sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A LUCIDEZ DE FREI BETO ( E DE SÓCRATES)


Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!

Estamos construindo super-homens e super mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...

A palavra hoje é 'entretenimento'; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro,você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.


O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping-center. É curioso: a maioria dos shoppings-centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Deve-se passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald's...

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático.' Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeçapercorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz !"



Frei Betto

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

NO CEARÁ, SURGE O PRIMEIRO BLOCO COMPOSTO POR DEFICIENTES VISUAIS

Caros companheiros e companheiras da AMLEF (ACADEMIA METROPOLITANA DE LETRAS DE FORTALEZA),

Venho através desta convidar a todos para estarem presentes hoje (11/02/2010), a partir das 18h, no anfiteatro da Av. Beira-Mar (Depois das quadras e da Praça dos estressados), quando estaremos apresentando o MARACATU LUZES DA ALMA, o primeiro no Brasil a ser formado com pessoas com deficiências visuais.

Na ocasião, estarei entoando o canto que compus para o tema deste ano.

Contamos com a presença de todos e solicitamos que divulguem este evento para seus amigos.

"No Ceará, a nossa vez
de desfilar sem o preconceito,
temos garra, não invalidez
coração bate no peito"


Paulo Roberto Cândido
Cadeira 29 da AMLEF

CONJUNTURA NACIONAL

ENCENAÇÃO

Abro a coluna, hoje, com a encenação da Paixão de Cristo numa cidadezinha da Paraíba. O dono do circo, em passagem pela cidade, resolveu encenar a Paixão de Cristo na sexta-feira santa. Elenco escolhido dentre os moradores e no papel de Cristo, o cara mais gato da cidade. Ensaios de vento em popa. Às vésperas do evento, o dono do circo soube que 'Jesus' estava de caso com sua mulher. Furioso, deu-se conta que não podia fazer escândalo sob pena de perder o investimento. Bolou uma maneira. Comunicou ao elenco que iria participar fazendo o papel do 'centurião'.

– Como? – reclamaram – Você não ensaiou!

– Não é preciso ensaiar, porque centurião não fala!

O elenco teve que aceitar. Dono é dono. Chegou o grande dia. Cidade em peso compareceu. No momento mais solene, a plateia chorosa em profundo silêncio. Jesus carregando a cruz ... e o 'centurião' começa a dar-lhe chicotadas.

– Oxente, cabra, tá machucando! Reclamou Jesus, em voz baixa.

– É pra dar mais veracidade à cena, devolveu o centurião.

E tome mais chicotada. Chicote comendo solto no lombo do infeliz. Até que Jesus enfureceu-se, largou a cruz no chão, puxou uma peixeira e partiu pra cima do centurião:

– Vem, desgraçado! Vem cá que eu vou te ensinar a não bater num indefeso!

O centurião correndo, Jesus com a peixeira correndo atrás, e a plateia em delírio gritando :

– É isso aí! Fura ele, Jesus! Fura, que aqui é a Paraíba, não é Jerusalém, não!


FHC NO ATAQUE

Fernando Henrique mordeu a isca. Tudo que os petistas queriam era que um tucano de bico grande entrasse na briga da pré-campanha. Serra, matreiro, tomou distância. Aécio, idem, não quis entrar na briga, dizendo que não era o caso de fazer comparação entre ciclos. Todos deram sua contribuição ao progresso do país. E aí Fernando Henrique assume, por inteiro, a querela: vale a pena, diz ele, entrar na briga. Sem medo do passado. Seu artigo no Estadão do último domingo, ao lado do meu, fez furor. Na sequência, diz que falta liderança à Dilma.


PERDAS PARA SERRA

Ora, essa brigalhada é ruim para José Serra. E a razão é simples: na comparação entre as eras FHC e Lula, os dados favorecem os petistas. Não adianta querer argumentar que o Plano Real, de Itamar/FHC, foi a base que colocou a economia nos eixos. A verdade é que os braços assistencialistas do governo Lula são mais extensos. O Brasil se beneficiou das crises que afetaram o mundo na última década. Os eixos macroeconômicos foram fixados pelo governo tucano e aprofundados no atual governo. Mas o crescimento do país não se deu no ritmo desejado. O Brasil pouco cresceu.


LULA PROPAGANDISTA

É bem verdade que Lula é um bom propagandista. FHC é mais um schollar, um acadêmico respeitado. E Lula, ao fazer a comunicação direta com as massas, trombeteia todos os dias os feitos do governo. Repete, repete, usa linguagem simbólica, chavões, refrãos e até palavras chulas. Quanto mais ele é criticado, mais apimenta a linguagem. Ganha em matéria de comunicação. E a situação estável do país será intensamente usada como cobertor eleitoral.

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Seu Lunga entra num bar e pede uma cerveja e o dono do bar diz:

- Seu Lunga faltou energia!

Ele rebate:

- Eu vim aqui pra tomar cerveja, não pra tomar choque.

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TRANSFERÊNCIA DE VOTO

Pois bem, o colchão econômico em que se deita o país tem sido responsável pela boa performance da ministra Dilma Rousseff. Dilma anda no tapete estendido por Lula. Sua boa intenção de voto – cerca de 30% hoje – deriva não de suas qualidades de gerente ou mãe do PAC mas dos votos transferidos por Luiz Inácio. Não há dúvida que a transferência já começou a ocorrer. Principalmente nas regiões favorecidas pelo Bolsa Família.


SERRA E DILMA

Não concordo com Carlos Montenegro, do Ibope, que garante enfaticamente a derrota da candidata governista. Acho que as coisas estão indefinidas. Se política fosse lógica econômica, Dilma seria a vencedora, considerando-se a teia de programas que o governo Lula estabeleceu para todas as classes sociais. Da base da pirâmide ao topo, contabilizam-se uns 20 programas voltados para benesses e redistribuição de renda.

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Após o enterro de sua sogra, Seu Lunga encontra com um amigo que pergunta:

- Ooxeee! E ela morreu?

Seu Lunga:

- Não. Enterraram ela viva.

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DILMA E SERRA

Se eleição privilegiasse a questão do perfil, Serra seria o grande vencedor. Exibe perfil muito mais denso que Dilma. Preparado, experiente, conhecedor do país, já foi agraciados com milhões de votos. Dilma nunca recebeu um voto sequer. Mas eleição, hoje, leva em conta outros fatores que não aqueles de antigamente. Fatores da organodemocracia, que é a democracia das organizações intermediárias da sociedade – associações, movimentos, clubes, federações etc. A política afunda-se no vazio.


VAZIO POLÍTICO

Ora, foi o próprio ministro da Justiça, Tarso Genro, que usou o termo vazio. Disse que Dilma foi escolhida por conta do "vazio" do PT após o mensalão. Não havia outro candidato. Lula pinçou Dilma do bolso do colete. Um perfil técnico condizente com a democracia de cunho orgânica deste século XXI. No século XIX, tínhamos uma democracia atomizada. Cada eleitor, um átomo social, a ser conquistado por candidatos distintos com propostas para agradar aos desiguais. Hoje, o átomo cede lugar aos grupos e coletividades, que se tornam homogêneas. Já os candidatos são clones, muito parecidos.

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Seu Lunga encontra com um amigo que não via há tempos.

- Como é que você tá?

E seu Lunga:

- Do jeito que você tá vendo.

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AS ELEIÇÕES NO BRASIL

Sob essa moldura, as eleições vão ocorrer com partidos pasteurizados, siglas amorfas, eleitores desmotivados, oposições com discurso oco e indefinido, parlamento estiolado, doutrinas em franco declínio. O que sobra é um pano de fundo – economia estável, programas assistencialistas, massas relativamente satisfeitas com o governo. E uma classe C que aglutina 46% de toda a renda nacional, mais que a soma das rendas das classes A e B. Essa classe, que pulou para a área média da pirâmide no ciclo Lula, vai eleger o próximo presidente.


A NÃO SER QUE...

A não ser que os serviços do Estado nas áreas de saúde, segurança e educação sejam tão ruins que acabem amortecendo os feitos do governo Lula. E, como se sabe, segurança continua a ser um caos; a saúde é um desastre e a educação, apesar do esforço desse inteligente ministro Fernando Haddad, continua muita defasada.


ALENCAR EM MINAS

Luiz Inácio quer bancar o nome do vice-presidente da República, Zé Alencar, como candidato das oposições ao governo de MG. Trata-se de uma estratégia maquiavélica e desumana. Alencar, apesar de estar vencendo um câncer, não tem mais saúde para estar na linha de frente da política. Em MG, ele seria a convergência entre petistas e o PMDB. Fernando Pimentel e Patrus Ananias, do PT, cederiam o lugar para ele. Hélio Costa, o senador, que lidera as pesquisas, também aceitaria, até porque teria garantida mais uma volta ao senado. Mas o bom Alencar não tem saúde de ferro, gente. Tenham compaixão.


SKAF EM SÃO PAULO

Do jeito que as coisas andam pelos lados do PSB, é bem possível que Paulo Skaf, o socialista presidente da FIESP, seja o candidato do partido ao governo de SP. Há até versões de que poderia convidar o cantor comunista Netinho de Paula, atual vereador, para vice nessa chapa de esquerda. Imagino os companheiros Skaf, Netinho, Paulinho e Cirinho (Gomes, claro), de mãos dadas, fazendo passeata frente à Federação da Indústria em prol da redução da jornada de 44 para 40 horas. Nesse instante, o slogan ressoará em toda a extensão da Avenida Paulista: "deu a louca no mundo".


DIRCEU LIGEIRO

Zé Dirceu não morreu. Ao contrário, continua mais vivo que a direção do PT. Viaja para muitos lados. Dizem que no CE teria pedido a Cid, governador irmão de Ciro, que insistisse com este para sair do páreo federal. Se Ciro não sair, o PT teria um candidato ao governo cearense deixando de apoiar Cid. O deputado mandou Zé Dirceu pentear macaco.


PRIVATIZAÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

Ontem, no Parlamento, o líder do DEM, deputado Paulo Bornhausen, destacou alguns feitos da era FHC, entre os quais a privatização das telecomunicações, a partir da desestatização da Telebrás e de suas empresas estaduais de telefonia. Trecho: "o Brasil deu um salto, tornando-se um dos países mais desenvolvidos e atraentes do setor em todo o mundo. Mais importante que a inserção do país na era da alta tecnologia, a privatização do setor promoveu o maior programa de inclusão social e de acesso a renda jamais visto no país – maior mesmo que o Bolsa Família: em dezembro de 2009, a ANATEL registrava 173 milhões, 959 mil e 368 acessos do serviço móvel pessoal, o celular, pós e pré-pago".


MEIRELLES, O ESCRIBA

Michel Temer, reeleito entusiasticamente presidente do PMDB, está tranquilo. Sem açodamento. Não quer colocar pimenta nos pratos que lhe oferecem. Acaba de pedir a Meirelles que escreva as diretrizes econômicas do PMDB, e que serão entregues ao PT, para efeito de formação de uma aliança programática. Michel garantiu a este consultor que o PMDB fará questão de encaminhar o seu escopo ao PT. Sua ideia é a de formar um presidencialismo de coalizão, conceito que mais se aproxima do parlamentarismo.


ANÍBAL NO SENADO

São Paulo abre imenso espaço para o Senado. Se Mercadante topar ser o nome do PT para disputar o governo paulista, as possibilidades se escancaram para o tucanato. José Aníbal é um dos nomes mais qualificados para ocupar este espaço. Candidato no passado ao Senado, obteve cerca de 5 milhões de votos. Trata-se de um perfil bem palatável ao eleitorado.


ALCKMIN QUASE NA ARENA

Não há como afastá-lo da arena. Geraldo Alckmin, com cerca de 50% das intenções de voto, é o mais provável candidato ao governo paulista. Alguns acham que Alckmin é bom de largada e ruim de chegada. Mas não existe campanha igual. Pode ser que, desta feita, ele consiga chegar bem na dianteira. O candidato de José Serra, Aloysio Nunes Ferreira, tem um bom perfil. Quadro preparado, bom articulador, matreiro. Mas continua no esconderijo. É pouco conhecido. E nesta campanha conhecimento é vital. Tempo de campanha eleitoral é insuficiente.


COPA DO MUNDO E LULA

Há um fenômeno a ocorrer nos próximos meses que terá algum impacto no clima social : a copa do Mundo. Se o Brasil for campeão, o estado de ânimo se elevará. A alegria será contagiante. Os poros sociais se encherão de oxigênio. Candidatos governistas são mais beneficiados por este clima catártico. A recíproca é verdadeira.


CONSELHO A FHC

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado ao presidente Lula. Hoje, volta sua atenção ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:

1. Presidente, acautele-se, cuidado para não entrar em briga errada. Fale apenas o necessário.

2. O PT quer encurralar o PSDB ao tentar fazer uma campanha plebiscitária. Procure não engolir o anzol.

3. O importante é estabelecer para o candidato da oposição – Serra ou Aécio – um discurso denso, crível e capaz de sensibilizar as massas.

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(Por Gaudêncio Torquato)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

SOBRE A INAUGURAÇÃO DO CINE POTY

Olá!

Estreia dia 28 de fevereiro - domingo
na Casa de Cultura João Batista
rua Fcº Sá, 148 / Centro - Crateús, Ce
as 19:00h
O Cine Poty
Com "A marvada carne"

O filme é uma divertida comédia que homenageia o universo da cultura caipira, vista aqui num embate com a cultura da cidade, o filme também recorre à mitologia brasileira ao colocar em cena figuras como o Saci e o Curupira, é uma das comédias mais divertidas do moderno cinema brasileiro.

A marvada carne é um filme para todas as idades. Portanto, não deixe de trazer os amigos, o pai, a mãe, o filho... Temos certeza que todos irão adorar.

Saíba mais acessando o blog: http://sabicrateus.blogspot.com

Cordialmente

Karla Gomes

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Olá Júnior,

Parabéns a cidade de Crateús por oferecer ao seu povo mais um espaço cultural. O Cinema.

Com o advento da televisão e do computador, os cinemas se esvaziaram e as pessoas passaram a ficar mais em casa, seguindo novelas, vendo programas irrelevantes e travando amizades virtuais esquecendo-se de viver, ao vivo e a cores, as diversas possibilidades que a vida oferece.

Cinema é cultura, é diversão, aproxima as pessoas e nada mais romântico, que: pouca luz, um saquinho de pipoca, bala de hortelã, entre uma cena e outra um beijo, um aperto de mão etc. etc..

Palmas para Crateús!!!!

Dalinha Catunda

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

SABi INAUGURARÁ CINEMA EM CRATEÚS


Ontem, 08.02.2010, finalmente recebemos a primeira leva de filmes a serem exibidos em nosso Cine Poty. São dramas, comédias, documentários, infantis - aproximadamente 24 títulos, que estaremos mostrando para o público amante da sétima arte, sempre aos domingos, a partir das 19 horas, na Casa de Arte e Cultura João Batista, com entrada gratuita.

A estreia será dia 28 de fevereiro, com a divertida comédia "A marvada carne", protagonizada por Fernandinha Torres. O filme é uma homenagem ao universo da cultura caipira, vista aqui num embate com a cultura da cidade. Adaptação de uma peça teatral de Alfredo Soffredini, o filme também recorre à mitologia brasileira ao colocar em cena figuras como o Saci e o Curupira. Com nove Kikitos (prêmio do Festival de Gramado) em 1984, é uma das comédias mais divertidas do moderno cinema brasileiro.

A marvada carne é um filme para todas as idades. Portanto, não deixe de trazer os amigos, o pai, a mãe, o filho... Temos certeza que todos irão adorar.

(Do blog da Sabi)

POLÍTICA E ECONOMIA NA REAL

AGENDA ECONÔMICA BRASILEIRA

A agenda está cheia. A inflação sobe na previsão dos analistas conforme consta da pesquisa semanal publicada no Boletim Focus do BC. De outro lado, a política monetária continua sendo o último refúgio para controlar a inflação, pois do ponto de vista fiscal nada há de positivo e novo. Por cima de tudo, as exportações despencam e seus efeitos hão de aparecer. O cenário é ainda positivo, mas a qualidade da política econômica no Brasil se deteriora do ponto de vista estrutural e conjuntural (eleições).

EMPREGO NOS EUA

Os dados de atividade e emprego nos EUA continuam dando sinais de recuperação. Todavia, o ritmo da recuperação está mais lento do que o esperado. A taxa de desemprego caiu para o patamar mais baixo dos últimos cinco meses (9,7% da força de trabalho). O problema é que o ritmo de demissões ainda supera o de emprego e é possível que os indicadores de desemprego voltem a piorar nos próximos meses, o que seria um fato muito negativo do ponto de vista das expectativas.

FMI E CIA.

Observada a crise mundial (e agora a europeia), a pergunta que não quer calar é qual a utilidade do FMI na atualidade? Sequer a instituição tem a aura humanista da ONU e do Banco Mundial. Ao contrário, trata-se de uma instituição desmoralizada do ponto de vista técnico e político. Keynes, idealizador do Fundo, teria vergonha de seu destino...

"EFEITO BACALHAU", "EFEITO PAELLA" E "EFEITO PIZZA"

A crise econômica e de crédito da Espanha, Portugal e Itália terá seus efeitos diretos pelos nossos lados: a pressão dos dividendos das multinacionais destes países localizadas no país deve ser maior neste ano. O objetivo é cobrir riscos e eventuais prejuízos nos seus países-sede.

O PT, AOS 30 ANOS: VOLTA AO PASSADO?

Quem leu os documentos que o PT preparou para as discussões do programa de governo de um futuro governo Dilma, revelados pelo Estadão na semana passada e pelo Valor Econômico ontem, percebe que o partido está tentando retomar bandeiras que, por pragmatismo, foram abandonadas depois que a legenda, pelos pés de Lula, subiu as rampas do Planalto. Na ocasião, Lula não carregava sob as axilas as teses mais caras ao petismo. Levava a "Carta aos Brasileiros", documento elaborado sob a coordenação do futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para conter os temores de boa parte da platéia bem informada de que um governo do PT fosse mesmo mudar tudo que está aí. O PT engoliu – e continua engolindo – o sapo barbudo de uma política econômica que nunca foi dele, feliz com as oportunidades que teve no poder. Seus documentos sobre economia, agora, pregam velhos (pré) conceitos, dando sinais até de que namora novamente com o estatismo. Na diplomacia, critica o acordo Mercosul-Israel e as negociações da Rodada de Doha da OMC e, ainda, sugere a criação de um Conselho de Política Exterior. Demonstram que o PT se prepara para a "era pós-Lula" com ideias pré-Lula. Aos 30 anos, completados neste fevereiro, o PT, com Dilma, uma petista de segunda viagem, flerta com o passado. E tenta reescrever o lulismo de seu fundador.

EXCEÇÃO DA VERDADE

Pode ser até a chamada mera coincidência, mas como coincidência demais passa a ser fato em política, o jogo está aberto. O PSDB começa a botar em prática uma das ações eleitorais com as quais pretende desconstruir a imagem de Dilma: botar em dúvida seu compromisso com a realidade. Em outras palavras, pespegar-lhe a pecha de mentirosa. Na última semana, a expressão mentira, associada à ministra chefe da Casa Civil e/ou ao governo Lula, apareceu em três emissões da oposição: num artigo do ex-ministro Paulo Renato de Souza, no Estadão; numa nota do deputado Federal paulista Mendes Thame; e, no artigo que o ex-presidente FHC escreveu este fim de semana para o Estadão e O Globo. A oposição acha que Dilma lida mal com esta situação desde que se "enrolou toda" (expressão de um tucano) para explicar aquela história do currículo com informações incorretas sobre sua formação acadêmica e não rebateu convincentemente as acusações da ex-secretária da Receita, Lina Vieira, de que tentou interferir em perícias que a RF fazia nos documentos da família Sarney.

OH MINAS GERAIS – CAPÍTULO 7.227

Seguramente, a solução da sucessão mineira na base aliada de Lula será a mais longa e arrastada das subnovelas da novela da sucessão presidencial. O lance mais recente é tentar fazer do vice-presidente José Alencar o candidato dos partidos governistas, uma espécie de tertius na disputa entre o PMDB (Hélio Costa) e o PT (Patrus Ananias e Fernando Pimentel). Um dos petistas seria acomodado na vice do vice e Costa disputaria a reeleição para o Senado. É mais um balão de ensaio, que pode até dar certo, mas depende de uma série de circunstâncias para prosperar. A primeira é a própria condição de saúde do vice. Depois, a disposição de Costa de ficar no mesmo lugar e ir para uma briga contra Aécio Neves e Itamar Franco. Em terceiro, a maleabilidade do PT mineiro para fazer concessões. Sem concorrer diretamente, o partido entrará na disputa pela prefeitura de BH em 2012, em franca desvantagem. Durante anos, lembremos, o PT dominou a capital mineira, ou diretamente (Patrus, Pimentel), ou em parceria com o PSB. Hoje, o PSB, com Marcio Lacerda, ainda comanda a prefeitura, mas com o coração de Aécio. A movimentação do PT e dos aliados em MG, até agora, só está mesmo servindo para aumentar a disposição de briga do governador Aécio Neves e sua total integração ao projeto nacional tucano.

O ALMODÓVAR DE CIRO

As reações de Ciro Gomes aos movimentos de Lula e do PT, para afastá-lo prematuramente do grid de largada da corrida presidencial, estão num crescendo tal que podem tornar inviável uma integração total e entusiasmada do deputado cearense à campanha de Dilma. Aliás, Ciro já deu este sinal quando, entre ironias ao "santo Lula" e verbosidades contra Dirceu, avisou que já está com a vida ganha e não tem ambições pessoais.

O SILÊNCIO DE SERRA

O DEM não consegue dormir com o barulho que o silêncio do governador Serra sobre sua candidatura à sucessão de Lula anda fazendo. Digam o que disserem tucanos, democratas e os ex-comunistas do PPS, a ascensão de Dilma nas últimas pesquisas assustou em todos os quadrantes. Até a imprensa estrangeira já acha que o governador paulista perdeu o timing. O que voltou a alimentar os boatos de Brasília de que ele poderia desistir da capital federal para ficar na capital paulista, abrindo espaço para uma chapa puro sangue, café com leite, com sinais invertidos: Aécio presidente e Alckmin de vice.

DILMA E SEUS DOIS VICES

Quanto mais o deputado, recém reeleito presidente do PMDB, Michel Temer, diz que não aspira à indicação de vice na chapa de Dilma, mais dentro e fora do governo aumenta a convicção de que isto é a única coisa que o presidente da Câmara realmente aspira. E mais cresce a inquietação do presidente Lula, do PT e de outros aliados governistas que não o PMDB. Desse lado mais cresce a convicção de que Dilma precisa de um Meirelles a seu lado como contraponto às desconfianças que ela gera em alguns setores e aos "alopramentos" que o PT vem demonstrando nos esboços das propostas para um governo Dilma.

OS TEMPOS DE LULA E DO PMDB

Lula joga com o tempo, para consolidar o crescimento de Dilma nas pesquisas, para fechar o acordo eleitoral com o PMDB sem pagar todas as faturas que o peemedebismo está cobrando. Por sua vez, o PMDB diz que tem todo o tempo do mundo e pode esperar até o início da formação do novo governo para acertar as contas.

PRÉ-SAL ELEITORAL

Não vai ser tão tranquila como Lula imaginava e deseja a votação completa – Câmara e Senado – das novas regras para a exploração de petróleo no Brasil. A oposição vai obstruir sem dizer que está obstruindo a Petrobras. E as disputas regionais, mesmo que sejam atropeladas na Câmara, ressuscitarão no Senado, onde os Estados não produtores pretendem tirar o um quinhão mais generoso. Talvez nem dê tempo para o pré-sal frequentar os palanques eleitorais, desfalcando o tripé de realizações a ser alardeado por Dilma: petróleo, Bolsa Família e PAC.

DE OLHO NOS REMÉDIOS

O BNDES ainda não desistiu de patrocinar, por meio de fusões e aquisições, o nascimento de uma grande indústria farmacêutica nacional, para se contrapor às multinacionais que dominam o setor. Não faltarão recursos para quem quiser se aventurar.

DE OLHO NA INTERNET

Amanhã, Lula vai definir as regras para o Plano Nacional de Banda Larga e avalizar o renascimento da Telebrás como grande operadora do programa. Uma corrente quer que a novo-velha empresa estatal faça tudo sozinha. Outra, que o programa seja dividido com o setor privado. O mais provável, para evitar ruídos e desconfiança em ano eleitoral, é que Lula opte pela segunda. Porém, com total protagonismo da Telebrás.

JOSÉ SARNEY E A ÉTICA

Na sua coluna da última sexta-feira na Folha de S.Paulo, o senador José Sarney teceu argumentos de variadas cepas para tratar da injustiça com a qual tem sido tratado nos últimos escândalos da política nacional. A certa altura do artigo diz que "(...) o famoso caso Dreyfus, de trágica memória, em que este oficial do Exército foi acusado de traição, condenado à prisão perpétua e à chamada 'guilhotina seca', que era a prisão na ilha do Diabo, na Guiana. Foi preciso a coragem de defendê-lo de Émile Zola, ao publicar um manifesto com os erros do julgamento (J'accuse!), para acabar com a fraude." Interessante o velho senador maranhense ter admiração por publicações de manifestos quando ele e seu filho Fernando censuram, mesmo que por via judicial, o jornal O Estado de S. Paulo o qual tem uns manifestos nada republicanos para divulgar sobre como se faz política na família Sarney.

(Por José Marcio Mendonça e Francisco Petros)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

SONETO DE PARABÉNS À AMADA!

Já sabes, amada, que o oito é o número da luz!
Já te falei outras vezes, até com a voz molhada,
Que o oito é união fraterna, lírio de Jesus,
Fogo sagrado, círculo de amor, aliança colada.

Nesta manhã fevereira, febril e calma
Em que um novo milênio nos abre o seu armário,
Retiro a taça de sonho que me uniu à tua alma
E renovo-te um doce brinde de Feliz Aniversário!

O jardim azul da trajetória volta à minha mente:
Me mostraste a vereda das coisas permanentes,
Me deste o pão da paz, a fruta verdadeira.

Por isso me analiso, me recolho, me inflamo
E repito com o mesmo ímpeto da vez primeira:
Eu te AMO, eu TE AMO, EU TE AMO!


(Por Júnior Bonfim)


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Olá Júnior,

As vezes temos as palavras na ponta da língua, mas nos falta a inspiração.

Você com sua inspiração divina,dedicou, este soneto invejável, a sua musa inspiradora que certamente ficou em estado de graça ao receber a carinhosa declaração de amor.

Um abraço,

Dalinha



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Há Momentos

Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector

domingo, 7 de fevereiro de 2010

DIVULGANDO

Júnior:

Sei que tem muito interesse por poesia. Estou divulgando meu 4º livro: Calendário Poético, com capa do consagrado Celito Medeiros, de Curitiba. O livro envolve mais de 150 trabalhos, sobre as datas cívicas, históricas, importantes, homenagens, as mães, pais, médicos, advogados, professores, dia internacional da mulher, semana da pátria, e assim por diante.

Estou querendo difundir meu livro por várias regiões do Brasil, razão pela qual estou vendendo o mesmo, por apenas R$20,00 já incluído o valor da remessa. Conto com seu incentivo, já que bem sabe não é fácil divulgar cultura, especialmente poesia.

Mando algumas poesias do citado livro, espero sejam do seu agrado.

Espero um e-mail seu!

Abraços do Wandisley



O Que Dizer, Brasileiro?...


wandisley garcia

O que dizer, brasileiro,
de nossa bela nação,
se já sabe o mundo inteiro
a mais profunda canção?!...

O que dizer, brasileiro,
de nossa rica nação,
do nosso povo altaneiro,
povo amigo, povo irmão?!...

O que dizer, brasileiro,
de nossa nobre nação,
que fez D. Pedro Primeiro
um cativo da emoção?!...

O que dizer, brasileiro,
de nossa jovem nação?!...
Todos sabem do celeiro,
dos produtos deste chão!

O que dizer, brasileiro,
de nossa imensa nação:
somos um povo ordeiro
com Jesus no coração!


Horizonte Perdido

Wandisley Garcia

Acredito no horizonte perdido,
não distante daqui, não muito além...
O que no filme tem acontecido,
onde existe paz, onde existe o bem!

Onde a gente não tem envelhecido,
porque problemas lá nunca se tem,
mas esse lugar pouco conhecido,
penso, quem encontrar contar não vem!

Impossível, voltar deste "Eldorado!,
encravado em algum lugar do mundo,
tão maravilhoso, lindo e sagrado!

Acredito de todo coração,
com a pureza de um amor profundo,
a ternura mais franca do perdão!


O Homem e Computador

Wandisley Garcia

O homem tem a inteligência
dada por Nosso Senhor,
por mais que avance a ciência
ou mesmo o computador!

O homem, o seu fabricante,
nunca será superado...
Quem é ser vivo, pensante,
não máquina programada!

Por isso, homem, seu trabalho
é de fato imprescíndível,
é qual flor, nasce do orvalho:

Do seu pensar sem limite,
do seu sonho inconfundível,
inda que a máquina o imite...



Quando Venho Te Ver

Wandisley garcia

Eu, quando venho te ver:
é com o coração saltitante de alegria,
é como se cego eu visse a luz do dia...

Eu, quando venho te ver:
quanto este momento foi esperado!...
Sufoquei o ímpeto do meu coração,
ó meu doce, perfil amado!

Eu, quando venho te ver:
é com saudade fora do comum
e pelos poucos momentos que iremos ter
vamos vivê-los, como momento algum...

Eu, quando venho te ver:
não te quero triste e distraída,
se és a parte da minha vida,
a razão do meu próprio ser!

Eu, quando venho te ver:
é com o coração cheio de amor
esperançoso para oferecer
como a brisa acariciando a flor!...

Por isso, quando venho te ver:
quero teu amor, tua alegria,
nos meus braços feliz te envolver,
até que chegue nosso eterno dia!


Quando Quiseres

Wandisley garcia

Quando quiseres:
a emoção mais pura,
a palavra mais sincera,
o amor mais profundo,
não o de um segundo,
não o de uma simples quimera,
mas de uma eterna ventura,
aí, então, me procures,
e serás a mais feliz de todas as mulheres!


(wandisley_garcia1@yahoo.com.br)

SEM MEDO DO PASSADO


O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês...). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.

Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados... O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal. Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado. Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.

Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010. “Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”.

O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.

É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

(Por Fernando Henrique Cardoso, ex-Presidente da República)