sábado, 20 de julho de 2013

MOACIR SOARES ANALISA O PROGRAMA "MAIS MÉDICOS"

Com a proficiência de quem já passou pelos mais diversos escalões de formulação de políticas públicas na área de saúde, MOACIR SOARES, técnico de escol e avaliador competente, analisa o recém lançado Programa Mais Médicos.

Vejam no post abaixo:

“PROGRAMA MAIS MÉDICOS”.


A denominação “programas” na saúde pública brasileira sempre foi sinônima de planos temporários que se alicerçaram em circunstâncias tempestivas, como algo que rápido se fez e rápido se desfez. A nossa Saúde Pública é pródiga desses exemplos. Sua história é marcada muito mais por Programas de Saúde do que por Políticas de Saúde.

Estamos testemunhando o anúncio de mais um programa. O “Programa mais Médicos” lançado pelo Ministério da Saúde é o assunto do momento da mídia, das categorias profissionais e do senso comum. De pronto, sou radicalmente contra todos os itens desse pacote tão oco de substâncias que o setor da saúde publica requer. Ao meu juízo, os problemas da Saúde Pública brasileira não se resumem somente a falta de médicos e nem tão pouco a mais dinheiro para construir ou reformar Unidades Básicas de Saúde.

Essa prescrição posta, ou melhor, imposta pelo Governo Federal é um atesto de quem não conhece de perto o quadro de flagelo da saúde pública desse país, que se encontra no degrau mais baixo da credibilidade, do caos, da desassistência, do abandono, da falta de financiamento digno, de suporte tecnológico, das precárias condições de infraestrutura, de gestões ímprobas, dentre outras mazelas. Essa é a real radiografia e o grave diagnóstico de norte a sul do país.

É triste ver que os Governos se distanciaram dos objetivos do SUS, e por conta disso, o mesmo apresenta esse estado caótico e de falência múltipla dos seus órgãos, porque ficou sem amparo de uma política decente e focada nos princípios desse sistema.

Diante desse quadro, a única medida que pode acudir em tempo a nossa saúde pública, é o Governo Federal aplicar um choque de sinceridade e ressuscitador, com infusão de medidas sérias em overdose e em caráter emergencial para ver se ainda reanima esse modelo de saúde, que prometia ser um passo largo a frente e uma política de inclusão enriquecida de alternativas inovadoras.

E por falar em programa, o “mais médicos” ao ser apresentado deixou todo mundo apoplético e deve ser renegado não somente pela categoria médica, pois é um bafafá na precisão do termo. Foram tantas expectativas criadas, dado ao estardalhaço como foi anunciado tal pacote. Mas como diz a máxima, “A montanha pariu um rato”, não passou de uma ação pobre e politiqueira na sua essência.

É óbvio que recrutar médicos sem nenhuma ou pouca proficiência na formação e no idioma, e ainda escalando-os para trabalhar a mercê das mais precárias condições, não mudará em quase nada a combalida assistência na saúde. Ademais, vai à contramão da política da integralidade e da resolutividade do Sistema Único de Saúde. Sem falar, dos possíveis “médicos estrangeiros” atraídos para trabalhar nesse programa, sem proficiência do nosso idioma e de várias doenças tropicais/regionais, o que dificultará sobremaneira um bom exame clínico, uma boa escuta do paciente e até obter um diagnostico confiável. Será se um Ministério da Saúde vai contratar interpretes para os médicos que não tenha o domínio da nossa língua? Além disso, têm várias outras questões que estão sendo negligenciadas quando se trata de contratar médicos estrangeiros sem submetê-los ao revalida. Pois, quem vai responsabilizar-se em: assinar as receitas, solicitar exames, expedir laudos, fornecer atestado médico e atestado de óbito dentre outras condutas próprias e regulares do exercício legal da profissão?

Nada de ufanismo, a Saúde Publica do Brasil precisa de uma política séria e de Gestores qualificados e compromissados, e não só preocupados com estatísticas e travados pela falta de recursos. Hoje o que se ver é uma assistência abaixo da crítica, repleta de carências e que não inspira nenhuma confiança aos seus usuários.

O SUS foi levado pela correnteza do desfinanciamento e pela falta prioridade política. Hoje mas parece uma locomotiva movida à lenha num verdadeiro faz de conta de ações e serviços. Precisamos salvá-lo desse afogamento, e isso deve ser um imperativo ético para todas as classes sociais, usuárias ou não da saúde pública. Temos que honrar a história de vários personagens que dedicaram suor, tempo e inteligência, fundidos num mesmo propósito de se ter uma saúde pública mais humana e mais real.


Moacir Soares

sexta-feira, 19 de julho de 2013

VIDA PALPÁVEL

*

O que será de verdade

Este mundo virtual

Onde amizade irreal

Prolifera em quantidade

E a concreta amizade

Transforma-se em ilusão

Vislumbro alienação

Quando o vício é voraz

E em sua bagagem traz

Um mundo de solidão.

*

Eu quero ver a paixão

Dentro do seu olhar

Eu quero sentir palpitar

No peito meu coração

Quero a magia da mão

Inquieta e buliçosa

O suspiro de quem goza

E gosta do visceral

É neste estágio real

Que fomento a emoção.

*

Versos de Dalinha Catunda

quarta-feira, 17 de julho de 2013

ANIVERSÁRIO DA AMLEF

Em Sessão Solene mesclada de singeleza e emoção, a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF celebrou, na noite de ontem (16.07.2013), o seu oitavo aniversário de fundação.

Tivemos a posse de dois novos acadêmicos honorários: Antônio Paes de Andrade e Wilson Holanda Lima Verde.

Foram agraciados com a comenda maior da AMLEF, a Medalha Mário Caúla, a Academia Cearense de Letras, representada por seu Presidente, escritor e bibliófilo José Augusto Bezerra e o Professor, Deputado Estadual e Secretário de Cultura do Ceará Francisco José Pinheiro, representado por seu Secretário-Adjunto Eduardo Fidélis.

No exercício da Presidência, ante a justificada ausência do Presidente Seridião Correia Montenegro, soletrei umas poucas sílabas de gratidão a todos que contribuíram para o sucesso do evento.

A Medalha Mário Caúla, instituída pela AMLEF em homenagem a um dos seus mais iluminados fundadores, foi concedida para a Academia Cearense de Letras por tudo que ela simboliza para as letras nacionais. Primeiro Sodalício de Letras do nosso País, a ACL, tal qual uma mãe generosa, abriga em sua sede, o Palácio da Luz, mais de uma dezena de outras instituições literárias. O seu atual Presidente, José Augusto Bezerra, é um varão de Plutarco que a conduz com maestria e elegância. O segundo agraciado, Professor Francisco Pinheiro, Deputado Estadual e Secretário de Cultura do Ceará, tem sido um parceiro republicano da nossa Arcádia. Cultor da discrição, praticante da humildade, é um militante cuja respeitabilidade ultrapassa os limites da coloração partidária que possui. Usa a política para servir e não para ser servido.

Passaram a integrar a nossa galeria de honra o jornalista Wilson Limaverde e o ex-deputado e escritor Paes de Andrade. Wilson Limaverde é um amadurecido e talentoso homem de letras nascido no pujante Iguatu, o mesmo solo fértil onde germinaram gênios como Humberto Teixeira, na composição, e Evaldo Gouveia, na canção. Paes de Andrade, lenda e legenda da política nacional, inscreveu seu nome no Panteão da Audácia. Quando uma nuvem de escuridão cobria o céu da nossa ampla pátria e um túnel escuro estava à nossa frente, ele era um lampião heróico exibindo a tocha da liberdade.

Parabéns a todos os integrantes da AMLEF pela bela festa de aniversário!

Júnior Bonfim







CONJUNTURA NACIONAL

Abanando minha cabeça

Winston Churchill fazia um discurso mordaz quando um aparteador, saltando do lugar para protestar, só conseguiu emitir sons abafados. Churchill observou:

- Vossa Excelência não devia deixar crescer uma indignação maior do que a que pode suportar.

Em outra ocasião, estava sentado, sacudindo a cabeça de maneira tão vigorosa e perturbadora que o orador gritou, afinal, exasperado:

- Quero lembrar ao nobre colega que estou apenas exprimindo minha própria opinião.

Ao que Churchill respondeu:

- E eu quero lembrar ao nobre orador que estou apenas abanando a minha própria cabeça.

Sou o chefe dele

O general Montgomery estava sendo homenageado, pois venceu Rommel na batalha da África, na 2ª Guerra Mundial. Discurso do General Montgomery: "Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói". Churchill ouviu o discurso e com ciúme, retrucou: "Eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele".

Se houver

Telegramas trocados entre o dramaturgo Bernard Shaw e Churchill, seu desafeto. Convite de Bernard Shaw para Churchill: "Tenho o prazer e a honra de convidar digno primeiro-ministro para primeira apresentação de minha peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver". Resposta de Churchill: "Agradeço ilustre escritor honroso convite. Infelizmente não poderei comparecer à primeira apresentação. Irei à segunda, se houver".

Por que não?

Quando Churchill fez 80 anos, um repórter de menos de 30 foi fotografá-lo e disse:

- Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos.

Resposta de Churchill:

- Por que não? Você me parece bastante saudável.

Veneno em seu chá

Bate-boca no Parlamento inglês. Aconteceu num dos discursos de Churchill em que estava uma deputada oposicionista, Lady Astor, conhecida pela chatice, que pediu um aparte (Sabia-se que Churchill não gostava que interrompessem os seus discursos), mas concedeu a palavra à deputada. E ela disse em alto e bom tom:

- Sr. ministro, se Vossa Excelência fosse o meu marido, eu colocava veneno em seu chá!

Churchill, lentamente, tirou os óculos, seu olhar astuto percorreu toda a plateia e, naquele silêncio em que todos aguardavam, mandou:

- Nancy, se eu fosse o seu marido, eu tomaria esse chá com prazer!

A canoa de Lula

Qual a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio pegar a canoa e voltar a navegar no riacho da eleição de 2014 ? Tem sido esta a mais recorrente pergunta nos corredores da política, instigada pela acentuada queda da popularidade da presidente Dilma na esteira da avalanche de manifestações que sacodem o país. A resposta está condicionada a outra questão: é possível à mandatária recuperar a avaliação que detinha junto às classes sociais, no início deste ano, a mais positiva entre os chefes de Executivo da contemporaneidade? A resposta não é tão simples, pois agrega um conjunto de fatores, alguns imponderáveis, a começar pelo desempenho da economia nos próximos meses.

Primeira hipótese: perda de controle

A ser pífio o desempenho econômico, com efeitos na inflação, particularmente na área de alimentos, a presidente se defrontará com dois grandes riscos : a perda de controle sobre o processo político-administrativo, com a governabilidade caindo abaixo do ponto crítico; e a perda de capacidade de reverter o processo de desacumulação de força. Sob essas duas situações-limite, é razoável crer na hipótese de que o PT, para preservar seu projeto de poder, convença seu comandante-em-chefe a voltar à liça. A recíproca é verdadeira. Se a economia correr bem nos trilhos, o controle sobre o poder político será resgatado e a boa imagem reconquistada.

O caso da Bolívia

O vetor de peso de um governante, é bom lembrar, equivale ao de um balanço. A princípio, ele sobe, depois desce, mantendo-se em nível baixo por bastante tempo, até juntar forças para recuperar a posição anterior. O perigo é quando o mandatário atinge o ponto de quebra, aproximando-se do extremo do arco da estabilidade; nesse caso, não haverá condições para segurar a queda e acampar o governo em terreno seguro. Um exemplo clássico de recuperação, segundo o cientista social chileno Carlos Matus, foi o do último governo do presidente Paz Estenssoro, da Bolívia, que empreendeu forte programa de ajuste macroeconômico, sob a condução do ministro do Planejamento Sánchez de Lozada. A inflação de 30.000% ao ano destruíra as forças do presidente e de seu partido. A eficácia do programa reduziu a alta dos preços a 30% ao ano, o que deu a Lozada, em 1993, a maior votação das eleições presidenciais daquele país. Foi uma típica demonstração da teoria do balanço.

O caso brasileiro

Não há comparação, claro, com a atual situação brasileira. Nossa inflação não chega nem a dois dígitos. O exemplo serve para ilustrar a imagem da gangorra, como a que vemos. Com os preços de alimentos subindo a uma taxa anual entre 14% e 19%, conforme escreveu o economista José Roberto Mendonça de Barros (O Estado, 7/7/13), é possível prever forte pressão sobre os orçamentos familiares e, se isso ocorrer, expansão da insatisfação social. Nesse caso, o cenário de queda se manteria. João Santana, o responsável pelo marketing do governo, estipula em quatro meses o tempo para a presidente recuperar o patamar de prestígio. É possível?

Dona da flauta dá o tom

A resposta vai depender do axioma : "quem é dono da flauta dá o tom"; a dona é a maestrina da orquestra e é chamada de economia. A lábia do marqueteiro aponta, portanto, para as cartas econômicas que serão embaralhadas para o jogo de 2014. É evidente que, a par de eventuais trunfos a serem obtidos na mesa da economia, há mais dois cinturões do governo para ajustar, sob pena de irreversível débâcle da imagem presidencial : os cinturões político e de serviços públicos. Se fechar a torneira para as demandas políticas, a presidente ficará sob ameaça de mais derrotas no Parlamento. Caso tampe os ouvidos ao forte clamor das turbas, arrisca-se a cair no despenhadeiro da rejeição social. Hoje, mostra-se atenta à onda popular, abrindo um conjunto de iniciativas, como a proposição da reforma política e implantação de programas, alguns polêmicos, como importação de médicos e extensão dos cursos de medicina, de 6 para 8 anos.

O sol é novo é cada dia

Caso não consiga ajustar os cinturões da governança aos corpos econômico, político e de serviços sociais, a candidata à reeleição poderá ser induzida a ceder o lugar ao antecessor, plano B com que trabalha parcela da máquina petista. Daí a inevitável pergunta : a volta de Lula seria a solução para o PT prolongar seu projeto de poder? O horizonte é nebuloso. Mas algumas hipóteses são razoáveis. A primeira é de que voltar é uma forma de retroceder. O percurso liderado pela primeira mulher presidente seria interrompido para propiciar o reingresso em cena do perfil maior do PT. O que não evitaria a sensação de insucesso da estratégia petista. Outra observação: nem o Brasil nem Luiz Inácio são os mesmos de ontem, o que nos remete à máxima de Heráclito de Éfeso: "um homem não passa duas vezes no mesmo rio". As águas sempre se renovam. O sol é novo a cada dia.

Os burros n'água

As duas vezes em que Lula atravessou as águas nacionais formaram e fecharam um ciclo, caracterizado pelo aprofundamento das coalizões partidárias (que resultaram no mensalão), por um compadrio patrimonialista entre sindicalismo e Estado, pelo acesso das massas à mesa do consumo e por um estilo populista de governar, que multiplicou contatos com as massas. Hoje, Luiz Inácio se agasalha no conforto de palestras internacionais, sob o manto do carisma e do perfil com maior cacife eleitoral. E que tem de cuidar bem da saúde, mesmo exibindo passaporte de seus médicos para voltar a frequentar palanques. Navegar no Brasil de hoje é, para os políticos, um exercício de reaprendizagem. A pororoca que se espraia pelo país exige um mergulho profundo nas águas que inundam ruas, becos e vielas. Lula é um navegante. Mas o rio está mudando o curso. Pegar uma canoa em direção ao amanhã, apenas com um "baú recheado de coisas de ontem", pode dar com os burros n'água.

Lorotas

A internet tem sido pródiga na propagação de versões, contraversões, mentirinhas e mentironas. A mais recente : Lula teria voltado ao Sírio-Libanês para cuidar da recidiva, o câncer que teria voltado. Lorota das grandes. Lula está lépido e fagueiro. Forte e fazendo articulação de bastidor. Este consultor tem conversado com pessoas que conversam constantemente com Lula.

Lula, o analista

Lula, como analista político, é um otimista. Em sua coluna no New York Times, publicada ontem, explica que as manifestações que ocorrem no país não rejeitam a política. Ao contrário, vão incentivar os jovens a participar da atividade política. Sobre a motivação, o ex-presidente argumenta que os protestos foram motivados por pessoas que querem serviços públicos de melhor qualidade e instituições políticas mais transparentes.

Imagem de Dilma

A imagem da presidente Dilma continua descendo a ladeira da fama. As pesquisas atestam a queda de popularidade. A mais recente é da CNT/MDA : avaliação positiva do governo da presidente Dilma caiu de 54,2% para 31,3%, divulgada ontem. O levantamento foi feito entre os dias 7 e 10 de julho, após a onda de protestos ocorrida no país. Uma conhecida que acaba de chegar dos sertões nordestinos, mais precisamente de Jequié, na BA, conta que a presidente é xingada todo tempo pelos baianos. A causa: aumento dos alimentos. Menos dinheiro no bolso para suprir as barrigas. Operação BO+BA+CO+CA está desalinhada: Bolso, Barriga, Coração, Cabeça.

Pacto com empresários

Na agenda da presidente da República, estão previstos contatos com empresários de peso. O objetivo é o de tentar um pacto com empresariado nesse momento de grandes interrogações na economia. A questão é: será que o momento ainda é adequado?

Um veto indigesto

A presidente Dilma Rousseff, que já não anda bem com os eleitores (a intenção de voto na ocupante do Planalto caiu 19,4 pontos percentuais desde a última pesquisa), pode comprar uma briga feia com todos os empresários do país : basta vetar o projeto que elimina a multa de 10% sobre o FGTS, aprovada pelo Congresso. De uma só vez a presidente pode piorar o ambiente de negócios para as empresas e tornar mais nebuloso o cenário do mercado de trabalho. Emprego é o que ajuda Dilma a se manter ainda na dianteira, hoje com 33,4% da intenção de votos, contra 20,7% de Marina Silva (Rede Sustentabilidade), 15,2% do senador Aécio Neves (PSDB/MG) e 7,4% do governador Eduardo Campos (PSB/PE).

Preocupação à vista

A ABIN - Agência Brasileira de Inteligência - está preocupada com eventuais manifestações por ocasião da visita do Papa Francisco ao Brasil, a partir da próxima segunda feira. A Agência trabalha com a perspectiva de tendência "máxima" de manifestações durante o evento, que será realizado no Rio. As ações de "grupos de pressão" são as únicas que estão em nível vermelho, a escala máxima de possibilidade de incidentes. Na lista da ABIN, há controles sobre: "organizações terroristas", "crime organizado", "criminalidade comum", "incidentes de trânsito", entre outros.

Caiu do telhado

Todos os governantes sofrem os impactos das manifestações que assolam o país. Mas quem mesmo sofre muito com a queda do telhado é o governador Sergio Cabral, do Rio. Grupos de manifestantes praticamente acamparam em frente à casa do governador. Há quem diga que Pezão não subirá a montanha eleitoral de 2014. Ocasião da visita do Papa Francisco ao Brasil, a partir da próxima segunda-feira. E os sonhos do governador Cabral de entrar em chapa majoritária Federal se desvanecem.

Reforma política

Foi bem recebida a nomeação do deputado Cândido Vaccarezza para coordenar o Grupo de Trabalho que vai produzir um projeto de reforma política. Vaccarezza tem perfil de bom mediador. Sabe ouvir e ponderar. Diferente do deputado Henrique Fontana, do PT do RS, que prepara há dois anos um projeto nessa área e só construiu muralhas entre grupos e partidos. A escolha de Vaccarezza deve-se ao presidente da Câmara, Henrique Alves.

A era Eike

Fecha-se também uma Era plasmada por Castelos de Areia e Empresas construídas com papel. A Era Eike.

Conselho aos líderes e dirigentes

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos pré-candidatos no pleito de 2014. Hoje, dirige um conselho aos lideres e dirigentes:

1. Procurem entender profundamente as motivações que ensejaram e continuarão a ensejar as manifestações de rua por todo o território.

2. O Brasil fecha o ciclo do Bolsa-Barriga e inaugura o ciclo do Bolsa-Cabeça. Os novos horizontes abrirão novas formas de atuação na frente política e terão impacto sobre os setores produtivos.

3. Slogan da nova era: "Verás que um Filho Teu não foge à Luta". Conceito-mor: autogestão técnica. A pessoa sabe o que quer, para onde ir e também sabe escolher os meios para alcançar seus fins. Arquiva-se o axioma: "Maria vai com as outras".

(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 16 de julho de 2013

ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA METROPOLITANA DE LETRAS DE FORTALEZA - AMLEF

Hoje à noite ocorrerá a sessão solene em comemoração ao oitavo aniversário da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - AMLEF.

Seguindo uma tradição da nossa Arcádia, teremos, nesta noite memorável, a posse de dois novos acadêmicos honorários: Antônio Paes de Andrade e Wilson Holanda Lima Verde, e a entrega da comenda maior da AMLEF, a Medalha Mário Caúla, que vai ser concedida à Academia Cearense de Letras e ao Secretário de Cultura do Estado do Ceará, Francisco José Pinheiro.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

ELE VIVEU ENTRE NÓS (SOBRE ALFREDO KUNZ, O ALFREDINHO)

Salão do Sindicato dos Cozinheiros de Paris, início da década de 40. 0 presidente indaga quantos trabalhadores tem um mes de férias por ano. Uns tantos se levantam. Quem tem apenas uma semana de descanso. Uns poucos ficam de pé. Quem só obtém licença do patrão para descansar apenas no fim de semana. Outro punhado de pé. Quem nunca descansa? Um rapaz suíço, com pouco mais de um metro e meio de altura, levanta-se ao fundo. Era Alfredo Kunz, um militante cristão.

Meses depois, Alfredinho, como era conhecido, foi mobilizado pelo Exército francês para lutar contra o avanço das tropas de Hitler. Aprisionado, passou a guerra num campo de concentração na Áustria, ao lado de prisioneiros soviéticos. Aprendeu russo para pregar o Evangelho a seus companheiros de infortúnio. Em 1945, logrou fugir do campo, onde morreram cerca de 40 mil pessoas. Estranhou a indiferença dos soldados nazistas que cruzavam com ele, um notório evadido, com uniforme azul e cabeça raspada. Naquele dia, a guerra terminara.

Alfredinho tomou três decisões: tornar-se padre, trabalhar com os mais pobres entre os pobres e jamais vestir outra roupa que não reproduzisse o modelo do uniforme do campo, em memória de seus companheiros mortos.

Ingressou na congregação dos Filhos da Caridade e, a convite de dom Antônio Fragoso, em 1968 veio para a Diocese de Crateús (CE). Perguntou ao bispo qual era a paróquia mais miserável da diocese. Dom Fragoso apontou Tauá, região de seca e flagelo. Alfredinho instalou-se na capela local. Desprovida de casa paroquial, ele dormia no colchão estendido junto ao altar e cozinhava num fogareiro.

Certa noite, foi chamado para atender uma prostituta que, cancerosa, agonizava em seu barraco de taipa, na zona boêmia. Antonieta queria confessar-se. Padre Alfredinho disse a ela: "Somos nós que devemos pedir perdão a você. Perdão pelos pecados de uma sociedade que não Ihe ofereceu outra alternativa de vida. Como Jesus prometeu, Antonieta, você nos precederá no Reino de Deus. Interceda por nós."

Após receber a absolvição e a unção dos enfermos, a mulher faleceu. Não havia dinheiro para o caixão. As prostitutas enrolaram a companheira num lençol e arrancaram a porta de madeira do barraco para levar o corpo a vala comum do cemitério. Ao retornar para colocar a porta no lugar, Alfredinho teve uma inspiração. Durante anos, o vigário de Tauá habitou aquele casebre em plena zona boêmia da cidade.

Num tempo de seca, os flagelados invadiam as cidades do Ceará. Temerosos, muitos fechavam as portas. Alfredinho criou a campanha da Porta Aberta ao Faminto (PAF), cartaz que cerca de 2 mil fami1ias ostentaram em suas casas, acolhendo as vítimas do descaso do poder público.

Fomos amigos e bebi de sua espiritualidade. Barbado, vestido com a roupa azul que lembrava um macacão, sandálias nos pés e mochila nas costas, o aspecto de Alfredinho não diferia do de um mendigo. Convidado a pregar o retiro dos franciscanos, em Campina Grande, chegou de madrugada e dormiu na escada da igreja do convento. Ao acordar, catou as moedas que encontrou em volta e bateu a porta. "Quero falar com o superior", disse ao porteiro. "O superior não pode atender. Está em retiro." Alfredinho tentou esclarecer: "Sim, eu sei, pois vim pregar oretiro." O porteiro já ia expulsá-lo quando Alfredinho foi reconhecido por um frade que passava.

Testemunhei fato idêntico em Vitória, nos anos 70. A cozinheira interrompeu meu jantar com dom João Batista da Motta Albuquerque para comunicar: "Um mendigo insiste em falar com o senhor." O arcebispo reagiu: "Diga a ele que espere, minha filha. Vou atende-lo após o jantar." Era o padre Alfredinho, que viera pregar o retiro do clero local.

Em 1988, Alfredinho mudou-se para a Favela Lamartine, em Santo André (SP). Passou a viver entre o povo da rua e a dedicar-se a confraria que fundou, a Irmandade do Servo Sofredor (Isso), hoje congregando pessoas consagradas aos mais pobres em dez Estados do Brasil e vários países. Sua trajetória espiritual entre os excluídos está narrada em seus livros, muitos traduzidos no exterior: A sombra do Nabucodonosor, A Ovelha de Urias, A Burrinha de Balaão, A Espada de Gedeão e O Cobrador.

No domingo, 13 de agosto, Alfredinho transvivenciou, acolhido por Aquele que era o seu caso de Amor. Deixou como herança o testemunho de que uma Igreja afastada do pobre é uma Igreja de costas para Jesus..

(Frei Betto, escritor, é autor do romance sobre exclusão social Hotel Brasil, entre outros livros)

domingo, 14 de julho de 2013

MANIFESTAÇÕES POPULARES

Quando as injustiças sociais atingem o clímax e a indiferença dos governantes pelo povo que estorcega nas amarras das necessidades diárias, sob o açodar dos conflitos íntimos e do sofrimento que se generaliza, nas culturas democráticas, as massas correm às ruas e às praças das cidades para apresentar o seu clamor, para exigir respeito, para que sejam cumpridas as promessas eleitoreiras que lhe foram feitas...

Já não é mais possível amordaçar as pessoas, oprimindo-as e ameaçando-as com os instrumentos da agressividade policial e da indiferença pelas suas dores.

O ser humano da atualidade encontra-se inquieto em toda parte, recorrendo ao direito de ser respeitado e de ter ensejo de viver com o mínimo de dignidade.

Não há mais lugar na cultura moderna para o absurdo de governos arbitrários, nem da aplicação dos recursos que são arrancados do povo para extravagâncias disfarçadas de necessárias, enquanto a educação, a saúde, o trabalho são escassos ou colocados em plano inferior.

A utilização de estatísticas falsas, adaptadas aos interesses dos administradores, não consegue aplacar a fome, iluminar a ignorância, auxiliar na libertação das doenças, ampliar o leque de trabalho digno em vez do assistencialismo que mascara os sofrimentos e abre espaço para o clamor que hoje explode no País e em diversas cidades do mundo.

É lamentável, porém, que pessoas inescrupulosas, arruaceiras, que vivem a soldo da anarquia e do desrespeito, aproveitem-se desses nobres movimentos e os transformem em festival de destruição.

Que, para esses inconsequentes, sejam aplicadas as corrigendas previstas pelas leis, mas que se preservem os direitos do cidadão para reclamar justiça e apoio nas suas reivindicações.

O povo, quando clama em sofrimento, não silencia sua voz, senão quando atendidas as suas justas reivindicações. Nesse sentido, cabe aos jovens, os cidadãos do futuro, a iniciativa de invectivar contra as infames condutas... porém, em ordem e em paz.

(Divaldo Franco - Médium, orador espírita e escritor)