quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

CONJUNTURA NACIONAL

Vacas magras

Abro a coluna com Aliatá Chaves de Queiroz, figura polêmica de Pau dos Ferros, encravado na tromba do elefante. Foi prefeito da cidade, mas antes foi vice do prefeito José Fernandes, médico, e uma das celebradas figuras de políticos potiguares, sogro do ex-deputado Federal João Faustino. O titular entrou de licença saúde e viajou para SP, passando a administração ao vice, como manda a lei:

- Taí. Há dinheiro no cofre e nos bancos, e a prefeitura não deve a ninguém.

Aliatá, figura modesta, não dava valor à dinheiro, vivia como um peão, roupas surradas e alpargatas de rabicho, fez um rapa nas finanças da prefeitura. Quando Zé Fernandes voltou, reassumiu com a bronca:

- Mas Aliatá, cadê o dinheiro do município? Não resta um só centavo. Gastou com quê?

- Com o povo. Não ia deixar ninguém morrer de doença ou de fome, enquanto o dinheiro mofava nos cofres!

Na campanha para o Governo em 1986, Aliatá aparecia no palanque a Geraldo Melo, surpreendendo pela maneira maltrapilha de se apresentar. Surpresa maior viria a seguir, depois que o próprio Geraldo anunciava o nome de Aliatá como o próximo orador. Arredio a multidões e microfones, o homem desmaiou, quase acabando o comício...Não era só o dinheiro da prefeitura que Aliatá distribuía com a população de sua cidade. Tudo que ganhava, dividia com os munícipes. Mas ele também tinha seus rompantes, quando percebia que o eleitor queria enrolar. Como o daquela mulher com o filhinho recém-nascido nos braços:

- Dotô Latá, eu queria um dinheirim pra comprar uma lata de leite pro nenê.

Ríspido, o prefeito fuzila:

- E prá que a senhora quer esse par de peito, abarrotado de leite?

(Do livro de Orlando Rodrigues, Segura Essa...)

Campanha na rua

Lula antecipou o processo de 2014 ao lançar Dilma candidata à reeleição. O que o comandante petista quis dizer com essa antecipação? Ponto um: que não topa uma campanha "Volta, Lula"; ponto dois: Dilma é a candidata do PT e as alas petistas precisam dar um basta às arengas; ponto três: os partidos da base, desde já, são convocados a perfilar ao lado da candidata; ponto quatro: vamos ter de enfrentar novamente os tucanos e vamos derrotá-los mais uma vez. Essa é a moldura que se desenha em uma primeira leitura. Mas há quem discorde dessa projeção.

Gandhi

O verbo da paz e da verdade de Gandhi: "o caminho da paz é o caminho da verdade. Ser honesto é ainda mais importante do que ser pacífico. A mentira é a mãe da violência. Um homem sincero não pode permanecer violento por muito tempo".

Outra leitura

Pibinho, economia em baixa, administração travada, Dilma centralizadora, ministérios sem autonomia para decidir sobre coisas mínimas - esse é o pano de fundo que pode desestabilizar a candidatura da atual presidente. Nesse caso, o "Volta Lula" ganharia sentido e força. Pois bem, não são poucos os analistas que fazem essa segunda leitura. Por acreditarem que o ex-presidente ainda não desgrudou das amarras do Palácio do Planalto. Respira política 24 horas. Começa, agora, a correr o país, a partir de Fortaleza, para onde irá, amanhã.

Madre Teresa

O verbo generoso de Madre Teresa de Calcutá, uma vida dedicada à pobreza: "o mundo que Deus nos deu é mais do que suficiente para todos; existe riqueza mais do que sobra para todos. É só uma questão de reparti-la bem, sem egoísmo".

O racha no PSB

Lula quer rachar o PSB. Está chateado com seu amigo, "irmão mais novo", Eduardo Campos, que mostra, a cada dia, intenções de vir a ser o candidato socialista à presidência em 2014. Campos está muito bem avaliado no Nordeste. E começa a penetrar nos espaços do Sudeste. Encarna a alternativa de mudança, eis que os tucanos sofrem o fenômeno "desgaste de material". Campos promete dar apoio ao governo até o final do ano. Se a economia voltar a subir, o governador pernambucano pode permanecer na base governista. Mas, os seus correligionários dizem, à boca pequena, que a decisão já está tomada.

Luther King

O verbo da igualdade de Martin Luther King: "Sonho com o dia em que a Justiça correrá como água e a retidão como um rio caudaloso. Eu tenho um sonho em que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma Nação onde elas serão julgadas não pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter".

Trabalho escravo

Em boa hora, o Governo do Estado sancionou a lei estadual 14.946 de 2013. Agora, modesto convite: que tal o Governo ou o Ministério Público do Trabalho visitar o Metrô, na linha Norte-Sul? Poderá se deparar com um caso escandaloso de escravidão, perpetrado pela empresa de limpeza aos trabalhadores.

Perdendo, ganha

Eduardo Campos sabe que a menor distância, em política, nem sempre é uma reta, mas uma curva. Se for candidato e perder, poderá usufruir, mais adiante, a visibilidade alcançada em 2014. Por isso, mesmo perdendo ele ganhará. Seu potencial de crescimento é maior do que o de Aécio Neves. De qualquer forma, ele será decisivo, eis que a campanha de 2014 desembocará no segundo turno. As projeções mostram que o cenário poderá comportar quatro candidatos: Dilma, Aécio, Campos e Marina.

Mazzarino

O verbo da mentira de Mazzarino. Espelho da alma. Políticos, revolucionários, ditadores assim dela se utilizaram. Cardeal Mazzarino, tutor de Luis XIV, na França, usava a palavra como arma da política. Ensinava: "simula, dissimula, não confies em ninguém, fala bem de todo mundo, prevê antes de agir". Seu breviário dos políticos é uma obra prima da mistificação.

Cenários

Dilma continua sendo a favorita. Mesmo com economia em baixa, ela tem condições de sustentar o bolso das margens sociais, garantindo, dessa forma, a geografia (anatomia) do voto: bolso, barriga, coração, cabeça. Bolso com dinheiro significa geladeira cheia e estômago saciado; estômago saciado implica coração agradecido; coração agradecido sinaliza cabeça decidindo a favor da candidata das bolsas/bolsos. Ganhar no primeiro turno, isso seria difícil. Aécio teria a vantagem de fechar o segundo maior colégio eleitoral do país, MG, com seus 15 milhões de eleitores. E ainda contar com a alavanca de Geraldo Alckmin, em S ; de Beto Richa, no PR, e de Marconi Perillo, em GO. Mas esses governadores teriam boas performances? Essa é dúvida.

Maquiavel

O verbo escorregadio de Maquiavel, o mestre dos mestres na arte de usar os fins para justificar os meios: "a ofensa que se fizer a um homem deve ser de tal porte que não se tema a vingança. Um príncipe deve saber dosar a natureza animal, escolhendo a raposa e o leão. Porque o leão não tem defesa contra os laços, nem a raposa contra os lobos. Precisa ser raposa para conhecer os laços e leão para aterrorizar os lobos".

Tucanos desgastados

Em SP, Alckmin terá grandes dificuldades de superar o que se chama de "desgaste de material". São 20 anos de tucanato. A segurança pública será o carro chefe dos discursos. A violência se expande em SP. De qualquer maneira, os tucanos podem contar com 30% dos votos, índice que também é o do PT. Um terço petista, um terço tucano e um terço para o candidato alternativo à polarização. No PR, Beto Richa está desgastado, o mesmo ocorrendo com Perillo em GO. Por isso mesmo, não se pode aduzir que as máquinas tucanas multipliquem votos para Aécio. Abre-se, portanto, espaço a ser ocupado por Campos e Marina.

Mao Tsé-Tung

O verbo direto de Mao Tsé-Tung para conquistar o poder: "o poder político nasce do cano de uma espingarda". Em 1949, chefiando o exército revolucionário, foi proclamado presidente da nova República Popular da China. É dele a frase:"todos os reacionários são tigres de papel".

Marineiros

Marina Silva deverá obter as 500 mil assinaturas que credenciarão sua Rede Sustentabilidade. Mas sua performance não será tão boa quanto a de 2010, quando alcançou quase 20 milhões de votos. Os marineiros são compostos de segmentos jovens e setores médios indignados e identificados com a sustentabilidade. Como o próprio nome indica, a Rede será muito seletiva. Mas a entrada de Marina tem condições de ajudar a empurrar a campanha para o segundo turno. E nesse segundo turno, a possibilidade de união entre Aécio e Campos é muito alta. Já a ex-seringueira poderá, mais uma vez, não tomar partido e deixar suas bases optarem por um lado ou outro.

Hitler

O verbo mistificador de Hitler era mistificadora para enganar as massas: "a capacidade de compreensão das multidões é muito limitada e sua compreensão escassa. Elas esquecem facilmente. A propaganda deve se restringir a poucos pontos, expostos em forma de grito de combate, até que o último homem seja capaz de compreender o significado".

Candidatos estaduais

A campanha presidencial será atrelada às campanhas estaduais. Sob essa hipótese, mais uma vez SP estará definindo a situação. Afinal, a clássica polarização entre tucanos e petistas poderá ocorrer, apesar de ser visível o desgaste dessa renhida luta. Poderá sobrar para o candidato do PMDB, que deverá se unir em torno de Paulo Skaf, presidente da FIESP. O sonho de Lula é derrotar os tucanos na governança estadual. Dizem que pretende somar a força adquirida pelo prefeito Fernando Haddad.

Churchill

O verbo criativo de Winston Churchill, o grande líder inglês da II Guerra Mundial: "a política é quase tão excitante quanto a guerra, e quase tão perigosa. Na guerra, você só pode ser morto uma vez, mas em política, muitas vezes".

Haddad terá forças?

A questão é: Fernando Haddad terá forças para influenciar o pleito paulista? Em dois anos de administração, teria algo a apresentar de positivo? Pelo andar da carruagem, a resposta é não. O estilo haddadista é de assembleísmo. Centenas de reuniões se fazem em todos os espaços da municipalidade. Mas esses saraus discursivos acabam não dando frutos. SP está esburacada. As enchentes deterioram a anatomia urbana. E até 2014, o prefeito estará envolvido com a arrumação da maneira petista de governar.

Lincoln

O verbo histórico de Abraham Lincoln, ex-presidente dos Estados Unidos: "Podemos enganar alguns por todo o tempo, todos por algum tempo, mas não podemos enganar todos por todo o tempo". O ex-lavrador dizia: "não criarás a prosperidade, se desestimulares a poupança; não fortalecerás os fracos, por enfraquecer os fortes; não ajudarás o assalariado, se arruinares quem paga; não ajudarás os pobres, se eliminares os ricos".

A briga

Ademais, o PT deverá entrar na arena de guerra. A essa altura, já se notam os movimentos dos pré-candidatos Marta Suplicy, Aloísio Mercadante, Alexandre Padilha e Luiz Marinho. Lula será, mais uma vez, o artífice da escolha. Se der vazão ao estilo, o candidato menos conhecido - como Dilma e Haddad - é o ministro da Saúde, Padilha. Ora, mas a saúde está na UTI. As epidemias se espraiam. Esse ministro não tem coisas interessantes para apresentar. Mercadante, por sua vez, exibe uma estética de carranca zangada. E Marta sofre históricos índices de rejeição.

Zaratustra

O verbo ousado de Zaratustra, o profeta de Nietzsche: "novos caminhos sigo, uma nova fala me empolga: como todos os criadores, cansei-me das velhas línguas. Não quer mais, o meu espírito, caminhar com solas gastas... Aprendi a voar, desde então não preciso de que me empurrem para sair do lugar. Agora, um deus dança dentro de mim".

PMDB unido

O PMDB deverá eleger, dia 2 março, Michel Temer, para um novo mandato à frente do partido. Michel, com sua habilidade, consegue unir as diferentes alas partidárias. Firma-se como candidato a vice na chapa de Dilma e o PMDB se organiza para apresentar candidatos ao governo em todos os Estados. A lógica do partido é: só fazer parcerias no segundo turno. Ceder o espaço para aliados, no primeiro turno, só em casos excepcionais. O partido quer fazer um bom número de governadores visando preparar terreno para 2018, quando deverá ter candidato próprio à presidência da República.

Rui

O verbo cidadão do nosso maior jurista e homem de letras, a Águia de Haia, Rui Barbosa: "Rompamos com a seita das pequenas Pátrias. O Brasil quer a Grande: a Pátria antiga, a Pátria unida, a Pátria vasta, a Pátria forte, a Pátria indissolúvel, com a ingênita vibratilidade nas veias e seu lugar entre as Nações".

Anvisa acima da Justiça?

Os fiéis consumidores de álcool líquido vivem um momento de insegurança, sem saber se poderão continuar contando com o produto nas prateleiras. A Anvisa resolveu antecipar a decisão do processo que discute a restrição do produto na forma líquida, acima de 46°INPM/ 54°GL, ordenando a proibição da venda antes mesmo que o TRF da 1ª região julgue a questão. São questionadas as estatísticas usadas como argumento para a medida, já que informações do SUS apontam números muito menores do que os apresentados. Mas a Anvisa ignora tudo. O próprio TRF informa que a medida não tem validade até que sejam julgados os recursos pendentes. Porém, fiscalizações e multas aos que venderem álcool líquido acima de 46°INPM/ 54°GL já estão sendo aplicadas. Ou seja, a Anvisa se considera acima da Justiça e da vontade dos consumidores.

Borges

"Um homem se propõe a tarefa de desenhar o mundo. Povoa um espaço com imagens: reinos, montanhas, baías, ilhas, peixes, moradas, astros, pessoas. Pouco antes de morrer, descobre que esse paciente labirinto de linhas traça a imagem de seu rosto". Essa é a imagem do verbo poético de Jorge Luis Borges, patrimônio da literatura universal.

Brizola firme?

O ministro do Trabalho está seguro no Ministério do Trabalho, apesar da pressão de um grupo do PDT, que pretende afastá-lo. Carlos Lupi estaria à frente dessa articulação. E Paulinho da Força, o que diz? Paulinho, ao que se sabe, quer mesmo fazer um "partido pra chamar de seu".

Conselho aos gurus

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos dirigentes da Câmara e do Senado. Hoje, dirige-se aos Gurus do PT, Lula, e do PSDB, FHC.

1. A antecipação da campanha presidencial de 2014 é perniciosa para o país. Todas as ações governamentais das administrações (Federal e estaduais) terão um viés politiqueiro.

2. Procurem auscultar as demandas sociais nesse momento em que a economia dá sinais de deterioração. E orientem seus candidatos para evitar medidas, ações e projetos de cunho eleitoreiro.

3. Como ex-presidentes da República, Vossas Excelências devem agir como magistrados, ícones da boa orientação aos governantes.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

O Banco Central, os juros e o exemplo

Como não funcionou totalmente a verborragia oficial para convencer os agentes econômicos, especialmente o mercado, que o BC não tem nenhuma limitação em relação à política monetária e aos juros, começa-se a especular mais fortemente, inclusive nos corredores brasilienses, sobre a possibilidade de a autoridade monetária aprovar na reunião do Copom da próxima semana, ou na do final de abril, um ajuste na Taxa Selic. Seria apenas um aumento pequeno, de apenas 0,25 ponto percentual, apenas para mostrar que o BC continua independente, não sofre "ingerência" nem do Ministério da Fazenda nem do Palácio do Planalto. E mais: que as conveniências eleitorais não batem na porta do imponente edifício meio ocre de grande destaque na paisagem de Brasília, ao lado da Praça dos Três Poderes.

O Banco Central, os juros e o exemplo - II

O BC só voltaria a mexer nos juros básicos da economia para valer mesmo se as expectativas do governo em relação ao comportamento da inflação não se confirmarem. Pelas contas planaltinas, a inflação anualizada ficará alta até meados do ano, sempre acima de 6% podendo até estourar o centro da meta (6,5%) e depois cairia gradualmente até chegar a 5,5%, a mais recente aposta do ministro da Fazenda, Guido Mantega. O governo não desistiu de usar todos os instrumentos possíveis para fazer este ano um PIB bem melhor que o do ano passado, que deve ter ficado em torno de 1%. Inclusive os instrumentos monetários. Por isso, o ajuste de 0,25 ponto se vier é apenas para dar o recado de que o BC está vivo. Todavia, esse rumo pode mudar muito se os preços continuarem rebeldes no segundo semestre. Por uma simples razão: é melhor fazer o mal agora (aumentando os juros) quando a eleição está relativamente longe do que ter que mexer com um dos principais slogans da campanha de Dilma quando a luta eleitoral estiver pegando fogo.

Política econômica e campanha antecipada

Esta coluna ouviu de um dos futuros ouvintes das apresentações do Road Show que Mantega, Gleisi Hoffmann, Luciano Coutinho e outros farão no exterior a seguinte análise: "Nenhum empresário, especialmente na área de infraestrutura, faz apostas grandes, quando faz, em ano eleitoral. O governo, ao antecipar a corrida eleitoral, criou um problema para si mesmo. De um lado, pede dinheiro para quem hesita em dar. De outro, amplia as dúvidas políticas sobre os investimentos. Assim, fica bem difícil...". Obviamente que este não é um ponto de vista isolado. De fato, os maiores comentários dos investidores externos sobre o Brasil é sobre o governo e não os negócios. Questionam a interferência do governo nos setores, as disputas políticas e as reformas que não são feitas. "Na China temos dúvidas grandes sobre estes temas, mas o país cresce acima dos 8%. Por aqui, as dúvidas são grandes, mas o país não cresce", assinala o interlocutor.

Câmbio real

Os economistas costumam se jogar em cálculos de todas as cepas para saber se o câmbio está valorizado ou desvalorizado. Em países onde há liberdade cambial plena, estes cálculos são incertos. Em países como o Brasil e a China estes cálculos são ainda mais incertos. Todavia, se o governo e o BC quiserem uma informação objetiva, basta fazer uma simples pesquisa sobre os custos para a implementação de um projeto no Brasil e compará-los com outras partes do mundo. A resposta deixaria qualquer burocrata do governo preocupado.

Investimentos: caminho de volta

Sabe-se que o mundo está complicado. Há enormes incertezas, sobretudo nos países centrais. Isso, contudo, não tem impedido que capitais mais ariscos estejam tomando o rumo dos EUA. Por lá, percebe-se que lentamente o país está saindo da escuridão e os preços dos ativos são mais convidativos. Além do fato de existirem Estados com incentivos fiscais verdadeiramente estimulantes.

O segredo de polichinelo continua

Já foi dito aqui, mas vale repetir: nenhum governante gosta de antecipar sua sucessão, mesmo se ele for candidato à reeleição e estiver bem na fita de largada. É o caso da presidente Dilma Rousseff. A antecipação só traz desvantagens: divide a atenção do gestor; assanha os adversários que naturalmente aumentam o tom de suas críticas e cobranças e também entram em campanha; e assanha ainda mais os parceiros, que ganham mais uma arma de barganha para garantir a aliança partidária reeleitoral. É exatamente isto que Dilma está experimentando agora, depois que botou espontaneamente seu bloco na rua e, na semana passada, ganhou o aval de ninguém menos do maior eleitor do país, o ex-presidente Lula. O melhor exemplo são os parceiros que já estão com seus candidatos lançados à ministérios, postos de segundo escalão e boas diretorias de estatais e até de agências reguladoras. A presidente pretendia fazer uma reforma restrita, como já foi comentado aqui. Não vai dar mais. E por mais que ela se esforce, a presidente deixará os "mortos e feridos" pelo caminho. Um custo que poderá ser cobrado nas votações no Congresso e no palanque de 2014.

Pergunta e resposta incômoda

Por que Dilma correu todos esses riscos, antecipando ela própria o debate eleitoral? Há várias teorias circulando. Não erra, porém, quem acreditar que um dos alvos tem hoje residência em São Bernardo do Campo.

Lupas sobre a gestão de Haddad

Não são poucos os petistas de coturno alto que estão preocupados com a gestão de Haddad no prédio do Viaduto do Chá. Estes acham que o tutelado de Lula está condicionado a ficar longe dos holofotes do dia a dia como era o caso do Ministério da Educação. Há severas dúvidas se o prefeito paulistano aguenta uma enchente num dia e um incêndio no dia seguinte.

Ele vai nomear também?

Todos os indícios são de que a presidente Dilma "terceirizou" para o ex-presidente Lula as tarefas de manter a base aliada no Congresso unida e obediente e a de formar o grande palanque com o qual ela pretende disputar a reeleição do ano que vem. O objetivo é macro: é aceitável que fiquem de fora apenas o PSDB, o PPS, o DEM e o partido de Marina Silva (se vier a ser criado). Até mesmo o PSB de Eduardo Campos está sendo cercado para, na hora certa, ser cassado e jogado no redil oficial. Tais objetivos exigem amplas (e às vezes inconfessáveis) negociações. Todos estão dispostos a seguir com a presidente desde que sejam regiamente compensados. Com antecipação, nada de contas a pagar em 2015. É aqui e agora. A moeda de troca mais comum chama-se emprego, em ministérios e postos chaves na burocracia Federal. As perguntas são: (1) Lula recebeu carta branca para negociar como bem entender com os aliados? (2) Pode fazer qualquer oferta? (3) Ela vai nomear também ou só indicar? É bom lembrar que parte das indicações de Lula para Dilma no início do governo dela acabou "faxinada".

Eles não estão gostando

Uma parcela dos petistas, com todo o respeito que tem por Lula e Dilma e entendem que o objetivo maior do partido deve ser o poder maior da República, não está gostando muito dos movimentos para criar um palanque para Dilma inflado como nunca houve antes na história deste país. O temor se justifica: os aliados, como compensação pela adesão, deverão cobrar, além de empregos, apoios petistas para seus candidatos a governador, apoio preferencial a alguns candidatos ao Senado e alianças nas eleições para a Câmara dos Deputados sempre que for conveniente para eles. É a escola PMDB em ação : não disputa a presidência, mas garante algum poder nos Estados e bancadas de peso na Câmara e no Senado, seus dois grandes trunfos de barganha com a presidência. O PMDB, que é o modelo dos outros em menor escala, sonha em ter candidatos competitivos aos governos estaduais em pelo menos 20 dos 27 Estados. Muitos com o apoio do PT. Como no RJ, por exemplo, onde o petismo já está nas ruas com a candidatura do senador Lindeberg Faria.

Acomodação difícil

Acomodar tudo isto é uma tarefa complicada até para um político da estirpe de Lula. Uma de suas manobras parece já fracassada: a de fazer Eduardo Campos vice de Dilma e do poeta Michel Temer candidato a governador de SP com o apoio do PT. Nem PT nem PMDB gostaram da conversa e ela está sendo dada como encerrada.

Nem tudo são flores

Aparentemente, o PMDB está apaziguado e em harmonia depois das eleições de Renan Calheiros para a presidência do Senado e de Henrique Eduardo Alves para a da Câmara. Não é bem assim, porém. Está em convulsão nos bastidores partidários novamente, especialmente na bancada da Câmara e em alguns Estados, a insatisfação da "plebe" com o tratamento que recebe do governo Federal, com as relações sempre na base de intriga com o PT, e com os caciques partidários. Este sempre foi um tema recorrente no PMDB nos últimos tempos, mas que Michel Temer e seu grupo conseguiram contornar com habilidade e sem muitos danos, a não ser alguns sustos que os peemedebistas costumam pregar na presidente Dilma. Agora, porém, está diferente. Como já se entrou na reta final das eleições do ano que vem, os peemedebistas querem ser tratados, tanto pelo governo, quanto pelo PT e os manda-chuvas do partido com "mais respeito", como alguns deles andam dizendo abertamente pelos corredores do Congresso.

Ameaças de deserção

Há ameaças sérias de deserção, como a dos mineiros bandeando-se para a candidatura de Aécio Neves se não ganharem um ministério ou algo nas estatais que valha por isso. De um modo geral, o PMDB quer mais ministérios "eleitoralmente" melhores que os quase decorativos (sem importância ou porque eles não mandam de fato) que têm hoje. Esta insatisfação pode explodir na convenção do partido dia 2, sábado, quando Michel Temer, tido por muitos como mais dilmista e governista que peemedebista, pretende disputar a reeleição para mais um mandato à frente da legenda.

Aposta na deserção

Aécio Neves aposta sério na deserção. Não à toa ficou escondido quando a dupla Henrique Alves e Renan Calheiros estava sendo eleita para liderar o poder Legislativo. O risco de Aécio é evidente: pode estar tão sintonizado na "pequena política" que pode esquecer-se de que o eleitor está nas ruas. Aparentemente o mineiro percebeu este risco, mas o seu jogo tem limites: não para de pensar nos parceiros de palanque em 2014. Resta saber se haverá público para escutar o que tem a dizer na eleição presidencial. Além disso, o único aliado interno ao PSDB que tem no curto prazo e que tem voz própria chama-se Fernando Henrique Cardoso, com seus méritos e deméritos.

Teoria da conspiração

1. Com a campanha na rua, os fantasmas começam a rondar até cabeças bem assentadas. Alguns dilmistas, por exemplo, estão vendo nesta movimentação toda do governador Eduardo Campos para fixar sua candidatura como sendo, na verdade, um movimento em favor da candidatura de Lula. O governador já teria dito a mais de uma pessoa que a única coisa que o faria desistir de concorrer à presidência em 2014 seria o ex-presidente querer concorrer.

2. Outra teoria conspiratória diz que, em contrapartida, os dilmistas poderiam lançar o balão de ensaio de uma candidatura Lula do governo de SP, única forma segura de quebrar a hegemonia tucana de 20 anos em SP. Criaria certamente um fato quase consumado e um constrangimento para Lula. São teorias um tanto quando absurdas. Porém, em política, bruxas há.

Quinta coluna

Lula começa sua peregrinação pelo país quarta-feira por Fortaleza, no CE, considerado uma fortaleza inexpugnável dos irmãos Gomes. O governador Cid e o irmão sem mandato Ciro prometem prestigiar o evento do PT que Lula vai abrilhantar. Não está acontecendo de graça a escolha de Fortaleza para inaugurar a nova caravana da cidadania de Lula. No fim de semana, Ciro Gomes, político sem travas na língua, já soltou críticas do presidente do PSB, Eduardo Campos. Brasília conta com os irmãos Gomes para minar o prestígio de Campos por dentro da legenda.

Conspiração ou quinta coluna

Nas últimas semanas o governo já anunciou diversas revisões nos seus planos de concessão (ou privatização) de rodovias, ferrovias e portos. E outras poderão vir. Havia tantos erros assim ? Foram casos de descuido ou ações propositais de quem é contra essas concessões. Sabe-se que há muita resistência na burocracia e nos partidos às "malditas privatizações".

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O DIA TEMIDO POR EINSTEIN

NO RESTAURANTE


DESFRUTANDO A BELEZA DE UM MUSEU


CURTINDO UMA PRAIA


NO ESTÁDIO, TORCENDO PELO TIME


CASAL SE DIVERTINDO


PASSEANDO PELA CIDADE


Albert Einstein: "Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade. Então o mundo terá uma geração de idiotas."