sábado, 15 de outubro de 2011

LEVI CAZUMBA DE ALMEIDA


Meu afilhado Levi Cazumba de Almeida completa hoje 08 anos de idade. É um sítio de verde esperança para a família.

Meu presente:

TOADA PARA O LEVI


Pertences à alta estirpe solar,
Tens o sonoro silencio do bem-te-vi;
Na dança dos passos, na curva do andar
Baila um adulto dentro de ti.

Carregas na clara fronte, no azul do peito
A filosofal pedra – da vida o emblema.
Na algazarra da rua, no aconchego do leito
Do íntimo de tua alma brota um poema.

Teu jeito meditativo, teu mistério de mar,
Teu vôo de pássaro, tua força de Guarani
É o que me estimula, com palmas, a te louvar:
Feliz aniversário! Parabéns, LEVI!

(Júnior Bonfim)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

VIVER BEM, POR CORA CORALINA



Um repórter perguntou à CORA CORALINA o que é viver bem?

Ela disse-lhe:

“Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice”.

E digo prá você, não pense.

Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo.

Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.

É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a
vencer as dificuldades da vida.

O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.

O bom é produzir sempre e não dormir de dia.

Também não diga prá você que está ficando esquecida,
porque assim você fica mais.

Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.

Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa.

Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.

Você vai se convencendo daquilo e convence os outros.

Então silêncio!

Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado,
e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.

Você acha que eu sou?

Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser.

Filha dessa abençoada terra de Goiás.

Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus
direitos.

Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha
própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e
morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina
os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e
amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.

Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor.

“Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende!”


Cora Coralina , pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas,
(Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

CÂNION DO RIO POTY: UMA DAS NOSSAS MARAVILHAS!

No inicio da década passada, o jovem Luis Carlos Prestes Filho resolveu fazer o mesmo percurso da Coluna que seu pai, o lendário ‘Cavaleiro da Esperança’, havia trilhado na liderança da famosa Coluna Prestes.

Recordo-me que um dia, em Crateús, ele externou para mim, para o então prefeito Paulo Nazareno e outras pessoas que uma das paisagens mais belas que tinha encontrado naquele longo trajeto era O CÂNION DO RIO POTY.

O Cânion do Poty é umas das feições naturais da área limítrofe do Ceará com o Piauí, em áreas de Crateús, Buriti dos Montes e Castelo do Piauí. Fenda geológica por onde passa o rio Poty ao atravessar a cadeia montanhosa da ibiapaba entre o Ceará e o Piauí, o Canyon foi formado pela erosão mecânica que as águas do Rio Poty proporcionaram ao cortar os sedimentos da Formação Cabeças, depositada no período Devoniano durante a Era Paleozóica, há cerca de 400 milhões de anos atrás. Aparentemente o Rio Poty estabeleceu seu leito natural aproveitando uma falha tectônica conhecida como Lineamento Transbrasiliano, que corta o Brasil desde Sobral até o Mato Grosso. O rio corta o sistema de serras da Ibiapaba e no trecho entre a Cacheira da Lembrada e o Canyon da Pedalta é onde se estabelece o Canyon do Rio Poty, embora ele apresente-se escarpado também por outros trechos até sua foz em Teresina.

Anteriormente chamado de Itaim-Açu, há registros de que na carta geográfica de Henrique Antonio Gallucio de 1760 (dois anos após a instalação da capitania do Piauí), já estava denominado Poty.

O melhor período para visitação é depois das chuvas entre julho e dezembro. O local é indicado para prática de esportes de aventura como Rappel, Canoagem, ciclismo e trekking,

Uma advertência: inexiste qualquer empreendimento, público ou privado, que sirva de apoio ao turista ou visitante.

















POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

A guerra da inflação no "dilmismo"

É preciso entender o jogo político do governo e da presidente Dilma para compreender o real movimento de ataque à inflação que está em gestação:

1. A presidente não pode ser alijada dos palanques eleitorais por causa da economia, problemas com emprego e renda.

2. Os aliados não podem perder substância, ou seja, a oposição tem de ficar como está ou diminuir para não se assanhar em 2014 e ganhar reforço no Congresso a partir do ano que vem.

3. Os parceiros não podem ficar sozinhos, donos das vitórias governistas.

Se essas condições contrárias se realizarem, a força presidencial esmorece e ela passa a dividir - se não perder - o embate político para terceiros. Fica em xeque em 2014. Dilma pode até não pensar em outro mandato, o que seria inacreditável, mas precisa manter-se em condições de disputar para ser dona da decisão. Tem de evitar o envelhecimento precoce de seu governo, agora que está conseguindo livrar-se de alguns fantasmas - reais e imaginários - de tutelas e dependências. Assim, a política econômica está subordinada, salvo desastres, a não provocar turbulências no ano que vem. Em Bruxelas, semana passada, ela deu o recado: "Dificilmente se sai da crise sem aumentar o consumo, o investimento e o nível de crescimento". A inflação é uma questão política neste momento brasileiro.

No fio da navalha

O desafio das autoridades econômicas é definir qual o tamanho da inflação cabe no bolso dos eleitores preferenciais de Dilma, do PT e da nova classe média. Um indicador pode ser as greves que começaram a pipocar. A calmaria sindical com Lula começou a se agitar sob Dilma.

Ato falho?

O BC, com Alexandre Tombini à frente, em coro com todo o governo, tem assegurado que levará a inflação para o centro da meta, de 4,5% até o fim de 2012. Pois bem ! Em entrevista à "Folha de S.Paulo" de domingo, quando perguntado qual o Brasil espera deixar quando terminar o seu mandato no BC, saiu-se com esta: "Uma inflação estabilizada, na faixa de 4,5% (...)". O mandato dele termina, em tese, em 2014. Nenhum aperto anti-inflacionário maior até lá? Tombini, em outros tempos, já foi favorável à redução da meta de inflação atual.

E a meta de inflação?

Com a divulgação do IPCA na semana passada, a inflação "oficial" (para fins de estabelecimento da meta de inflação) está em 7,31% nos últimos doze meses. Bem acima daquilo que se julga, digamos, razoável. De outro lado, ainda não estão sequer parcialmente incluídos os efeitos da recente alta da taxa de câmbio. Seria uma irresponsabilidade operar "no limite" da inflação numa espécie de torcida para que esta caia. Isto não é autoridade monetária, é loteria. Da entrevista do presidente do BC o que se extrai é quase nada de estratégia para resgatar um nível de variação de preços mais modesto. Ora, esta forma de agir de Tombini e seus companheiros de BC afetará não apenas a economia, mas a própria credibilidade institucional da autoridade monetária.

Inflação chinesa

Há problemas de inflação por aqui, mas na China a coisa é mais séria e indica claros problemas mais à frente. A inflação por lá ameaça ir para 10% ao ano (como aqui) e a taxa de juros é negativa em termos reais. Há poucos dados confiáveis, mas a crença de que existe uma "bolha imobiliária" no país está crescendo. Além disso, há sinais mais consistentes dando conta de uma desaceleração no setor industrial. Não à toa, a bolsa de Xangai está em queda e os investidores, discretamente como convém ao lidar com um país comunista, estão vendendo posições. Este é um risco que ainda não surgiu no horizonte concreto das análises. Todavia, se a China se tornar um risco, o mundo tremerá. Como previu Napoleão Bonaparte há mais de dois séculos.

Europa: a primeira solução

A nacionalização do Dexia, o maior banco belga, é uma boa notícia num contexto desastroso na Europa. Pela primeira vez a dupla Merkel-Sarkozy agiu com pragmatismo e, de resto, ainda prometeu mais medidas consistentes até o final do mês para resgatar o euro. Ao que parece, a chanceler alemã entendeu os sinais dos eleitores que a derrotaram recentemente nas eleições regionais e se rendeu ao fato de que a Alemanha está na Europa. Uma lição que Merkel tinha se esquecido. Não dá para prever o grau de profundidade das medidas que virão ao final deste mês. Todavia, não vale a pena "apostar contra". A hora, para os agentes em geral e os investidores em particular, é de observação. Com algum otimismo, diga-se.

Não é apenas a Grécia...

Ultimamente os analistas tratam a Grécia como "o problema" da Europa. De fato, o país está sufocado pelas dívidas. Todavia, vale a lembrança de que a Bélgica que nacionalizou o Dexia e é uma "queridinha" das agências classificadoras de risco é o terceiro país mais endividado da Europa.

Volcker e o essencial

Paul Volcker, ex-presidente do Fed, é daqueles homens públicos que sabem exercer sua missão. Muito embora bem conheça e tenha ótimo trânsito no setor privado, ele não se escusa de sua missão pública. A norma que leva seu nome proíbe que os bancos norte-americanos assumam riscos utilizando-se de seu próprio capital, as chamadas operações de tesouraria. Agora os bancos estrangeiros que atuam nos EUA também devem se enquadrar à norma. Volcker toca naquilo que é essencial no controle de riscos sistêmicos: são os conflitos de interesses entre as operações proprietárias dos bancos e suas tradicionais operações de intermediação os maiores propulsores dos colapsos financeiros. O resto é consequência....

Por que não no Brasil?

O BC e o governo brasileiro bem que poderiam apertar as regras das operações de tesouraria dos bancos locais e estrangeiros. Ou será que por aqui jamais pode acontecer o mesmo que ocorreu nos EUA?

CNJ e a economia

Reza uma das máximas da teoria de finanças que a eficiência informacional é essencial para o bom funcionamento dos mercados. Esta é uma ótima lição para o Judiciário brasileiro por em prática. Ao ser muito transparente e atuante nas punições ao "mau funcionamento do mercado judicial", o CNJ estaria contribuindo decisivamente para o aumento da segurança jurídica e para a melhoria dos procedimentos judiciais. Isso é parte essencial da modernidade necessária ao país e mais: é razão para o aumento da produtividade de toda a economia que, na área judiciária, pena nas filas imensas dos cartórios dos fóruns e Tribunais.

Notas do Butantã Federal

Anotações, do mesmo teor, de observadores do ofidiário de Brasília:

1. O vice-presidente foi extremamente mais discreto na substituição de Dilma nas recentes viagens dela aos EUA e à Europa do que havia sido em suas interinidades anteriores.

2. Lula, de público, está mais voltado para as coisas do PT e das eleições municipais e bem menos "observador" das questões Federais.

3. O alter ego ex-presidencial, ministro Gilberto de Carvalho, também tomou um chá de boca fechada.

Pausas e silêncios

Os partidos políticos aliados, de repente, acomodaram-se em suas reivindicações públicas. Ministros, a não ser os que parecem autorizados, falam cada vez menos e quase sempre em questões bem específicas. Instalou-se no poder certo temor reverencial à presidente. Ainda mais que ao que se especula a reforma ministerial deve ser mais ampla do que se imagina.

Uma estratégia para Lula?

O ex-presidente está empenhado em montar o máximo de alianças possíveis no ano que vem entre os partidos da coalizão de apoio à Dilma. Cobra sacrifícios duros do PT em nome da unidade da aliança governista para 2014. Nem todos estão felizes com isto dentro do PT. As eleições para prefeito são determinantes para as eleições na Câmara e nas Assembleias Legislativas. O temor de alguns petistas é dar espaço para outros aliados. No RS há clima de quase insurreição. Na ótica de petistas mais críticos, para a eleição presidencial a estratégia parece perfeita. Para o resto, nem tanto : nem tudo que é bom para Lula pode ser bom para o PT. Mas como o partido pode reagir se sabe que sem Lula perde a identidade?

Aécio abre o jogo

Ao abandonar a prudência mineira e se apresentar, em duas entrevistas seguidas, como candidato a candidato à presidência da República por seu partido, o PSDB, o senador faz um lance em três direções:

1. Tenta atrair seu principal concorrente, José Serra, para o centro da liça logo agora, no meio do debate das eleições municipais, nas quais, em São Paulo, o ex-governador paulista é parte diretamente interessada, queira ou não.

2. Procura se firmar como principal foco de oposição, ainda que moderada, ao governo Dilma.

3. Obriga o PSDB a sair da modorra em que se encontra e começar a se preparar para os embates de 2012 e 2014. Como partido, o PSDB não tem nenhuma estratégia geral para essas eleições. Cada cidade e cada grupo tem a sua. Não há agenda, não há planos, não há pauta.

Kassab atropela. E pode ser atropelado.

A conquista da adesão do ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, para o PSD em São Paulo, embora ele pessoalmente não tenha votos, mostra que o prefeito Gilberto Kassab está jogando alto com seu novo partido. Em que direção, ainda não se sabe, pois ele já acenou com possível aliança com Dilma, fez mesuras ao PSDB e tem feitos outros sinais para outros partidos. Sua tática inicial parece ser a de confundir e dividir para tentar reinar. Tanto aparece nas especulações como futuro ministro de Dilma quanto como alguém que pode compor com Geraldo Alckmin. Está atropelando, inclusive o presidente Lula: Meirelles é uma espécie de Haddad de Kassab como Haddad pode ser uma espécie de Meirelles de Lula. Vão correr na mesma faixa. E pode esvaziar o PMDB com Chalita. Falta, no entanto, combinar com o eleitor.

O maior problema de Kassab

O problema maior de Kassab com o PSD não é conseguir adeptos - ele já demonstrou que sabe agir. O mais urgente é garantir um tempo maior na televisão além de um minuto a que tem direito todos os partidos inscritos legalmente no TSE. Sem esta arma, pode ir mal em 2012 e perder densidade política e eleitoral. Ou então terá de se sujeitar a outros partidos para ter espaço e fazer prefeitos e governadores. Como pensar em ganhar, por exemplo, na capital paulista, mesmo com a figura respeitada de Henrique Meirelles, com cerca de 50 segundos de propaganda no rádio e na televisão para dividir também com os candidatos a governador? A verdadeira batalha judicial para a existência real do PSD vai ser travada no TSE quando o partido pedir para ele o tempo dos deputados Federais que conquistou.

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(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

LOURIVAL VERAS, PARABÉNS!

O Lourival, que hoje aniversaria, é um desses bons amigos que tive a graça de conhecer na adolescência da vida. Juntos, com a chama juvenil da rebeldia no peito, protagonizamos várias peripércias.

Certa feita, juntamente com outros amigos, após uma noitada festiva no Clube Caça e Pesca, em Crateús, esticamos os passos até o Restaurante 'O Corujão' e de lá saímos ao raiar da aurora entoando o Hino Nacional Brasileiro pelas largas vias da nossa urbe.

Acima de tudo, Lourival foi para mim um dileto compartilhador dos ramos de estrelas da vida.

No natílicio de hoje aproveito para reler uma Crônica que já lhe ofertei:


“O maior acontecimento de minha vida foi, sem sombra de dúvida, a biblioteca de meu pai”. Essa frase, comoventemente impactante e fascinantemente grandiosa, nasceu da boca do mais extraordinário poeta argentino, Jorge Luis Borges. Esse contagiante amor pelos livros acompanhou o escritor até os últimos dias de sua existência, quando já estava cego e dependente de amigos ou familiares que diariamente o realimentavam e rejuvenesciam através da leitura.

Em 1978, Borges completara vinte anos que havia perdido a visão. Fora convidado para proferir uma conferência na Universidade de Belgrano, em Buenos Aires. O tema? O LIVRO.

Cego – e só quem é privado da vista sabe a dimensão e a profundidade dessa experiência - Borges articulou ali uma das mais belas orações que conhecemos sobre o assunto. Ele, em pleno vôo de inventividade, espargindo a fertilidade imaginativa, recorre a figuras que sintetizam a sondagem do infinito e a captação das minúsculas partículas. Principia assim sua sinfonia reflexiva: “Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, sem dúvida, o livro. Os outros são extensões do corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões da vista; o telefone é extensão da voz; temos o arado e a espada, extensões do braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação”.

Em verdade, o livro liberta. Quem experienciou o gáudio de se relacionar com um bom enfeixe de folhas, sabe o olor revolucionário que dali exala.

Só capta o perfume libertário de um livro quem se deixa por ele envolver, num enlace de flerte, num lampejo de namoro, numa relação amorosa. Se, através da viagem singular e intima da leitura, descobrirmos o minério de paixão que o livro esconde, seremos capazes de rapidamente nos tornarmos ricos. Ricos, sim! Detentores daquele invejável patrimônio que sobrevive à corrosão das traças e ao desgaste do tempo.

Foi por isso que meu coração palpitou de alegria e minha alma se inebriou de satisfação quando o amigo Lourival Veras me enviou uma correspondência eletrônica avisando que, em Crateús, a SABi (Sociedade Amigos da Biblioteca Norberto Ferreira Filho) estava a desenvolver um Projeto batizado de “Circulando Livros”, uma inédita feira de livros combinada com a oferta de brindes culturais ao ar livre, tendo como lócus a área do anfiteatro da Praça da Matriz.

Porém, o mais auspicioso é que aquele convite/contato virtual me fez repassar, no trailer da memória, um período abrasado de minha vida. Fiquei relembrando o velho Lourival de guerras idílicas. Lourival Mourão Veras. Amigo com quem comparti muitos momentos de fosforescência intelectual e semeadura poética, que me provocou a deixar cair as escamas e me permitiu vislumbrar a lua de uma mulher noturna.

Carlos Drummond de Andrade, ao contemplar a plural singularidade do modus vivendi de Vinicius de Moraes, proclamou que ele tinha sido “o único poeta que viveu como poeta”.

Dos poetas crateuenses, Lourival é, talvez, o que mais tenha incorporado a mística essencial, a rota insana, o culto à desobediência e o fulgor telúrico que constituem a argamassa dos que renomeiam as coisas.

Abstenho-me hoje, como sempre faço nesta moldura louvativa, de alinhavar a cronologia existencial do referenciado, marcada pelos assombros espetaculares que quase invariavelmente acidentam a biografia dos transcendentais amantes da profundidade.

Pouco importa se foi ou é dirigente social, líder cultural, contista premiado, poeta laureado, fundador da Sabi e membro da Academia de Letras da terra natal.

O que é lisonjeiro, prestigioso ou elevado é que saboreou e saboreia vagarosa e intensamente a fruta da vida. Que se embrenhou pela vegetação das paixões arrebatadoras, percorreu a trilha íngreme das contestações, desceu à gruta secreta das novidades, tocou a pele selvagem do desejo, banhou-se na cachoeira do sonho e descobriu o olho d’água da fraternidade.

Sinto muito. Devo parar por aqui. De um poeta se deve evitar falar. Ante um poeta se deve silenciar, celebrar.

Ou lembrar Federico Garcia Lorca. Que, convidado para falar sobre poesia, limitou-se a estender as duas mãos abertas e dizer: “Eu não posso, eu não sei falar sobre poesia. Eu a tenho aqui em minhas mãos. Sei que está queimando minha pele. Porém, não sei o que é”.

Calemo-nos. Sintamos apenas o poeta. Ou a sua poesia. Queimando a sensibilidade da nossa pele, penetrando o recôndito da nossa alma, esparramando-se pelo córrego do nosso coração.

Aplausos à sociedade dos poetas vivos!

(Por Júnior Bonfim

domingo, 9 de outubro de 2011

"OH, CRATEÚS", SERTANEJO ,OH! XENTE - EDMILSON PROVIDENCIA!

No próximo mês será celebrado o centenário da cidade de Crateús. Há uma profusão de homenagens espontâneas, nas mais variadas áreas artísticas, que estão sendo laboradas pelos conterrâneos. Abaixo, uma composição de Edmilson Providência, lançada em um CD que acompanha o seu livro recém-lançado: