sábado, 18 de junho de 2011

CARTA DE DILMA PARA FHC

Em seus 80 anos há muitas características do senhor Fernando Henrique Cardoso a homenagear.

O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.

Mas quero aqui destacar também o democrata. O espírito do jovem que lutou pelos seus ideais, que perduram até os dias de hoje.

Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidaçãoo da democracia brasileira em seus oito anos de mandato.

Fernando Henrique foi o primeiro presidente eleito desde Juscelino Kubitschek a dar posse a um sucessor oposicionista igualmente eleito.

Não escondo que nos últimos anos tivemos e mantemos opiniões diferentes, mas, justamente por isso, maior é minha admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de ideias.

Querido presidente, meus parabéns e um afetuoso abraço!

Dilma Roussef

AINDA SOBRE O DEBATE NA TV

Blog do Zaca deixou um novo comentário sobre a sua postagem "COMENTÁRIO":


Na oportunidade estava em fortaleza e também vi sua participação no Programa. Crateuense que sou, senti aquele orgulho por ver um filho de nossa terra mostrando toda inteligência e capacidade mundo a fora.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

CHÃO DE ESTRELAS NA VOZ DE MAYSA




Composição: Silvio Caldas/Orestes Barbosa

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de 'doirado'
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações

Nosso barracão no morro do salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje, quando do sol, a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou

Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional

A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a alegria desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão.

BRANCO, HONESTO, CONTRIBUINTE, ELEITOR, HÉTERO... PRA QUÊ?


Hoje, tenho eu a impressão de que o "cidadão comum e branco" é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.

Assim é que, se um branco, um índio e um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles! Em igualdade de condições, o branco é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior.

Os índios, que, pela Constituição (art. 231), só deveriam ter direito às terras que ocupassem em 5 de outubro de 1988, por lei infraconstitucional passaram a ter direito a terras que ocuparam no passado. Menos de meio milhão de índios brasileiros - não contando os argentinos, bolivianos, paraguaios, uruguaios que pretendem ser beneficiados também - passaram a ser donos de 15% do território nacional, enquanto os outros 185 milhões de habitantes dispõem apenas de 85% dele.. Nessa exegese equivocada da Lei Suprema, todos os brasileiros não-índios foram discriminados.

Aos 'quilombolas', que deveriam ser apenas os descendentes dos participantes de quilombos, e não os afrodescendentes, em geral, que vivem em torno daquelas antigas comunidades, tem sido destinada, também, parcela de território consideravelmente maior do que a Constituição permite (art. 68 ADCT), em clara discriminação ao cidadão que não se enquadra nesse conceito.

Os homossexuais obtiveram do Presidente Lula e da Ministra Dilma Roussef o direito de ter um congresso financiado por dinheiro público, para realçar as suas tendências - algo que um cidadão comum jamais conseguiria!

Os invasores de terras, que violentam, diariamente, a Constituição, vão passar a ter aposentadoria, num reconhecimento explícito de que o governo considera, mais que legítima, meritória a conduta consistente em agredir o direito. Trata-se de clara discriminação em relação ao cidadão comum, desempregado, que não tem esse 'privilégio', porque cumpre a lei.

Desertores, assaltantes de bancos e assassinos, que, no passado, participaram da guerrilha, garantem a seus descendentes polpudas indenizações, pagas pelos contribuintes brasileiros. Está, hoje, em torno de 4 bilhões de reais o que é retirado dos pagadores de tributos para 'ressarcir' aqueles que resolveram pegar em armas contra o governo militar ou se disseram perseguidos.

E são tantas as discriminações, que é de perguntar: de que vale o inciso IV do art. 3º da Lei Suprema?

Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios.


( *Ives Gandra da Silva Martins é renomado professor emérito das universidades Mackenzie e UNIFMU e da Escola de Comando e Estado do Exército e presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo ).


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INCISO IV DO Art. 3º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL A QUE SE REFERE O DR. IVES GRANDA, NA ÍNTEGRA:

"promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."


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"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A FELICIDADE

Despertamos de algumas horas, piscamos os olhos ante as primeiras luzes e nos imaginamos imortais.

A vida só tem uma certeza inarredável sem hora marcada. É possível prever quando alguém vai nascer. Mas nunca se saberá o instante exato em que se irá morrer.

Tocar a vida tem, para cada um de nós, maneiras diversas, mas no fundo, no fundo, se resume a um mesmo resultado. Sobreviver querendo, um dia, quem sabe, também ser feliz.

Você sabia que há no Congresso, em tramitação, uma proposta de emenda constitucional mandando inserir a felicidade entre os objetivos da República para o Povo em geral? Sim, ela mesma, a felicidade!

Dignidade da pessoa humana e prevalência dos direitos humanos, que já constam entre as obrigações republicanas, não bastariam para o alcance da felicidade.

Não se sabe ainda é se depois de inserida como obrigação do Estado para com o Povo em geral ela, a felicidade, dependerá de regulamentações especiais através de uma lei complementar ou de decretos governamentais, instruções normativas, portarias ou de um mandado de injunção no Supremo.

Não é ainda do conhecimento de todos se o Governo da República nomeará um conselho de jovens ou de anciãos, ou um colegiado misto com representantes de todas as cotas atualmente reconhecidas e admissíveis, para os efeitos do cumprimento da nova ordem constitucional.

Eu ainda não sabia dessa emenda no Congresso do Brasil quando, outro dia, em Buenos Aires, numa livraria, encontrei um livro, imagine, com este título – "La felicidad como elección, la dicha posible más Allá de las falsas ilusiones", de Sergio Sinay, um psicológico argentino.

O livro, a meu ver, não ajuda a ideia do inspirado legislador brasileiro que está propondo a felicidade como cláusula constitucional.

A proposta do "La Felicidad como elección...", ao contrário, é de contundente denúncia contra a manipulação da ideia de felicidade para garantia de lucros com dinheiro ou com o poder político.

A condição humana, dizem os marqueteiros das campanhas eleitorais, se inebria fácil com as miríades.

Daí que prometer a felicidade como direito de todos na Constituição da República pode resultar em algo balsâmico a afagar as esperanças de quem à beira do desespero vai perdendo a noção das certezas e das forças na vontade para resistir e lutar.

Quem, afinal, erguerá a voz ou o dedo na Câmara dos Deputados ou no Senado da República para se opor a essa importante conquanto imprescindível emenda constitucional, a PEC da Felicidade?

A ideia de constitucionalizar a felicidade não é invenção de brasileiro. Foi copiada lá fora.

Mas quem, entre nós, brasileiros, definirá a felicidade? Os juristas, os tecnocratas ou os poetas?

Vou preferir a definição dos poetas. Esta do Vinícius, por exemplo, na voz e violão de João Gilberto – a felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar / voa tão leve e tem a vida breve / precisa que haja sem parar...


(Edson Vidigal)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

COMENTÁRIO

Ontem a noite acompanhei atentamente sua participação no programa "Grande Debate" da TV O POVO.

Parabéns, brilhante participação.


José de Melo Neto (Zéneto)


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Caro Zé Neto:

Obrigado pelo registro.

Realmente, participar de um programa de debates, ao vivo, é instigador.

Lembro que o programa será reprisado hoje a partir das 13:00 hs. E pode também ser visto pela internet: basta acessar o site do Jornal O POVO e clicar em TV O POVO. (http://www.opovo.com.br)

Júnior Bonfim

CONJUNTURA NACIONAL

No confessionário

Numa cidadezinha de Minas, Padre Elesbão estava esgotado de tanto ouvir pecados, ou, como dizia, besteiras. Decidiu moralizar o confessionário. Afixou um papelão na porta da Igreja, dizendo:
O Vigário só confessará:
2ª feira - As casadas que namoram
3ª feira - As viúvas desonestas
4ª feira - As donzelas levianas
5ª feira - As adúlteras
6ª feira - As falsas virgens
Sábado - As "mulheres da vida"
Domingo - As velhas mexeriqueiras
O confessionário ficou vazio. Padre Elesbão só assim pode levar vida folgada. Gabava-se:
- Freguesia boa é a minha... mulher lá só se confessa na hora da morte!
(Leonardo Mota em seu livro, Sertão Alegre)

Água na fervura

Dilma pegou o balde d'água e despejou na fervura. Essa é a imagem que se pinça das nomeações de Gleisi Hoffmann, Ideli Salvatti e Luiz Sérgio para a Casa Civil, as Relações Institucionais e o Ministério da Pesca. A senadora Gleisi vai gerenciar os projetos e ações do governo. Uma espécie de controladora geral do obreirismo governamental. Ideli fará a articulação com as casas congressuais. Nessa missão, será monitorada pela própria presidente Dilma, que tomou a decisão de mergulhar na piscina política. O affaire Palocci deixa no ar algumas certezas e dúvidas. Vejamos.

Assumindo as rédeas

Com suas decisões, a presidente Dilma assume de modo firme as rédeas do governo. Parece querer dizer: deixem de lado as querelas, administrem com parcimônia seus interesses, não sejam apressados. Alas do PT disputavam o comando da Casa Civil. O nome mais forte era, até então, o do líder Cândido Vaccarezza. Mas o grupo de Marco Maia parecia inflexível. Gleisi apareceu como tertius no processo. A presidente tomou atitude. Mostrou-se determinada a não ceder aos impulsos e pressões partidárias. Jogando com suas pedras no tabuleiro, abre efetivamente o ciclo de seu governo.

Primeira pessoa

Para reforçar este posicionamento, a presidente, por ocasião da posse das novas ministras Gleisi e Ideli e do ministro Luiz Sérgio, usou todo tempo a primeira pessoa: "em meu governo farei isso e aquilo... etc". Não se referiu uma vez sequer ao seu tutor, o ex-presidente Luiz Inácio. A impressão que passou é que Lula, até então, continuava a dar todas as cartas. Com a retórica mais personalista e com a vontade de fazer, ela mesma, a articulação política, Dilma dá mostras de que não se deixa levar pelas ondas. O barco vai seguir o rumo de acordo com sua bússola.

Para-choque

Frase de caminhão em Minas: "Tropeça no seu orgulho e cai nos meus braços".

Pesquisas dão o norte

A pesquisa Datafolha confirmou que o affaire Palocci não abalou a imagem do governo. Que oscilou, aliás, dois pontos para cima, de 47% (pesquisa anterior) para 49%. Mesmo a ameaça de volta da inflação não fez despencar a imagem do governo. Há, porém, um dado que quase passou despercebido na pesquisa. A imagem pessoal de Dilma sofreu uma queda. Uma forte queda, aliás: de 17 pontos. Trata-se da avaliação sobre capacidade decisória, estilo, etc.. Ou seja, o conceito de autoridade perdeu pontos. Certamente a presidente já recebera indicações nesse sentido, razão pela qual tomou as decisões para alicerçar o edifício da autoridade.


Lula como sombra

Luiz Inácio tem dito, à boca pequena, que está sendo muito difícil "desencarnar do governo". Claro, Lula apreciou bastante a passagem pelo centro do poder. E ela, a mulher, dona Marisa, também. O ex-metalúrgico é o último dos políticos carismáticos no Brasil. E não quer pendurar as chuteiras tão cedo. Daí sua atitude de ficar nas margens do poder central, como conselheiro, orientador, artífice da construção política do governo Dilma. Lula quer ser o comandante principal da operação eleitoral do PT, em 2012, que se volta para a meta de eleger cerca de 2.000 prefeitos. E com essa base, Lula pensa em fixar sólidos alicerces para o empreendimento do PT, que é de permanecer 20 anos ou mais no poder.

Ameaça à Dilma

Mas a permanência do ex-presidente nas proximidades do Planalto acaba dando ideia de intromissão no governo de sua sucessora. Ruim para ambos. Dilma dá sinais de que, mesmo com o respeito e admiração que conserva em relação ao seu patrocinador, não gostaria de tê-lo muito perto.

Carta para FHC

Mais um sinal de que Dilma regula seu governo por parâmetros diferenciados da gestão anterior foi uma carta que enviou ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em homenagem aos seus 80 anos. A carta foi além da cortesia rotineira que um mandatário presta a outro. Dilma usou verbos e adjetivos fartos de elogio e admiração. Disse que Fernando Henrique, como ministro e presidente, foi o arquiteto mor da estabilidade econômica. Falou do idealismo do sociólogo quando jovem. Ora, por que tal referência? Trata-se de um preito de reconhecimento à trajetória do ex-presidente. Reconhecimento que Lula nunca fez. Portanto, a delimitação de atitudes é clara entre Dilma e seu antecessor.

Temer, o amortecedor

Nos últimos dias, um conjunto de notas, declarações e inferências teve como alvo o vice-presidente da República, Michel Temer. Entre as observações, duas partiram de intelectuais, uma de Renato Janine Ribeiro, em O Globo, e outra de Renato Lessa, na Folha de S. Paulo. Ambos praticamente usaram a mesma construção, alegando que o maior problema de Dilma é o vice. E aduziram na direção de que o vice luta pelo poder. Baboseira completa. Sesquipedal ignorância. Ora, esquecem que o vice é professor de Direito Constitucional, portanto, um perfil situado na área do Direito. Talhado para defender o território da legalidade. Michel Temer é conhecido pela maneira de tratar bem os interlocutores: paciente, educado, atencioso. Uma espécie de lã entre vidros. A imagem de aríete - que lhe querem impingir a fórceps - não condiz com a identidade de pessoa afável.

Bunker ou divã?

Além de vestirem o vice com a roupa do guerreiro - dissonância que salta aos olhos - alguns jornalistas sempre se referem ao Palácio do Jaburu como bunker, fortaleza que abriga tropas dispostas às guerrilhas. Este consultor sabe que o Jaburu, nesses tempos do vice Temer, mais se parece como um teto para administrar ansiedades. E assim, mais se assemelha a um divã.

Padre Américo

Padre Américo Sérgio Maia era vigário de Cajazeiras/PB. Um dia, teve de viajar 28 quilômetros a cavalo para dar extrema-unção a um doente. Chegou cansado:
- Minha senhora, por que vocês não fizeram uma casa mais perto da cidade?
- Padre, e por que não fizeram a cidade mais perto da gente?

PT: 70% contra 24%

Se alguém quer saber a razão de tanta disputa entre os grandes partidos da base governista basta ver os números. O PT conta com 24% das casas congressuais, Câmara e Senado. Mas detém cerca de 70% dos cargos Federais. E não quer repartir os cargos de acordo com as densidades de cada sigla. Eis aí a razão maior do imbróglio.

Copa 2014 segura

No quesito segurança, a Copa 2014 começa a ganhar corpo. O primeiro teste do esquema de segurança para Copa em São Paulo, ocorrido no último amistoso do Brasil, contra a Romênia, surpreendeu até mesmo autoridades oficiais. Este foi o segundo realizado no país, depois do jogo contra a Holanda no Estádio Serra Dourada, em Goiânia, e pode representar a abertura de um novo filão para o setor. "Pela primeira vez, a segurança privada trabalhou sozinha na execução da segurança interna de um estádio, em um jogo de futebol, e conseguiu cumprir tal tarefa com excelência. Foi um grande desafio, mas que mostrou aos oficiais e especialistas presentes que as empresas brasileiras de segurança privada, sérias, são capazes de executar este serviço", avalia José Adir Loiola, presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo (Sesvesp).

50 mil profissionais

De acordo com o regulamento da FIFA, os estádios das cidades-sedes, onde os jogos acontecerão, precisam ter uma equipe integrada pelos corpos das seguranças pública e privada. Pelo menos 50 mil profissionais da segurança devem ser escalados para 2014. Atualmente, o segmento mantém-se estagnado e com limitado poder de absorção da mão de obra que se forma.

Barão de Itararé

Apparício Torelly (1895/1971), era gaúcho de Rio Grande. Definia-se assim: campeão olímpico da paz", "marechal-almirante e brigadeiro do ar condicionado", "cantor lírico", "andarilho da liberdade", "cientista emérito", "político inquieto", "artista matemático, diplomata, poeta, pintor, romancista e bookmaker". Foi um dos maiores humoristas de nossa história.
- Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.
- Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
- Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.

Sinal amarelo

Pelo quarto mês consecutivo, a inadimplência cresceu. E 75,74% dos atrasos originam em prestações de até R$ 250. A confiança e a intenção de compra desses consumidores também caíram. Significado: classe C com seu atraso de prestações abre o sinal amarelo para a economia. Quando o bolso aperta, o clima geral fica anuviado.

Terceirização


A Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados aprovou, semana passada, o projeto 4.330/2004, do deputado Sandro Mabel, que "dispõe sobre o contrato de prestação de serviços a terceiros e as relações de trabalho dele decorrentes." Trata-se do projeto que atende de maneira mais completa as demandas dos setores produtivos. Eis os principais aspectos: Atividades terceirizadas - permite a terceirização de atividades-meio e atividades-fim da contratante; responsabilidade subsidiária - a empresa contratante será subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços e responsabilidade solidária - quando a empresa prestadora subcontratar outra empresa para a realização dos serviços, será solidariamente responsável pelas obrigações trabalhistas assumidas pela empresa subcontratada.

TST e a nova súmula

O TST começou a aplicar as súmulas aprovadas em maio. Pela nova redação da súmula 331, a Petrobras ficou excluída da responsabilidade subsidiária em processo movido por um empregado de uma prestadora de serviço. O Tribunal modificou, assim, julgamento do TRT no Rio Grande do Norte, que obrigava a empresa a pagar direitos trabalhistas de um empregado. O relator defendeu o argumento de que a responsabilidade subsidiária de entes da administração pública - direta e indireta - só ocorre quando há evidência de culpa no cumprimento das obrigações impostas pela lei das licitações - 8.666/93. Advogados dizem que empresas privadas poderão pleitear esse mesmo tipo de tratamento com base no princípio da isonomia, previsto na Constituição Federal. O pau que bate em Chico bate em Francisco.

Conselho à ministra Ideli

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado à presidente Dilma Rousseff. Hoje, sua atenção se volta à ministra Ideli Salvatti:

1. O escopo da articulação abriga os seguintes verbos: ouvir, ponderar, esclarecer, argumentar, administrar tensões, conciliar, propor, atender. E deixa fora o verbo irritar-se. O que não significa que deixe de usar a autoridade para não se deixar engolfar no turbilhão de demandas.

2. O jogo de cintura é pertinente ao cargo de ministra das Relações Institucionais. Vossa Excelência poderá desempenhar com eficácia a missão caso leve em consideração esses verbos com seus princípios.

3. A harmonia e a paz política dependerão bastante do seu desempenho no comando das Relações Institucionais.


(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 14 de junho de 2011

AGRADECIMENTO!


Sensibilizado, agradeço a todos os amigos e amigas que nos prestigiaram na solenidade de posse ontem à noite.

Em especial, a todos os que - mesmo não tendo recebido diretamente o nosso convite - nos surpreenderam com o brilho da presença, como é o caso do meu parente Joseleido Bomfim Santana, historiador e venerável mestre de uma das lojas maçônicas mais atuantes da nossa capital.


Júnior Bonfim

OBSERVATÓRIO

Aldairton Carvalho, que foi por seguidas vezes vereador em Crateús, firmou-se no meio político como uma figura que, embora conservasse a astúcia e esperteza, era pacífica, tranqüila e calma. Evitava a fogueira das polêmicas. Quando o interrogavam sobre os motivos que o levavam a cultivar essa postura, costumava responder que seguia um conselho materno. Segundo Aldairton, sua genitora o ensinava que a gente deve escutar tudo, mas só se deve guardar o que é bom.


A POLÍTICA...


É palco permanente de conflitos. Espaço principal de cotejamento de interesses, a política é essencialmente uma arena de administração de divergências. Sucede que, muitas vezes, discussões fúteis, debates periféricos e questões menores ganham importância desproporcional ao seu real tamanho. Crateús vive um período de precarização da atividade pública, uma espécie de rendição ao império da futrica. As pessoas absorvem os fluidos negativos e os transmitem aos outros. Nestas horas faz falta o discernimento esposado pela mãe do Aldairton.


EXEMPLO...


Desse debate enviesado é a polêmica sobre a doação dos mercados: Centro de Abastecimento João Afonso (“Mercado da Carne”); Mercado Antônio Pierre de Aguiar (“Mercado dos Feirantes”) e Mercado Manoel Cardoso de Vasconcelos (“Mercado Velho”). Durante a semana passada o tema dominou a pauta dos meios de comunicação. Como é de ciência coletiva, há treze anos esses equipamentos foram doados aos locatários. Quem deseja a revogação desse processo imagina-se ancorado na defesa do interesse público; quem defende a manutenção da doação, também. Porém, independente das argumentações de ambos os lados e antes de se adentrar no mérito da cizânia, é preciso enfrentar algumas preliminares. Primeira: juridicamente, o exercício da pretensão ou da ação é limitável, no tempo, pela prescrição. A prescrição exprime o modo pelo qual o direito se extingue, em vista do interessado não o exercer no tempo oportuno. No caso dos mercados, a prescrição já se operou. Segunda: a Lei Municipal n.º 320/98, que aprovou a doação, é permitida no nosso ordenamento jurídico? Embora a Legislação estabeleça, em regra, que toda doação de bem público deve ser precedida de licitação, há exceção prevista no artigo 17 da Lei 8666/93 que reveste de validade o ato.


EUSÉBIO,

Município da região metropolitana de Fortaleza, foi destaque nacional por uma ação exitosa da Prefeitura: todas as escolas municipais estão funcionando em regime de tempo integral. Essa devia ser uma meta a ser perseguida por todos os gestores municipais. Há cerca de dez anos Crateús pioneiramente implantava um projeto batizado de ÉTICA (Escola em Tempo Integral, Cidadã e Amiga). Se nenhum percalço tivesse ocorrido e a alternância de poder não fosse óbice à continuidade de bons projetos, esse destaque poderia ser mérito da nossa terra.


JOÃO AGUIAR...


Planeja lançar uma Revista do Centenário, homenageando cem personalidades que marcaram a vida da cidade no seu primeiro século de vida. Para a consecução desse empreendimento, João procurou a Academia de Letras de Crateús – ALC – a fim de formalizar uma parceria.


A ALC,


Que completou dois anos de existência, esteve reunida em Assembléia na tarde do sábado passado com o objetivo de apreciar o ingresso de novos membros e de eleger a sua Diretoria para o próximo biênio. Foram aprovados, para integrar os quadros do sodalício, os nomes de Ana Cristina do Vale Gomes, Cheyla Mota, José Maria Bonfim de Morais, José Rodrigues Neto, Juarez Leitão, Karla Gomes, Paulo Nazareno e Silas Falcão. Alguns são soberbamente conhecidos do grande público como bons escritores; outros, não. Porém, todos meritoriamente o são. A posse está prevista para o dia 09 de julho. A nova Diretoria está assim constituída: Presidente – Elias de França; Vice-Presidente: Flávio Machado; Secretário: Raimundo Cândido; Tesoureiro: Lourival Veras; Diretora de Assuntos Culturais: Karla Gomes. Sobre a ALC, vide Crônica ao lado.

O XVIII...

Forró do Bode, realizado na noite de sábado passado na AABB de Crateús, foi um sucesso total. Edílson Vieira, Adelson Viana e Bento Raimundo brindaram o público com um show da mais autêntica música nordestina. Repertório leve, saudável e higiênico, sem letras apelativas ou de duplo sentido. Tudo em um ambiente muito familiar, integrativo e prazeroso. Parabéns ao coordenador do evento, Edvan Martins, Venerável da Loja Maçônica Liberdade e Justiça 1712, que anualmente promove da festa.


LUCAS...


Evangelista, Mestre da Cultura Cearense e maior cordelista vivo de Crateús, convida para o lançamento do livro O Cordel e o Professor. O evento ocorrerá na próxima sexta-feira, dia 17 de junho, no Ponto de Cultura Quintal com Arte (Sindicato dos Professores), na rua Auton Aragão, 552, bairro São Vicente. Na ocasião, haverá também um desafio de viola entre Bento Raimundo e Chico Chagas.

PARA REFLETIR...


“Educação e cultura/ É a porta do progresso/ Descobre, inventa e fabrica/ Ornamenta o universo/ Sem esta composição/ Não existia o sucesso”. (Lucas Evangelista).



(Júnior Bonfim na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS


Uma biblioteca, uma residência e um jardim. Pela tradição, o jardim teria pertencido a Academus - herói ateniense da guerra de Tróia (século XII a.C.), e por isso o espaço era chamado de academia.

Nessa escola, localizada nas proximidades de Atenas, na Grécia, o filósofo Platão fundou, ao redor do ano 387 a. C., a primeira Academia. Nessa ambiência filosófico-cultural, altar de louvor às musas, onde se ministrava um ensino informal calcado em diálogos entre os mestres e os discípulos, o filósofo pretendia compilar contribuições de diversos campos do saber como a filosofia, a matemática, a música, a astronomia e a legislação. Seus jovens seguidores dariam continuidade a este trabalho que viria a se constituir num dos capítulos importantes da história do saber ocidental.

E as Academias, como flores de jitiranas sob o sol de maio, desabrocharam sem pedir permissão. Na formosa e elegante França um cardeal de nome Richelieu levou à prancheta, em 1635, o desenho de um grêmio literário disposto em quarenta cadeiras com a principal finalidade de tornar a língua francesa “pura, eloqüente, e capaz de tratar das artes e ciências”. Esse modelo serviu de fonte inspiradora para as Academias Brasileiras.

Em nosso torrão natal, esse estalo para constituirmos nossa Arcádia me veio em 2007. Nesta Gazeta escrevi uma crônica em que lancei o desafio: ‘Nossa terra, sacudida por gigantescas adversidades, estonteada por tantas frustrações políticas, castigada por intempéries, na contramão das opressões econômicas, à margem do fulgor capitalista também assiste florescer talentos de toda sorte, humildes e valorosos atletas da criatividade, que correm as pistas olímpicas das artes com as tochas da inteligência e do saber. Por isso, fundemos a Academia. Juntemos, numa mesma Catedral de Cultura, os escritores de todos os sons, os poetas de todos os sonhos, os que batizam os seres e que nomeiam todas as coisas’.

Conversei inicialmente com o Dideus Sales, Lourival Veras, Edílson Macedo e Elias de França. Fizemos a primeira reunião. Outros nomes foram listados. E a semente germinou. Em 13 de junho de 2009, nas dependências do Teatro Rosa Moraes, foi formalmente instalada. Para presidi-la escolhemos consensualmente Elias de França. No seu primeiro biênio, praticamente o piano da entidade foi carregado por dois casais: Elias e Adriana, Lourival e Karla. No entanto, o resultado é extremamente alentador: a Academia é uma realidade viva e pulsante na cidade. Todos ressaltam sua relevância na militância cultural da urbe.

A página na internet (www.academiadeletrasdecrateus.blogspot.com) é constantemente atualizada pelos acadêmicos (os mais ativos são Ísis Celiane e Raimundo Cândido) e as visitas do público são freqüentes. Mais de dez obras já foram publicadas. Alguns dos nossos integrantes foram premiados em certames estaduais e até nacionais (destaque-se Elias de França, Lourival Veras, Lucas Evangelista e Raimundo Cândido). A participação nos mais diversos eventos culturais é outro diferencial.

É óbvio que nem tudo são flores. Algumas inquietações foram externadas na última avaliação, como a ausência de maior sentimento gregário e a concentração de trabalho em poucos ombros. Ponderei que essa realidade é comum a outras agremiações congêneres. E parece que o dado é histórico.

Lembro das palavras – pasmem quão atuais! – de Joaquim Nabuco na fundação da Academia Brasileira de Letras: “Não temos de que nos afligir: todas as Academias nasceram assim. Que era a Academia Francesa quando a Richelieu ocorreu insuflar-lhe o seu gênio, associá-la à sua missão? Era uma reunião de sete ou oito homens de espírito em Paris. E as Academias, as Arcádias todas do século passador? Qualquer pretexto é bom para nascer... Não se deve inquirir das origens. Quando a vida aparece, é que o inconsciente tomou parte na concepção, e com a vida vem a responsabilidade, que enobrece as origens as mais duvidosas. Quem nos lançará em rosto o nosso nascimento, se fizermos alguma coisa; se justificarmos a nossa existência; criando para nós mesmos uma função necessária e desempenhando-a? Acaso tem o ator que provar ao público o seu direito de existir? Não basta a emoção que desprende de si e faz passar por todos nós? E o pintor, o escultor, o poeta? Não basta a obra?”

Por isso, confrades e confreiras, exultemos!

A ALC nasceu e saudavelmente está em fase de crescimento. Consciente de sua excelsa missão, que Machado de Assis tão bem precisou: “A Academia, trabalhando pelo conhecimento [...], buscará ser, com o tempo, a guarda da nossa língua. Caber-lhe-á então defendê-la daquilo que não venha das fontes legítimas, - o povo e os escritores, - não confundindo a moda, que perece, com o moderno, que vivifica.”

Salve a Academia! Que continue a prodigalizar a cidade com os benefícios das causas do espírito, com a aspersão do óleo do pensamento, com a meditação fecunda, com o farol da plenitude do viver.

Afinal, a vida plena é possível. Pode ser encontrada em um espaço modesto onde se conjugue uma biblioteca, uma residência e um jardim.


(Júnior Bonfim na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

MAÇONARIA

Maçom, Maçonaria... Assunto que ainda suscita interrogações, mercê da aura folclórica, do véu de mistério e da cerca de curiosidade que sempre revestiu a Instituição e seus integrantes.

Dada sua característica discreta – que muita gente confunde com secreta – a Maçonaria, principalmente depois do lançamento de Best Sellers sobre o tema (como os livros de Dan Brown), tem despertado enorme interesse na juventude investigativa, nos amantes da sabedoria humana e nos estudiosos de todos os matizes.

Afinal, o que é ser Maçom no mundo contemporâneo? Qual o segredo que alimenta os Maçons e que tem perpassado os séculos aguçando a massa encefálica da humanidade?
Em verdade, o segredo da Maçonaria é simples. É o mesmo que impulsionou os maiores luminares da História. Não se encontra em um manual, mas no universo espiritual. É um tufão que sacode o âmago do ser e o retira da escuridão da consciência para colocá-lo sob a luz da profundidade. É aprender a enfrentar com a mesma serenidade tanto um terremoto de tristeza como uma explosão de alegria. Na Maçonaria, está sacramentado que o Segredo está ligado ao Sagrado. Naquele sentido que esposou um dos mais emblemáticos maçons de Portugal, o iluminado poeta Fernando Pessoa:

“O verdadeiro Segredo Maçônico...
É um segredo de vida
e não de ritual
e do que se lhe relaciona.
Os Graus Maçônicos comunicam àqueles que os recebem,
sabendo como recebê-los,
um certo espírito,
uma certa aceleração da vida
do entendimento
e da intuição,
que atua como uma espécie
de chave mágica dos próprios símbolos,
e dos símbolos
e rituais não maçônicos,
e da própria vida.
É um espírito,
um sopro posto na Alma,
e, por conseguinte,
pela sua natureza,
...incomunicável”.

Ser Maçom é consagrar-se à firmeza de caráter. Sem frouxidão, ser manso e humilde de coração. É libertar-se das baixas contingências gregárias. É subjugar a influência das ilusões. É combater o despotismo, os preconceitos e os erros. É promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade. É hastear a bandeira da Fraternidade, da Igualdade e da Liberdade – a tríade que já impulsionou vultosas transformações sociais, como a memorável Revolução Francesa. (A propósito, a França é o berço da palavra “maçom”, que significa “pedreiro”. O verdadeiro maçom é, pois, um ativo obreiro na construção de um edifício social mais justo, fraterno e livre).

Ao redor desses ideais e postulados progressistas, homens livres e de bons costumes - sem distinção de raça, religião, ideário político ou posição social – têm se reunido para cavar masmorras às vicissitudes e erigir templos à virtude. Neste 13 de junho, às 19:00 hs, na Câmara Municipal de Fortaleza tomam posse os novos dirigentes da Maçonaria do Grande Oriente do Brasil Ceará. Que revitalizem o papel da Instituição: perscrutar a verdade, espalhar a luz e dilatar a fraternidade!

Júnior Bonfim é advogado.

(Publicado na edição de hoje, página 7, do Jornal O POVO, Fortaleza, Ceará)