sábado, 31 de agosto de 2013

PARABÉNS, NUTRICIONISTAS!


Num País de obesos e famintos, o nutricionista exerce papel estratégico. É ele o responsável pela promoção da alimentação saudável.

No dia 31 de agosto, data desta profissão, o Conselho Federal dos Nutricionistas (CFN) reconhece que a categoria vem ganhando destaque na sociedade brasileira pelos serviços prestados.

Para a nutricionista Christina Maia, o profissional da área “atua como orientador e educador no que diz respeito à alimentação adequada para prevenir e tratar as doenças”. Com esse objetivo, as cerca de 280 universidades de nutrição ensinam a diferenciar hábitos alimentares, a interpretar fatores culturais e sociais na formação de cardápios. Enfim, a promover a saúde alimentar da sociedade.

A profissão no Brasil está estruturada. Tem Conselho Federal dos Nutricionistas (CFN) e código de ética. Essa é uma realidade que vem sendo construída nas últimas seis décadas.

Nos anos 40, sugiram as primeiras universidades da área. A importância do nutricionista poderia ser resumida num provérbio antigo: "Nós somos o que comemos".

Hoje, a atuação do nutricionista é tão abrangente que é necessário, além dos conhecimentos acadêmicos, ter habilidades extras, como a capacidade de enfrentar situações aflitivas e conflitantes; lidar de forma positiva com as adversidades; manter a perseverança; e ainda desenvolver uma grande resistência às frustrações.

O Papel da Alimentação na Prevenção e Tratamento das Doenças

Todos sabem que a alimentação equilibrada é fundamental para preservar a saúde e prevenir doenças, pois os alimentos são fontes de vitaminas e minerais indispensáveis ao bom funcionamento do organismo.

Porém a maioria das pessoas não sabe alimentar-se de forma adequada e por este motivo surgem doenças que poderiam ter sido prevenidas.

Como exemplo temos a doença diverticular causada pela deficiência de fibras na dieta; a osteoporose por deficiência de cálcio; a anemia por deficiência de ferro, e tantas outras. .

Além do papel preventivo, a alimentação adequada também é fundamental no tratamento das doenças que muitas vezes se agravam por falta de orientação adequada.

Como exemplo temos o diabético que se preocupa em não consumir açúcar e desconhece que alimentar-se nos horários certos também é importante, pois a hipoglicemia (falta de açúcar no sangue) é tão perigosa quanto a hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue);

O paciente obeso, que tão preocupado em emagrecer, corta radicalmente o consumo de carboidratos (massas e pães) pois desconhece o fato de que 1g de carboidrato fornece 4 calorias e 1g de gordura fornece 9 calorias.

Será mesmo que o pão engorda? São tantos exemplos.

O que faz o nutricionista, então?

O nutricionista atua como orientador e educador no que diz respeito a alimentação adequada para prevenir e tratar as doenças.

É o profissional indicado e o mais capacitado para esta tarefa, pois conhece à fundo os alimentos e trabalha com dietas personalizadas, respeitando as diferenças de hábitos alimentares, estrutura física e situações fisiológicas especiais, tornando o tratamento das doenças mais eficiente e mantendo a saúde das pessoas que acreditam neste provérbio: "nós somos o que comemos".

Fonte: www.fomezero.gov.br

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ENCARE OITO VERDADES CRUÉIS SOBRE PERDER PESO

No dia 31 de agosto é comemorado o Dia do Nutricionista, um profissional que é bastante associado à dieta. Mas com a recém - divulgada pesquisa Vigitel 2012, do Ministério da Saúde, revelando que 51% dos brasileiros (acima de 18 anos) estão com excesso de peso é possível dizer que os nutricionistas são menos requisitados do que deveriam na guerra contra a balança. Verdade seja dita, muita gente perde tempo apostando nas táticas erradas de emagrecimento. "Muitas pessoas copiam a dieta da moda que o amigo seguiu, apostam em alimentos 'milagrosos', tomam medicamentos, mas o fato é que a perda de peso é um processo que leva tempo e, acima de tudo, que varia de acordo com cada pessoa", explica a nutricionista Fabiana Marangoni, do Spa Igaratá. É fato, não existe fórmula mágica para mandar os quilos embora, e ainda que você integre o time de quem faz tudo certo, logo abaixo podem estar as respostas para uma dúvida muito comum dentro e fora dos consultórios: "por que eu não consigo emagrecer?"

1. Seu corpo trabalha contra você

Quando você decide iniciar a reeducação alimentar e começar a cortar as calorias extras da dieta, acredite, seu corpo irá perceber rapidinho. Isso porque existem dois hormônios - leptina e grelina - que estão diretamente relacionados com o metabolismo e o emagrecimento. "A grelina é responsável por avisar nosso cérebro que estamos com fome, já a leptina tem a função de mandar uma mensagem dizendo que o corpo já está saciado e não precisa de comida", explica a nutricionista Fernanda Brunacci, da Equilibrium Consultoria em Nutrição e Bem Estar, de São Paulo. Segundo a especialista, quanto maior for a concentração de leptina e/ou menor for a concentração de grelina no organismo, maior é a dificuldade para o emagrecimento no início do tratamento. O grande problema está nas pessoas que, quando começam a dieta, estão com esses hormônios desequilibrados - aí não adianta, parece que a fome está sempre à espreita.

2. Não existem soluções rápidas

"Quanto mais restrita e radical é a dieta, maior é a chance de a pessoa querer sair da dieta", explica a nutricionista Fabiana. Pode até ser que você consiga emagrecer com uma dieta milagrosa - mas as chances de recuperar o peso ou ter algum tipo de sequela são grandes. Um corpo bem nutrido e livre de toxinas nocivas ao seu bom funcionamento responde melhor a qualquer tratamento, seja para perder peso, para ganhar qualidade de vida ou ainda para envelhecer de maneira saudável. Dessa forma, fugir das dietas rápidas, que cortam de maneira radical qualquer alimento saudável, é um avanço em sua meta para perda de peso. "O ideal é buscar um profissional qualificado, que identificará suas reais necessidades e traçará metas claras, respeitando seu estilo de vida e ritmo metabólico", completa o especialista.

3. Só exercício não basta para emagrecer

Está certo que a atividade física é essencial para levar um estilo de vida mais saudável, ajudando a prevenir e tratar uma série de doenças, além de aumentar o gasto calórico diário. Entretanto, ele sozinho pouco mudará os números estampados na balança. "De nada adianta queimar calorias se a qualidade da sua alimentação não é boa ? temos que pensar primeiramente na saúde", diz a nutricionista Fabiana. Ao depositar todas as suas esperanças de emagrecer na atividade física e enfiar o pé na jaca no cardápio com frequência, usando a desculpa de que está fazendo exercícios, você além de não perder peso, estará negligenciando a sua saúde - já que a dupla reeducação alimentar e exercícios é a chave para uma vida saudável e longe de doenças.

4. Remédios para emagrecer não funcionam sozinhos

Os remédios para emagrecer podem até ser um estímulo para quem tem dificuldade em seguir a dieta - entretanto, só podem ser usados com indicação médica e em casos muito específicos, geralmente quando a adoção de uma alimentação mais saudável e a prática de exercícios físicos feitos corretamente não mostraram resultado na perda de peso. E mesmo que você tenha o uso dos medicamentos prescritos pelo médico, eles não fazem o milagre por conta própria. O remédio sozinho não irá trazer resultados positivos, sendo necessário controlar a alimentação e praticar atividades físicas juntamente com a medicação para conseguir perder peso. "Se os remédios não estiverem acompanhados de hábitos saudáveis, há o risco de a pessoa ganhar os quilos perdidos assim que interromper o uso", declara Fabiana Marangoni.

5. Não existe uma dieta que sirva para todo mundo

Cada um tem suas preferências na cozinha - desde o tempero até um alimento que ela goste mais ou menos. E é por isso que a dieta do seu amigo ou de um parente pode não funcionar para você - ainda que ele tenha emagrecido 20 kg seguindo o tal cardápio. "De uma maneira geral, uma dieta de baixa caloria pode levar a uma redução de peso, mas não garante que a pessoa consiga levar a dieta durante muito tempo por, na maioria das vezes, não estar de acordo com seus hábitos e costumes", afirma a nutricionista Fabiana. Por isso uma dieta personalizada e individual elaborada por um nutricionista, que leve em conta suas preferências, é muito mais eficaz.

6. As pessoas não perdem peso de forma igual

Tem aqueles que perdem 10 kg no primeiro mês, outros que vão demorar mais para ver o ponteiro da balança mudar, e até aqueles que perderão o peso regularmente, um pouquinho de cada vez. E isso acontece porque cada organismo é único e trabalha de uma maneira muito particular, inclusive quando o assunto é gastar calorias. "Fatores como sexo, idade, mudanças hormonais e atividades diárias é que vão favorecer ou dificultar a perda de peso."

7. Dieta é para a vida toda

Não adianta lutar contra - reeducação alimentar é um estilo de vida, não um cardápio que você segue por dois meses e depois volta a comer fritura e refrigerante todos os dias. "Claro que o processo do emagrecimento tende a ser uma fase mais restrita que o processo de manutenção de peso, mas de qualquer forma, a melhora dos hábitos alimentares deve ser para o resto da vida, pois se a pessoa se descuidar irá ganhar o peso novamente, além de expor seu corpo a diversas doenças", alerta a nutricionista Fabiana.

8. Manter é mais difícil que perder

Essa verdade é absoluta principalmente entre as pessoas que, ao atingirem a meta de peso, voltam a ter os hábitos alimentares anteriores à dieta. Isso só fará com que a pessoa ganhe o peso novamente, gerando o efeito sanfona. É importante continuar fazendo exercícios e adequar sua alimentação ao gasto calórico diário, sempre priorizando alimentos saudáveis, como frutas, verduras, legumes, cereais integrais, oleaginosas e carnes magras.

(Por Carolina Serpejante)

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

HIPÓCRATES, PERDOAI, ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM

"Pela pobreza de argumentos, apelam para o grito, levantam a voz e partem para atitudes agressivas "
Não levante a voz, melhore seus argumentos! Não consigo tirar da cabeça esta frase do arcebispo sul-africano Desmond Tutu, desde a lamentável cena protagonizada por algumas pessoas formadas em Medicina sob a equivocada liderança de um sindicalismo anacrônico, caduco e nocivamente corporativo, desrespeitando e agredindo os médicos estrangeiros, sobretudo os cubanos, na Escola de Saúde Pública, na segunda-feira passada.

Neste momento de inquietação sobre o futuro do País e na busca de uma sociedade com justiça social, precisamos buscar novos paradigmas para a formação profissional e para o exercício da prática médica. Não é fácil ser protagonista deste processo, pois exigente do ponto de vista intelectual, tanto em sua formulação teórica como no exercício da práxis política.

Nesta busca, é preciso compromisso e sensibilidade para que o Estado Brasileiro, a sociedade, médicos e todos os profissionais de saúde possam garantir atenção básica à saúde nos pequenos, pobres e distantes municípios, com baixo IDH e indicadores de morbi-mortalidade vergonhosos.

O discurso político do sindicalismo médico cearense vem se estruturando em cima de verdades distorcidas, falseando a realidade. Não encontra lugar diante dos desafios colocados à categoria médica. Pela pobreza de argumentos, apelam para o grito, levantam a voz e partem para atitudes agressivas, tendo nos cubanos o alvo principal. Como é possível uma cultura de paz com comportamentos violentos?

Certamente, alguns estabanados, ao adjetivarem os colegas de “incompetentes” e “escravos”, não se apercebem que são escravos de uma vaidade desmedida, de sede de prestígio e um indisfarçado desejo de enriquecimento. Nos movimentos reivindicatórios por melhores salários, condições de trabalho, em defesa do SUS e saúde para todos, garantida a conquista salarial, as reivindicações “acessórias’’ são rapidamente esquecidas, e as pessoas à margem de qualquer atenção à saúde permanecem aonde estavam e estão abandonadas e sofridas.

Gostaria que os “valorosos manifestantes”, com a devida humildade, pedissem desculpas não só aos médicos e médicas cubanos, mas à sociedade pelo inconsequente e desastrado ato, incapaz de contribuir para o debate sobre os rumos da política de saúde em nosso País.

Neste momento cabe lembrar o pensamento de José Martí, herói Nacional de Cuba: “A verdadeira Medicina devemos ter em nossos corações”.

Mário Mamede
Médico

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

REVENDO GONZAGÃO NOS VERSOS DE DIDEUS SALES


Falar a respeito da obra monumental de Luís Gonzaga é tarefa das mais desvanecedoras, posto que trata-se de personalidade que deve ser inscrita entre os gênios da música popular brasileira com raízes fincadas nos adustos sertões nordestinos. A música de Gonzaga e seus parceiros foi haurida no solo seco dos sertões do Meu Padim Ciço e de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, mas paradoxalmente fértil para inspiração de quem nos proporciona a imensidão de muitos sonhares através da musicalidade de sua sanfona e de seu canto que encanta e protesta.

Todavia, encantamento redobrado é quando nos deparamos com poeta cantando e contando a história de outro poeta. Dideus Sales, poeta forjado sob o sol escaldante dos sertões do Crateús, onde o vento de Aracati já chega cansado e morno lá pelas horas décimas da noite, hoje habita na beira do mar da própria Aracati, berço de inspirados poetas, onde ele foi buscar vendavais de inspiração, mercê da qual nos tem oferecido para libações literárias, um poesia cuja relevância sonora e rítmica o inscreve entre os grandes nomes da poesia popular brasileira.

Neste ano em que se comemora em todos os quadrantes do Brasil, o centenário de nascimento de Luís Gonzaga, sanfoneiro insuperável e cantador inconfundível, eis que o poeta Dideus Sales dedilha sua lira e em versos cheios de fervor e melodia, conta a vida do filho de Januário, num preito de ímpar homenagem àquele cuja voz soa à audição do povo nordestino como um hino perene de estímulo à resistência e à luta pela liberdade e pelo direito inalienável a uma vida digna.

Os que somos nordestinos, comprometidos com os valores mais firmes e autóctones da raça sertaneja, rude e quase nômade, que ainda agora, em pleno século XXI se debate diante de uma seca atroz, cantamos dolentemente a “Asa Branca”, a “Triste Partida” enquanto reafirmamos a crença em que “seu doto uma esmola a um homem que são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.

Esta sertanidade, a um tempo cheia de langor e de um sentimento de inquebrantável resistência diante das agruras da vida, se faz presente tanto na obra musical de Luís Gonzaga, quanto na obra poética de Dideus Sales. Quero crer que esta irmanação de espírito é a fonte de onde fluiu a inspiração que se faz presente nesta breve biografia versificada que ora Dideus nos presenteia.

Repito à saciedade quão belos são a poética e a música que emanam da criação desses dois artistas. E não descuro do fato – assim o entendo – que o chão crestado do Crateús e do Exu que os viu germinar, bem como o sol escaldante que lhes deu a luz que os faz brilharem além dos limites da nordestinidade, contêm a força que se esparge sobre todos nós através da imaginação aguçada pela Poesia. Dideus vai além dos limites de sua capacidade criativa toda vez que escreve. Desta feita, intuído pelos sonhos gonzagueanos e introjetado dos mais profundos desejos que o sertão desperta, não foi diferente. Temos uma obra poética para se ler e reler prazerosamente.

Barros Alves - Jornalista - no Jornal O ESTADO de hoje

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CONJUNTURA NACIONAL

As galochas, padre, as galochas!

Um padre da paróquia de Caratinga procurou, um dia, o renomado médico, dr. Edmundo Lima. Queixava-se de um prosaico, mas renitente resfriado. O médico constatou, de pronto, não se tratar de resfriado. A coriza não era nasal. O padre insistiu alegando haver pisado no chão do banheiro com os pés descalços. O doutor Edmundo, experiente, já havia feito o diagnóstico: uma baita blenorragia. O médico sentiu o drama do sacerdote. Receitou os remédios da época para curar blenorragia, com um conselho:

- Olha, padre, quando o senhor for tomar banho não se esqueça de usar galochas. Elas são de borracha, garantidas, e não deixam passar a friagem que provoca essa coriza que lhe está atormentando. Padre, as galochas, viu?

- Ah! Já ia me esquecendo: é bom que o senhor bispo não fique sabendo desse resfriado. Padre, todo cuidado é pouco!

(A historinha é do mineiro Zé Abelha).

Crise de autoridade

A onda de manifestações que tomou conta de ruas e praças de capitais e grandes cidades, nos últimos tempos, abre um amplo cenário que junta demandas gerais, reivindicações pontuais, gestos e atitudes que embasam as ações de grupamentos, setores e categorias profissionais. Tudo isso já foi suficientemente diagnosticado. Mas pouco se destacou sobre um fenômeno que tem marcado o atual ciclo político-institucional : a leniência e a incapacidade do poder do Estado para coibir os atos que culminam com a depredação de propriedades tanto na esfera privada quanto na esfera pública (prédios, lojas, sedes de governos, monumentos, etc). Essa evidência aponta para uma crise de autoridade. O vandalismo, na forma do poder invisível, desafia o poder visível, o poder formal, o poder do Estado.

Medo de reagir

As autoridades governativas, possivelmente receosas de voltarem a ser alvo de manifestações e intencionando vestir sua imagem com o manto da democracia, reagem de maneira tumultuada e errática, acabando por alavancar os tumultos. A quebradeira nas ruas tem sido responsável pela retirada tática de apoio que setores das classes médias ofereciam aos movimentos. O Brasil da bandalheira, com sua fotografia de depredação, começa a ocupar o lugar do Brasil cidadão, que foi às ruas para mostrar sua indignação contra o status quo.

A moldura congressual

Após um primeiro momento - quando parecia interpretar os ecos das ruas e a atender às demandas sociais - as casas congressuais voltam à rotina das agendas, na esteira de uma previsibilidade de interesses dos grandes partidos. O Senado, ao que se observa, está mais inclinado a ouvir os pleitos do Palácio do Planalto. A Câmara continua pautando temáticas importantes, mas a melhoria dos índices de avaliação da presidente Dilma tem contribuído para arrefecer os ânimos e a aplacar a insatisfação da base governista.

Mudança de atitudes

Ademais, a presidente tem mudado seu comportamento em relação aos congressistas. Dá sinais de que quer ouvir mais os pleitos; dá ordens para liberar emendas de parlamentares, dentro de critérios razoáveis; vai aos eventos que reúnem muitas pessoas em diversos Estados; ou seja, desenvolve uma liturgia política mais aberta e do gosto dos atores políticos. Lula, diz-se, tem atuado como guru da presidente, dando indicações, fazendo sugestões, apontando correções de rumo, enfim, usando sua experiência de raposa matreira para evitar tiroteios sobre o alvo principal do Planalto.

Cenários - I

Dilma continua sendo a favorita no pleito de 2014. E as razões começam pelo plano da economia. Não há indicações de que a economia saia dos trilhos a ponto de destroçar o trem das políticas sociais e prejudicar o ponto mais sensível do brasileiro : o bolso. As previsões apontam para dificuldades pontuais - um pontinho a mais na inflação, atrasos no cronograma de obras - mas não há previsão de catástrofe. Esse cenário, mesmo com um pouco de tumulto, não seria suficiente para derrubar o favoritismo da presidente em 2014. A economia norte-americana se recupera e volta a puxar massa estupenda de recursos. Não a ponto de inviabilizar o feijão com arroz brasileiro.

Cenários - II

A ameaça mais próxima da presidente tem o nome de Marina Silva. Que se identifica com a nova política. Mas a nossa Madre Teresa de Calcutá ou, se quiserem, nossa irmã Dulce teria muitas dificuldades de enfrentar uma guerra sangrenta. Não aceitará recursos de empresas; não fará parcerias importantes para eleger governadores, senadores, deputados Federais e estaduais; não teria espaço de mídia eleitoral capaz de garantir alta visibilidade e exposição de seu escopo. Sob essa teia de carências, pode-se deduzir que morrerá antes de chegar à praia. Claro, se puder contar com sua Rede Sustentabilidade, a ser criada até 5/10. Admitamos, porém, que Marina vá ao segundo turno e ganhe a eleição. Com sua ojeriza à velha política e descarte da estratégia de parcerias com os grandes partidos, a hipótese aponta para a impossibilidade de criar condições de governabilidade.

Cenários - III

Aécio Neves será o candidato das oposições. Mais precisamente, do PSDB. Porque o parceiro tradicional dos tucanos, o DEM, já admite que poderá vir a apoiar a eventual candidatura de Eduardo Campos, governador de PE. Aécio, ademais, tem dificuldades de produzir um discurso nacional. Critica por criticar, sem apresentar alternativas viáveis, uma proposta densa para o país. Por exemplo, sua crítica desta semana teve como foco o fato de Dilma ter discursado, numa cidade mineira, de costas para o busto de Tancredo Neves. Foi ovacionado pelos mineiros. Mas, aqui prá nós, esse detalhe está eivado de demagogia. E não contém substância. Perfumaria.

Cenários - IV

Eduardo Campos esteve duas vezes em SP na última semana, sempre em encontros com empresários de grande porte. Critica a presidente, destacando a sua falta de liderança. Entusiasma as platéias. Começa a comer pelas beiradas. Na visão deste consultor, tira mais votos das oposições do que votos de Dilma. Em vez de prejudicar a presidente, pode empurrar a campanha para o segundo turno. Nesse momento, se forem Marina ou Aécio os candidatos ao lado de Dilma, no segundo turno, é evidente que o governador de PE voltaria a fazer aliança com a presidente. Sob o aconchego de Lula.

Cenários - V

E Lula, em alguma hipótese poderia voltar a ser candidato ? Sim. No caso de um desastre na economia. Desastre, não um pequeno tombo. Lula seria instado a aceitar a tarefa. Mesmo contrariado. Até porque sabe que pegaria um país muito diferente do que aquele que governo nos oito anos de seus dois mandatos. A moldura internacional não favorece o país. A crise virá mais cedo ou mais tarde. Tudo se faz nesse momento para empurrar os efeitos de uma crise para 2015, depois das eleições. O fato é que o ciclo da polarização entre PT e PSDB está se esgotando. Se ainda conserva fôlego, é por falta de novas lideranças.

Cenários - VI

E José Serra? Viverá seu crepúsculo se for candidato à presidente da República pelo PPS, de Roberto Freire. Terá votos, sim, mas não suficientes para entrar em um segundo turno ou ameaçar qualquer concorrente. Serra está no final de seu ciclo de vida político. Poderia ser candidato ao Senado, em SP, ou até a deputado Federal. Mas sua ambição olha mais alto. Diz-se, a boca pequena, que está com um pé no PPS. Que engordaria um pouco a bancada com Serra puxando a lista de candidatos do partido.

Eu tenho um sonho

Hoje, faz 50 anos do famoso discurso de Martin Luther King. Vale a pena lembrar o final.

"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto. Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos, de qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!" E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro. E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire. Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas de Nova York. Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania. Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado. Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia. Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee. Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi. Em todas as montanhas, ouvirei o sino da liberdade. E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo Estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro: "Livre afinal, livre afinal. Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal." 28 de agosto de 1963

Alckmin

Geraldo Alckmin poderá ter a maior dificuldade de sua vida política. Alckmin é um dos mais sensíveis e humanos perfis da política. Uma pessoa boa, como se diz entre amigos. Mas não construiu uma identidade, entendida como um conjunto de conceitos, valores e princípios que formam a construção do perfil. É um tocador de obras ? Hum... É um governante voltado para a esfera social ? Hum... É um gerentão ? Hum... É um cara determinado, corajoso, zangado como Mário Covas ? Hum.. É uma pessoa boa. E tem fama de honesto. Mas a identidade, mesmo, deixa a desejar. Terá dificuldades.

Padilha

O candidato ao governo de SP deverá ser mesmo o ministro Alexandre Padilha. Envolvido em polêmica. O programa Mais Médicos poderá ser aplaudido pelos fundões do país, beneficiando Dilma, mas nos grandes centros, terá a oposição dos médicos brasileiros e suas entidades. Mas o PT, vale lembrar, tem seus 30% históricos em SP. Lula conhece bem essa demografia eleitoral. Pode crescer? É possível. Mas o PT está puxando o último rolo de sua linha histórica. E se Haddad não estiver com boa imagem? Vai puxar também Padilha para baixo.

Skaf

Paulo Skaf poderá ser a surpresa do pleito. Hoje, já agrega cerca de 20% dos votos, segundo a última pesquisa Datafolha. É um índice surpreendente. Trata-se do pré-candidato do PMDB, presidente da FIESP, um bom articulador e que se movimenta bastante. Corre de um lado para outro, fazendo inaugurações de escolas do SESI e SENAI, desenvolve uma agenda plena de contatos com bases. Um perfil arrojado. Pode ser o contraponto à cansada polarização entre PSDB e PT. Como candidato do PMDB, teria condições de reagrupar o partido em SP.

Pezão e Lindbergh

Será difícil ao PT e ao PMDB chegarem a um acordo no RJ. Cada qual sairá com seu candidato. Por parte do PT, o senador Lindbergh Farias já conta com o passaporte do partido. Por parte do PMDB, o candidato será o vice-governador Luiz Fernando Pezão. Pois bem, Sérgio Cabral, antes da movimentação das ruas, tinha chances de conduzir Pezão nas costas. Tornou-se o governador mais atingido pelo tiroteio. Será difícil a jornada. Lindbergh tem problemas antigos a resolver, desde os tempos em que foi prefeito de Nova Iguaçu. Denúncias de corrupção. Cada qual com seu calvário.

Espelho de um corpo apaixonado

O corpo apaixonado, dia após dia
derrete no vento
vira perfume
volteia evoca outros perfumes
chega às camas
cobre os sonhos se evola volta
é como incenso
seus poemas primeiros lembram
o sofrimento de uma criança -
perde-se olhando o redemoinho das pontes:
como ficar nessas águas? Como sair?

Poema de Adonis, traduzido por Michel Sleiman

Conselho aos governantes

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos membros do STF. Hoje, volta sua atenção aos governantes:

1. Atentem para a quadra em que vive o país. Por todos os lados, clama-se por ordem, por autoridade. Façam cumprir a lei. Evitem que a desordem tome conta das ruas.

2. Urge coibir o vandalismo dos mascarados. Democracia implica liberdades de manifestação, associação, livre expressão, religiosa, etc. Mas nenhum cidadão tem o direito de colocar uma máscara e ocupar as ruas para praticar atos de depredação.

3. O exercício democrático pressupõe o respeito à ordem jurídica. Que impõe, por sua vez, a necessidade de garantia dos direitos individuais e coletivos, sempre na esteira da obediência aos princípios legais.

(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 27 de agosto de 2013

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

O estado da política econômica - 1

Há que se concordar que qualquer que seja o governo este tem de dar respostas razoáveis e proporcionais às variações relevantes da conjuntura, seja política, social ou econômica. Da mesma forma, tais respostas (políticas, estratégias, planos) têm de ser guiadas por uma visão vetorial e estratégica. Este aspecto é particularmente importante quando há intervenções sobre o andamento de mercados ou de qualquer processo endogenamente formado naquela determinada sociedade, como no caso de manifestações e protestos. Isso porque o imperium não pode prevalecer a toda hora e para qualquer solução. A soberania estatal deve simbolizar a reunião de esforços em sentido específico e em prol do interesse comum (ou da res publica). A banalização da intervenção estatal sempre resulta em distorções que já não serão conjunturais, mas estruturais. Cria-se um perigoso viés, cujo custo é inexoravelmente incorrido, seja logo após a intervenção, seja à frente - lembremo-nos, neste item, do congelamento do câmbio no primeiro governo FHC. Além disso, intervenções conjunturais sem visões estratégicas acabam por se tornar um fim em si mesmo. Vira um jogo entre o Estado e a sociedade (ou parte dela). Forma-se um par antagônico, nós versus eles. Isso é quase tudo.

O estado da política econômica - 2

Reportamo-nos a entrevista do ministro Guido Mantega ao jornalista Valdo Cruz da Folha de S.Paulo no último sábado, 24/8. Vejamos alguns trechos em itálico e nossos comentários a seguir:

a) Sobre a dívida interna: "O que posso dizer é que a nossa dívida vai continuar caindo e com mais transparência em operações que poderiam suscitar dúvidas". Nosso comentário : o ministro poderia começar explicando o que persiste sem explicação, tais como as manobras fiscais envolvendo bancos oficiais e a definição arbitrária do que é e do que não é investimento na apuração do superávit fiscal.

b) Sobre reajuste dos combustíveis: "A Petrobras sempre pede. Ela tem uma política de mais de um reajuste por ano, mas sem olhar a questão cambial, de momento". Nosso comentário : primeiro seria necessário que o ministro se definisse sobre o seu próprio papel. Isso porque ele é o presidente do Conselho de Administração da Petrobras e desta função amealha alguns bons reais no bolso. Ora, quando diz o ministro que a "Petrobras sempre pede..." quer dizer o que? Que ele pede para si mesmo ? Ademais, não sabe o ministro, ops!, o presidente do Conselho de Administração da Petrobras que existe uma enorme defasagem de preços dos combustíveis mantida pelo Ministério da Fazenda, cujo titular é o mesmo Guido Mantega?

c) Sobre os especuladores: "Você pode ganhar, mas pode perder. Porque o nosso câmbio é flutuante. Então é preciso tomar cuidado. Houve época em que nosso câmbio flutuava apenas só para um lado. Se você apostar demais numa direção, pode quebrar a cara". Nosso comentário : Isso mesmo ministro. Concordamos que "você" pode perder ou ganhar. Parece um axioma razoável. Quanto ao câmbio este nunca flutuou apenas para um lado, ele subiu e caiu muitas vezes desde a adoção do regime flutuante, logo após a inauguração do segundo governo FHC. Este fraseado ministerial serve para explicar exatamente o que?

d) Sobre a inflação: "A inflação tem uma trajetória sazonal. Começa alta no início do ano, vem caindo, atinge seu menor patamar em julho, depois volta a subir. O importante é a velocidade de crescimento, para que ela esteja dentro de parâmetros normais. Por exemplo, que a inflação de agosto fique em torno de 0,30". Nosso comentário : A inflação, conforme enorme literatura econômica internacional, não é aumento episódico de preços. Trata-se de aumento constante de preços. Este, no Brasil, gravita bem próximo à meta de inflação. Além disso, há uma considerável inflação acumulada nos últimos anos no Brasil, fruto de inúmeros fatores, mas um deles é constante: a falta de seriedade com que o governo trata o combate à inflação. Sobre isso nada fala o ministro. A única coisa que transparece das palavras de Guido Mantega é que a queda do câmbio é vital para o controle da inflação. Logo, é bom ter um limite para ele, mesmo que isso não dependa do ministro, mas do mercado. No caso, o mercado mundial.

O estado da política econômica - 3

Na semana passada, quando o tal do mercado mostrou que o dólar poderia subir bem mais, o governo anunciou que intervirá com US$ 50 bilhões no mercado cambial, via leilões de swaps cambiais. Tanto a elevação do dólar quanto a intervenção governamental são fatos importantes. Do lado do dólar as razões para a alta são bem claras: deve-se (i) a valorização da moeda americana no mercado internacional e também (ii) aos temores de que a economia brasileira não caminha bem por força da política da presidente Dilma Rousseff e que é executada pelo ministro Mantega. Mas e a intervenção no dólar? Atende a algum objetivo estratégico? Ou é algo meramente de controle conjuntural? Há preocupação do governo com a competitividade da indústria nacional? Além da intervenção do governo, o BC vai elevar a taxa de juros além daquilo que está previsto pelo mercado ? Não existe uma inflação "represada" nos combustíveis? Não contou o governo com a queda das tarifas de transporte, pós-manifestações de junho/julho, para a queda da inflação? O governo tem algum plano fiscal novo ? Bem, o governo Dilma Rousseff carece de uma visão estratégica e opera o dia a dia da política e economia. E ainda culpa o setor privado por ter dúvidas sobre o destino ao qual o país está sendo levado. Neste caso, o país pode "quebrar a cara"?

Em prol da transparência

Dada a nova vocação do ministro Mantega para a "transparência em operações que poderiam suscitar dúvidas" por que não se estimula o presidente do BNDES Luciano Coutinho, colega de Conselho de Administração de Mantega na Petrobras, a divulgar com clareza os resultados das operações de empréstimos do banco para as empresas de Eike Batista e para outros setores econômicos, tais como os frigoríficos, nossos "campeões mundiais"?

Recordar é viver: "Carta aos Brasileiros", Lula, PT 2002

"Quero agora reafirmar esse compromisso histórico com o combate à inflação, mas acompanhado do crescimento, da geração de empregos e da distribuição de renda, construindo um Brasil mais solidário e fraterno, um Brasil de todos. A volta do crescimento é o único remédio para impedir que se perpetue um círculo vicioso entre metas de inflação baixas, juro alto, oscilação cambial brusca e aumento da dívida pública. O atual governo estabeleceu um equilíbrio fiscal precário no país, criando dificuldades para a retomada do crescimento. Com a política de sobrevalorização artificial de nossa moeda no primeiro mandato e com a ausência de políticas industriais de estímulo à capacidade produtiva, o governo não trabalhou como podia para aumentar a competitividade da economia. Exemplo maior foi o fracasso na construção e aprovação de uma reforma tributária que banisse o caráter regressivo e cumulativo dos impostos, fardo insuportável para o setor produtivo e para a exportação brasileira. A questão de fundo é que, para nós, o equilíbrio fiscal não é um fim, mas um meio. Queremos equilíbrio fiscal para crescer e não apenas para prestar contas aos nossos credores." Seria cômico, não fosse trágico.

Tucanos, uma nau sem rumo - 1

Não se pode dizer que os tucanos ganhariam as eleições em 2002, 2006 e 2010. Na sucessão de Fernando Henrique Cardoso havia um ambiente de "fadiga de material" a prejudicar qualquer que fosse o candidato governista. Na reeleição de Lula, o presidente já havia se recuperado da crise do mensalão e ainda começava a colher os frutos de uma boa fase da economia internacional e nacional. Na hora da substituição de Lula, o clima econômico era mais favorável ainda a um candidato governamental, o que facilitou a eleição do então "poste político" que Lula escolheu para substituí-lo. Mesmo assim, os tucanos que concorreram com os petistas - José Serra duas vezes e Geraldo Alckmin uma - embora tenham ido para o segundo turno, coisa que Lula não conseguiu nas duas vezes em que se bateu com Fernando Henrique Cardoso, poderiam ter tido um melhor desempenho. Não ganhariam, provavelmente, mas teriam se saído melhor na segunda rodada das urnas. Matou-os a incrível fogueira de vaidades que os consome.

Tucanos, uma nau sem rumo - 2

Do modo que as coisas vão entre eles, os tucanos caminham novamente para perder a eleição presidencial, com um ano de antecedência, ante à sua incapacidade, primeiro, de se entenderem minimamente, e segundo, por sua incapacidade de apresentar uma alternativa de governo ao que está em prática. Tanto quanto o governo eles parecem não ter entendido bem o que a dita "voz rouca das ruas" está pedindo. Pelo andar da carruagem, depois de outubro de 2014, Serra vai passar a gozar de definitiva aposentadoria da política, e Aécio Neves, mais jovem e ainda com mandato, vai ter de recomeçar do zero sua corrida para quem sabe um dia chegar ao Palácio do Planalto. Naturalmente, num outro partido, pois os tucanos não resistirão intocados a um novo vexame eleitoral nacional.

De intrigar

Apesar da quase desintegração dos tucanos, são eles que ainda assombram mais o Palácio do Planalto e o PT. Basta ver a insistência com que os informantes informais palacianos insistem em dizer ora que o grande adversário da Dilma é a Marina Silva, ora que é Eduardo Campos. Sempre acrescentando que Aécio é figura descartada. Há nessa conversa uma clara intenção de inflar Marina e Campos, dois candidatos com estrutura bem menor e menos sólida do que o possível candidato tucano. O fato real é que embora os tucanos estejam meio perdidos nesta sucessão, em princípio, são eles que ainda preocupam os governistas. Por pouco tempo, pelo que estamos vendo da "pax tucana".

Só ele salva?

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso engajou-se de fato na campanha de Aécio Neves. Aliás, como não o fez nas outras três campanhas em que o PSDB foi derrotado pelo PT. Conseguirá manter o partido mais ou menos unido e entusiasmado para o embate ? Só ele é a esperança dos tucanos.

Também é somente ele

A presidente Dilma, como sempre ocorre quando o mundo econômico e/ou político ameaça desabar sobre um governo, passou quatro horas na semana passada no confessionário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em SP. Tempo suficiente para discutir a escalação do Corinthians e passar em resumo toda a Bíblia. Também serviu para Lula dar instruções eleitorais e administrativas à pupila. Dilma aproveitou a vinda à SP para se aconselhar a respeito do que fazer sobre a maré de insatisfações políticas e econômicas que ronda o Palácio do Planalto. Os oráculos de Brasília esperam que a presidente se torne um pouco mais cordata com o mundo político depois desta conversa. Também se espera mais ações na economia para atrair de novo a atenção dos empresários. Há expectativas de novas mudanças nas regras de concessões.

É tudo com ele

Para sentir cada vez maior a influência do ex-presidente nas coisas que Brasília faz, veja o que escreveu sábado em seu artigo semanal da "Folha de S.Paulo", o jornalista e professor da USP, André Singer, porta-voz do Palácio do Planalto, na primeira fase do governo Lula: "Seja como for, o bloco reunificado [de empresários] foi se queixar a Lula, como se tornou costume à esquerda e à direita, obtendo uma espécie de recuo do desenvolvimentismo em quase todas as frentes no último semestre : aumento de juros, privatizações generalizadas na área de transportes, maiores taxas de retorno nas concessões, expansão das desonerações, suspensão das restrições ao capital especulativo e corte de dispêndio público". Leia-se : é Lula quem faz. E leia-se em certos amuos petistas: esta mudança de rumo não está agradando.

Entenda quem quiser

Muito se incensou - e justamente - a fala do ministro Celso de Mello, do STF, na primeira sessão de julgamento do mensalão, após a altercação entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski. Foi de forma elegante, um desagravo a Lewandowski, mas foi principalmente uma reafirmação da autonomia e independência do Supremo, acima de algumas paixões, quase um Fla-Flu (ou um Corinthians-Palmeiras) com que determinados grupos estão tratando o julgamento da AP 470. O recado foi muito claro, em uma substancial sentença, curiosamente ignorada por uma parte das arquibancadas : "Não nos olvidemos, jamais, senhor presidente e senhores ministros, das sábias palavras do saudoso ministro Luiz Gallotti, que lançou grave advertência sobre as consequências do processo decisório nesta Corte, ao enfatizar que o Supremo Tribunal Federal quando profere os seus julgamentos, também poderá, ele próprio, ser 'julgado pela Nação' (RTJ 63/299, 312) e pelos cidadãos desta República". Ou seja: o STF não é um ser anódino, apartado da sociedade. Para quem quiser entender, isto basta.

Aos embargos aquilo que é, de fato, infrigente

A questão "técnica" sobre a validade ou não do regimento interno do STF no que toca aos embargos infringentes é questão muito polêmica e passível de legítima dissecação dos excelsos jurisconsultos. Todavia, em sendo a Ação Penal 470 uma espécie de proxy sócio-política do Estado da Nação, a possibilidade de desvios jurisprudenciais é elevada. E mais : servirá de perigoso paradigma para esta questão "técnica". Todos os juízes ao redor daquelas mesas do plenário sabem disso e já revelaram a interlocutores suas preocupações. O problema é que, caso o andamento do julgamento caminhe para uma revisão das sentenças, poderemos ver coisas surpreendentes nas manifestações dos ministros. Os ácidos recados do presidente do STF poderão ir além do que já foi registrado. Nem parecido com Ulpiano, aquele jurisconsulto que firmou a máxima de que "tais são os preceitos do direito : viver honestamente, não ofender ninguém, dar a cada um o que lhe pertence".

Tão simples explicar

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cada vez menos ministro e cada vez mais candidato ao governo de SP, sempre uma figura muito afável em suas entrevistas, está exibindo clara irritação com as críticas e contestações à importação de quatro mil médicos cubanos que o governo pôs em prática esta semana. Boa parte delas, as de ordem legal, envolvendo inclusive questões trabalhistas, poderia ser facilmente rechaçada com a divulgação completa das datas e tudo mais do convênio que o governo brasileiro assinou com a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) para tornar viável a importação. Simples assim.

Também quero o meu

Entusiasmado com o que no governo é visto como um grande sucesso de "público" do ministro da Saúde, o programa "Mais Médicos", seu colega da Educação, Aloizio Mercadante, que lá no fundo ainda não "revogou" sua pretensão de concorrer ao governo de SP, anunciou que poderá também lançar em sua pasta um sucedâneo do programa de Padilha, o novo programa "Mais Professores". A questão é saber de onde virão esses profissionais se, como no caso dos médicos, não houver brasileiros suficientes para suprir as vagas a serem oferecidas pelo MEC : preferencialmente de Cuba também ? Dos países lusófonos ? Do Vietnã, Japão ou China ? E mais serão dispensados, como os médicos de um exame de validação do diploma e de um teste de eficiência em Língua Portuguesa ? Eleição, o que não se faz em seu nome!

Frase da semana

Do escritor e jornalista Gilberto de Mello Kujawiski em artigo no Migalhas:

"Por fim, permito-me reparar ainda que a denúncia da 'corrupção' gritada e escrita nas manifestações de junho não se limita a receber ou dar propina, não envolve forçosamente dinheiro. Refere-se à outra corrupção mais profunda e danosa : a deterioração das relações dos governantes com o Estado, apropriando-se do público em seu proveito, como se privado fosse, e pior ainda, provocando a degeneração do projeto de país em projeto de poder, sem limites." (clique aqui)

Comissões da verdade

Consta que os Estados já criaram nove "Comissões da Verdade" para apurar violações aos direitos humanos no período 1946-1988. Somadas tais comissões estaduais à sua "mãe" Federal o Brasil parece viver um verdadeiro período de apuração histórica sobre o papel da repressão (estatal ou não) sobre as pessoas e entidades. Observados os resultados de tais apurações verificamos que pouco ou quase nada se acresceu aquilo que já se sabia. O trabalho de tais comissões deve ser até sério, mas convenhamos : será que dá para ter algo "novo" sem uma abertura geral e irrestrita dos arquivos estatais, sobretudo aqueles nas mãos dos militares ? Com resultados tão pífios não seria o caso destas comissões se debruçarem sobre os 50 mil homicídios que o Brasil tem todos os anos? Este indicador é sim uma violação monumental aos direitos humanos, um recorde mundial que nos envergonha.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

domingo, 25 de agosto de 2013

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO: UM HOMEM INTELIGENTE FALANDO SOBRE AS MULHERES!


Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém.

Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro.

Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia.

Flores também fazem parte de seu cardápio – mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.

Respeite a natureza. Você não suporta TPM? Case-se com um homem.

Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia.

Não faça sombra sobre ela. Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado.

Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.

Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar.

O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios.

Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.

É, meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire gay. Só tem mulher quem pode!

(Luís Fernando Veríssimo)