quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

CONJUNTURA NACIONAL

Abro a Coluna com historinhas do impagável José Flávio Abelha, em A Mineirice.

Lá vem a relaxada

Idos de 30. Caratinga, em festa, aguarda a inauguração do ramal da estrada de ferro Leopoldina Railway, a EFLR. O pessoal da roça interpretava o LR como "Leopordinha Relaxada". No pátio da estação, gente que não acaba mais. Num canto, dois coronéis, picam o fuminho para o cigarro e conversam.

A máquina apita.

Coronel Antônio Fernandes comenta com o coronel Rafael da Silva Araújo:

- Compadre, estão chegando os donos da cidade.

Coronel Rafael contesta:

- Os donos somos nós.

Não, compadre, retruca o coronel Fernandes, os donos são os que chegam, porque enxergam os nossos defeitos, desconhecem as nossas virtudes e, logo, logo, ficam mandando na cidade. Veio a Revolução de 30 e não ficou um coronel em pé.
Realmente, os donos da cidade haviam chegado pela Leopordinha Relaxada.

Entra "disgraçada"

No meio da algazarra, da emoção inusitada, das palmas e foguetes, a locomotiva quase entrando na gare, inopinadamente salta nos trilhos o coronel Galdêncio. (Nota do escriba : Isso mesmo, com L, diferente do meu que se escreve com U).

Como que desejando enfrentar o cavalo de ferro ele abre o paletó, saca de uma garrucha, dispara dois tiros para o alto e grita em direção do trem de ferro, sob os olhares atônitos dos presentes:

- Entra, disgraçada, qui esta terra é sua ! Entra, fiadaputa, trazedêra de pogréssio.

Abrem-se as cortinas

As cortinas começam a ser abertas. O palco de 2014 verá um dos mais vibrantes espetáculos eleitorais das últimas décadas. O pano de fundo não deixa dúvidas. Estamos vivenciando o fim de um ciclo : a polarização entre PT e PSDB. Não que a arenga deixe de existir. Certamente, em espaços do Sudeste (Minas e São Paulo, principalmente), a polarização deve ser forte. Mas o eleitorado dá sinais de cansaço. Como diria o profeta Zaratustra, "novos caminhos sigo, uma nova fala me empolga. Cansei-me das velhas línguas. Não quer mais o meu espírito caminhar com solas gastas." Sinais de mudar o tom da orquestra se ouvem de muitos lados.

Axioma 1

(Conselhinhos importantes em ano eleitoral)

"Ajuste seu fim a seus meios" (É loucura querer abocanhar mais do que se pode mastigar). B.H. Liddell Hart em As Grandes Guerras da História.

Basta de maniqueísmo

Não é mais possível vivermos num ambiente dividido entre o Bem e o Mal. O que é bom para uns é ruim para outros. O paraíso do PSDB é, para o PT, um inferno. E vice-versa. O céu petista é cheio de demônios queimando em brasa, segundo os tucanos. Ora, deixemos esse maniqueísmo de lado. Desde os tempos em que o PT cunhou o slogan "nunca antes na história deste país", um fosso profundo separa os dois territórios. Mas o Brasil é um só. Urge reconhecer vitórias de tucanos e petistas, avanços que os dois partidos conquistaram. Ninguém agüenta mais essa lorota : sendo PT, tudo é bom ; feito por tucanos, o empreendimento é magnífico. Ambos têm erros e acertos.

Axioma 2

"Conserve seu objeto sempre em mente quando tiver que adaptar seu plano à situação." (Há mais de um caminho para atingir seu objetivo). B.H. Liddell Hart.

Economia em baixa?

Este consultor tem repetido o mantra : economia nos trinques, Dilma subirá, mais uma vez, ao pódio. Economia no despenhadeiro, Dilma ameaça cair na lona. Nas últimas semanas, os analistas financeiros reacenderam suas previsões : PIB abaixo da meta (2,5%), inflação estourando a meta (6%), retração no consumo, empregabilidade sob risco. Apesar de todo esse cenário preocupante, é oportuno lembrar que o governo fará de tudo a seu alcance para empurrar a catástrofe de barriga, fazendo com que a conta a pagar entre no calendário de 2015. Por isso, este analista acredita que Dilma continua sendo a favorita no processo.

Axioma 3

"Escolha a linha ou o curso de ação de menor expectativa" (Procure se colocar no lugar do adversário e verificar qual a linha de ação menos provável a ser prevista). Liddell Hart.

O decisivo Triângulo das Bermudas

Tudo vai depender do desempenho eleitoral do Triângulo das Bermudas. Aécio conta com uma maioria de 4 milhões de votos em Minas. Será que seu candidato, possivelmente Pimenta da Veiga, terá o apoio do PSB, do prefeito Márcio Lacerda ? Será que Alckmin conseguirá transferir para Aécio seus votos tucanos ? Há, ainda, o Rio. O PMDB do Rio de Janeiro, insatisfeito com a candidatura do senador petista, Lindenberg Faria, subirá no palanque de Dilma ? Ou um zangadão Pezão fará campanha contrária ? Ele é amigo da presidente, mas não se conformará com a decisão do PT de lançar um candidato próprio ao governo.

Axioma 4

"Explore a direção de menor resistência" (Desde que possa conduzir ao objetivo que contribua para a consecução de sua meta básica). Liddell Hart

PA, GO E NE

As contas tucanas prevêem, ainda, um bom desempenho do PSDB no Paraná e em Goiás. Os tucanos, ademais, acreditam que a candidatura de Eduardo Campos tirará muitos votos de Dilma no Nordeste. Os mais de 10 milhões de votos que a presidente ganhou no Nordeste serão rateados com o candidato do PSB. Mas Lula promete fincar pé na campanha nordestina, a partir de sua forte participação em Pernambuco, seu estado Natal.

Axioma 5

"Opere em uma direção que ofereça objetivos alternativos" (Coloque o adversário nas alternativas de um dilema). Liddell Hart

Tom maior e tom menor

Pois é, o desempenho eleitoral dos partidos nos Estados será o tom menor do pleito, porque o tom maior continuará a ser dado pela economia. Por isso tudo, qualquer projeção sobre votos regionais ficará sujeito às intempéries do macro-clima ambiental, ou seja, o desempenho econômico, na esteira da equação que sempre apresento: BO+BA+CO+CA= Bolso Cheio, Barriga Satisfeita, Coração Agradecido, Cabeça Decidindo dar o voto a quem arrumou o jogo.

Axioma 6

"Cuide para que seu plano e seus recursos sejam flexíveis e adaptáveis à situação" (Preveja a manobra a ser realizada em caso de êxito, fracasso ou êxito parcial). Liddell Hart.

Serra?

Para onde irá José Serra? Para a Câmara Federal? Para o Senado? Vale um picolé de graviola quem acertar a rota serrista.

Axioma 7

"Não exerça um esforço enquanto o adversário estiver em guarda" (Não se deve lançar um ataque quando o inimigo está muito organizado). Liddell Hart

Ciro?

Para onde irá Ciro Gomes, atual secretário da Saúde do Ceará? Para um Ministério do governo Dilma? Para a equipe de campanha da presidente? Ou continuará com trombeteiro-mor das forças governistas?

Axioma 8

"Não renove um ataque na direção em que fracassou uma vez" (O fracasso do ataque pode ter levantado o moral do inimigo). Liddell Hart

Eduardo e Marina

Marina começa a dar dores de cabeça no governador Eduardo Campos. Seu pacote de exigências extrapola o tamanho da parceria. É o que se diz nos bastidores. Veta alianças do PSB com PSDB, a partir de São Paulo. Quer ver a deputada Luiza Erundina como candidata do PSB ao governo paulista. Mas esta não pretende entrar nesse jogo. A questão é : Marina Silva conseguirá, como vice de Eduardo Campos, trazer para a chapa a maior fatia dos quase 20 milhões de votos auferidos no pleito presidencial de 2010 ?

PMDB tenso

O PMDB vive um estado de tensão. Quer ter uma participação maior no governo, significando uma cota mais forte de Ministérios ou cota de Ministérios mais gordos. No governo Lula, o partido foi mais aquinhoado. As pressões internas se avolumam. Quem administra as tensões, com sua capacidade de articulação e liderança, é o vice-presidente Michel Temer. Esse mês de janeiro será decisivo para o partido, que mostra interesse em segurar os Ministérios que comanda e ganhar outro com maior peso. Ocorre que a disputa é muito acirrada. E Dilma se esforçará para fazer uma reforma que satisfaça ao conjunto governista. Difícil. Agradar uma sigla significa desagradar a outra. É a questão do cobertor curto. Curto? São 39 Ministérios. Mas os partidos da base são mais de 15.

Gregos e romanos

"Enquanto os gregos foram teóricos brilhantes, inovadores, os romanos foram agricultores-guerreiros, sérios e prudentes, menos sujeitos que seus antecessores a se deixarem levar por uma idéia. Herdamos nossas idéias dos gregos, mas nossas práticas dos romanos." (Kenneth Minogue)

30%, percentagem cabalística?

Pois é, podemos repartir o eleitorado brasileiro em três grandes blocos, cada qual somando cerca de 30% : os governistas, os oposicionistas e os eleitores que ainda não tomaram posição. Os 10% finais votarão em branco, nulo ou se absterão. 1/3 do eleitorado tende a decidir nos meses finais de campanha.

Os bons

"Parece que Deus escolhe os bons e os que fazem mais falta, para pagarem pela maldade dos que não fazem falta nenhuma." (Camilo Castelo Branco)

Maranhão

As últimas imagens sangrentas que estampam um Maranhão tomado pela violência em presídios apontam para um perfil em confronto com o status quo político : Flávio Dino, atual presidente da EMBRATUR e candidato ao governo pelo PC do B.

Dilma mais política

É visível. Nos últimos tempos, a presidente Dilma treinou mais o bambolê. Tornou-se mais flexível. Hora de conversar, dialogar, ouvir, atender demandas. Hora em que a onça corre ao poço para beber água. E os partidos estão sedentos. Hora da reforma ministerial.

Crime desculpado

"Quando alguém se vê privado de alimento e de outras coisas necessárias à sua vida, e só é capaz de preservar-se através de um ato contrário à lei, como quando durante uma grande fome obtém pela força ou pelo roubo o alimento que não consegue com dinheiro ou pela caridade, ou quando em defesa da própria vida arranca a arma das mãos de outrem, pela razão acima apresentada, nesses casos o crime é totalmente desculpado." (Leviatã - Thomas Hobbes)

Mensalão e eleição

O mensalão será um prato, mesmo requentado, no cardápio deste ano. Mas não conseguirá puxar votos das margens sociais. Que olham mais para o bolso. E por falar em mensalão, o que virá de Minas Gerais também subirá ao palco.

O caráter

"O caráter é como a gravata; uns usam por gravata uma fitinha preta, são os frívolos; outros um lenço de dois palmos de altura, são os graves. A primeira constipa, a segunda sufoca; eu uso gravata regular." (Machado de Assis)

Queda no desempenho

A GT Marketing e Comunicação, sob o comando deste escriba, acaba de concluir uma enquete sobre os Ministérios do governo Dilma, empreendimento que teve início no final do segundo mandato de Luiz Inácio. A nota média mais alta atribuída aos ministros do governo Dilma Rousseff foi 6,3 (em uma escala de 0 a 10), resultado pior na comparação com o governo Lula, quando a média esteve acima de 6,5. O mapeamento foi feito junto a lideranças empresariais, empresários, dirigentes de entidades, executivos, publicitários e jornalistas.

Os mais bem cotados

Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e José Eduardo Cardozo, do Ministério da Justiça, lideram o ranking como os melhores avaliados pelo grupo. Empatados no primeiro lugar, receberam nota média de 6,3.

Na lanterna

Os Ministérios da Fazenda, Trabalho e Emprego e Turismo foram avaliados com notas médias abaixo de 5. Para que a administração seja considerada regular, seriam necessárias notas na casa do 7. Os entrevistados, integrantes da cadeia de formação de opinião, são críticos e acompanham a dinâmica governamental.

Anjos

"Se os homens fossem anjos, nenhum governo seria necessário." (Kenneth Minogue)

Conselho aos maniqueístas

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos cartolas. Hoje, escolhe os maniqueístas que se multiplicam no país:

1. O Brasil é um todo territorial e a Pátria de Todos Nós. Não há lugar para exclusivismos e maniqueísmos. Cada grupo, setor, categoria, atividade, cada partido político tem um compromisso para com o país. O Bem-Estar da Coletividade requer integração de sentimentos.

2. Sob essa moldura, ninguém pode se considerar mais importante que outro. O Bem não é exclusividade de um Partido Político. Nem o Mal deve ser atribuído aos entes adversários. Urge acabar com o maniqueísmo burro que circula até no meio jornalístico, formando grupos contrários e excludentes.

3. Obras, livros, opiniões contrárias fazem parte da democracia. Não há razão para o combate mortífero entre petistas e tucanos. Que lutem no terreno das ideias e não na arena das agressões mortais.

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(Gaudêncio Torquato)

domingo, 5 de janeiro de 2014

PEQUENAS LIÇÕES PARA 2014

O ano que se inicia será um dos mais competitivos das últimas décadas. Principalmente na esfera da política. As razões apontam para o esgotamento do nosso modelo de fazer política, a partir de velhas práticas de campanhas.

O desenho é carcomido pela poeira do tempo: são raros perfis identificados com mudanças; formas de cooptação eleitoral se inspiram nos eixos históricos do fisiologismo e do corporativismo, sendo tênue o engajamento do eleitor pela via doutrinária; eleitos, via de regra, acabam distanciando-se das bases, deixando de lado compromissos assumidos; a representação parlamentar, em função do poder quase absoluto do presidencialismo, torna-se deste refém, obrigando-se a repartir com o Poder Executivo funções legislativas; em decorrência da ausência de programas doutrinários, imbricam-se interesses de lideranças e partidos, não se distinguindo diferenciais entre eles, condição essencial para qualificar o voto.

A impressão final é a de que o retrato desfigurado está a merecer urgente retoque, se não em todas as nuances da moldura, pelo menos em partes que ofereçam aparência asséptica ao edifício político. Fichas sujas, por exemplo, não podem continuar no mapa eleitoral.

Os ingredientes que entrarão na composição da nova tintura não de absorver a química de setores e categorias mais participativas, exigentes e dispostas a enfrentar a resistência de defensores de obsoleta arquitetura política.

É oportuno lembrar que a pirâmide social não mais se assemelha a um triângulo estático. Os lados que o integram, a partir da base, mostram-se dispostos a sair da letargia, depois de décadas convivendo com a batelada de vírus políticos.

Os movimentos sociais e a ocupação das ruas, no ano que findou, sinalizam a intenção de reencontrar o tempo perdido. A coletividade parece descer do céu da abstração para ser uma força na paisagem, fazendo valer sua determinação, princípios e valores voltados para qualificar a vida política. O curto dicionário abaixo poderá servir de baliza para milhares de candidatos na tentativa de aprimorar suas relações com a comunidade nacional.

Estado e Nação – O Estado, infelizmente, está bastante distante da Nação com que os cidadãos sonham. A Nação é a Pátria que acolhe os filhos, que se irmana na fé e na esperança de um futuro melhor; é o habitat onde as pessoas constroem os pilares da existência, constituem o lar, prezam antepassados, cultivam tradições.

O Estado é a entidade técnico-jurídica, com seu arcabouço de Poderes, pressionada por interesses díspares e dividida por conflitos. Aproximar o Estado da Nação, formando o espírito nacional, constitui a missão basilar da política. Essa meta precisa ser o centro da agenda do homem público.

Representação – A representação política é missão, não profissão. É a lição de Aristóteles. Resgatar o verdadeiro papel da política – trabalhar pela polis - significa clarificar o papel do representante, as demandas das comunidades, as soluções para a melhoria dos padrões da vida social. A política não é um balcão de negócios.

As angústias urbanas se expandem na esteira do crescimento populacional. As periferias não constituem massa de manobra para exploração por parte de siglas, líderes popularescos e oportunistas. Carecem de ações de efeito duradouro, não de quinquilharias e coisas improvisadas. Migalhas poderão alimentar o povo por certo tempo, nunca por todo tempo. Um representante do povo preocupa-se com metas, programas permanentes, medidas estruturantes.

Identidade – A identidade é a coluna vertebral de um político. É a soma de sua história, de seu pensamento, percepções e feitos. Um erro, que o tempo corrigirá, é construir a imagem incongruente com a identidade. Camadas exageradas de verniz corroem perfis. Dizer a verdade dá credibilidade. Os novos tempos condenam a hipocrisia, a simulação. Corretos são conceitos como lealdade, fidelidade, coerência, sinceridade, honestidade pessoal e senso do dever.

Discurso - O discurso deve abrigar propostas concretas, viáveis, simples. E, sobretudo, factíveis. A população dispõe de entidades que a representam. Resta ao político procurar tal universo. O povo quer um discurso sincero. Promessas mirabolantes, planos fantásticos, obras faraônicas, de tão banalizadas, já não despertam interesse. Até as monumentais arenas esportivas entram na lista de suspeições.

Grito das ruas - O grito das ruas se faz ouvir nos espaços dos Poderes em todas as instâncias. Expressam a vontade de uma nova ordem social e política. Urge abrir os ouvidos e a mente para interpretar o significado de cada movimento. Quem não fizer esse exercício, sairá do cenário. Uma linguagem comum se forma nos centros e fundões do país. O povo sabe distinguir oportunistas de idealistas.

Sabedoria – Sabedoria não significa vivacidade; mescla aprendizagem, compromisso, equilíbrio, busca de conhecimentos, capacidade de convivência, racionalidade. Não é populismo. Espertos que procurarão vender “gato por lebre” poderão ser cozidos no caldeirão do voto.

Transparência – A era do esconderijo está agônica. Esconder (mal) feitos é um perigo. A corrupção, mesmo dando sinais de sobrevida, é atacada em muitas frentes. Grandes figuras foram (e continuarão a ser) punidas. Denúncias sobre negociatas agora são objeto da lupa dos sistemas de controle. O público e o privado começam a ter limites controlados.

Simplicidade – Despojamento, eis um apreciado conceito. Lembrem-se do papa Francisco. Ser simples não é arrumar crianças no colo, comer cachorro quente na esquina ou gesticular para famílias nas calçadas. Simplicidade é o ato de pensar, dizer e agir com naturalidade. Sem artimanhas e maquiagens.

Lição final de José Ingenieros: “cem políticos torpes, juntos, não valem um estadista genial”.

(Gaudêncio Torquato)