sexta-feira, 17 de abril de 2009

O QUE THOMAS JEFFERSON FALOU SOBRE BANCOS HÁ 200 ANOS‏




(Enviado por Paulo Nazareno)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS


Escritores, poetas, artistas populares e amantes da literatura de Crateús estão discutindo a Criação de uma Academia de Letras no município. Academias de letras são instituições com formato de Sociedade que, a exemplo da Academia Brasileira de Letras, podem ser compostas de um mínimo de 12 e um máximo de 40 membros, podendo existir apenas uma única em cada jurisdição territorial ou institucional, por área literária.

A Academia de Letras de Crateús, com nome ainda não definido, pretende congregar produtores de literatura, nos seus mais variados estilos, cujas obras apresentem boa qualidade, e virá a ser composta de escritores desta terra ou que tenham produção literária com abordagem acerca de seu povo ou de sua realidade.

Embora ainda não se conheça os propósitos desta nossa academia de letras de Crateús e não se possa estimar os efeitos de seu advento, posto que ainda não é fato, a iniciativa há que ser valorizada por diversas razões. Primeiro, as ações voltadas para o estímulo à leitura representam uma batalha relevante pela sobrevida da mais antiga e mais importante forma de criação e registro de cultura de todos os tempos: a escrita, que demarca a aurora da própria história humana. Diante dos avanços da tecnologia midiática que multiplica e sofistica em escala industrial os mais sensacionais recursos de entretenimento, o saudoso, velho e bom livro vai sendo cada vez menos folheado pelas gerações mais novas.

Sendo uma organização de escritores e amantes das letras, a Academia será e poderá mais que os seus indivíduos isoladamente, pois, no presente modelo de sociedade tangido por metropolização populacional, massificação cultural e globalização econômica, os indivíduos são cada vez menos enxergados como tal e as burocracias vão cercando todos os caminhos do fazer coletivo. Nem é preciso ter lido o Antonio Gramsci para entender que a necessidade de organização, neste contexto, se torna quase uma obrigação, inclusive nos acontecimentos culturais.

Este município de Crateús, que há muito se queixa de um certo isolamento geográfico, por falta de estradas que o ligue a regiões importantes do País, por situar-se na região mais árida do Ceará, por sua condição ambígua de ser ex-Piauí e despejar suas águas e lágrimas em outra Estado que não o seu, queixas a parte, tem realmente grande carência e dificuldade de dar notoriedade às criações inteligentes de seus filhos, embora se saiba existir nesta terra excelentes produções e produtores de cultura.

Longe da função tradicional de proporcionar a seus membros honrarias, status de imortalidade, diplomas e demais comendas que alimentam o ego e as vaidades, a nossa Academia de Letras traduz o desafio de, sobretudo, identificar, articular e organizar os feitores da palavra, surgidos neste pedaço de Sertão, mas que, quase sempre, vão ao longo da vida depositando numa gaveta ou pasta empoeirada pedaços rabiscados de papel, até perderem-se no anonimato, dadas as dificuldades de publicação e difusão impostas pelo contexto social.

Por esses e tantos outros motivos que coabitam as boas intenções e esforços dos futuros acadêmicos, que venha a ACRALE (Academia Crateuense de Letras), ou a ALECRA (Academia de Letras do Município de Crateús), ou qualquer outra denominação que as mentes criativas possam inventar. O importante é que venha a oportunidade e a possibilidade de, num futuro não tão distante, se vejam numa e noutra esquina rodas de poesia, recitais nas tardes de sábado, sarais, luais... para aliviar os ais, e muitas crianças e jovens do amanhã soletrando as suas próprias invenções e as de suas gentes.

Por Elias de França (escritor/poeta)

conjuntura nacional

ECOS DO VELHO SERTÃO NOS IDOS DE OUTRORA...

Uma mulher de Patos, no coração da Paraíba, traiu o marido. O coronel Miguel Sátiro, pai do governador Ernani Sátiro, mandou dar uma surra na madame. O juiz, dr. Fenelon Nóbrega Vanderlei, não gostou do feito.

- Coronel, em mulher não se bate nem com uma flor.

- Doutor juiz, eu não mandei bater nela. Mandei bater no procedimento dela.


No jipe aos pedaços, João Agripino, ex-governador e ministro, comia poeira quente a caminho de mais um comício. O motorista, velho amigo e cabo eleitoral, ficou com pena do candidato :

- Dr. João, como nós sofre...

João Agripino fez o conserto com a mesma linguagem:

- É, sim. Nós sofre, mas nós manda.


TECENDO OS FIOS DE 2010

Lula assumiu efetivamente o comando da campanha de 2010. Segura as rédeas com força. Demite o presidente do Banco do Brasil. Manda que o novo presidente baixe os juros. Vai percorrer com Dilma Rousseff as cidades mais importantes que sediam obras do PAC. No périplo, cobrará agilidade. As casas populares – um milhão – deverão chegar ao pico da entrega massiva nos meados de 2010. Os municípios terão, este ano, R$ 1 bilhão a mais no caixa para compensar as perdas com o Fundo de Participação. O colchão é preparado com penas de ganso. Para fazer adormecer perturbados e insones. E arrebanhar votos.


E LUGO, HEIN ?

O presidente Fernando Lugo, do Paraguai, foi rápido no gatilho. Antes que o povo começasse a jogar tinta nas vestes sacerdotais, o bispo reconheceu a paternidade de um menino de 2 anos, que teve com uma jovem assistente. O bispo Lugo foi defendido pela irmã, a primeira-dama Mercedes, sob esse argumento: "quem estiver livre de pecado, que atire a primeira pedra". Quem diria, hein, que as pedras jogadas contra Maria Madalena fossem usadas, hoje, para salvar a imagem de bispos... E assim caminha a Humanidade!


O DECLÍNIO DA OPOSIÇÃO

Ou a oposição, para melhor alcançar a vitória nas próximas eleições, renuncia a singularizar-se demais, renuncia a posições demasiado específicas; e então pouco se distingue da maioria do poder. Ou, pelo contrário, a oposição cultiva com intransigência o seu particularismo; e então, assustando parte do eleitorado, arrisca-se a permanecer eternamente na minoria, no não-poder. Em suma, ou a oposição sacrifica a pureza à eficácia – mas então em quê permanece verdadeira "oposição"? Ou sacrifica a eficácia à pureza, mas então como acederá ao poder? Essa é mais uma instigante questão posta na mesa das democracias contemporâneas pelo sociólogo Roger-Gerard Schwartzenberg.


O CANDIDATO CIRO

Pois é, o PSB pensou, pensou e concluiu: Ciro, com 10% dos votos, poderá ser a pedra da vitória no dominó de 2010. Por isso, o partido decidiu fazê-lo candidato. A campanha entre Serra e Dilma iria para o segundo turno sob o empuxo do candidato Ciro. E uma bacia de votos no segundo turno lavaria a alma da ministra Dilma. Tudo bem. Mas os pessebistas precisam, antes, combinar o jogo com os russos.


VOTO TRANSFERÍVEL

Ainda há muita gente que aposta na transferência de votos. Tenho dito e escrito: transferência existe, não nos volumes e nas condições que geralmente se apresentam. A transferência depende do perfil receptor dos votos, do perfil do eleitor, da região dos votantes, do perfil dos transferidores etc. Lula pode transferir votos, sim, em algumas regiões. Não o fez em São Paulo, por ocasião do pleito disputado por Marta Suplicy para a prefeitura. Ciro Gomes não tem carisma. É um perfil que expressa virulência, nervosismo. Pode, até, se identificar com certos estratos indignados. Quanto a transferir votos, isso já faz parte de outra conta.


INADIMPLÊNCIA CRESCE

A inadimplência se expande na área de pessoas físicas e jurídicas. No campo das pessoas físicas, o índice subiu em 17% em março quando comparado ao mesmo mês do ano passado. O valor médio dos cheques sem fundo aumentou em 31,2% em relação ao mesmo período de 2008. A crise aperta o bolso.


O PODER DO PERDÃO

"O poder do perdão é um poder que cada um se reserva e todos o possuem. Seria curioso reconstruir uma vida segundo os atos de perdão que uma pessoa se permitiu. O homem de estrutura paranóica é aquele que dificilmente ou nunca consegue perdoar; ele avalia atentamente; nunca se esquece de nada onde existe algo para ser perdoado; arma-se de pretextos para não perdoar". (Elias Canetti - Massa e poder)


DESEMPREGO NO MUNDO

O desemprego vai se expandir no mundo por mais um ano. Esta é a previsão de 3 entre 4 cientistas sociais e economistas. E o Brasil terá uma das melhores performances entre os emergentes. A China já divisa uma retomada do crescimento, com uma produção industrial de 8,3% a mais, em março, comparativamente ao mesmo mês de 2008.


SERRA CONTRA-ATACA

Em São Paulo, o governador José Serra anuncia um pacote de medidas para aliviar os problemas de restrição de crédito que atingem micro e pequenas empresas. Serra apura o olho em São Paulo, que tem 30 milhões de eleitores.


A COMUNICAÇÃO DOS PODERES

A comunicação dos Poderes vive permanente crise. Os eixos tortos abrigam os seguintes campos:

Linguagem

Predomínio das pessoas sobre os fatos. Exaltação – Tendência para a louvação. Fonte canibaliza a instituição. Ausência de relações entre os fatos. Deficiência interpretativa.

Estrutura

Vastas estruturas. Concepção antiga de Assessoria de Imprensa. Cooptação. Condenação da mídia. Exclusão / Inclusão. Modelo burocrático de gestão.

O profissional

Perfil burocrático. Acomodação. Superficial. A substância política canibaliza a essência técnica.

Planejamento

Ausência de visão de conjunto. Falta de programas prioritários. Seleção de eixos de identidade inexistente ou fraca. Falta de planejamento na área dos fluxos informativos.


PACTO VAI ANDAR?

O segundo Pacto Republicano – o primeiro sob este governo data de 2004 – pressupõe um conjunto de ações, medidas e projetos de lei. Se não forem executadas, "tudo ficará como dantes no quartel de Abrantes". Pacto implica solidariedade entre parceiros, aceitação, compreensão, participação, ideário comum. Bom, não é o que vemos entre os Poderes. Cada qual por si e Deus por todos. Na crença, claro, de que Deus é brasileiro.


PRIMEIROS CENÁRIOS

O pleito paulista de 2010 será o teste mais importante de José Serra. Se sair candidato à presidência da República, Serra não poderá fazer feio no Estado com o maior agregado eleitoral do país. Por isso, conta com o coringa Geraldo Alckmin caso seu candidato in pectore – Aloysio Nunes Ferreira – não decolar. Aloysio, por sua vez, é um grande articulador. De bastidores. Mas não tem a visibilidade e o índice de intenção de votos de Alckmin. Não se pense que campanha é ganha apenas com a força da máquina.


FÓRUM DE COMANDATUBA

João Doria Jr. está levando, este fim de semana, cerca de 350 empresários – dos mais fortes do país – para Comandatuba, na Bahia. Confirmaram presença no Fórum 15 governadores, 7 ministros, 7 senadores e 22 deputados federais. Estarão presentes o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, e o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro, além do vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Trata-se do maior encontro empresarial-político do país. O tema central será Desenvolvimento Econômico com Sustentabilidade, a ser apresentado pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.


O ELEITORALISMO

"É então melhor pintar a vida cor-de-rosa, fazer promessas, muitas vezes demagógicas, ainda que seja para isto preciso deixar de lado as questões realmente decisivas. A função dos dirigentes se faz, neste caso, euforizante. Eles se encarregam de ministrar tranquilizantes ao corpo social. O eleitoralismo leva a paraísos artificiais". (A expressão é de Roger-Gérar Schwartezenberg em seu magnífico O Estado Espetáculo)


CASAS POR TODO O PAÍS

O programa "Minha Casa, Minha Vida", por pressão dos prefeitos e alegria de Dilma, será estendido a todas as cidades do país. O cobertor é gigantesco.


MEIRELLES EM GOIÁS

Dúvida (e não dívida) cruel: candidatar-se ou não ao governo de Goiás. A banda esquerda do coração deseja o cargo; o lado direito diz não. No meio, os efeitos da crise. Pelo andar da carruagem, a crise não desarrumará o caminho. Meirelles deve topar.


A COMUNICAÇÃO EM AZUL

Entre versões e contraversões, a conversa meio séria de que um débito de R$ 5 bilhões, do grupo mais forte de comunicação no Brasil, teria sido liquidado. E que a Providência não tão divina teria baixado naquelas plagas. Tudo azul. E bandeira branca para uma eventual candidatura à presidência da República. Vale a pena conferir doravante o tom do discurso.


GILMAR, O CORAJOSO

Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, demonstra coragem. Não teme dizer a verdade. Trata-se de um magistrado que trabalha muito bem com o conceito aristotélico de "fazer política". Mesmo no comando da suprema magistratura.


DETENTAS FOGEM

Nove detentas, seis delas com bebês de até seis meses no colo, fugiram do complexo da Penitenciária Feminina do Butantã, na zona oeste de São Paulo. O que não podem fazer os detentos sem bebês no colo, hein? E a segurança? Ora, é um caso de Polícia.


E O MINISTRO JOBIM, HEIN?

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, é amigo do peito de José Serra. Prefere o tucano a Dilma. Por isso, especula-se que Jobim estaria arrumando um motivo – um grande motivo – para se afastar do governo. A conferir.


SARNEY ARREPENDIDO?

Comenta-se que o presidente do Senado conviveu, nos últimos tempos, com aquela conhecida expressão: se arrependimento matasse... O patrimônio ético e moral, que conservava como ex-presidente da República, ex-presidente do Senado, imortal da Academia Brasileira de Letras foi, não mais que de repente, para o beleléu. Confuso, calado, amargurado e triste: esse é José Sarney na atual fotografia.


HERMANN

João Hermann Neto era um deputado federal muito querido. Amigo de muita gente. De qualquer lado. Parecia, com seu porte atlético, um exemplo de extrema vitalidade. Foi embora de repente. A vida? O que é a vida? Um fechar de olhos. Um átimo de segundo.


O STF E A VISÃO DE MICHEL

Os ministros do STF tendem a concordar com a interpretação dada por Michel Temer, presidente da Câmara, às MPs. Michel entende que elas podem abarcar apenas questões relativas à legislação ordinária. Com essa visão, a pauta do Congresso deverá ser descongestionada. Temer, como professor de Direito Constitucional, dá importante contribuição ao processo legislativo.


WALDIR TRONCOSO PERES

Ligeiro retrato de um grande homem. Nascido em Vargem Grande Paulista, em 30 de outubro de 1923, Waldir Troncoso Peres bacharelou-se em Direito em 1946, no Largo de São Francisco. Deixou uma marca inconfundível na história da Justiça e do Direito em nosso país. Reconhecido pelo meio jurídico como um dos mais competentes advogados criminalistas. Deixa essa vida e uma profunda impressão na mente deste escriba. Que teve oportunidade de conhecer sua metralhadora expressiva e sua capacidade de pensar bem e grande.


CONSELHO AOS CHEFES DOS PODERES

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na edição passada, o espaço foi destinado ao ministro da Educação, Fernando Haddad. Hoje, volta sua atenção aos chefes dos Poderes :

1. Entendam que o Pacto implica em aceitar os princípios da solidariedade, compreensão, participação, parceria e visão de conjunto.

2. Procurem executar as idéias apresentadas no II Pacto Republicano.

3. Busquem imediatamente construir a Agenda de Execução do Pacto, com prazos para cada ideia expressa.


(Por Gaudêncio Torquato)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

MONSENHOR MORAES PARTIU PARA A CASA DO PAI



Faleceu hoje o Monsenhor Francisco Ferreira de Moraes. Um dos mais longevos sacerdotes da atualidade, o maior construtor do Ipu deixa um rastro de luz sobre a estrada de sua vida!

Seguem duas crônicas que sobre ele escrevi:

UM HOMEM FELIZ!


Para ser feliz, o homem há de “ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro”.
Em que pese a dificuldade de recordar o momento em que engoli, pela primeira vez, essa pílula da sabedoria oriental, rememoro nitidamente que fiquei intrigado.

Lembro que, de quando em quando, mais precisamente em minhas caminhadas solitárias, as interrogações irrompiam:

- Quer dizer que, se me for impossível gerar um filho, estarei condenado à infelicidade?

- Se, por acaso, faltar-me a habilidade de fazer uma árvore germinar, amargarei para sempre os infortúnios do destino?

- Ou se, por alguma circunstância qualquer, os deuses da literatura me negarem os auspícios da arte da escrita, infelicitado estarei pelo resto dos meus dias?

Confesso que só me desvencilhei dessa angústia quando soube que os orientais cultuam a comunicação simbólica, a linguagem das parábolas. Diferentemente de nós, ocidentais, que nos apegamos à letra em si, os orientais buscam o sentido da letra, o espírito da sílaba, a mensagem que a palavra traz.

Nessa esteira de raciocínio, a expressão “ter um filho” significa “ter um discípulo”, “plantar uma árvore” é fincar raízes em algum lugar; “escrever um livro” é ter uma vida de tal modo exemplar que seja digna de ficar registrada nos anais da história.

Que dizer de um homem que, mesmo celibatário, possui uma legião incomensurável de admiradores e seguidores? Embora nascido em Crateús, plantou uma árvore de trabalho com raízes colossais no município de Ipu. Ali realizou prodígios. Verdadeiros milagres na acepção evangélica do termo. Como quem atende uma ordem celeste, iniciou a construção de obras magníficas e indeléveis sem dispor de qualquer reserva financeira. Levou-as a cabo mercê da ajuda dos fieis.

Outro dia me confidenciou que encosta a cabeça no travesseiro com a tranqüilidade do dever cumprido. Tem quase um século de vida. No próximo dia 01 de novembro de 2007 celebrará 70 (setenta) anos de sacerdócio. SETENTA ANOS! De vida, já é algo considerável. De vida sacerdotal, é simplesmente fenomenal.

Pois o longevo crateuense Francisco Ferreira de Moraes, o monsenhor Moraes, um dos maiores oradores sacros do Ceará, ocupará, às 17:00 horas, o altar da Catedral do Senhor do Bonfim para relembrar a primeira missa que celebrou na vida, em 01 de novembro de 1937.

Unamo-nos a ele. Miremos o seu exemplo. É um Homem Feliz!


A VOZ DO CORAÇÃO DE MONSENHOR MORAES


Estive na cidade de Ipú, dia 26 de agosto passado, para participar da solenidade de lançamento de “A Voz do Coração”, o mais novo livro do Monsenhor Francisco Ferreira de Moraes.

Envolto no manto dos seus 94 anos de idade, esbanjando invejável vigor intelectual, o eterno Vigário do Ipu nos brinda com uma obra primorosa, onde pululam versos singelos na forma e profundos no conteúdo. Como a legendária Bica do Ipu, monumental cascata que irrompe da Serra Grande e areja o calor do pé da Serra, a mensagem poética do Monsenhor Moraes é brisa que refresca o nosso cansaço de espírito.

Mais do que prestigiar o lançamento de um livro, fui à terra de Iracema para prestar reverência a um varão modelar, solene farol existencial, sagrada coluna referencial. Dos que pertencem à colossal árvore genealógica que germinou na Cruz, em Independência; dos que descendem do tronco de Alexandre Ferreira do Bonfim, o irmão da virtuosa Professora Rosa Moraes é, indubitavelmente, um dos mais portentosos frutos vivos.

Nascido em Crateús, contemporâneo de seminário e sacerdócio do saudoso Monsenhor Bonfim (ou “Tio Zezé”), monsenhor Moraes há honrado a História. Após uma profícua passagem por Nova Russas, fincou suas raízes no Ipu. Ali construiu sua morada definitiva, o lar da alma, a pátria do seu coração. Tendo o coração como fonte, foi mais que um sacro pastor de seres humanos: consciente de que o céu começa aqui, envolveu-se nas terrenas lutas pelo desenvolvimento local, travou o bom combate contra as agruras da sua gente a bafejou o município com incontáveis benefícios no campo sócio-econômico.

Seu livro, portanto, brota do mais fértil solo: o coração. Como bem ensinou Rui Barbosa, “o coração não é frívolo, tão exterior, tão carnal quanto se cuida. Há, nele, mais que um assombro fisiológico: um prodígio moral. É o órgão da fé, o órgão da esperança, o órgão do ideal. Vê por isso, com os olhos d’alma, o que não vê em ausência, vê no invisível, e até no infinito vê. Onde pára o cérebro de ver, outorgou-lhe o Senhor que ainda veja; e não se sabe até onde. Até onde chegaram as vibrações do sentimento, até onde se perdem os surtos da poesia, até onde se somem os vôos da crença: até Deus mesmo, inviso como os panoramas íntimos do coração, mas presente ao céu e à terra, a todos nós presente, enquanto nos palpite, incorrupto, no seio, o músculo da vida e da nobreza e da bondade humana”.

Emudeçamos! Que se faça um amplo silêncio, um silêncio de catedral sem sino e sem hino, um serrano silêncio de monastérios. Ouçamos apenas a dicção tenaz, a grave voz do coração de Monsenhor Moraes.


(Júnior Bonfim, in AMORES E CLAMORES DA CIDADE)

terça-feira, 14 de abril de 2009

ÓTIMA IDÉIA DA RITA LEE‏




No programa do Amaury Jr., a cantora e ativista Rita Lee teve uma daquelas idéias brilhantes, dignas do seu gênio criativo.

Reclamando da inutilidade de programas como o Big Brother, ela deu a seguinte sugestão: colocar todos os pré-candidatos à Presidência da República trancados em uma casa, debatendo e discutindo seus respectivos programas de governo.

Sem marqueteiros, sem assessores, sem máscaras e sem discursos ensaiados.

Toda semana o público vota e elimina um.

No final do programa, o vencedor ganharia o cargo público máximo do país.

Além de acabar com o enfadonho e repetitivo horário político, a população conheceria o verdadeiro caráter dos candidatos.

Assim, quem financiaria essa casa seria o repasse de parte do valor dos telefonemas que a casa receberia e ninguém mais precisará corromper empreiteiras ou empresas de lixo sob a alegação de cobrir o 'fundo de campanha'.

A idéia é incrivelmente boa.

CASA DOS POLÍTICOS JÁ!

(Enviado por Gabriel Vale)

EXPRESSÕES LATINAS


#
Quieta non movere - "Não mexer no que está quieto"
#
Qui fert malis auxilium, post tempus dolet - "Quem presta socorro aos maus, arrepende-se depois de (algum) tempo" - Fedro
#
Qui gladio ferit gladio perit - "Quem com a espada fere, perece pela espada"
#
Qui habet tempus, habet vitam - "Quem tem tempo, tem vida"
#
Qui nescit dissimulare nescit regnare - "Quem não sabe dissimular, não sabe reinar" - Luís XI, rei da França
#
Qui parcit virgae, odit filium suum - "Quem poupa o açoite, odeia o próprio filho" - Provérbio
#
...Quis custodiet ipsos/ Custodes? - "Quem guardará os próprios guardas?" - Juvenal
#
Quis desiderio sit pudor aut modus / tam cari capitis? - "Que pudor ou limite poderia ter nossa saudade de uma cabeça tão cara (isto é, de um amigo tão caro)?" - Horácio a Virgílio sobre a morte de Quintílio Varo
#
Quis fallere possit amantem? - "Quem poderia enganar uma amante?" - Vírgílio
#
Quis, quid, ubi, quibus auxiliis, cur, quomodo, quando? - "Quem, o quê, onde, por que meios, por quê, de que maneira, quando?"
#
Quisquis amat cervam, cervam putat esse Minervam;/ Quisquis amat ranam, ranam putat esse Dianam - "Quem ama uma serva, julga que a serva é Minerva, quem ama uma rã, julga que a rã é Diana" - Proverbio medieval equivalente a: "Quem o feio ama, bonito lhe parece"

POLÍTICA E ECONOMIA NA REAL


O mercado financeiro e de capital tem a característica de registrar as variações das expectativas dos investidores sobre o futuro. Vale dizer que "expectativas" não significam estimativas razoáveis. Entre a realidade presente e as expectativas anteriores, verifica-se, em geral, enorme distância. Feita esta ressalva, há sinais de estabilização dos mercados financeiros mundiais. Há cinco semanas, a maioria das principais bolsas de valores apresenta alta. Consistente, até agora. No mercado de renda fixa (bonds do setor privado e público, por exemplo) o mercado está bem menos "travado". Há mais liquidez e as injeções de recursos por parte dos BCs está produzindo resultados. O mercado de metais está mais estável, apesar dos temores no que diz respeito à inflação no longo prazo. Embora os indicadores econômicos das economias centrais ainda sejam sofríveis, a estabilidade do mercado pode indicar que a economia mundial, especialmente a norte-americana, está a tocar o seu ponto mais fundo. Quiçá não afunde mais. Até mesmo o setor financeiro, vilão ímpar nesta crise, está dando sinais de maior tranqüilidade. Os resultados do Wells Fargo, terceiro no ranking dos EUA, devem ser melhores que o esperado no primeiro trimestre do ano. Pouco a pouco, as instituições financeiras globais vão recuperando a debilitada credibilidade. Tudo é muito inicial. Todavia, melhor assim do que a turbulência de há poucas semanas. Mas, preste atenção: nas próximas semanas, durante a divulgação dos resultados do primeiro trimestre das empresas com ações negociadas negociadas em bolsas, a volatilidade deve continuar alta, mesmo que menos.

Brasil com chance de ser vencedor

É inegável a melhor condição de nosso país perante os seus pares na economia mundial. A boa posição externa, o controle da inflação (que permite a queda dos juros básicos) e a solidez do sistema financeiro são os destaques dentre as nossas fortalezas conjunturais. O potencial de crescimento doméstico, a disponibilidade de recursos naturais e a crescente força de nossas instituições são os aspectos estruturais mais notáveis. Os riscos estão associados à necessidade de reformas estruturais, sobretudo aquelas que permitam disciplina fiscal no longo prazo. O crescimento das despesas do setor público é muito preocupante, além da falta de qualidade destes dispêndios. A falta de funcionalidade do sistema político também merece reparos. Dado o melhor cenário, estamos alterando para melhor o nosso radar: (i) o real deve se valorizar nos próximos seis meses e (ii) os juros devem cair de forma mais consistente nos próximos meses e no longo prazo.

A situação parou de piorar

Análise de um ministro influente junto ao presidente, embora não faça alarde disso, e que lida com o mundo real da economia, a fábrica, todos os dias: há sinais mais seguros do que as estatísticas estão mostrando, de que a economia brasileira está retomando lentamente suas atividades. Quem vive do mercado interno vai aos poucos levantando a poeira. Mais dificuldades enfrentam os setores exportadores, e a retomada deles será mais lenta. É bom lembrar que nossas exportações representam apenas 4% de toda a economia nacional. Uma das falhas do nosso sistema econômico, mas que agora se revela uma vantagem.

Pátio dos milagres

Do mesmo ministro: raramente ele tem recebido em seu gabinete na Capital Federal ou durante as viagens alguém (seja um empresário, seja um representante do setor produtivo, ou ainda algum líder sindical) alguém que vá visitá-lo apenas para apresentar alguma sugestão, discutir alguma idéia. Estão todos pedindo alguma coisa, pressionando. Conselho desse ministro: não adianta pressionar e trazer uma batelada de números organizados de modo a justificar as reivindicações. O governo, ao contrário do que muitos acham, tem um sistema de acompanhamento dos agregados econômicos de alta qualidade, invejável, e sabe o que está ocorrendo de um modo geral em tempo quase real – vendas, exportações... E vai agir quando necessário, com presteza, como o fez no caso, por exemplo, da indústria automobilística. Experiente no mundo fora da burocracia, ele diz que choradeira rende mídia...

Novas bondades

Está praticamente definido: o governo vai realmente reduzir impostos sobre geladeiras, fogões e máquinas de lavar para incentivar o mercado dos produtos da chamada linha branca. Inicialmente, o projeto, apelidado de bolsa-geladeira, era só para essa mercadoria e visava, principalmente, promover a redução do consumo de energia. Agora, com a inclusão dos fogões e máquina de lavar no pacote, ganha uma conotação de política anticíclica. Ela somente não foi anunciada na semana passada porque ainda faltam alguns ajustes com o ministério da Fazenda, por causa da renúncia fiscal, e resolver a questão com as prefeituras, porque o IPI compõe, juntamente com o IR, a fonte de alimentação do Fundo de Participação dos Municípios. O ministro Miguel Jorge chegou a sugerir que as casas do programa "Minha Casa, Minha Vida" já fossem vendidas com esses três bens, tudo incluído no financiamento a ser pago em dez anos. Não deu tempo. O governo tinha pressa em soltar seu pacote habitacional.

O tal do "spread"

É legítimo que o presidente Lula fique preocupado, ansioso e obcecado com a queda do spread bancário. De fato, este é elevado no Brasil. Todavia, seria recomendável que o presidente fosse com cuidado ao carregar este andor. Afinal, não estamos a tratar de um assunto banal – ao contrário, é complexo. O spread é a diferença líquida entre o custo de capital da captação dos bancos (a taxa de captação) e a rentabilidade dos ativos (taxa de aplicação), o que inclui os empréstimos para o setor público e privado. Esta diferença inclui desde impostos incidentes nas transações financeiras (IOF, por exemplo) até a taxa de risco exigida por cada banco para conceder um empréstimo ou comprar um ativo financeiro. Há uma enorme gama de fatores que podem afetar o spread bancário. Vamos citar alguns dos mais importantes: (i) o déficit público financiado por títulos do governo que concorrem com os empréstimos privados; (ii) a volatilidade dos ativos que reflete maiores riscos sistêmicos e não-sistêmicos – exatamente o que ocorre no momento; (iii) o ambiente concorrencial do setor bancário – maior concorrência, menor spread; (iv) a demanda por crédito em comparação com a oferta, incluído o que citamos no item (i); (v) a taxa de inadimplência e a facilidade para a recuperação judicial de empréstimos concedidos; e, (vi) o ambiente de regulação da autoridade bancária, no caso do Brasil, o BC.

Como se pode verificar...

A redução (desejável) do spread bancário depende de uma gama extensa de medidas que vão desde a facilitação na concessão e recuperação de créditos, medidas tributárias e redução do risco sistêmico e não sistêmico da economia como um todo. É possível, digamos, politizar a questão, mas não é desejável e sequer viável do ponto de vista de bom funcionamento do sistema financeiro. Muito melhor, adotar medidas efetivas para reduzir a taxa de risco do sistema. Necessariamente, tais medidas dependem em larga medida do próprio governo. Cabe a ele propor, estimular e regular em prol de um menor spread. Há ainda que se modificar leis e mudar o funcionamento do Judiciário; medidas de médio prazo.

Cuidado com a eficiência

Tornar o spread menor por meio de medidas limitadas e, ademais, artificiais, é erro grosseiro. Pode incitar que o sistema tome riscos incompatíveis com a rentabilidade dos ativos o que gera crescentes riscos para todo o sistema. O spread bancário, dentre suas principais funções, tem o papel de dar eficiência à relação entre os retornos esperados para o sistema financeiro e os riscos existentes na economia, nas empresas e nos indivíduos. Exemplos da falta de eficiência desta equação (risco versus retorno) estão espalhados pelo mundo neste exato momento. O sistema financeiro lá fora quebrou exatamente por causa deste tal de spread!

E os bancos públicos?

Utilizar os bancos públicos para aumentar a concorrência no setor bancário é legítimo. Aliás, isto já ocorre de fato. Todavia, baixar o spread destes bancos por meio de medidas artificiais e que firam a boa técnica bancária não é apenas indesejável. É temerário. Não somente aos acionistas das instituições (o próprio Estado e os privados), mas a todo o sistema. Basta verificarmos o custo do ajuste do sistema financeiro estadual há uma década para conhecermos o custo da má gestão de bancos públicos. Em meados dos anos 90, o Tesouro Nacional colocou R$ 8,5 bilhões de dinheiro de impostos cobrados para prestar serviços ao cidadão, para capitalizar o BB. E mais uma montanha do mesmo suado dinheiro na CEF. Se o governo desejar reduzir o spread diretamente para os (ou alguns) tomadores que o faça por meio de um subsídio devidamente registrado no orçamento. Utilizar o balanço da banca estatal para esta tarefa é pouco saudável, para não dizer insano.

Esta discussão pode sair cara

O sistema financeiro lá fora está combalido em função da irresponsabilidade na gestão dos bancos. Levantar a questão do spread bancário da forma como o presidente Lula fez, neste momento delicado do sistema financeiro internacional, é muito imprudente. Toca-se no veio saudável do sistema de crédito brasileiro, um dos pilares de nossa estabilidade. Melhor trabalhar muito na matéria. Sem bravatas.

Esta é para ser premiada

Apesar de todas as condicionantes citadas acima, que desaconselham uma ação meramente voluntarista na questão dos spreads bancários, o novo presidente do BB anunciou que pretende promover uma redução "agressiva" dos juros cobrados pela instituição que ele vai passar a comandar a partir do dia 23. Se o senhor Aldemir Bendini, esse é o nome dele, conseguir tal façanha num curto espaço de tempo, sem que os entraves citados nas notas anteriores tenham sido removidos, e sem causar desarranjos perigosos na saúde do BB, ele pode começar a preparar o passaporte para no fim do ano: vai viajar até Estocolmo para receber o Prêmio Nobel de Economia de 2009.

G-20: depois de duas semanas


Conforme afirmamos nesta coluna, a reunião do G-20 foi um sucesso inesperado. Todavia, este sucesso político tem de ser transformado em políticas objetivas e efetivas para reverter o deplorável estado da economia mundial. Na semana passada, uma substancial parcela de recursos foi liberada pelos países-membros para capitalizar o FMI, responsável por políticas de estímulo e saneamento financeiro. Não se sabe o que mudará nas regras do Fundo para ser mais ágil na concessão destes empréstimos. O problema ali não é exatamente o tal do spread, mas bem que o presidente Lula poderia dar uma mãozinha e ajudar na matéria...

Brown, sem sorte.

Gordon Brown é um excelente propugnador de políticas públicas. É inegável, basta verificar o histórico do ex-chefe das finanças inglesas. Além disso, é notável o seu papel dentre os países do G-20. O sucesso da reunião de duas semanas atrás em Londres se deveu muito a Brown. O problema do premier inglês é a falta de sorte : logo agora quando sua popularidade doméstica estava um pouquinho melhor, um dos seus principais assessores Damian McBride solta por aí uns e-mails comprometedores. O G-20 deve perder um de seus articuladores. Por falta de voto nas próximas eleições e por falta gritante de sorte.

A expansão da China

A China vai ampliando seus tentáculos, sobretudo na área de maior influência geopolítica. O país comunista acaba de liberar US$ 10 bi para apoiar obras de infra-estrutura nos países do sudeste asiático (que reduzem os custos de suprimentos para a própria China) e US$ 15 bilhões em créditos para os sistemas financeiros de diversos países. O Japão, pouco a pouco, está a perder a liderança regional na bacia do Pacífico.

A concordata da GM


A provável concordata da GM nos EUA vai ser muito importante para todo o setor automobilístico mundial. A partir deste fato, o setor deve ser redesenhado em todo o planeta, incluído neste novo cenário o setor de auto-peças. Além da esperada consolidação mundial deste segmento, é provável que a conjuntural fragilidade das autopeças, a ser acentuada com a concordata da GM, possa criar problemas para a expansão do setor nos próximos anos.

Microsoft e Yahoo

Voltam a namorar as duas empresas. Estabeleceram um acordo comercial para cada empresa poder vender publicidade para a outra. Será que o namoro acaba em casamento?

Transparência - I


Depois que o presidente da Câmara, Michel Temer, decretou que a imprensa é a grande responsável pelo processo de desmoralização pela qual passa o Congresso – um pêndulo onde ora sobe (ou desce a Câmara), ora o Senado – fica estabelecido que:

1. Foi a mídia que construiu aquele castelo no interior de MG e não declarou nada no IR.

2. Foram os jornalistas que nomearam o senhor Agaciel Maia para a diretoria-geral do Senado e o mantiveram lá por 14 anos.

3. Foram os jornais que entregaram o celular do senador Tião Viana à filha dele para usar durante uma viagem ao México.

4. Foi a mídia que inocentou vários suspeitos do mensalão.

5. Foram os jornalistas que enviaram seguranças do Senado para tomar conta de prédios privados da família Sarney.

6. Foram os jornais que usaram empresas de segurança do deputado Edimar Moreira para justificar gastos do deputado com a verba indenizatória de R$ 15 mil que os parlamentares recebem mensalmente.

7. Etc, etc, etc... e não se fala mais nisso.

Transparência - II


O Senado foi um pouco - digamos - mais "sutil" no processo de "culpabilização" da imprensa pelos males do Legislativo. Está dificultando o acesso dos jornalistas às informações sobre questões administrativas da Casa. Tem a sua lógica: há muito a administração no Congresso deixou de ser uma coisa pública, foi literalmente privatizada, loteada. A determinação partiu de um membro da ABL, entidade que deveria ajudar a zelar, entre outras coisas, pela liberdade de informação e pela liberdade de expressão no Brasil.

PAC: há algo de errado

Alguma coisa não está batendo. Todas as vezes que têm oportunidades, Lula e Dilma, além de tecer loas ao PAC, garantem que ele vai muito bem obrigado, que não sofre grandes percalços. No entanto, nas vésperas de um grande feriado, Lula reuniu oito ministros em Brasília para cobrar mais agilidade no andamento das obras. Depois, ensaiou uma crítica aos prefeitos por certa demora, dizendo que eles se queixam da falta de recursos, mas quando aparece o dinheiro eles não têm projetos. Se está tudo bem, por que cobrar dos ministros mais presteza e tentar inculpar os dirigentes municipais?

Com a corda toda


Depois de alguns meses mais ou menos desaparecido da mídia, por razões particulares, o deputado, ex-ministro e candidato a candidato a presidente da República, Ciro Gomes, retornou às lides. E com a palavra afiada, ao seu estilo. Seus alvos preferidos são os tucanos, especialmente FHC e José Serra – taticamente poupa Aécio Neves. Indiretamente (e até diretamente) dirige também suas baterias em direção à ministra Dilma Roussef e ao presidente Lula. Com o amparo de seu partido, o PSB, defende agora a tese de que o governo deve ter dois candidatos na corrida pelo lugar de Lula, para garantir um segundo turno entre um governista e Serra. Ora, com isso, Ciro está dando como certo que o candidato tucano será o governador paulista e que ele já está no segundo turno, com chances de vencer logo na primeira rodada. Na realidade, embora Ciro deseje mesmo concorrer e como preferido de Lula, eles estão num movimento para minar um pouco a posição do PMDB na aliança governista do ano que vem. Como se sabe, o PMDB é a primeira opção de Lula para o lugar de vice numa chapa liderada pela ministra chefe da Casa Civil.

Um feriado oportuno?


Nesta altura, terça-feira 14 de abril, o Tesouro Nacional tem todas as informações sobre o comportamento da Receita Federal no mês março. Nada vazou até agora, se foi melhor ou pior do que os desastrosos janeiro e fevereiro. Porém, será fácil descobrir qual a tendência da arrecadação nos três primeiros meses do ano. Se o Ministério da Fazenda anunciar os resultados de hoje até quinta-feira pela manhã ou início da tarde, é porque a situação melhorou. Se deixar para sexta-feira ou para a segunda-feira da semana que vem, espremida pelo feriado de Tiradentes, é porque as coisas não foram bem. Brasília estará vazia, a população se divertindo, a mídia menos atenta e, portanto, as repercussões são menores e tudo se dilui. Esta é uma velha tática do setor público: dar as notícias desagradáveis quase sorrateiramente.

(Por José Marcio Mendonça e Francisco Petros)

CONVITE!

CONVITE!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

FEITO CARTÃO POSTAL





"Não cremos apenas que o tempo, futuro ou passado, destina-se à visão. Essa crença reafirma nossa convicção de que é possível ver o invisível, que o visível está povoado de invisíveis a ver e que, vidente, é aquele que enxerga no visível sinais invisíveis aos nossos olhos profanos" (Marilena Chauí, no texto Janela da alma, espelho do mundo - livro O Olhar, 1988)


O convite me foi tentador. ENXERGAR a cidade e interagir com seus personagens, tantos quantos fossem possíveis espalhar pelas páginas seguintes. Esmiuçar sujeitos e lugares que pudessem traduzir Fortaleza através da Visão - aquela que um dia Santo Agostinho adjetivou como "o mais espiritual dos sentidos". E como não voltar a escrever sobre ela? Como não voltar a traduzir em palavras e tentar provocar no leitor o espírito do flaneur? Como dizer não a uma aniversariante de 283 anos - guardadas as devidas polêmicas em torno de seu nascimento? Convite aceito.

Materializar essa idéia e abarcar a cidade com os "olhos de ver" da socióloga Lídia Pimentel foi muito prazeroso. Como o foi ter com seu Moreira, o porteiro que fez de seu bairro um pedacinho de Baturité; e ouvir o publicitário Celso Nóbrega falar com tanta propriedade sobre a cidade em que ele reside há 23 anos, sem nunca a ter visto. Foi enriquecedor ouvir o cantor Falcão apontar as "duas Fortalezas"; e saber que o escritor e compositor Augusto Pontes também gosta de flanar por Fortaleza, "uma cidade plana, com ruas estreitas que, de repente, se abrem para um espaço amplo que é uma coisa desconcertantemente linda". O mar do fortalezense é desconcertantemente lindo, resume o poeta.

Augusto Pontes tem 73 anos. Mas poderia ter a minha idade. Poderia ter a sua, que me lê. Ele diz que se confunde com a cidade, integra-se a ela porque vive muito na rua. "Em casa, eu durmo", faz graça. Augusto diz que "a gente está muito apressado, não olha para algumas coisas". De certo, "a gente" é boa parte de todos nós que habitamos Fortaleza.

Enxergue a cidade com o olhar puro e curioso de uma criança, despretensioso e amplo de um flaneur. Tente captar as coisas como elas são. Permita-se. Assuma o "olhar do estrangeiro" do filósofo Nelson Brissac Peixoto: "Ele é capaz de olhar as coisas como se fosse pela primeira vez e de viver histórias originais".

No livro O Olhar, organizado por Adauto Novaes, Brissac faz uma leitura atemporal desse olhar do estrangeiro. "Todo um programa se delineia aí: livrar a paisagem da representação que se faz dela, retratar sem pensar em nada já visto antes. Contar histórias simples, respeitando os detalhes, deixando as coisas aparecerem como são". Esse é o espírito: ir além dos cartões postais. Porque, se você olhar bem, existem outros tantos. Cartões postais vivos. E porque há muito ainda pra ver da gente de Fortaleza. E do olhar que cada habitante da cidade tem sobre ela.

A cidade tem pressa. "A cidade provoca, para aquele que avança num veículo, um achatamento da paisagem. Quanto mais rápido o movimento, menos profundidade as coisas têm, mais chapadas ficam, como se estivessem contra um muro, contra uma tela", pontua ainda o filósofo Nelson Brissac, na mesma obra construída a tantas mãos e que se debruça sobre ele, o olhar.

Atrase o seu relógio. Ao mesmo tempo, aproprie-se da devoção que Aristóteles tinha pelo "prazer das sensações", mais apaixonadamente pela visão. "Ainda quando não nos propomos a nenhuma ação, preferimos a vista a todo o resto. A causa disto é que a vista é, de todos os nossos sentidos, aquele que nos faz adquirir mais conhecimentos e que nos faz descobrir mais diferenças", escreveu o filósofo, na abertura da Metafísica. Ou abra a "janela do corpo" como fazia Leonardo da Vinci. Perceba a constatação dele como se fosse um convite:

- Não vês que o olho abraça a beleza do mundo inteiro? (...) É janela do corpo humano, por onde a alma especula e frui a beleza do mundo.

Especule o que a aniversariante tem para lhe mostrar. Abarque-a com as suas janelas da alma.

(Raquel Chaves - Especial para O POVO)

ANIVERSÁRIO DE FORTALEZA!