sexta-feira, 5 de novembro de 2010

MISSANTA BONFIM


Os meses do ano coroados com a sílaba “bro” costumam ser bafejados, no sertão do Ceará, com os mais elevados índices de temperatura. Invariavelmente ao redor dos quarenta graus.

No dia 23 de outubro deste 2010, no entanto, a fazenda Mondubim, que dista 23 quilômetros da cidade de Crateús, amanheceu sob a surpresa do afago de um clima ameno. Um cenário agradável – caracterizado por uma combinação de pausa na inclemência solar com a gratuidade do céu espargindo delicados fios de água – como que convidava as pessoas a dar graças à vida ou compartilhar a boa prosa no largo alpendre da fraternidade!

Essa dupla alteração no horizonte sertanejo e no coração das pessoas, para os membros da minha veia familiar, foi obra da nossa matriarca: Missanta! (Sua filha Toinha havia profetizado: - “Nós já sabemos que a mamãe é santa. Para que os outros tenham essa certeza, só falta um milagre: chover no dia do aniversário”. E choveu!)
Missanta! Esse prenome íntimo, carinhoso apelido familiar, obra dos seus genitores e produto da junção litúrgica de missa e santa, incorporou-se à sua doce figura e substituiu o nome de batismo: Raimunda Rodrigues Bonfim.

A Vó Missanta - Tia Santa para a grande maioria – celebrou seus 90 (noventa) outubros sob o conforto de todos os filhos vivos, netos, bisnetos e demais componentes de seu imenso arvoredo genealógico. Durante estas nove décadas só residiu em duas casas: o habitat de nascimento, na localidade Lagoa das Pedras dos Rodrigues, e o lar do Mondubim, um casarão de calçada alta e teto trabalhado com arte, para onde se mudou após ter trocado aliança com José Moreira Bonfim (o Têtêro), no dia 29 de junho de 1939. (Aliás, a medida da aliança foi feita em um pedaço de pano, pois antes de casar minha avó nada havia colocado entre os dedos).

A trajetória de Missanta Bonfim está vinculada aos eflúvios superiores do Espírito. Viu o sol do mundo pela primeira vez às 14:00 horas de um dia de sábado: 23 de outubro de 1920. (Quem nasce em dia de sábado é regido por Saturno e conhece o sentido do tempo, a paciência, a sabedoria, o amadurecimento. Tem a graça de viver sob o impulso abençoado de uma vida laboriosa).

Seis homens e quatro mulheres vieram à terra através do seu ventre. Criou doze filhos: José Maria Bonfim, Sebastião Bonfim Neto, Rosária Rodrigues Bonfim, Josefa Rodrigues Bonfim (Zezé), Domingos Rodrigues Neto, José Itamar Bonfim, Antonia Rodrigues Bonfim (Toinha), Manoel Fernandes Bonfim, Lauro Rodrigues Bonfim, Maria de Lourdes Rodrigues Bonfim, Francisco Stênio Bonfim e Antonio Luiz dos Santos.

Por inevitável, saboreou frutas amargas. Carregou nos ombros maternais o peso da humana cruz e sentiu no peito as pedras cortantes da longeva caminhada. Teve que colocar na nave que leva os seres para a estação da outra dimensão, além do próprio cônjuge, três filhos: Lauro, Manoel e Rosária. Deles se recorda diariamente.

Porém, continua Missanta. Desfila, na passarela do convívio, com a elegância discreta de uma miss e a radiosa alma de uma santa. Mantém, no acolhedor terreiro do coração, uma permanente fogueira de espiritualidade como que a fazer contraponto à redução de temperatura gregária.

Sem embargo é por isso que coleciona, no anonimato de sua saga pessoal, feitos admiráveis. Aos noventa anos, Missanta Bonfim mantém o sorriso nos lábios e conserva hábitos incomuns para os da sua idade: levanta cedo, administra a própria casa, monta na garupa de uma motocicleta, brinda e sorve com alegria um copo de cerveja ou uma taça de vinho, se alimenta sem qualquer restrição e aceita sem pestanejar os constantes convites que recebe para participar dos mais variados eventos. Vive tranqüila e intensamente. É serena e afável, pacífica e bondosa!

Indaguei-lhe qual o segredo de viver em paz consigo mesma. Ela me respondeu: - “Meu filho, nunca deixei que as preocupações tomassem conta de mim. Não é que não me preocupe. Mas, se uma coisa é inevitável, nunca deixo que ela perturbe demais a minha cabeça. E toco a vida prá frente”.

Nunca deixar as preocupações tomar conta da gente – ou seja, relevar, perdoar, viver em sintonia com a consciência - é o principal segredo, a lição essencial de uma nonagenária criança que exibe o invisível diploma de PHD na Universidade da Existência. Parabéns, Vó Missanta!

(Júnior Bonfim, no Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

OFÍCIOS E BANHOS NO POTY




.........Ainda jorram impetuosas, aquelas águas barrentas de minha infância. Corre sobre minha pele um Poty translúcido e equídeo escramuçando entre rochas, com crinas ao vento nas tardes bucólicas. Creio que me tornei rio para fluir livremente desde o primeiro e delirante mergulho.

.......Era como sentir a quinta sinfonia beethoveniana que ia aumentando em vigor, suas notas aquosamente sonoras à medida que nos afoitávamos na sua nervosa correnteza. Para mim só houve segurança enquanto não aprendi a nadar. O pé ficava ancorado ao chão pelo medo de enfrentar a perigosa aventura das corredeiras da “Goela”. Sequer tinha aprendido a boiar como um cãozinho sobre uma porção liquescida e tranquila e já me achava destemido, com ânimo para enfrentar as águas que corriam céleres levando com selvageria a vida e a morte no percurso de rio que sabe ser fiel ao seu destino marítimo. O mar seria bem menor se faltasse uma só gota do Poty.

.........Posso dizer, com imensa satisfação e uma deliciosa nostalgia, que meus banhos no rio da caatinga brejeira foram inesquecíveis. Incomum era esperar pelo desfecho de janeiro, quando se firmam as temporadas de chuvas, para sabermos se o nosso amigo fluvial serpentearia ao nosso encontro repleto de algazarras, de prazerosos momentos em suas jubilosas margens.

........O mais importante daquele entardecer impetuoso, em meio ao caos da multidão irrequieta e dos riscos do volumoso rio com suas águas revoltas e turvas, a rodopiar os sonhos e os medos para a profundeza lamacenta de seu bojo, era o assombro que se estampara em nosso olhar, ao ver sendo arrastado de arrojo um atônito e pesado boi com seus olhos marejando um adeus como se um tronco lenhoso fosse, um troço qualquer. A felicidade também havia e rolava de nossos corações fluvio-sanguíneos por pressentirmos que a infância se salvaria nas brincadeiras salutares na beira do rio, pois o melhor antídoto para salvaguardar a meninice foi e sempre será, brincar.

.........Mas, às vezes, o Poty não estava para brincadeiras. Chegava como um cão raivoso para tomar posse de seu lugar. E lá estavam nossos familiares com os cacarecos na cabeça procurando mudança. Quando vinha nos seduzir em nossos quintais, víamos apreensão estampada nos olhos por mais uma ameaça de desocupação compulsória do que não era nosso, e esperávamos mais uma ordem de despejo. Ainda assim, nunca faltou motivo para nossos banhos.

........Vez por outra o Poty tem perda parcial de memória e esquece-se de voltar. Mas suas amnésias temporárias nunca prejudicaram a imersão fluente de nossas tardes. Ficavam os poços como que nos aguardando para substituí-lo. O Poço da Roça tinha um ar de mistério e de lenda no seu grande anfiteatro aquático de alta mata ciliar. Era nossa piscina olímpica, onde exercitávamos natação e a expectativa de sermos felizes sem ter consciência disso. Ali desenvolvíamos um particular amadurecimento quando a ingenuidade sucumbia à admiração de espiar as lavadeiras tais quais libélulas ensaboando roupas com uma naturalidade original de seus corpos seminus em linhas sinuosas, como as curvas do rio, para nosso deleite.

.........Lá, onde há a pedra da Mãe d’água, aprende-se a nadar. Tínhamos que passar por essa prova de coragem. Era nossa iniciação, para o conhecimento de coisas misteriosas e difíceis. Um enfrentamento ao submundo da escuridão para adquirir um oficio ou arte, nadar. Arrisquei por tentativas inúmeras, de elevado desespero, chegando ao ponto de sentir a mão fria e escamosa da Iara me puxando para seu reino de medo e lama, mas uma força mística dos céus ou da terra, ou um travesso duende, não sei, me fez voltar ao mundo dos vivos.

..........O Poty, como velho fênix que constantemente renasce de si ondulando como cobra em fluxo sonoro, um dia fixou um povoamento no mesmo espaço de terra onde outrora uma tribo rústica de nome Karatis da cor do mufumbo, ululava aos céus em danças de caça e pesca. O rio que avançava impetuoso, rouco, se contorcia, pulava e ria com sua graça meninil, ficou para trás.

.........Hoje, sentado à margem de seu doloroso curso, não vejo o sangue puro e plasmático, que nutria com hemácias e seiva o chão ávido e sedento. Não sinto o rio que vertia um sangue como no Nilo bíblico, cheiro forte e venoso quando eu o bebia... Hoje, à margem do Poty, com uma nostalgia profunda, eu me sentei e chorei... Sinto que ele escorreu pelas minhas mãos.

Raimundo Candido

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

COERÊNCIA: O PILAR DO VERDADEIRO LÍDER!

Que o líder competente inspira pessoas comuns para atingir objetivos incomuns, não é nenhuma novidade. O que nem todos sabem é que antes de pretender liderar os outros, você precisa aprender a liderar a si mesmo.

A literatura - assim como a maioria dos programas de desenvolvimento de líderes - ainda enfatiza o uso de técnicas sobre como melhor comandar subordinados e como transformar nossas equipes em um time de alta performance. Só que ensinam, no máximo, a sermos gerentes mais eficientes da vida dos outros, não necessariamente a sermos líderes mais eficazes da nossa própria vida.

Sabemos que, ao liderar, desafiamos as pessoas a mudarem seus hábitos cotidianos, posturas, atitudes, comportamentos, modos de pensar. Enfim, a modificar a forma de encarar suas vidas. Mas, precisamos entender que a mudança começa dentro de cada um de nós. O líder, quando deseja mudar algo, deve começar a mudança em si. Deve inspirar pelo exemplo, não apenas pelo discurso.

Não se trata de uma questão técnica. Trata-se de um conjunto de atitudes, posturas, de algo intangível, mas bastante diferenciador na competência do líder. Para liderar a si próprio, cada um precisa ter uma clara percepção das suas competências e emoções, pontos fortes e fracos, necessidades, desejos e impulsos. Quem possui um elevado nível de autoconhecimento sabe o efeito que seus sentimentos têm sobre si mesmo, sobre as outras pessoas e sobre seu desempenho. Por exemplo, um líder que reconhece sua dificuldade em lidar com prazos muito curtos, planeja seu tempo cuidadosamente e delega tarefas com antecedência.

Quem se conhece bem sabe aonde quer chegar e por quê. Assim, é capaz de recusar uma oferta de trabalho financeiramente tentadora, se isso for contra seus princípios ou não se alinhar com seus objetivos de longo prazo. Por outro lado, quem não se conhece adequadamente acaba tomando decisões que geram insatisfação interior por ferirem valores profundos. E, certamente, isso afetará de forma negativa a maneira como irá liderar os outros.

Quem se conhece, admite seus fracassos com franqueza e até relata essas situações com naturalidade. Essa é uma forte característica dos que sabem liderar a si próprios, pois não necessitam fingir todo o tempo, nem tentam ser o que não são. Outra característica é a autoconfiança; aposta em seus pontos fortes, mas sabe pedir ajuda, se necessário.

Outro ponto importante para quem pretende liderar sua vida tão bem quanto pretende liderar os outros: aprender a exercer a liderança de forma coerente nas várias dimensões da vida - no escritório, em casa, na escola, na comunidade. A liderança não ocorre apenas quando estamos no trabalho. Muitos exercem o papel de líder apenas quando estão no seu ambiente formal e se comportam de modo completamente diferente - às vezes até antagônico - em outras circunstâncias da vida. Defendem certas posições e valores quando estão com o crachá das suas organizações, mas têm outras atitudes quando estão em casa ou em situações do cotidiano.

Recentemente, um alto executivo de uma grande empresa me relatou que sua filha que o acompanhava em uma viagem percebeu quando ele tentava "furar" uma longa fila para o check-in no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Na frente de todos, a jovem exclamou: "Papai, você é um líder apenas quando está engravatado no escritório. Lá todos falam que você defende valores de integridade, transparência etc. Deveria ter o mesmo comportamento também em casa e aqui no aeroporto!"

De forma emocionada, sumarizou seu aprendizado: "Preciso ser um líder 24 horas por dia e não apenas um líder meio turno." Perceber, mesmo a duras penas, a mudança que precisa promover em si mesmo é o primeiro e belo passo para aumentar sua capacidade de liderar outras pessoas.

Fonte: Hsmglobal.com

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

2010: A ÚLTIMA ELEIÇÃO DO SÉCULO XX?

Observar a disputa deste ano permite ao analista discordar, ao menos pontualmente, da conclusão de Hobsbawn que “encurtou” o século XX no livro “A Era dos Extremos”, situando seu ponto final no início dos anos 90.

No Brasil, do ponto de vista político institucional, é forçoso reconhecer que, ao contrário, em boa medida ele ainda se arrasta. Destaco a seguir cinco evidências marcantes, remanescentes da moldura do século passado da qual muito provavelmente não teremos saudade.

1. A Idade dos Candidatos

Foi certamente a última eleição presidencial na qual a idade dos dois principais contendores – Dilma e Serra, ambos com mais de 60 anos – faz com que, a despeito do que a vida lhes reserve, a maior porção de sua experiência e militância política seja concentrada no século que passou. É inevitável que na próxima eleição candidatos do século 21 se façam presentes, e sigamos a trilha geracional dos Obama, Cameron, Sarkozy, Medvedev, Zapatero, Sócrates...

2. O Processo de Escolha

É muito difícil imaginar–se que em uma próxima disputa presidencial os militantes e simpatizantes dos partidos não venham a ter voz ativa na definição dos candidatos.

Primárias ou Prévias, o nome não importa, atualmente são utilizadas em países de culturas políticas tão diferentes como Estados Unidos, Inglaterra, França, Chile, Argentina, Uruguai, entre outros. Porque são instrumentos democratizantes, cuja capacidade de oxigenar o processo de seleção, de engajar a base partidária, de alavancar o grau de conhecimento dos postulantes, de pré–testar o posicionamento das candidaturas, sua utilidade, enfim, para fortalecer os postulantes é tão óbvia que com certeza os principais partidos, alguns dos quais já trazem esse dispositivo adormecido nos seus estatutos, não poderão continuar a ignorá-las como tolamente fazem hoje, substituídas pelo “dedazo” do líder ou de pequena confraria de caciques. Esse anacronismo vai ficar para trás.

3. As Eleições Parlamentares

Na campanha todos os candidatos se comprometeram com a Reforma Política. E não era sem tempo.

A Câmara Federal partidariamente fragmentada que mais uma vez emerge das urnas, independentemente do tamanho maior assumido pelo bloco do governo, traz percalços à governabilidade.

Esse fracionamento, no fundo, é a raiz de “mensalões” federais e de “mensalinhos” estaduais e tem origem em um sistema eleitoral – eleição proporcional com listas abertas e coligações – elaborado na redemocratização do pós guerra em meados do século passado.

A campanha de grande parte dos milhares de candidatos país afora agride a inteligência dos eleitores, sua propaganda polui as cidades, assim como polui a TV.

É dessa plataforma institucional obsoleta que decolaram Tiririca, hoje, como antes haviam feito Enéas, Macaco Tião, Cacareco, etc.

Um sistema imprestável e, no agregado, responsável por campanhas caríssimas.

Afora o compromisso do novo governo, a pressão da mídia, da opinião pública e dos financiadores das candidaturas virará essa página.

4. As Regras da Campanha

No bojo da Reforma Política deverão vir também mudanças substantivas nas normas que disciplinam as campanhas, e que incluem a remoção de dispositivos que promovem a hipocrisia, como a proibição de “campanhas antecipadas”, que traduz a obsessão legal por campanhas curtas, como se houvesse algum prejuízo para a democracia e para o eleitor no fato dele ter mais tempo para conhecer e avaliar os candidatos.

Nesse capítulo, será imprescindível a extinção ou redução drástica do tempo reservado aos Programas Eleitorais Gratuitos na TV e no Rádio, aquela meia hora de propaganda contínua duas vezes ao dia, concentrados em um mês e meio, típico exemplo de sobrevivência de um instrumento de comunicação do século passado, quando não havia sequer a Internet, e que foi criado bem antes da utilização entre nós das inserções ou comerciais, mais eficientes, alcançando maiores audiências, porque são distribuídas ao longo da programação.

É inconcebível que o bom senso não prevaleça uma vez já identificado o acentuado declínio da utilidade de tais programas, apesar dos seus custos astronômicos, o mais oneroso item do orçamento das campanhas.

Com essa medida, as disputas do século 21, contando com um papel maior da Internet, somado à cobertura da imprensa, aos comerciais de TV e Rádio, e com Debates, serão mais baratas e perturbarão bem menos a rotina dos eleitores.

5. A Agenda

Nos anos 90 seria finalmente equacionado um desarranjo estrutural que atormentou muitas gerações: a inflação e a instabilidade econômica foram domadas com o Plano Real e com as Reformas empreendidas durante o governo tucano.

No ciclo petista que se lhe seguiu seria acelerado o processo de distribuição de renda, pelo aumento significativo da magnitude dos programas sociais, do valor do salário mínimo e do acesso ao crédito pelos mais pobres.

Porém, ainda resta como herança do passado um contingente não desprezível de 30 milhões de miseráveis, que mereceu destaque nessa eleição. A compaixão pelos mais fracos continuou a ser uma nota marcante na sinfonia das campanhas.

Ao final do próximo governo, uma vez ampliada e consolidada a classe média, cumprida ou em andamento a promessa assumida por todos os postulantes de viabilizar o fim da miséria, estará encerrado o ciclo remanescente.

As próximas campanhas poderão, então, conferir centralidade a questões abrangentes e de grande repercussão nas próximas décadas.

Os brasileiros serão chamados a optar por diferentes visões estratégicas de desenvolvimento; a escolher entre abordagens alternativas de inserção no mundo globalizado; a definir opções de matriz energética, incluindo o papel da energia nuclear; de parcerias diplomáticas que privilegiem os hemisférios Norte ou Sul; de alternativas de sistemas de saúde e de educação, que incluam a discussão do seu financiamento; de como deve ser utilizado pelo Estado o tesouro enterrado no Pré-sal; e assim por diante. Como fazem em circunstâncias semelhantes países do Novo Mundo que de algum modo podem ser comparados ao nosso, como o Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

E desse modo, graças as nossas conquistas, daqui a quatro anos, despregados da velha moldura, experimentaremos as primeiras eleições do século 21.



Antonio Lavareda é sociólogo e cientista político. Seu livro mais recente é “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais”, Editora Objetiva, 2009.