quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

CONJUNTURA NACIONAL



HISTORINHA ENGRAÇADA...

Pernambucano audaz, Newton Coumbre passava em frente ao quartel de Obuzes de Olinda, logo depois do golpe de 64. Carregava uma bomba d'água enrolada em jornal. Dois sentinelas, fuzis em punho, avançaram sobre ele, aos pontapés:

- O que é isso?

- D'água! D'água!

Mandaram jogar o embrulho no chão e levaram-no até o coronel:

- O que é que tem no embrulho?

- Uma bomba d'água.

- Por que não disse logo e ficou dizendo "d'água"?

- Coronel, eu dizendo só "d'água" eles me bateram tanto; se dissesse "bomba" teriam me fuzilado.

Mais uma historinha pescada pelo amigo Sebastião Nery.

HISTORINHA TERRÍVEL...

La historia más terrible la encontré hoy en las memorias de una mujer, Misia Sert. La llamo suplicio de las moscas y la transcribo literalmente: "Una de mis compañeras de habitación había llegado a dominar el arte de cazar moscas. Tras estudiar pacientemente a estos animales, descubrió el punto exacto en el que había que introducir la aguja para ensartarlas sin que murieran. De este modo confeccionaba collares de moscas vivas y se extasiaba con la celestial sensación que el roce de las desesperadas patitas y las temblorosas alas producía en su piel." El suplicio de las moscas, contada pelo genial Elias Canetti.

"Um falar doce e delicado quebra as asas do próprio diabo." (Provérbio abissínio)

DEM...olido

O DEM está demolido? Ainda não. Mas as estacas esparsas estão caindo de podre. O escândalo Arruda estoura o partido. Não adianta protelar a situação. Os vídeos com dinheiro na cueca, na meia, na sacola quebram qualquer escudo defensivo. Arruda, o governador, poderá contratar os melhores advogados. Se não renunciar, a pressão da opinião pública, via mídia, será devastadora para sua imagem. Os deputados de Brasília só terão uma alternativa: o impeachment. Definhar agora ou morrer mais tarde, com sangue escorrendo pelos poros, eis a questão.

DEM...olição

O DEM poderá, até, ter uma sobrevida e chegar, sem fôlego, ao pleito de 2010. Sem discurso, inerme, oco. Poderá, até, ganhar algum volume de voz, principalmente se contar com a rejeição contundente ao escândalo, pelas vozes do líder do partido no Senado, José Agripino, do presidente da sigla, Rodrigo Maia, do líder na Câmara, Ronaldo Caiado e do bravo senador Demóstenes Torres, que preside a Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Mas o rescaldo do escândalo baterá na eleição de 2010. Sem dúvida.

DEM...arcação

O mensalão do DEM será a demarcação de uma era. Acabou-se o ciclo do mensalão exclusivo do PT. Que já vinha entrando em rota estreita, por conta do pedaço mineiro do mensalão, jogado sobre o colo do senador Eduardo Azeredo, do PSDB. Agora, assiste-se ao espetáculo de canibalização recíproca dos mensalões. O do DEM supera todos pela estética: cueca e meias. Deixa o do PT no chinelo pela extravagância dos atores. Até a "Oração do Mensalão" foi rezada. Coisa escatológica o gesto de dois mensaleiros, abraçados ao secretário Durval. Agradeciam aos céus pela existência daquele providencial secretário de Relações Institucionais. Meu Deus do céu, onde chegamos...

DEM...onização

Nas próximas semanas, entrando no ano eleitoral de 2010, a demonização tomará conta da aliança entre PSDB e DEM. Este partido, com imagem mais suja do que pau de galinheiro, não será mais vital sob o prisma eleitoral. Poderá adicionar minutos importantes para a composição do tempo na mídia eleitoral, mas o apelo do voto será quase nulo. É verdade que o eleitor tende a nivelar todos os partidos como farinha do mesmo saco. Mas sem o discurso do mensalão contra o PT, o DEM será uma sigla de costelas quebradas. Ou, se quiserem, de coluna vertebral fracionada.

DEM...ência

A consequência, no curto prazo, será um Dândi dançando na escuridão. Ou seja, um ente perdido no meio da floresta política, sem saber para onde ir. Certa demência – no sentido de fuga da realidade, confusão mental – tomará conta da sigla e de seus dirigentes. É evidente que a bateria no bumbo do mensalão do DEM respingará nos aliados tucanos. A candidatura da oposição à presidência da República sofrerá abalos.

SERRA DEM...orará ?

Serra, que assume publicamente a posição sobre o muro, ficará ainda mais em dúvida. "Diga-me, espelho meu: serei o melhor candidato ou a faixa passarei?" Este consultor tem apenas uma certeza: o episódio de Brasília expande a taxa de dúvidas que carimba o perfil de Serra. Se a tendência do governador paulista oscilava entre 60% a 70% – para a banda da aceitação – a taxa baixou para 50% a 60%. Ou seja, Aécio ganhou uma escada de 10 pontos percentuais na balança das probabilidades.

SERRA NA MONTANHA NORDESTINA

José Serra foi ao Ceará, território político de seu arqui-adversário Ciro Gomes, para tirar a limpo essa história de que os nordestinos não o vêem com simpatia. E passou a enumerar as coisas que teria feito pela região, a partir da criação do Fundo para o Desenvolvimento do Nordeste. Citou coisas boas – ótimas, por sinal – como os remédios genéricos, fruto de sua atuação no Ministério da Saúde, por ocasião do governo FHC. Mas não adianta falar para audiências selecionadas. É claro que os tucanos cearenses arrumaram uma platéia simpática.

"Não é o tempo que nos falta – é a serenidade para pensar noutra coisa além do alarmante assunto de todos os dias." (Euclides da Cunha)

MARCA

O governador paulista é um exemplo de administrador competente. Sabe arrumar a casa, a partir dos cofres. Escolhe quadros preparados, gente talhada para aumentar a arrecadação, como esse seu secretário Mauro Ricardo, conhecido pela engenharia financeira que monta para tirar dinheiro dos setores produtivos. Muito bem. Mas Serra não é um cara simpático. Não tem carisma. Parece que quer puxar as orelhas das pessoas. E tem escrito na testa a marca paulista. Marca que, em regiões como nordeste e norte, tem conotação de mando, poder, força, dominação. Gera resistência em grupos. A logotipo serrista, nesse caso, não ajuda muito.

REENGENHARIA ELEITORAL

Imaginemos, agora, a hipótese de Serra desistir de sua candidatura ao Planalto. Decisão tomada em janeiro de 2010. Aécio topa entrar no lugar. Nesse caso, a roda colocará o norte no lugar do sul. A reengenharia eleitoral mudará o mapa das alianças. O PMDB, que hoje tende (80%) a formar aliança em torno de Dilma, inverteria o caminho. Neves puxaria a maior fatia do partido. Ciro poderia mudar seu posicionamento em relação ao tucanato. E Dilma teria maiores dificuldades em fechar o leque de alianças.

ANÍBAL, SENADOR

O bom deputado José Aníbal, líder do PSDB na Câmara, é um dos mais fortes postulantes à chapa tucana em SP para o Senado. Zé já teve ótima votação para o Senado, quase 5 milhões de votos em 2002. Por enquanto, o quadro para o Senado abriga os nomes de Aloizio Mercadante (PT), Orestes Quércia (PMDB) e Gabriel Chalita (PSB). Dante desses, o nome do tucano Aníbal tem boas chances.

E SKAF, HEIN?

E Paulo Skaf do PSB, hein? O que aconteceu com ele? É candidato? A quê? Depois que Ciro Gomes foi pré-lançado por Lula como candidato ao governo de SP, o presidente da FIESP se escondeu. Até para espiar a cena de longe. Skaf entrou no partido errado. Até porque o "S" do socialismo da sigla não combina com a identidade da maior federação de indústrias do país. Nem que o "S" seja apenas uma letrinha como ele chegou a insinuar. Há pessoas bem intencionadas – e Skaf parece ser uma delas – que entram em curva antes de correr na reta. Na política, o rumo é assim: primeiro, uma reta; siga por ela pelo maior tempo que a caminhada exigir. Depois, a pessoa pode entrar na curva. Fazer o inverso só funciona para pessoas bem treinadas. Profissionais.

PERIGO DE DESCARRILHAR?

Na esteira do escândalo no governo Arruda, o site Carta Polis, de Brasília, antecipa informação que deve deixar muita gente fora dos trilhos. O site informa que o próximo alvo da PF é o propinoduto da Alstom, fabricante francesa de trens e metrôs, que abasteceu políticos locais. O atual governador e o ex, Joaquim Roriz, elegeram a empresa, com 17 processos no MPF, como principal fornecedora do metrô do DF. Está prestes a assinar um contrato para instalar um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) na capital federal. O esquema envolveria lavagem de dinheiro, sendo revelado a autoridades judiciárias suíças após prisão de um vice-presidente da Alstom.

BENJAMIM E LULA

César Benjamin chutou o pau da barraca. O artigo na Folha de S.Paulo, onde apresentou uma versão sobre a vida íntima do presidente, foi desmentida pelos companheiros que vivenciaram o episódio. Este consultor acredita na versão do cineasta Silvio Tendler. Lula era (e ainda é) um tremendo gozador. Queria espantar o marqueteiro americano que se encontrava à mesa, por ocasião do relato, em 1994. A história era uma piada. Benjamin deve ter boiado. Ou, malicioso, quis cometer um ato de vingança. O tiro saiu pela culatra. A Folha deveria ter buscado o contraponto antes de publicar o artigo.

CENA EXTRAVAGANTE

Como é possível um dono de jornal – Tribuna do Brasil – guardar dinheiro na cueca? Dinheiro de suposta propina? Que jornalismo, hein?

BRASIL VAI RECUAR?

O Brasil continuará a desconhecer a eleição em Honduras? Ou recuará, aceitando o resultado das eleições que elegeram o conservador Porfírio Lobo, 61, como presidente da República. Este consultor acredita que já é hora de o país cair na Realpolitik. Sob pena de aumentar seu isolamento na esfera internacional.

POLÍTICOS E TIGRES

Ao visitar a montanha sagrada de Taishan, Confúcio, o sábio, encontrou uma mulher cujos parentes haviam sido mortos por tigres.

- Por que não se muda daqui, perguntou Confúcio.

- Porque os governantes são mais ferozes que os tigres.

JANTARES DE FIM DE ANO

Fim de ano com muita festa. Este ano, o clima sinaliza mais fervura no comércio e nos serviços. Três eventos ocorrerão dia 4, sexta-feira, em São Paulo. Os jantares do Sindeprestem – sindicato-ícone e líder dos serviços terceirizados – do Sesvesp – entidade que agrega as empresas de segurança privada; e do Sindhosp – sindicato dos hospitais.

"Viver, sofrer, morrer, três coisas que não se ensinam nas Universidades, e que, todavia, encerram em si todo o viver." (Paul Auguez, poeta francês)

CONSELHO AOS DIRIGENTES DO DEM

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na edição passada, o espaço foi destinado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, volta sua atenção aos dirigentes do Democratas:

1. Não demorem na decisão. Assumam, com coragem, a posição mais conveniente para atenuar o impacto do mensalão do governador Arruda.

2. Se a decisão ficar para as calendas – após apuração de todas as denúncias – o partido sangrará até aquela data.

3. Alternativa de bom senso seria a suspensão temporária do governador até o término do processo. Com possibilidade de reingresso ou expulsão definitiva do partido.

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(Por Gaudêncio Torquato)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

PALAVRA DE UMA PARCEIRA


Olá Júnior,

DE JOSÉ ALENCAR:

José Alencar é um homem que tem uma bonita trajetória e dignifica o País.
Sua história de vida é um exemplo a ser seguido. A garra com que ele enfrenta sua enfermidade é impressionante. Em minha peneira de peneirar político ele fica na parte seleta.

DA ACADEMIA DE CRATEÚS

Júnior, eu que vi você semeando cultura, hoje fico feliz em saber que a Academia de Letras de Crateús já começa a colher seus frutos. Nessa colheita teremos Flávio Machado, José Maria e certamente novas safras abastecerão este armazém cultural fundado em Crateús.

DE JÚNIOR BONFIM

Júnior você cita os bons exemplos. Divulga sua cidade e habitantes e ainda abre as portas de seu blog para divulgar os que batem a sua porta, pedindo licença ou não.
Eu gostaria de agradecê-lo, de parabenizá-lo pela nobreza de sentimentos.
Acho que nós que fazemos parte de seu blog, de alguma forma, o mínimo que podemos fazer é prestigiar suas postagens, como você nos prestigia.

Eu tiro o chapéu para você.

Dalinha Catunda

OBSERVATÓRIO


Escrevo esta coluna após participar, no Parlamento Mirim da Capital, da solenidade de outorga do Título de Cidadão Fortalezense a José Alencar Gomes da Silva. Evento imperdível, porque emocionante. O mineiro de Muriaé, que hoje ocupa a Vice Presidência da República, é detentor de uma fantástica história de vida. Aos quatorze anos, saiu de casa para assumir o primeiro emprego: balconista. Levava apenas uma maleta com três peças de roupa. Aos 18 anos, emancipado pelo pai, estabeleceu-se como comerciante, com a lojinha “A Queimadeira”, cujo nome foi sugerido por um viajante português, o senhor Lopes, sob o curioso argumento de que “se fosse um bar, seria Bar Cristal; mas não é um bar, então é “A Queimadeira”, porque vai vender barato...” Depois de “A Queimadeira”, foi viajante comercial, cerealista, dono de fábrica de macarrão, atacadista de tecidos e industrial do ramo de confecções. Em seguida, fundou em Montes Claros a Companhia de Tecidos Norte de Minas – Coteminas, hoje um dos maiores grupos industriais têxteis do país. No entanto, muitos só se deram conta de sua força espiritual e grandeza interior quando o viram enfrentando, com altivez singular, uma luta contra o câncer, que o submeteu a uma seqüência de quinze cirurgias.

DEZEMBRO

Estamos em dezembro. Mês cuja rajada de energia fraterna nos arrebata. Rebenta do mais recôndito de nós mesmos um impulso à transcendência, um giro à imanência, um desejo de sublimar, uma vontade de olhar para o que é superior. Além dos cristãos, esse fluxo de suave vitalidade na direção dos valores elevados perpassa praticamente todas as crenças humanas. No caso dos que crêem na mensagem revolucionária do Jovem de Nazaré, é hora de reavivar os principais indicativos da sua boa nova. O caminho da felicidade é o do amor: ao Ser Superior sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

A COLUNA

Sempre escrevo esta moldura com o binóculo focado na paisagem política. Porque a considero a mais nobre das atividades humanas. Como que imerso na atmosfera natalina, renovo as baterias da luta quando miro a trajetória ilustrada de homens como José Alencar. Consignam que a política pode ser um nobre instrumento a serviço do conserto do mundo. Provam que, diversamente do que pensam muitos, nem tudo está perdido. Porém, se a política é o lugar por excelência onde o homem pode materializar o bem comum, ele jamais pode ser considerado o único. Por isso, ao invés de hoje laborar sob a diretriz da criticidade analítica, prefiro dedicar estas linhas a bons exemplos, reveladores de que, mesmo à margem dos gabinetes oficiais, podem fluir ações altruístas em prol da coletividade.

ACADEMIA

Quando, há cerca de dois anos, escrevi uma pequena crônica sobre o sonho de fundarmos, em Crateús, uma Academia de Letras, vislumbrava essa possibilidade. Hoje, instalado o Sodalício e em pleno funcionamento, temos uma incubadora de talentos literários em plena atividade. Alguns se sentiram estimulados a colocar no papel um pouco da própria capacidade inventiva. Livros estão saindo do forno, outros se encontram em pleno processo de fermentação.

FLÁVIO

Um desses acadêmicos, cuja linha histórica há de ser ressaltada, é Flávio Machado e Silva. Esse sexagenário cidadão toca a vida com a vitalidade laboral de um adolescente e a tranqüilidade de quem saboreou a fruta da maturidade. Desde março de 2006, quando foi convidado por nosso editor César Vale para escrever crônicas que passeiam pelas veredas históricas da terra do Senhor do Bonfim, tem provado que podemos, a qualquer tempo, nos reinventar. No próximo sábado à noite, dia 05 de dezembro, Flávio estará lançando seu primeiro livro, “Crateús, lembranças que aquecem o coração”. O filho de Izauro Machado Portela e de dona Antonia Machado e Silva merece ser prestigiado por todos. Seu livro é um manancial de gostosas reminiscências, uma viagem lúdica às nossas raízes, prosa leve e agradável, obra prima de singeleza.

JOSÉ MARIA

Outro talentoso crateuense que está disponibilizando uma obra de fôlego é o doutor José Maria Bonfim de Morais. Conceituado médico cardiologista e escritor fulgurante, lançará livro sobre o seu genitor, Felipe Ferreira de Morais, um íntegro ser que apagou a vela centenária e dignificou a família a que pertenceu. O evento ocorrerá às 19:00 hs do próximo dia 08 de dezembro, no Ideal Clube de Fortaleza. A apresentação será feita pelo doutor Carlos Felipe, prefeito de Crateús.

DESEMBARGADORES

Outro bom exemplo vem das pilastras judiciárias. Além do doutor Byron Frota, Crateús conta agora com outro conterrâneo ocupando uma cadeira no Tribunal de Justiça do Ceará: é o doutor Emanuel Leite Albuquerque, escolhido para integrar a mais Corte de Justiça Cearense por critério de merecimento (vide crônica da cidade, ao lado), cuja posse ocorreu na tarde do dia 26 de novembro. O doutor Emanuel, que exerceu a magistratura em sua terra natal na década de 1990 – e presidiu as eleições municipais de 1992 em Crateús - era também integrante do pleno do Tribunal Regional Eleitoral. Parabéns ao profícuo julgador, cuja trajetória se constitui modelo para a mocidade! Outros magistrados com vinculação aos sertões de Crateús também obtiveram êxito na recente lista de novos julgadores de segundo grau: Paulo Timbó, de Tamboril, e Clécio Aguiar Magalhães, que foi juiz em Crateús por muitos anos.

PARA REFLETIR

“Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que nos foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos, como sinais para que não mais se repetissem a capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito, aquilo que é indispensável: além do pão, o trabalho e a ação. E, quando tudo mais faltasse, para você eu deixaria, se pudesse, um segredo: o de buscar no interior de sí mesmo a resposta para encontrar a saída”. (Gandhi)


(Por Júnior Bonfim, publicado na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste)

EMANUEL LEITE ALBUQUERQUE



“Debaixo da ponte da justiça passam todas as dores, todas as misérias, todas as aberrações, todas as opiniões políticas, todos os interesses sociais. E seria bom que o juiz fosse capaz de reviver em si para compreendê-los, cada um desses sentimentos: experimentar a prostração de quem rouba para matar a fome ou o tormento de quem mata por ciúmes; ser sucessivamente (e, algumas vezes, ao mesmo tempo) inquilino e locador, meeiro e proprietário de terras, operário em greve e industrial”. Essas linhas foram rabiscadas pelo inspirado operador do direito italiano Piero Calamandrei, que perscrutou a alma humana por entre os pórticos judiciários.

Foi dele que me recordei quando vi o povo da minha aldeia, a tribo dos Karatiús, hoje cidade de Crateús, comemorar neste décimo primeiro mês do airoso ano de dois mil e nove a nomeação de um dos seus brotos, por critério de merecimento, à cadeira de desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.

Meritória foi, sempre, a trajetória de Emanuel Leite Albuquerque. Filho do casal Maria Hermilia Albuquerque Leite, dedicada mãe e senhora do lar, e de Manoel Albuquerque da Cunha Leite, servidor civil do 4º BEC, que se orgulhava de exercer uma das profissões do lendário ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln: topógrafo. O senhor Albuquerque era um homem de simplicidade modelar, caráter firme e perfil iluminado, que teve paternal zelo com os quatorze filhos. Ressalta seu velho amigo Boaventura Bonfim, “o seu Albuquerque é um dos maiores seres do universo que tive a ventura de conhecer”. Despiciendo frisar que teve influência decisiva no curriculum do filho. A veneração do rebento ao genitor se materializou em marcante homenagem: a rua em que reside o hoje desembargador Albuquerque, na Capital Alencarina, ostenta o nome de seu pai.

Os amigos da fase doirada da infância e dos janeiros ardentes da juventude, em Crateús, recordam duas facetas relevantes da personalidade de Emanuel Leite Albuquerque: junto aos colegas homens, era um “galo de briga”; diante das donzelas, se revelava um galanteador. Para aqueles, se pintava de índio guerreiro; para essas, se perfumava como um Don Juan.

A porção destemida o levou a ingressar, aos 17 anos, na Academia de Polícia Edgar Facó, onde iniciou portentosa carreira militar, chegando ao posto de Capitão. Nesse período, ocorreram dois eventos indeléveis na sua história pessoal: o primeiro foi ter servido, como Oficial, à Corte de Justiça que hoje integra; o segundo foi ter conhecido, numa blitz que realizava na região do Cariri, aquela com quem compartilharia a vida a dois. Neste caso, após ter resolvido uma questão, recebeu protestos de uma jovem insatisfeita com a solução que havia dado ao imbróglio. Seu nome: Teresa. E, tal e qual na poesia de Castro Alves, a vez primeira que fitou Teresa, como uma planta que a correnteza arrasta, a valsa do amor o levou no baile do olhar. Virou sua consorte e são pais de cinco filhos.

Bacharel em direito pela Universidade Federal do Ceará, fez concurso para Juiz e ingressou na magistratura no dia primeiro de setembro de 1986 na jurisdição de Reriutaba. Na seqüência, assumiu a Comarca de Redenção e, logo depois, a da sua terra natal, Crateús, onde presidiu as eleições de 1992. Nessa ocasião, conheceu a dor e a delícia de exercer a judicatura entre os conterrâneos.

Porém como quem é convocado para grandes vôos de ascensão profissional, assumiu, em Fortaleza, a 31ª Vara Cível, no período de 1993 a 1999, exercendo, também, o cargo de julgador da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais (JECCs) entre junho de 2003 e agosto de 2007.

Atuou na titularidade da 22ª Vara Cível de Fortaleza, de agosto de 1999 a setembro de 2009. Foi juiz eleitoral da 117ª Zona de Fortaleza, de março de 2007 a janeiro de 2009, e coordenador da propaganda política nas eleições de 2008. Levou tão a sério esse labor nas eleições de 2008 que, mercê dos votos de louvor recebidos, foi nomeado para compor o pleno do Tribunal Regional Eleitoral, na categoria de Juiz de Direito. Além de ocupar uma vice-presidência na Associação Cearense dos Magistrados (ACM), foi membro titular da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (CEJAI).

Como todo jurista que se preza, cultiva a dialética rotina de estudante e professor. Exibe curso de Especialização em Direito Constitucional e Direito Processual Constitucional pela UECE e Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad Del Museo Social Argentino (UMSA) – de Buenos Aires, na Argentina. É professor do Curso de Direito da Faculdade de Fortaleza (FAFOR) e da Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará (FAECE), lecionando a disciplina Direito Processual Civil.

Como um cônsul, adora receber os conterrâneos e compartilhar os bons momentos vividos no entorno onde cresceu, na Praça da Estação de Crateús.

É, hoje, uma locomotiva de estímulo, uma torre agregadora, um farol referencial para a comunidade onde foi gerado. Num momento em que as pessoas descuram dos valores essenciais, a saga do doutor Albuquerque é um impulso à busca da vitória pelo amor ao estudo, pela devoção ao labor honrado, pelo cultivo de hábitos decentes.

Em sua alma ressoam os hinos da vida dura do povo. Debaixo da ponte do seu coração sente o palpitar dos mais diversos sentimentos humanos, porque os experimentou no mais íntimo e profundo de si mesmo.

À Calamandrei, sabe que “a justiça é um fluido vivo, que circula nas fórmulas vazias da lei, como o sangue nas veias”. Porque labora com essa compreensão, permanece subindo com desenvoltura as escadarias das realizações compensadoras!


(Por Júnior Bonfim, publicado no Jornal Gazeta do Centro Oeste e na Revista Gente de Ação)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

AMANHÃ É DIA DE MAIS UMA EDIÇÃO DO JORNAL GAZETA DO CENTRO-OESTE!

FESTIVAL DE PANETONE EM BRASÍLIA


Dezembro já chegou,

Trazendo junto Natal.

Vou fazer a minha festa

E é no Distrito Federal.

Vou pegar minha família,

Vou direto pra Brasília

Não perco este festival.
.

A vida aqui anda cara

Está “um Deus nos acuda”

Em Brasília pelo menos

Tem o bondoso Arruda.

Que arrecada dinheiro,

Para o pobre brasileiro

Ter um Natal de fartura.

.

Nunca vi tanto dinheiro!

Mas mostrou a televisão.

Em cuecas, meias e bolsos

Foi farta a distribuição.

E os demais envolvidos

Ficaram tão comovidos

Que fizeram até oração.

.

O milagre da multiplicação

Pode até não acontecer.

Panetone virando pizza

Garanto vocês vão ver.

Pois são sempre absolvidos

Os políticos envolvidos

Em falcatruas no poder.


As eleições estão chegando,

Seja um honesto cidadão!

Vender e trocar seu voto

É incentivar a corrupção.

Vá à urna com consciência,

Para tirar dessa indecência,

Nosso Brasil, nossa nação.


(Por Dalinha Catunda)