios serão responsáveis solidários com encargos trabalhistas e previdenciários dos prestadores do serviço. Os gestores devem conferir se os motoristas estão regularizados com carteira de trabalho assinada e se a empresa recolhe os tributos. Os municípios devem, ainda, observar a obrigatoriedade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria D para todos os motoristas, mesmo os que trabalham em carros de categoria automóvel, que estiverem sendo usados no transporte escolar. Também é necessário que sejam utilizados veículos adequados e em número suficiente para a execução do serviço. O Ministério Público Federal e os órgãos de controle, a partir de janeiro, acompanharão rigorosamente o cumprimento das prescrições legais sobre a matéria.

PROS

O PROS (Partido Republicano da Ordem Social) já nasceu com força em Crateús. Inicialmente articulado por um grupo de militantes vinculados ao vereador João de Deus, passou para o comando de Paulo Nazareno, seu novo Presidente. Três vereadores (Alesson Coelho, Bibi Apolônio e José Humberto) assinaram ficha na nova sigla. Comentava-se que os edis Conegundes Soares (DEM) e Cabo Bonfim (PSDB) também poderiam migrar para outras agremiações, mas preferiram se manter nos respectivos ninhos originais.

DEPUTADOS

Têm-se como certa, nas ante-salas do poder local, que o Prefeito Carlos Felipe formalizará renúncia ao comando da municipalidade para pleitear vaga de Deputado Estadual. Felipe, que após a reeleição tem demonstrado certo fastio com a rotina prefeitural, foi aconselhado a antecipar a assinatura do ato de renúncia para o início de janeiro. Com isso, entrega a Prefeitura ao Partido dos Trabalhadores. À frente do Executivo, Mauro Soares terá dois anos para se credenciar como postulante à reeleição.

JEOVÁ MOTA

O ex-prefeito de Tamboril, Jeová Mota, também se movimenta como pretendente à Assembléia Legislativa. Correndo pela mesma raia de apoios de Carlos Felipe, Jeová pode surpreender. Tem visitado com freqüência os municípios da região, inclusive Crateús, onde participa com desenvoltura de eventos festivos. Enfrenta apenas um problema doméstico: Raimundo Martins, o Raimundo do PT, que foi seu vice-prefeito, poderá lhe negar apoio.

ROSA MORAES

Memorável a festa do centenário da professora Rosa Ferreira de Moraes. Lenda viva da história da educação crateuense, Rosa Moraes congregou uma legião de amigos, autoridades, familiares e gente do povo para agradecer o século vivido. A Prefeitura patrocinou o livro biográfico “ROSA MORAES – Um século educando por amor”, que teve como autores Zacharias Bezerra de Oliveira e Maria Ionele Teixeira Puster. Na Catedral do Senhor do Bonfim, onde recebeu as águas do batismo; no Teatro Municipal, cujo nome a homenageia; na Cabana Mendes, onde se sucederam os tributos e lauréis – tudo ocorreu sob a energia do respeito e gratidão. Transmiti-lhe algumas breves sílabas que estão dispostas na Crônica ao lado.

PARA REFLETIR

“Mal nascemos e começamos a morrer. Não viva sua vida como se fosse o último dia. Viva como se fosse o primeiro.” (Oscar Nieyemer)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

terça-feira, 29 de outubro de 2013

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Desintermediação política e black blocs

Na atual conjuntura, "sem-teto", caminhoneiros, funcionários públicos em busca de maiores salários e assim vai, fecham ruas, fazem passeatas diárias ou bloqueiam a distribuição e venda de bens e serviços. Isso apesar da situação econômica ser de ("apenas") estagnação. Por que isto ocorre ? A nosso ver, porque não há na sociedade a crença de que as instituições de representação política possam saciar ou intermediar suas ansiedades e aspirações. O caso dos professores do município do RJ é emblemático. Acabou na mesa do ministro Luiz Fux. Isto não é nada razoável e deveria causar espanto aos "donos do Poder". Imagine-se por um instante que conjunturalmente o país dobrasse a taxa de desemprego e/ou apresentasse uma desaceleração econômica mais forte. Este processo perigoso e continuado de desmoralização institucional seria muito mais grave e atentaria contra os pilares da democracia representativa. Essencialmente, a causa destes fenômenos sociais se deve a irresponsabilidade e descaso dos órgãos estatais, notadamente o Legislativo em todos os níveis da Federação. Há, ainda, os tais membros dos black blocs. Estes aproveitam-se destes movimentos "desintermediados" e mandam pedradas para todos os lados, sem trocadilho. Na última sexta-feira, a pedra atingiu a cabeça de um coronel da PM e o espancamento deste ocorreu sob as lentes da imprensa. A continuar a passividade com este grupo, um dia as pedras pegarão na cabeça da sociedade. As consequências são difíceis de serem previstas.

Risco fiscal crescente - 1

É bem verdade que o FMI, mais do que nunca, é uma instituição porta-voz da finança internacional. A crise de 2008 deixou evidente o papel vergonhoso das organizações multilaterais na prevenção de crises sistêmicas, bem como a atuação dos BCs, especialmente dos EUA, que deixaram a especulação livre, pesada e solta. Mesmo assim, o alerta que fez o FMI sobre o lado fiscal brasileiro faz todo o sentido. A razão é política com consequências macroeconômicas. Vejamos. Para um maior crescimento, o Brasil precisaria (i) incrementar o consumo por meio de altas de salários e/ou (ii) aumentar os investimentos. Ambas as variáveis são muito improváveis de serem alteradas no mercado privado. No caso dos salários, as empresas não demitiram até agora (apesar do PIB sofrível), mas tem de conter os aumentos reais, caso contrário terão uma queda maior de produtividade (que é definida pela maior produção com o mesmo custo/quantidade de mão de obra). No setor público, os ganhos salariais são possíveis, mesmo que menos prováveis, afinal tais ganhos foram imensos sob a gestão petista.

Risco fiscal crescente - 2

No caso dos investimentos a coisa é mais complicada. Trata-se de variável sensível a múltiplos fatores, dentre os quais destacam-se dois: (i) o custo de capital (leia-se taxa de juros) que para ser reduzido tem de ser consistente com uma inflação menor e uma intermediação financeira menos onerosa. Ora, neste campo a possibilidade de queda dos juros sem aumento da inflação é de baixa probabilidade, mesmo porque há evidente represamento de preços públicos e, a despeito disso, a inflação não cedeu. O custo dos empréstimos, por sua vez, é questão secular. Certo é que não cai; (ii) a redução da aversão ao risco dependeria de certas garantias institucionais e regulatórias que o governo Dilma está a arranhar desde o seu início. Também tem a velha (mas, não arcaica) questão das reformas estruturais que nunca acontecem. É difícil imaginar no curto prazo que o Brasil se torne um país com riscos institucionais elevados, sejam políticos e econômicos. Todavia, trata-se de um país pouco afável ao capital, seja interno ou externo. Estamos mais para um Estado patrimonialista que para uma economia de mercado. Assim, os investimentos privados dificilmente subirão rapidamente ao ponto de favorecer a demanda agregada em 2014.

Risco fiscal crescente - 3

Resta-nos avaliar o investimento e o consumo do setor público. No primeiro caso, a administração Lula-Dilma mostrou-se débil em realizar e tornar efetivos os investimentos. Da transposição de águas do Rio da Integração Nacional, o velho Chico, até o trem bala, vê-se que nem Lula e nem Dilma tem a característica de "gerentes", especialmente no caso da presidente que neste quesito mostrou-se uma surpresa negativa, apenas para ser suave na definição. Há ainda barreiras como o TCU constatando irregularidades, as licenças ambientais que demoram a sair e, até mesmo, a ineficiência das empreitadas privadas. Resta, assim, o consumo governamental como alavanca de crescimento, o chamado aumento de gastos públicos, inclusos repasses para Estados e municípios, como no caso da Cidade do RJ e o novo petismo de Haddad. Este fator é tão caro ao governo que o ministro Guido Mantega para rebater o FMI falou destes como "a solução" para a crise pós-2008. Uma fala compreensível e justificável não mais para aquele período, mas para o ano eleitoral de 2014, ou seja devido as eleições. Conclusão : o risco fiscal não é apenas alto. É crescente.

A Petrobras, em choque e sem cheque? - 1

A Petrobras, mais uma vez, cumpriu o papel que a presidente Dilma e seus operadores políticos e econômicos esperavam: tornou viável a formação de um consórcio e assegurou que não desse "vazio" no primeiro leilão de licitação de exploração de um campo do pré-sal, o de Libra, na Bacia de Santos. Afinal, por garantia de lei uma participação mínima no negócio, ela não precisa participar de nenhum consórcio. Além disso, aumentou sua "cota" de 30% para 40% e, assim, foi decisiva para trazer outras petroleiras para o negócio. O fantasma do fracasso rondou o leilão e não fosse a estatal brasileira, com grande sacrifício, como se verá, o negócio poderia não ter saído. Quem acompanhou o leilão e depois seus desdobramentos, com as festas da presidente Dilma e do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, não deixou de perceber a alegria contida da presidente da Petrobras, Graça Foster. É certo, segundo todas as indicações, que ela é uma pessoa extremamente dedicada ao trabalho e muito contida - exceto no carnaval, quando desfila no Sambódromo. Mas o contraste entre o bate bumbo oficial e sua contida euforia causou certa estranheza.

A Petrobras, em choque e sem cheque? - 2

As explicações vieram depois, ao longo dos dias que se seguiram à segunda-feira do leilão. Logo na terça-feira, ela teve uma reunião de quatro horas com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o dono do cofre Federal, e também presidente do Conselho de Administração da empresa que ela dirige. Saiu de lá garantindo que a Petrobras não precisará de um aumento da gasolina e do óleo diesel para pagar sua parte no bônus de assinatura do contrato de Libra, em novembro, de R$ 6 bilhões (40% de R$ 15 bilhões). Para entender: há meses - e põe meses nisto - Graça e sua equipe vêm lutando, insana e inutilmente, para conquistar um reajuste nos combustíveis e reforçar o caixa da estatal. Sempre negado em nome da política de controle da inflação, comandada por Dilma-Mantega. No dias seguintes, numa longa e esclarecedora entrevista à jornalista Miriam Leitão e na divulgação (sexta-feira) dos resultados da Petrobras no terceiro trimestre deste ano, ficou mais evidente as razões do pouco riso de Graça na segunda-feira, quando foi batido o martelo do campo de Libra num hotel na Barra da Tijuca no RJ.

A Petrobras, em choque e sem cheque? - 3

Vejamos o que se vê da divulgação de resultados do terceiro trimestre da estatal:

1. O lucro da empresa no período julho/agosto/setembro de 2013 foi 39% menor que nos mesmo período do ano passado e 45% inferior ao do trimestre encerrado em junho. Ficou bem abaixo de todas as previsões do mercado.

2. A Petrobras teve de engolir o calote da Venezuela na refinaria de Abreu e Lima em PE. Parceria acertada ente Lula e Hugo Chávez, ela não contou com um único centavo venezuelano, de sua parte de 40% no negócio. Agora vai ter de bancá-la sozinha, e com um orçamento muito mais elevado. É outra ferida em seu caixa.

3. No documento explicando os resultados, a empresa propõe a criação de uma política objetiva e definitiva para correção dos preços dos combustíveis, para evitar defasagens como a de agora, que minam o seu caixa. Ou seja, nas condições atuais pagar o bônus vai ser sacrifício.

4. Segundo uma reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", com base nos dados do relatório dos resultados do trimestre passado, o pagamento de sua parte no "bônus" de Libra vai ser consumido. O que é pesado para quem já tem uma série de compromisso assumidos e inadiáveis.

A Petrobrás entrou em Libra gastando mais fôlego do que tinha. Não resta dúvida que vai ter de se desdobrar e ser mais bem tratada pelo governo para dar conta de tudo.

O eterno dilema do PMDB - 1

Desde o fracasso do governo José Sarney, um peemedebista de eterna alma na ARENA (partido de sustentação da ditadura militar), e do insucesso das candidaturas presidenciais de Ulysses Guimarães e Orestes Quércia, o PMDB abdicou de disputar a presidência da República com candidato próprio. A estratégia peemedebista passou a ser a de desenvolver bem nos espaços intermediários do poder na República - municípios, Estados, assembleias legislativas, Câmara dos deputados e Senado - e acumular forças para ser um parceiro imprescindível de quem estiver ocupando o Palácio do Planalto. Assim, desde a saída de Sarney da presidência, apenas esporadicamente, e assim mesmo a muito contragosto, o PMDB militou na oposição em Brasília. E sempre atendeu prontamente ao chamado presidencial para se tornar um aliado, pouco importando quem e com quais razões. Portanto, para o partido o que importa, de fato, não é a eleição presidencial. Ele sabe que, fortalecido no conjunto, será chamado às bodas do poder. Óbvio que há sempre um peemedebismo de grife, vaidoso, que se apega a algumas circunstâncias de mais brilho que de poder de fato. São os que querem, por exemplo, alianças para garantir ao partido a vice-presidência da República numa chapa provavelmente vencedora. Não é o que pensa a maioria. A experiência atual desgastou o partido nesta linha: o fato de ter o vice Michel Temer na chapa de Dilma diminuiu a cota de poder no partido nos ministérios e órgãos públicos.

O eterno dilema do PMDB - 2

Os peemedebistas ao fazer as contas percebem claramente que tiveram muito mais força e influência com Lula, quando o vice era José Alencar, ex-peemedebista alojado em outro partido, do que agora que tem o vice instalado no Palácio do Jaburu. É este o grande drama que assola o PMDB que não faz parte da cúpula partidária: garantir a aliança nacional em detrimento dos interesses locais, que dão musculatura ao partido ou exigir do parceiro PT apoio nos Estados em nome da aliança nacional? Os cálculos variam, mas em pelo menos 10 Estados, PT e PMDB estão ameaçando se estranhar. O PMDB considera que tem candidatos mais competitivos (com o "direito sagrado" de competir) e exige que o PT o apóie. Mas, o PT nem sempre está disposto a este "sacrifício". Sequer aceita que Dilma voe, na campanha, para outro palanque que não o do petismo. Um caso clássico é o do RJ, já tão decantado. Sérgio Cabral e o peemedebismo querem o apoio à candidatura do vice-governador Pezão e o PT (assim assegura seu presidente, Ruy Falcão), não abre mão da candidatura do senador Lindbergh Farias. Com mais ou menos ênfase, o problema aparece no RS, no CE, no ES, na BA, no AM, no PA, em MS, pode pipocar em Minas e está aquecido até no MA, com choques com a família Sarney, donatária do Estado.

Assim sendo...

O conjunto dos insatisfeitos peemedebistas com um pouco mais de 50% dos votos na convenção do partido está a postos para definir que aliança se fará. É mais ou menos explosivo, porque pode contaminar outras seções estaduais, pois há uma fadiga geral com o apetite petista. E que não é somente do PMDB. Há sempre um espaço para a acomodação. Mas as grifes peemedebistas terão de entrar em ação, pois elas serão as maiores prejudicadas se o partido se rebelar contra a aliança com o PT nacionalmente. E o PT também terá de ser mais generoso.

O dilema do PT - 1

A não ser que haja uma surpresa de última hora, Ruy Falcão, apoiado por Lula e Dilma, será reeleito no mês que vem presidente nacional do PT. Contudo, o processo de eleição direta do partido está expondo algumas fraturas internas, mais fortes que no passado. Há, entre os mais "puristas" (ou mais "radicais") petistas uma insatisfação crescente com as políticas e alianças do partido e uma constante infelicidade com parte da política econômica do governo. Na semana passada, num debate entre os candidatos à presidência nacional, a algaravia das queixas e críticas foi tanta que Falcão chegou a ironizar: "Ás vezes dá a impressão de que somos oposição ao nosso governo". Dá mesmo.

O dilema do PT - 2

Diante das inquietações, as pesquisas (a última do Ibope na semana passada) embora continuem indicando Dilma como favorita contra qualquer dos candidatos que se apresente contra ela, indicam também que sua preferência no eleitorado estagnou, depois de uma pequena recuperação após a brutal queda junina. Ainda não voltou à zona de conforto, apesar da superexposição que está tendo desde lá, sempre com distribuição de bondades. É neste quadro que o PT resolveu encomendar uma pesquisa para saber o poder de transferência de voto de Lula, o peso do ex-presidente como cabo eleitoral. Precisaria, depois das demonstrações que ele deu com as eleições de Dilma e Fernando Haddad? Mas vai que...

Os dilemas de Aécio

Primeiro, cabe ao mineiro convencer uma parte do eleitorado de que será ele e não José Serra o candidato do PSDB - o ex-governador paulista ainda é uma sombra que assusta, principalmente pelo seu bom desempenho quando incluído nas pesquisas, apesar da fortíssima rejeição que sempre carregou. Depois, encontrar um discurso mais objetivo, que vá além das críticas às políticas oficiais, especialmente à econômica, e à tentativa de resgatar a herança de Fernando Henrique Cardoso. Agora, anuncia-se que será antecipado para dezembro o lançamento de seu programa econômico.

Os dilemas de Campos

O primeiro, é um tanto quanto parecido com o de Aécio Neves : convencer boa parte do eleitorado de que será ele e não Marina Silva a candidata da parceria PSB-Rede Solidariedade. A superexposição de Marina, mais fortemente crítica de Dilma que o governador de PE, contribuiu para alimentar esta dúvida. Segundo, encontrar um discurso que consiga fundir, sem contradições e incoerências, seu discurso "pragmático" com o "sonhático" mundo de Marina. Se o amálgama não for bem feito e convincente, os dois podem perder votos em seus respectivos campos e ainda não conquistar os votos do outro.

Uma conclusão sem muito risco

A sucessão presidencial é uma obra completamente em aberto e salvo atropelos vai permanecer assim até as portas das urnas. Será a disputa mais acirrada desde a eleição de Fernando Collor.

Um pote de insatisfações - 1

Quem frequenta eventos - abertos ou fechados - empresariais, nos quais não há a presença de autoridades - sempre um inibidor de manifestações mais críticas - já vinha notando, há algum tempo, um aumento crescente da insatisfação com o governo Federal. Era uma sensação difusa, generalizada, que nem medidas positivas para o setor, como, por exemplo, a desoneração da folha de pagamento em diversas áreas, atenuava. E que não está ligada apenas aos momentos menos felizes que vive a economia nacional. Tem alguma coisa a ver com a "filosofia" do governo Dilma, à sensação de que ele é menos pró-empresas do que foram Fernando Henrique e Lula. Agora, o que era apenas observações contidas, está gerando reações mais pontuais e objetivas. Houve um ensaio antes, quando algumas companhias de eletricidade reagiram contra o plano de renegociação de seus contratos que estavam vencendo, caso da Cemig e da Cesp. Mas aí eram empresas estatais ou ainda com forte ranço estatal.

Um pote de insatisfações - 2

Desta vez não. Três fatos recentes mostram a mudança de ânimo :

1. Um grupo de entidades empresariais entrou na Justiça contestando a manutenção do adicional de 10% na multa do FGTS por demissão de funcionários em justa causa.

2. Outro grupo de empresas aciona o Judiciário contra as regras de privatização de terminais portuários.

3. E um terceiro grupo também recorre à Justiça para poder concorrer ao leilão dos aeroportos de Cofins e Galeão. São os concessionários de Brasília, Guarulhos e Viracopos, insatisfeitos com o limite de 15% para eles nas novas concessões.

Brasil em temos de censura

1. Um grupo de artistas, com discreta simpatia do mundo político, continua firme na defesa da necessidade de autorização prévia do personagem ou da família para publicação de biografias. Semana passada, sem motivo, a Câmara dos Deputados adiou, sem data nova para votar, a decisão sobre uma proposta que acaba com esta exigência.

2. No Senado caminha uma proposta proibindo a divulgação de pesquisas eleitorais nos 15 dias que antecedem às eleições.

3. Não saiu da agenda do PT, nem de alguns grupos sociais, a ideia de criar o que eufemisticamente se chama de "controle social da mídia".

A liberdade de expressão de fato incomoda muito mais gente do que imagina nossa vã filosofia.

Palavra de José Dirceu

Do ex-ministro sobre a necessidade de regulação da mídia brasileira em artigo no Brasil Econômico em 24/10/13: "É flagrante a omissão ao que determinam os artigos 220 e 221 da nossa Carta Magna e o desrespeito à recomendação da aprovação de lei Federal para regulamentar o setor, disposta no artigo 222. Para esclarecer, o artigo 220 proíbe o monopólio e o oligopólio nas comunicações e o 221 define as finalidades da programação de rádio e TV educativas, artísticas, culturais e informativas e prescreve a promoção da cultura nacional e regional. Mas 25 anos depois de aprovada a Carta de 1988, os conglomerados de comunicação brasileiros controlam as concessões de radiodifusão, a mídia impressa e os provedores de Internet, sem mecanismos efetivos para coibir os excessos da concentração de poderes". Tais palavras merecem análise de fundo sobre os objetivos desta recomendação de José Dirceu que tantas vezes se repete na boca da presidente Dilma e do ex Lula.

Definição perfeita

Segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros, os partidos políticos brasileiros na sua maioria são, na verdade, "business plans". Agora mesmo, o recém-nascido PROS se prepara para fazer uma aliança com o PP na Câmara, formando uma bancada de 50 deputados, a terceira em número depois do PT e do PMDB. O que lhe dará grande poder de "argumentação" na hora de negociar o apoio à candidatura Dilma e conversar com a presidente sobre a reforma ministerial.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)