sábado, 21 de julho de 2012

COMENTÁRIO

Amigo Júnior Bonfim,

na minha visão obscura sempre imaginei os desembargadores, os juízes, os promotores como seres insensíveis e sempre ligados aquela velha expressão latina dura Lex sed Lex.

Dr. Boaventura Joaquim Bonfim há muito me convenceu do contrário: a importância de uma pessoa, não vem do cargo que ocupa, da riqueza que possui, da sua altura, do seu peso ou da sua cultura, mas dos seus sentimentos.

E mais, o Dr. Boaventura sente com o pensamento!

E mais, é uma sensibilidade sem tamanho!

Raimundo Candido


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Caro amigo Júnior Bonfim,


Ao acessar seu Blog, deparei com um poético comentário a meu respeito, da lavra do nosso amigo Professor-Poeta-Escritor Raimundo Cândido.

As belas palavras do Professor Raimundo Cândido são hauridas da bondade de um grande vate. O poeta não vê com os olhos, mas com o coração.

Obrigado, Professor Raimundo, cândido até no nome.

Um Forte abraço,

Boaventura Joaquim Furtado Bonfim.

Fortaleza, Ceará, Brasil, 23.7.2012.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

PARA VOCÊ, COM CARINHO - VINICIUS DE MORAES (Homenagem ao Dia do Amigo)


"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.

Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade
que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.

Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles.Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.

E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.

Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.

E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e,principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os."


(Vinícius de Moraes)*


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LUIZ MENEGHIN — UM BRASILEIRO NO AMERICA´S GOT TALENT |

Amigas e amigos,

Vejam este excelente vídeo no link abaixo.

Nosso conterrâneo brasileiro, Luiz Meneghin, canta encantadoramente, normalmente e suavemente, sem fazer qualquer esforço, como se fora um passarinho.

"A gente nasce para o que é." O Luiz tem a enfermagem por profissão, mas é um cantor de ópera por vocação.

É lógico que pai do Luiz fez as vezes do grande filósofo Sócrates, contribuindo para aflorar (parir) o cantor que já existia no filho (Maiêutica).

Achei simplesmente lindo quando ele falou para os jurados que cantava para os pacientes no hospital. E gostei daquele jurado cabeludo que, numa forma de deixar o Luiz descontraído, perguntou se algum paciente não havia morrido ao ouvi-lo cantar. O Luiz esboçou um sorriso angelical e, placidamente, disse que não.

Confesso que fiquei emocionado do começo ao fim, principalmente quando vi a esposa e a filha chorando e torcendo amorosamente por ele.

Percebe-se que ele tem uma linda família, um lar, e não apenas a materialidade da casa.

Passemos o vídeo à frente.

Saúde e Paz,

Do amigo,

Boaventura Bonfim.
Fortaleza, Ceará, Brasil.


quinta-feira, 19 de julho de 2012

PATRICK DIMON - Pigeon Without a Dove



Pigeon Without a Dove

If someone that says goodbye
If someone that you love
That's leaving not to come back
In your arms never more
What would you do my friend?
How could you mend your broken heart?
How could you learn to live alone?
How could you learn to live apart?
Tell me, tell me!

( 2X )
How can I let her know that I've got nothing without her love
That I have no place to go, that I'm a pigeon without a dove
I am a simphony without main melody
That I am alone and lost, drowning in the ragging deep sea

Pombo sem uma pomba

Se alguém que te diz adeus
É alguém que você ama
E é alguém que está partindo para não voltar
Nunca mais para seus braços

O que você faria, meu amigo?
Como você consolaria seu coração partido?
Como você aprenderia a viver sozinho?
Como você aprenderia a viver separado?

Diga-me (diga se sabe)
Como posso deixá-la saber
Que não tenho nada
Sem seu amor
Que nem tenho para onde ir

Que sou um pombo sem uma pomba
Que sou uma sinfonia sem a melodia
Que estou sozinho e afundando
Em um mar enfurecido

quarta-feira, 18 de julho de 2012

CONJUNTURA NACIONAL

Abro a coluna com duas historinhas do insubstituível Sebastião Nery para aliviar o peso do texto de hoje:

Montado na lei

Quintino Cunha, famoso advogado e poeta, estava participando de um júri em Quixeramobim/CE. O promotor berrava na tribuna:

- Senhores jurados, estou montado na lei.

Quintino pede um aparte:

- Vossa Excelência tenha cuidado para não cair, porque está montado em um animal que não conhece.

O promotor se calou.

Latitude

Pedro Libery, vendedor de loteria, elegeu-se deputado estadual pelo PTB. Foi à tribuna fazer um discurso contra o prefeito de Curitiba:

- As ruas estão esburacadas, sem luz e, à noite, os cachorros soltos, numa latitude que não deixa ninguém dormir.

PSB versus PT

Parecia que a querela entre PSB e PT se esgotaria após o jantar que a presidente Dilma ofereceu aos governadores Eduardo Campos, presidente do partido socialista, e a Cid Gomes, que comanda a sigla no Ceará. Campos até se esforçou para limitar a questão, argumentando que os casos de Belo Horizonte, Recife e Fortaleza deveriam ser analisados em sua especificidade, não devendo se estender à aliança nacional entre as duas siglas. Ocorre que a aliança entre PSDB e PSB, em BH, sinaliza um abraço de Márcio Lacerda em Aécio Neves e a abertura de uma portinhola para o futuro. Lacerda e Aécio são carne e unha. Aécio quer ser o tucano candidato contra Dilma. Saiu do Palácio do Planalto sem tirar a limpo a história.

PMDB e PSD marcam posição

O PMDB não teve dúvidas. O vice-presidente da República, Michel Temer, presidente licenciado do partido, ligou imediatamente para Leonardo Quintão e o demoveu da candidatura à prefeitura. E assim o PMDB, em um gesto rápido e radical, fechou parceria com o PT, compondo chapa com o ex-ministro Patrus Ananias. Quis dizer que aquilo era um gesto de fé na aliança para 2014 entre o PMDB e o PT. O mesmo fez o PSD do prefeito Gilberto Kassab. Mas o 2º vice do PSD, Robert Brant, acusou a guinada do partido em direção a Patrus e deixou a legenda. A 1ª vice-presidente, a senadora Kátia Abreu, também gritou. Ora, Kassab ajudou a quem o amparou na luta para formar seu partido: Lula e Dilma. Ambos deram força para a criação da legenda. O PSDB, por sua vez, posicionou-se contra a formação do partido, impetrando uma Ação de Inconstitucionalidade. Era uma resposta a Aécio Neves, patrocinador do candidato Márcio Lacerda.

PSD na base governista

A senadora Kátia Abreu parece não ter entendido a jogada do PSD. O partido sinaliza ingresso na base governista. Ora, a senadora tem feito elogios à presidente Dilma. Portanto, estaria confortável com a posição do partido no governismo. Ou acharia ela que o PSD deveria firmar parceria com o PSDB de Aécio Neves? Como se sabe, a movimentação para unir Aécio e Eduardo Campos é visível. O prefeito de São Paulo pode, até, manter canais abertos com o governador de Pernambuco, mas, ao que se sabe, não toparia juntar-se à banda tucana do senador mineiro. A cota tucana de Kassab limita-se ao bico de José Serra.

Kátia no PMDB

A senadora Kátia Abreu sempre manteve portas abertas no PMDB. Tem boa articulação com o presidente licenciado do partido, o vice-presidente da República Michel Temer. Se sair do PSD para ingressar no PMDB, cumpriria apenas um rito já ensaiado há tempos, desde os tempos do DEM.

Pesquisa em Recife

O senador Humberto Costa, do PT, acaba de ser contemplado com 40% em pesquisa feita pelo IBOPE sobre a intenção de voto dos candidatos à prefeito. Mendonça Filho, do DEM, registra 20%. Em terceiro lugar, desponta o tucano Daniel Coelho, com 9% e o quarto lugar é ocupado pelo candidato do governador Eduardo Campos, o ex-secretário Geraldo Daniel, com 5%. Pois bem, esse consultor, olhando para as páginas do passado, lembra: resultados das primeiras pesquisas são bem diferentes de resultados das últimas pesquisas. Conclusão: os últimos poderão ser os primeiros. Não seria inimaginável nem impossível divisar Geraldo Daniel subindo o pódio.

LDO, em cima da hora

Esforço de última hora: MP 563, com pacote para indústria, votada na segunda-feira, destravou a pauta para votação da lei de Diretrizes Orçamentárias. Aprovada ontem. Recesso garantido. LDO teria de ser votada sob pena de suspensão do recesso. Bom senso prevaleceu. Oposições cederam.

Redes sociais na campanha

Neste pleito, a internet terá importância maior do que nas campanhas passadas. Redes sociais agora fazem parte da estratégia da maioria dos candidatos. O país tem mais de 50 mil usuários e a maior parte dos candidatos vai usar as redes sociais como nunca o fizeram. Mas é importante não abusar, pois a prática descarada deste meio pode ser um bumerangue, voltando contra o candidato. É preciso avaliar a identidade de cada canal. Em todo o Brasil são 5.565 municípios e muitos candidatos apostam na internet como forma de tentar compensar o fato de terem de dividir com aliados o tempo de propaganda obrigatória na TV. Exemplo disso é a disputa à prefeitura do RJ, na qual após a aliança entre 20 partidos, o atual prefeito terá mais da metade dos 30 minutos de propaganda eleitoral na TV.

Como usar

Site e sistema para doações on-line também serão explorados durante o ano eleitoral. O maior caso de sucesso do gênero foi o da candidatura do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Em pouco mais de um ano e meio, Obama arrecadou US$ 500 milhões em doações pela internet. As redes sociais, no entanto, devem ser usadas de modo responsável. Cuidado com agressões. A linguagem deve ser clara, objetiva. Os candidatos devem ser sinceros, respeitar a oposição e mostrar suas diferenças em relação a adversários. Ser criativo, aceitar debates e não temer a discussão de problemas também arrematam os conselhos. A massificação da internet é positiva também para os eleitores, que terão mais tempo e fontes diferentes para pesquisar a respeito dos candidatos e suas estratégias. Oficialmente, a mídia eleitoral começa em 17 de agosto, mas na internet a disputa começou bem mais cedo.

Planejamento de campanha

O planejamento de uma campanha abriga todos os aspectos de uma campanha política, com a inclusão das metas, objetivos, estratégias, táticas, meios e recursos, equipes e estrutura de operação, sistema de marketing, estudo dos adversários, etc. O mais importante é o foco sobre os eixos do marketing eleitoral, aqui apresentados: a pesquisa, a proposta de discurso (os programas), a comunicação, a articulação e a mobilização. A pesquisa objetiva mapear interesses e expectativas do eleitorado. É vital para estabelecer e/ou ajustar o discurso do candidato. Sem pesquisa, atira-se no escuro. A pesquisa qualitativa tem a vantagem de descobrir os mapas cognitivos dos eleitores, aquilo que eles estão pensando. É fundamental, na medida em que o mapeamento do sistema de interesses e expectativas do eleitorado deverá ser o centro do discurso. A pesquisa quantitativa mede apenas intenção de voto, em determinado instante.

O discurso

Feita a radiografia do eleitorado, passa-se a formar o discurso e a ajustar a identidade do candidato, que é soma de seus valores, de suas qualidades, de sua formação, história e compromissos. Esta identidade deverá embasar todo o programa de governo. Ou seja, o ideário a ser implementado. A seguir, esse conjunto de ideias precisa ser comunicado. As propostas do candidato deverão ser apresentadas ao eleitor, via TV, rádio e outras formas. Candidato que não tem identidade, não tem eixo, não tem esqueleto, coluna vertebral. Quando o eleitor capta a ideia central de um candidato, começa a entrar no sistema de signos da campanha, fator que funcionará como indutor importante na decisão de voto. Daí a importância da televisão e de um programa criativo. Nesse caso, aparecem bem os profissionais de marketing político com experiência de TV. Mas campanha política não é apenas comunicação de TV e rádio. E aqui aparece a primeira grande confusão do marketing.

Mobilização e articulação

Não adianta apenas saber fazer bons programas de TV. São ferramentas essenciais, mas não exclusivas. Outros eixos são importantes: a mobilização, caracterizada pelos eventos, comícios, showmícios, reuniões, encontros do candidato com as massas. E há, ainda, o eixo da articulação, que aparece na formação de alianças, nas parcerias com associações e sindicatos, enfim, com as entidades organizadas da sociedade civil. Sem a combinação desses cinco eixos fundamentais, as campanhas ficarão capengas, tortas, frouxas. Muito cuidado para evitar campanhas que pendem mais para um lado que para outro. Ao consultor cabe fazer uma completa análise dos pontos fortes e fracos dos candidatos, de forma a potencializar seus valores e qualidades e minimizar seus defeitos. Deve-se ter uma visão externa mais abrangente, de fora para dentro, a fim de se evitar privilegiar certas áreas em detrimento de outras.

Marketing ganha campanha?

Marketing não ganha campanha. Quem ganha campanha é o candidato. Marketing ajuda um candidato a ganhar a campanha, ao procurar maximizar seus pontos fortes e atenuar seus pontos fracos. O marqueteiro, aliás, profissional de marketing, (não gosto do designativo porque tem conotação pejorativa) é importante, na medida em que funciona como um estrategista que define linhas de ação, orienta a escolha do discurso, ajusta as linguagens, define padrões de qualidade técnica, sugere iniciativas e até pondera sobre o programa do candidato, os compromissos e ações a serem empreendidas. O profissional de marketing precisa, sobretudo, ser um profissional com visão sistêmica de todos os eixos do marketing. Que não entenda uma campanha apenas como um apelo publicitário, uma proposta de marketing televisivo. Que seja capaz de visualizar os novos nichos de interesse de uma sociedade exigente, crítica e sensível aos mandos e desmandos dos governantes.

Cuidado com o marketing capenga

Um bom marketing ajuda a eleger, mas é o candidato quem se elege. Marketing mal feito, ao contrário, ajuda um candidato a perder as eleições. Não adianta um bom marketing se o candidato é um boneco sem alma. Candidato não é sabonete. Tem vida, sentimentos, emoção, choro e alegria. Portanto, muita coisa depende dele, de sua alma, de seu calor interno, de sua identidade. Marketing há de absorver essas condições para evitar transformar pessoas em produtos de gôndolas de supermercado. Em um primeiro momento, a inserção publicitária na TV até pode exibir o candidato de forma mais genérica, por falta de tempo para expor conteúdo. Mas o eleitor não se conformará com meros apelos emotivos e chavões-antigos, como os usados para embalar perfis saturados (candidatos beijando crianças e velhinhos, takes em câmera lenta mostrando o candidato no meio do povo, etc.).

Candidato ideal

O eleitor está à procura de um candidato com as seguintes qualidades: experiência, honestidade ; vida limpa e passado decente; assepsia; equilíbrio/ponderação; preparo; coragem/determinação; autoridade (não confundir com autoritarismo. Há uma saturação de perfis antigos, que usam as esteiras da velha política. O eleitor quer ver perfis mais identificados com suas grandes demandas : segurança, saúde, educação, melhoria das condições de vida nas regiões, nos bairros, nas ruas. Quem apresentar propostas mais condizentes com as necessidades do eleitor terá melhores condições de ser escolhido.

Fases de uma campanha

As principais armas de um profissional de marketing político para ajudar uma campanha são: capacidade e sensibilidade para captar, com muita propriedade, as indicações das pesquisas; visão abrangente de todos os eixos de uma campanha, não se atendo apenas aos programas de TV, como muitas vezes ocorre com os publicitários engajados nas campanhas; poder de influência sobre o candidato, principalmente no que concerne ao foco do discurso; ter noção adequada do timing de campanha, ou seja, das seguintes fases: lançamento do candidato (junho), crescimento (julho), consolidação (agosto/setembro), auge/clímax (final de setembro/semana da eleição), declínio. Este é o ciclo de vida de uma campanha. Se o declínio ocorrer antes da semana da eleição, não tem quem sustente a posição do candidato. Um candidato que se preocupa apenas com o primeiro turno, poderá morrer antes de chegar à praia. É preciso saber ouvir o som do vento. Quando o vento sopra numa direção, de crescimento, por exemplo, não há força que consiga deter seu rumo.

Conselho aos candidatos e assessores

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos parlamentares. Hoje, sua atenção se volta aos candidatos e seus assessores:

1. Atentem para os 5 eixos do marketing.

2. A identidade do candidato deve ser verdadeira, não artificial.

3. Ajustem os eixos da campanha em cada fase. Façam avaliações periódicas.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 17 de julho de 2012

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

De Dilma para Dilma. Com ardor I

Para os eleitores brasileiros e até para os candidatos às urnas de outubro, as eleições deste ano são municipais. Não é assim, porém, para o establishment político-partidário, no situacionismo ou no oposicionismo Federal. Para os caciques e seus agregados é apenas um rito de passagem necessário e importante para 2014. Lula já havia botado suas fichas na mesa desavisadamente, como não querendo, mas querendo, quando no programa do Ratinho anunciou que poderá se candidatar a um novo mandato se Dilma não quiser ou não puder. Por que Dilma não quereria ou não poderia? - perguntou-se aos quatro quadrantes, inclusive naquele Palácio situado num dos triângulos da Praça dos Três Poderes.

De Dilma para Dilma. Com ardor II

A resposta veio logo, firme e sem meias palavras: ela pode, quer e vai brigar. De forma inusitada para quem era - e não escondia - avessa ao joguinho miúdo do mundo dos políticos. Dilma deixou de lado a cautela de quem não pretendia botar muito a cara nas sucessões municipais, para não se incompatibilizar com nenhum aliado, tantas as divisões deles nos municípios, e saiu para botar ordem na casa, diretamente em duas disputas cruciais - SP e BH. Ilude-se quem pensa, porém, que ela agiu para dar uma mãozona ao PT e até ao grande companheiro Lula, cujas operações políticas nessas duas capitais, especialmente em SP, com a ameaça de um isolamento de Fernando Haddad, estavam azedas. Cirurgicamente Dilma deu a Secretaria de Saneamento do Ministério das Cidades para um correligionário de Paulo Maluf e jogou o PP nos braços de Haddad. Lula foi apenas aos jardins malufistas para posar para a foto. Em BH botou o PMDB e o PSB na chapa do petista Patrus Ananias, depois do rompimento da aliança PSB/PT, por obra de ajustes entre o senador Aécio Neves e o governador Eduardo Campos.

De Dilma para Dilma. Com ardor III

Dilma foi exatamente tentar implodir as pedras em seu caminho de 2014 e deu seu recado de que está viva. É coincidência apenas que tenha sido na mesma direção dos interesses do PT. Em seguida, a presidente começou a assentar seu próprio caminho, em seguidas reuniões no Palácio da Alvorada, fora do horário de expediente para não parecer que faz política eleitoral quando deveria estar trabalhando. Acertou-se com o PMDB, de Michel Temer, que andava desconfiado das intenções da presidente para o futuro com ele; com o PSB de Eduardo Campos, a quem havia contrariado nas manobras mineiras; e com a bancada do PT, pelo menos parte dela.

Recato presidencial?

Agora, se não houver mais ruídos, ela se recolherá a certo recato eleitoral, como chegou a ser anunciado oficialmente pela ministra Ideli Salvatti. Qualquer resultado eleitoral que não seja o fortalecimento da oposição é bom para ela. Outros movimentos políticos agora apenas depois do segundo turno e até fevereiro, após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, quando então deverá haver ajustes nos ministérios. Ficaram restos a pagar - Gilberto Kassab, PMDB mineiro - e contas a cobrar. Tudo isso não quer dizer que Dilma está com menos apreço, menos gratidão e menos respeito por Lula. Tudo permanece intocado. Mas o momento político dela, a não ser o desejo de botar a oposição definitivamente de joelho, não é exatamente o mesmo momento político do antecessor e benfeitor.

Nem todos, porém, confiam

Apesar dos movimentos da presidente, alguns aliados ainda não dão como certo que a sucessão de 2014 transcorrerá entre Dilma e um oposicionista, possivelmente Aécio Neves.

1. Os mais lulistas do PT não acreditam que o ex-presidente está fora do tabuleiro, até porque se sentem alijados da linha de frente do governismo, com o nascimento de uma espécie de PT da D (PT Dilma) em oposição ao PT do L (PT do Lula).

2. Michel Temer, com todos os cuidados, deixou claro em entrevista a Eliane Catanhêde, na "Folha de S.Paulo", que o PMDB não descarta concorrer com candidato próprio. Se o partido se destacar em outubro, a crista peemedebista vai crescer.

3. Eduardo Campos e seu PSB também dependem das urnas municipais para uma avaliação melhor de suas reais possibilidades.

E todos estão de olho numa só questão - o desempenho da economia. Uma fonte de legitimação de qualquer governo hoje pelo mundo, além dos votos nas democracias, é o grau de satisfação dos eleitores com sua situação econômica e a qualidade de vida que tem. Nenhum governista acredita que Dilma vai poder ser candidata à reeleição se não garantir o leite das criancinhas.

Novos articuladores

Depois que a imagem de Lula como um articulador político infalível ficou comprometida por alguns tropeços cometidos por ele nos últimos tempos, dois outros nomes passaram a ser incensados em certas rodas movidas a cabrestos como novos gênios dessa raça - Gilberto Kassab, do PSD, e Michel Temer, do PMDB. Do lugar onde se encontram observando o cenário político brasileiro atual, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e outros da mesma estirpe devem estar, como diria Eça de Queiroz, tendo "frouxos de riso".

A chave do crescimento mundial

Na semana passada, a China anunciou o menor crescimento do PIB desde o início da crise financeira internacional, em setembro de 2008. As reações mundiais não foram propriamente de surpresa, mas de expectativa de como o governo comunista de Pequim iria reagir diante deste fato. Nesta segunda-feira, veio a primeira resposta do premiê chinês Wen Jiabao que anunciou medidas de estímulo ao investimento externo, bem como redução da taxa de juros e reservas bancárias. Uma receita tradicional que deve ser seguida, com menores efeitos, pelo Fed e pelo Banco Central Europeu (apesar deste enfrentar enormes divergências internas). O risco da política chinesa é a continuidade de substanciais desequilíbrios internos. Setores como o de construção civil persistem relativamente aquecidos e inflacionados, enquanto o setor industrial sofrem os efeitos da crise internacional. Especula-se no mercado internacional o quanto a China poderia gastar numa nova política de estímulo fiscal. Em novembro de 2008, os gastos foram da ordem de US$ 500 bi. A maioria dos analistas acredita em um número superior neste momento.

Mudança de rumo

Desde o início do primeiro trimestre deste ano, os fundos hedge, os quais especulam em diversos segmentos do mercado internacional, estavam apostando firme na queda dos preços das commodities em função da queda contínua da atividade industrial chinesa nos últimos trimestres. (A China consome 11% do petróleo produzido no mundo e 40% do cobre, apenas para citar dois exemplos). Pois bem: desde as primeiras notícias sobre o possível pacote de estímulo à economia chinesa, estes fundos reverteram suas posições baixistas e passaram a apostar na alta das commodities. Cabe observar cuidadosamente este movimento de vez que este deve ter influência decisiva sobre a economia brasileira e a bolsa local. Ainda é cedo para qualquer prognóstico, sobretudo porque o sucesso da política chinesa dependerá do aumento do consumo doméstico às custas da obtenção da poupança externa via saldo comercial, um dogma econômico até agora do governo chinês.

Relembrando Keynes e Hoover

Dizia Keynes que "o capitalismo é muito importante para ser cuidado pelos capitalistas". O mundo de hoje é mais estranho: os comunistas estão cuidando do capitalismo. J. Edgar Hoover ficaria boquiaberto.

Brasil, na expectativa

Dificilmente os efeitos das medidas adotadas pelo governo para retomar um nível mais elevado da atividade econômica surtirão efeitos substanciais. O endividamento das famílias, a insegurança com o emprego e a contenção do investimento privado e público adormeceram as melhores expectativas de crescimento. Isso tudo num ambiente internacional altamente negativo. De toda a forma, o fato novo, para o bem e para o mal, é a fragilidade da economia chinesa. Dependendo da reação de Pequim, o Brasil pode ter melhores dias.

Falta de líderes

Convenhamos que a crise internacional é terrível. Ceifa esperanças de gerações, de famílias e cria uma instabilidade política que contrai ainda mais o cenário econômico. Todavia, quando vemos os líderes do G-7 ficamos ainda mais alarmados. Não passam de governantes de suas paróquias, preocupados com efeitos imediatos e eleitorais e sem uma visão abrangente. Não saem às ruas para lutar por ideias que valem a pena. Apenas para coletar votos por meio de discursos preparados por marqueteiros. Este é talvez o maior problema da crise atual.

Peugeot e Hollande

Será muito curioso sabermos como o presidente francês François Hollande exercerá a sua "intolerância" aos planos do Grupo PSA Peugeot Citröen de fechar uma fábrica o que resultará no corte de aproximadamente 14 mil empregos. O assunto ganhou vastos contornos políticos e entrou no debate nacional, sobretudo depois da ameaça presidencial. Afinal, qual o poder que o presidente tem para evitar esta tragédia? Sobretudo, quando a empresa francesa acaba de ter sua qualidade de crédito rebaixada e o risco de inadimplência aumentou...

Delírios sobre a classe média

Do economista Marcio Pochmann, ex-presidente do IPEA e candidato à prefeitura de Campinas pelo PT:

"A grande maioria dos empregos criados foi de no máximo um salário mínimo e meio, e no setor de serviços. No conceito de classe média, as pessoas estão em carreiras em que o aumento da escolaridade aumenta também a renda. São funcionários públicos, professores, bancários. Não é o que acontece no Brasil agora. Se a pessoa é motorista de ônibus, não adianta fazer um pós-doutorado que não terá um salário maior."

Do sociólogo Amaury de Souza:

"A discussão relevante é sobre a permanência dessas pessoas que ascenderam à classe média. Temos que analisar qual o risco de elas voltarem a ser pobres. Isso vale para o Brasil e para o mundo, porque o crescimento da classe média é mundial e é um efeito da globalização."

O desafio do mundo político é entender como esta dita "nova classe média" ou "classe média do Lula" se comportará eleitoralmente. Renovadora? Emulará o comportamento da velha classe média?

Os suspeitos

Depois de 57 dias de greve os professores das escolas de ensino superior Federal receberam uma proposta de reajuste salarial e não gostaram do que ouviram. Ficam pelo menos mais uma semana parados. A operação padrão dos auditores fiscais da Receita Federal está atrasando a liberação de mercadorias importadas em portos e aeroportos e na Zona Franca de Manaus há indústrias com produção reduzida ou parada por falta de insumos e componentes. Segunda-feira, mais um grupo de servidores Federais das agências reguladoras entrou em greve juntando-se, segundo cálculos dos dirigentes sindicais, a outros 300 mil, em diversos órgãos, que já estão com os braços cruzados. Os sindicalistas públicos prometem ainda transformar a esplanada dos ministérios esta semana em que um grande acampamento de funcionários insatisfeitos. A esta altura, a presidente Dilma já deveria estar se perguntando - se ainda não está - como assim tão de repente o "instinto animal", tão adormecido na era Lula, foi despertado. E não deve procurar os velhos bodes expiatórios, os suspeitos de sempre - a oposição e a crise internacional. Eles estão mesmo é dentro de casa.

Mensalão: salve-se quem puder?

A proximidade do julgamento do mensalão parece que está também despertando o "instinto animal" da sobrevivência entre os acusados. A leitura dos memoriais apresentados pelos advogados de alguns dos suspeitos mostra claramente que muitos estão tentando se livrar jogando a culpa em outros. Delúbio Soares é um dos apontados e, de fidelidade canina, parece disposto a não reagir, assumindo uma culpa maior do que lhe cabe naquele latifúndio de "recursos não contabilizados". O publicitário Marcos Valério, no entanto, não parece propenso a se imolar nesse altar de sacrifício. Em outra ocasião, precisou ser devidamente acalmado. O documento de defesa de seu advogado é sinal de que ele necessita novamente de cuidados.

Recordar é viver

O mensalão só deu no que deu e ainda pode dar mais depois de uma entrevista do então deputado e presidente do PTB Roberto Jefferson à jornalista Renata Lo Prete no jornal "Folha de S.Paulo". Jefferson, cujo partido também se beneficiou das "mensalidades", soltou sua voz de tenor amador quando começou a desconfiar que estavam querendo jogar sobre ele e o PTB toda a culpa das falcatruas nos Correios na ocasião, motivo da CPI em andamento no Congresso. Ele viu armações do ministro chefe da Casa Civil, a época, José Dirceu, em notinhas de jornal e foi o que se viu. Qualquer semelhança com o incômodo manifestado por Marcos Valério pode vir a não ser mera coincidência.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Arthur Rubinstein - Polonesa Heroica Op.53 en La bemol major.avi

OAB CRATEÚS INAUGURA SEDE


A Ordem dos Advogados do Brasil, Secional Ceará (OAB-CE), inaugura a sede da Subseção de Crateús, no próximo dia 19 de julho, às 19 horas. O evento aconteceria no dia 20 de julho, mas teve a data antecipada por motivo de agenda do presidente da OAB nacional, Ophir Cavalcante, que estará presente. No dia 20 de julho, será a vez da Sala do Advogado da Justiça Federal, denominada Gonçalo Claudino Sales, ser inaugurada.

A Subseção de Crateús, que funcionava no Fórum da Comarca, agora passará a ter sede própria. O espaço conta com auditório, salas da presidência, da Caixa de Assistência dos Advogados do Ceará (CACCE), da Fundação Escola Superior da Advocacia do Ceará (Fesac), espaço para reunião, e uma sala de apoio aos advogados. A sede fica na Rua Francisca Rua das Flores, 230, Planalto.

Na ocasião, serão homenageados os advogados José Almir Claudino Sales, José Eudes Soares de Oliveira e a advogada Rozária Neta Bonfim Lacerda, por seus relevantes serviços prestados à advocacia cearense.

O presidente da Subseção de Crateús, Ismael Pedrosa, diz que aguarda com ansiedade a inauguração da sede, uma espera de 15 anos. “Estávamos necessitando de um espaço físico não só para ter uma referência arquitetônica, mas também para dar apoio aos advogados que não têm condições de ter um escritório ou aqueles que vêm de fora”, comenta. Ismael Pedrosa acrescenta que agora será possível realizar cursos de aperfeiçoamento que não aconteciam por falta de local.

A antiga sede, localizada em um shopping da cidade, contava com espaço restrito, o que prejudicava a realização de reuniões. “Toda região agora está muito feliz com a chegada desse novo equipamento”, comemora. O presidente da OAB-CE, Valdetário Andrade Monteiro, destaca que este é mais um compromisso assumido pela gestão que se consolida.

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