sábado, 12 de outubro de 2013

PAULO NAZARENO: "FELIZ CUMPLEAÑOS!"


HOJE É O NATALÍCIO DE PAULO NAZARENO SOARES ROSA!

O acaso protegeu Paulo. Além de o registro batismal assentar o místico “Nazareno”, incluiu o lusitano “Soares” (sinônimo de ousadia, espírito competitivo, força de vontade, originalidade) e, por fim, ”Rosa”, lírica expressão do perfumado desabrochar da vida!

Como se fosse pouco, ainda inaugurou sua presença neste mundo no Dia das Crianças!

Por isso vive teimando contra o tempo. Alheio à ação envelhecedora dos anos, mantém-se criança, rejuvenescendo as idéias e atualizando os dias. É rosa: murcha e ressuscita – simples, sim! – e mantém incólume a sedução do jardim.

Um feliz aniversário! Segue, endoscopista de almas, amante da natureza, aviador natural, apreciador da boa música, estudioso dos grandes temas, visionário trabalhador! Segue, com o estandarte desbravador do convertido “Paulo”, transformando água em vinho (como o “Nazareno”), mantendo a vocação pastoril dos “Soares” e escrevendo, nas pedras do caminho, o suave nome da “Rosa”.

Como dizem os latino-americanos, feliz cumpleaños!

(Por Júnior Bonfim)

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

PARA REFLETIR

"A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão.

É uma questão de consciência."

(Mahatma Gandhi)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

CONJUNTURA NACIONAL

Peibufo, o maior assassino

Abro a Coluna com uma historinha de PE.

Em um mês "bro", setembro de 1998, o economista e professor Joel de Hollanda, ex-secretário da Educação de PE, fazia campanha pela reeleição a deputado Federal pelo PFL, hoje DEM. Corria pelas estradas poeirentas de São José do Egito, entre 12 e 13 horas. Calor infernal, margeando os 40ºC. Transpirava por todos os poros. Chegando à cidade, refugiou-se à sombra de frondosa árvore na praça da matriz. Ao seu lado, sentado no banco, um sujeito amarelo, muito magro, miúdo, fala mansa. Diante da figura e cheio de cansaço, arrastou um papo. Pescava um votinho. Neste instante, seu cabo eleitoral, voltando com uma garrafa de água, viu a cena e ficou pálido. Começou a fazer sinal para o deputado. Disfarçava para o amarelinho não perceber a agonia. Joel entendeu, disfarçou e pediu licença ao companheiro de banco para se retirar. Foi ao encontro do cabo eleitoral. Mais que depressa, este abriu a boca para confessar:

- Deputado, este cara é o Peibufo, o maior assassino da região. Tem na cartucheira mais de 100 mortes gravadas. Mata qualquer um por qualquer trocado. Pelo amor de Deus, se afaste desse cangaceiro antes que ele se enfastie do senhor e lhe meta chumbo.

Joel ouviu com atenção. Fixou os olhos no sujeito e, confiando na lábia de educador e político calejado, voltou ao banco e foi direto ao assunto.

- Moço! Como é que o senhor tem coragem de matar uma pessoa?

De pronto, Peibufo resmungou:

- Doutor, eu não mato por coragem, não! Só mato por costume!

(Historinha contada por Carlos Alberto Pereira de Albuquerque)

Essa ninguém previa

Pois é, a entrada de Marina no PSB foi a bomba política do ano. Poderia até ter sido uma estratégia articulada ao longo dos últimos meses, mas a decisão, tomada no último minuto do segundo tempo do jogo, pegou todos de surpresa. É claro que Marina, na entrevista dada pouco antes, apontara uma pista : desejava quebrar a polarização entre tucanos e petistas. Ou seja, seria candidata. A pista se mostrou correta. Quer romper a polarização, mas com Eduardo Campos sendo o candidato. Ela como candidata a vice. Conseguirá? Vamos à análise.

Transferência? Coisa complicada

Vota-se nessas plagas em pessoas, muito pouco em partidos. Portanto, há de se distinguir um voto em Marina do voto de Eduardo Campos. Cada qual com seu bornal de votos. E a transferência de votos dela para ele? Pouco provável. Digamos que uns 10% a 15% de votos sejam transferidos para o conjunto da chapa. E os outros? Parcela boa da votação de Marina tende a migrar para Dilma Rousseff. Consideremos, nesse caso, a esfera ideológica em que ela e Dilma se abrigam. É a mesma, entre centro-esquerda e esquerda. Eduardo Campos também está circunscrito nesse espaço. Mas a tendência maior é a de migração de votos para a presidente. Principalmente em um ciclo de economia sob controle, inflação abaixo dos dois dígitos e empregabilidade mantida.

Aécio, maior perdedor

Quem perde mais no jogo que está sendo jogado é Aécio Neves. Encarna mais a oposição do que Eduardo Campos, que pertencia, até pouco tempo atrás, ao governo Dilma. Campos fala em melhorar, fazer melhor as coisas. Aécio prega mudança mais radical. Não há um clamor geral por mudanças radicais. As exigências apontam para a qualificação de serviços públicos, principalmente nas áreas da saúde, educação, transportes urbanos e segurança pública. Portanto, a tendência é a de manutenção das vigas macroeconômicas. Aécio quer polarizar.

Eduardo cresce?

Pode haver crescimento de Eduardo Campos, sim, mas em um contexto de insatisfação crescente. Vai depender, ainda, da visibilidade que alcance. Antes, precisa arrumar os parafusos da aliança com Marina. Primeiro, os empresários que simpatizam com sua candidatura continuarão com ele ? Não aceitam por completo Marina Silva. Esta, por seu lado, teve uma decepção com parte da bancada do PSB, que votou contra sua visão no projeto do Código Florestal. Os socialistas de Campos fecharam questão com a bancada ruralista. Campos vai precisar de Marina para se infiltrar nos colégios eleitorais do Sudeste. Um desafio e tanto.

Uma inversão na chapa?

É possível haver uma inversão na chapa. Digamos que, no primeiro trimestre de 2014, Marina continue com alta visibilidade e bons índices de intenção de voto, algo como 25%; e Eduardo Campos, mesmo sob o empuxo de Marina, não consiga uma alavancagem que o posicione como segundo colocado. Será que a chapa se mantém? A lógica, nesse caso, aponta para uma inversão, com Marina assumindo a cabeça da chapa?

Lula, metamorfose

Há, ainda, Lula. Que já prometeu ser a metamorfose ambulante da campanha. Puxará as massas para o espaço de Dilma. No Nordeste, tende a ser o maior puxador de votos de sua pupila. Seu imbróglio maior será SP, o maior colégio eleitoral do país, e que tem um voto menos emotivo e mais racional. As classes médias paulistas têm um canal muito estreito com o tucanato, apesar da sensação de esgotamento do ciclo tucano. 20 anos de poder corroem os melhores materiais.

Black blocs

Pelo andar da carruagem, as manifestações de rua tendem a continuar. Se hoje, fazem barulho nos centros do RJ e SP, imaginemos os meados de 2014. O imprevisível estará na esfera desses grupamentos mascarados, que se intitulam de black blocs. Os movimentos de rua começam pacíficos e acabam com depredações de patrimônios público e privado. As polícias reagem tardiamente, quando o quebra-quebra assume proporções fantásticas. Não há prevenção e isso é um grande erro. Governos parem tíbios e tímidos, denotando receio de fazer uma repressão mais dura. O Brasil vive efetivamente uma crise de autoridade.

Enxugamento na Petrobras

Petrobras era um gigante. Hoje, um gigante que vê buracos por todos os lados. Esfacela-se. A última nota da Petrobras é sobre o enxugamento de sua estrutura. Fechará 38 escritórios no exterior. Velhos tempos de glórias. Novos tempos de aflição.

A moldura partidária

A migração partidária apenas balanceou as bancadas, sem alterar as fisionomias situacionista e oposicionista na Câmara. O governo Dilma continua com o rolo compressor, formado por 384 parlamentares. Sobram 129 na base oposicionista, se considerarmos que o PSB, de Eduardo Campos, com 22, tende a formar com o bloco de oposição. Quem esperava uma debandada na direção oposicionista ficou a ver navios.

O novo quadro

1. Governo

PT, de 87, ficou com 86; PMDB, de 83, ficou com 77; PSD, de 48, ficou com 41; PP, de 40, ficou com 43; PR, de 37, ficou com 36; PDT, de 28, ficou com 19; PSB, de 19, ficou com 22; PTB, de 17, ficou com 18; PSC, de 16, ficou com 14; PC do B permaneceu com 13; PV, de 10, ficou com 9; PRB, de 10, ficou com 11; PT do B permaneceu com 3; PRP permaneceu com 2; PHS, de 1, ficou com nenhum.

2. Oposição

PSDB, de 50, ficou com 46; DEM, de 27, ficou com 25; PPS, de 11, ficou com 8; PSOL permaneceu com 3; PMN permaneceu com 3; PEN, de 1, ficou com nenhum.

3. Novos

Solidariedade - 21
PROS - 14

Na Academia de História

Registro, com alegria, meu ingresso, ontem, na Academia Paulista de História. Assumo a vaga deixada pelo grande professor de psicologia, Samuel Pfromm Netto, que conheci, desde os idos de 1975, quando a Proal, empresa da qual era sócio, promoveu um Simpósio sobre TV e Criança. Fui o coordenador desse evento. Hoje, nossas histórias novamente se cruzam. O patrono da Cadeira nº 7, que ocupo, é Alexandre de Gusmão, o criador do Tratado de Madri, pelo qual o Brasil ganhou sua atual configuração geográfica. Gusmão é considerado o "avô da diplomacia brasileira".

Canuto

Canuto, rei dos vândalos, mandando justiçar uma quadrilha, e pondo um deles embargos de que era parente Del-Rei, respondeu:

- Pois se provar ser nosso parente razão é que lhe façam a forca mais alta.

(Padre Manuel Bernardes)

PS. Os vândalos, hoje, são de outra espécie.

Conselho a Eduardo Campos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado às oposições. Hoje, volta sua atenção ao governador de PE, Eduardo Campos:

1. Vossa Excelência merece congratulações pela jogada de mestre, como pode ser interpretada a parceria com Marina Silva. Mas não pense que transferência de votos ocorre de maneira natural entre parceiros. Será muito difícil que os votos de Marina sejam depositados em seu bornal.

2. Procure aproveitar a parceria com a ícone da Sustentabilidade para entrar em espaços que ainda não o conhecem bem, como as regiões Sudeste e Sul. Mas deixe para tomar uma decisão sobre a real composição de sua chapa mais adiante, no primeiro trimestre de 2014.

3. Se Marina continuar como segunda colocada e Vossa Excelência em quarto lugar, o lógico seria ceder o espaço à acreana. Seria um gesto de boa política e boas práticas.

(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

OBSERVATÓRIO


“A Constituição mudou na sua elaboração, mudou na definição dos poderes, mudou restaurando a federação, mudou quando quer mudar o homem em cidadão. E só é cidadão quem ganha justo e suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando descansa.” Com uma oração heróica e histórica, Ulysses Guimarães anunciou, em 5 de outubro de 1988, a nova Carta Magna Brasileira. No dia em que celebrava os 25 anos da Constituição Cidadã o mundo político nacional foi surpreendido com a filiação da ex-senadora Marina Silva ao Partido Socialista Brasileiro, o PSB. Esse gesto também foi permeado de simbolismos.

MARINA

Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima, nascida em 8 de fevereiro de 1958 na pequena comunidade de Breu Velho, no Seringal Bagaço, Acre, possui uma biografia que fala por si mesma. Seus pais, de raízes nordestinas, tiveram 11 filhos, dos quais três faleceram. A mãe morreu quando Marina tinha apenas 15 anos. A vida no seringal era difícil. Marina conta que “acordava sempre às 4h da manhã, cortava uns gravetos, pegava uns pedaços de seringuins, acendia o fogo, fazia o café e uma salada de banana perriá com ovo. Esse era o nosso café da manhã”. Seu histórico de saúde ainda inclui hepatite aos 16 anos (a primeira das três que foi acometida), cinco malárias e uma leishmaniose. Destoando da aparente fragilidade, é detentora de uma grande força espiritual e poder de superação. Por tudo isso se tornou a principal líder sócio-ambiental do País.

MARINA II

Marina se notabilizou nacionalmente na eleição passada ao obter uma votação que superou todos os prognósticos. Inseriu-se, com leveza e liberdade, no pesado e amarrado cenário do debate político. Sentindo o apelo popular por uma nova política, desprovida das vicissitudes que grassam na prática convencional, Marina iniciou um movimento pela criação do partido Rede Sustentabilidade. Teve o projeto frustrado pela ação de boicote de adversários políticos combinada com uma decisão judicial que priorizou a forma (burocracia) em detrimento do conteúdo (democracia).

MARINA III

Mulher de extrema fé, Marina exala espiritualidade sem fazer proselitismo religioso. Isso a faz protagonista de um estilo político que privilegia o desprendimento, o desapego aos caminhos convencionais e, sobretudo, uma maneira toda especial de dialogar com os opositores. Marina trata os que estão em trincheiras opostas à dela com respeito e sem a ira característica dos contendores políticos. Foi por isso que, sábado passado, publicamente reconheceu méritos em Fernando Henrique e Lula, algo que os aliados de ambos não fazem. Que falta faz esse tipo de postura!!!...

CÂMARA

Precedida de intensa movimentação nos bastidores, a Câmara Municipal de Crateús apreciou o Projeto de Lei que trata da mudança de regime jurídico dos servidores municipais. Os servidores, por meio dos Sindicatos dos Servidores e Professores, se uniram nos protestos. A cidade parou para assistir. Por maioria os senhores Vereadores rejeitaram o Projeto do Executivo Municipal. Votaram a favor: Arimilson, Cleber Bonfim, João de Deus, Paulo Teles, Adriano das Flores e Aldairton Carvalho. Votaram contra: Conegundes Soares, Arnaldo Minelvino e Antônio Luiz Jr (DEM), Alesson Coelho e Cabo Bonfim, do PSDB, Bibi Apolônio (PMDB), José Humberto (PCdoB), Eva (PSL) e Toré (PV). Para quem está distante, soa estranho o resultado: ganhou a manutenção do regime celetista (CLT) em detrimento do regime estatutário. Em tese, os doutrinadores são de opinião favorável a que o regime mais adequado aos entes públicos é o estatutário. Por que a derrota, então?

A RAIZ

Não se pode analisar esse assunto isoladamente. Na raiz desse problema está uma questão maior: a frustração do povo de Crateús com os rumos da gestão. Quando foi eleito a primeira vez, em 2008, o doutor Carlos Felipe era a encarnação da novidade, o caudatário das aspirações superiores da gente crateuense por uma nova política, higienizada e alvissareira. Ele, porém, imaginou que acumulando índices de volumes de obras superiores aos que o antecederam se firmaria para a história. Ledo engano. O desejo do povo era – e continua sendo – ver um Prefeito que, além de fazer as obras materiais necessárias, faça sobretudo a renovação das práticas, a revolução dos costumes.

A RAIZ II

Um dos primeiros testes a que o atual Prefeito foi submetido ocorreu logo no início do primeiro mandato: os professores o procuraram em busca de discutir a pauta anual de reivindicações. Ao invés de ouvi-los respeitosamente, o Prefeito resolveu impor a própria opinião. Imaginou que a larga maioria de votos obtida era um cheque em branco para os quatro anos. Substituiu a conversação pela imposição. Enfrentou uma greve dolorosa e, desde então, os servidores passaram a lhe olhar com desconfiança. Aquele episódio – e outros que o sucederam - criou feridas ainda não cicatrizadas. A lição que fica é: há uma crise de credibilidade da gestão!

A RAIZ III

Em momento posterior à votação, o Prefeito se pronunciou através de uma emissora de rádio. Fez uma fala um tanto amarga, carregada de ressentimentos e reveladora do poço de contradições em que se encontra mergulhado. Sem reconhecer equívocos, culpou o PSOL pela derrota. Falou que o Município ia ter um prejuízo de quinhentos mil reais. De onde? Do pagamento de FGTS. Paciência, isso não é prejuízo, mas conquista social do trabalhador. Todos os Prefeitos anteriores pagaram sem reclamar. Aliás, é obrigação legal no regime celetista. Disse que não era perseguidor, mas revelou que ia tratar de maneira diferenciada os vereadores. Ou seja, vai privilegiar os ‘fiéis’ e castigar os ‘infiéis’. Isso, por óbvio, é perseguição. Ora, o Chefe do Executivo não é o Prefeito de uma parte das pessoas, mas de todos. Ele não pode discriminar nenhum cidadão, muito menos os representantes do povo. Todos nós temos erros, defeitos e caímos em contradição. Necessitamos, vez por outra, de um momento de introspecção: reconhecer as falhas e buscar a superação. Um pouco de humildade faz bem ao coração. O prefeito, também, precisa exercitar essa lição.

PARA REFLETIR

“Quero o amor por razão./ Sendo assim não terei arma,/ Só assim não farei a guerra./ E assim fará sentido/ Meu passar por esta terra./ Sou o arco, sou a flecha,/ Sou todo em metades,/ Sou as partes que se mesclam/ Nos propósitos e nas vontades./ Sou o arco por primeiro,/ Sou a flecha por segundo,/ Sou a flecha por primeiro,/ Sou o arco por segundo./ Buscai o melhor de mim/ E terás o melhor de mim./ Darei o melhor de mim/ Onde precisar o mundo.” (Marina Silva)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

CÉSAR VALE: FELIZ ANIVERSÁRIO!


No dia 30 de novembro de 1895, ao proferir mais uma de suas primorosas peças de oratória, em solenidade realizada no maior órgão de imprensa à época – o Jornal do Comércio - Ruy Barbosa assim inicia: “SENHORES: Em um desses processos famosos, cujos autores a história arquiva, o interrogatório começou por este diálogo entre o réu e o presidente do tribunal: ‘- Acusado, vosso nome? - Francisco Renato, Visconde de Chateaubriand. – Vossa profissão? – Jornalista. ’ É deste modo que se qualificava, em 1833, à barra do júri, o grande poeta, o grande artista, o grande regenerador literário, o maior dos modernos escritores franceses, o homem que escrevera O Gênio do Cristianismo, traduzira Milton e arrostara Bonaparte. Tão múltipla era a sua atividade, em tantas esferas da inteligência era primaz o escritor, o historiador, o diplomata, o administrador, o antigo par de França, tantos títulos tinha, e de todos se esqueceu, para se condecorar, perante os seus juízes, com o de simples jornalista”.

Fazia Ruy esse intróito para externar o frescor de encanto que o sacudia por se encontrar na condição de confrade no círculo ilustre dos homens de imprensa de sua geração, mercê da distinção que lhe era conferida. Três foram os púlpitos em que o genial baiano forjou sua trajetória: nas páginas da Imprensa, nas barras dos Tribunais e na Tribuna do Congresso. A Liberdade, o Direito e a Justiça foram a trinca de unidade que abrasou sua vida laboriosa. De todas, porém, o jornalismo era a estrela mais radiosa: "E jornalista é que eu nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, a imprensa for livre, e este resto de liberdade nos indicar que a pátria respira".

Dedilho estas sílabas sob a envolvente brisa da Serra das Matas, onde estou por dever de ofício. Aqui, no antigo Arraial da Telha, hoje Monsenhor Tabosa, nasceu em 07 de outubro de 1939, filho de Antônio do Vale Filho e Ignez Aguiar Vale, um jornalista de nome nobre e filiado à plêiade de Chateaubriand e Ruy: Sebastião César Aguiar Vale!

Em verdade, pouco tempo depois do seu nascimento, a família foi residir em Crateús, cidade que o acolheu como filho e à qual está sentimental e literalmente filiado. Na terra do Senhor do Bonfim, desfrutou os anos doirados da infância, brincando de jogar pião e castanha, pega-pega, “mãos ao alto”, pitéu recheado de cera de abelha e enfeitado com tampinhas de refrigerantes e muitas outras travessuras. Teceu o linho de inúmeras amizades nessas manhãs memoráveis e armazenou, na caixa de memória da alma, fatos que hoje recompõe nas páginas da Gazeta do Centro Oeste, noticioso que compila sob a linotipia do coração e que transformou no mais longevo periódico das tórridas plagas do Poty.

Discípulo de D. José Tupinambá da Frota no Seminário de Sobral, meditou por boa estação pelos pórticos eclesiais, onde apreendeu a sabedoria monasterial e se enamorou do Latim, cujas locuções essenciais acalenta com habilidade oracular. Serviu como acólito na Igreja Matriz de Crateús quando era vigário o Padre Bonfim. Com o desassombro de um bandeirante da fé, peregrinou muitas vezes na garupa da moto do meu parente sacerdote em incursões missionárias, visitas pastorais e, em especial, para levar aos enfermos o sacramento da extrema unção, costume da época. Por falar em moto, no vigor dos seus dezessete anos um trágico episódio testaria sua força e resistência. Atropelado por uma motocicleta na Praça do Mercado, próximo à atual Rádio Educadora, amargou pesado choque em uma das pernas, que foi fraturada em três partes. Encaminhado para Fortaleza, em 1957, ficou meses internado na antiga Policlínica sem conseguir a reabilitação. Para agravar a situação, os seus rins foram seriamente afetados por enormes cálculos renais. Teve que buscar auxílio médico no Hospital das Clínicas, na cidade de São Paulo, onde permaneceu por um ano. Nesse hospital, enfrentou duas cirurgias: uma nos rins - que lhe deixou uma marca permanente - e outra na perna fraturada, inclusive com enxerto no calcanhar. Como um indomável guerreiro, de tudo se reergueu altivo para sorver o cálice da superação.

Em Fortaleza, onde se estabeleceu depois dessa batalha, laborou por muitos anos em atividades comerciais e se bacharelou em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará. Seu pendor jornalístico reluziu nas páginas do renomado Jornal O Povo.

Desde que retornou a Crateús, com um cetro de bravura, resistência e heroísmo mantém de pé o Jornal GAZETA DO CENTRO OESTE, circulando quinzenalmente pelos mais longínquos rincões da nossa pátria verde-amarela, azul e branca. Já enfrentou pesadas tempestades. Sua pena, não raro, vira uma peixeira afiada para lavar a honra da cidadania aviltada ou uma simples palha de carnaúba, que desdenha com incomparável ironia a arrogância fútil dos espíritos medíocres.

Degustador de vinhos e livros, aprecia a boa prosa e o convívio fraterno, sobretudo com a família. Do primeiro enlace matrimonial com Leda Montenegro Vale (in memorian), é pai de Maria Tereza, Claudio César e Danielle. Com Leudinha, atual esposa, rejuvenesceu o coração ao ver nascer Tereza Danielle, que enche de enlevo o cotidiano do casal.

Ave, César, militante da audácia, imperador da fortuna que a traça não corrói, atleta que conduz a pira olímpica do jornalismo combatente, oleiro que manuseia a argila preciosa do pensamento libertário, talentoso escriba das sílabas independentes! Ave, César, conserva teu reino: uma invisível gleba de terra, escriturada em papel real e virtual, que acolhe o brado do mundo e faz germinar jitiranas de luz!

(Júnior Bonfim, em 2009)

domingo, 6 de outubro de 2013

MANIFESTO DE FILIAÇÃO DEMOCRÁTICA DA REDE AO PSB

“Os partidos Rede Sustentabilidade e Partido Socialista Brasileiro decidiram neste sábado, 5 de outubro, formar uma coligação política e eleitoral em torno de um programa para a disputa das eleições de 2014.

Ambos os partidos reafirmam a legitimidade da integridade e da identidade partidária do outro.

Nas circunstâncias criadas por recente decisão da Justiça Eleitoral, o caminho para construir essa coalizão é a filiação democrática e transitória das lideranças e da militância da Rede ao PSB. A filiação democrática e transitória é uma tradição brasileira nas situações em que correntes políticas são impedidas de se organizar formalmente e de participar com sua própria legenda dos processos políticos e eleitorais.

O objetivo central da aliança entre o PSB e a Rede é aprofundar a democracia e construir as bases para um ciclo duradouro de desenvolvimento sustentável, os dois pilares da verdadeira soberania nacional.

A luta da sociedade brasileira tem alcançado importantes conquistas nas últimas décadas: a redemocratização, a estabilidade econômica, a redução das desigualdades sociais. A única forma de manter e aprofundar essas conquistas é avançar. Por isso estamos unindo forças para apresentar uma alternativa ao Brasil.

A convergência programática entre a Rede e o PSB, que será desdobrada num calendário apropriado, é uma contribuição para superar velhos hábitos e vícios da política brasileira. Chegou a hora de a política ser colocada a serviço da sociedade e de o Estado ser finalmente comandado pelo povo brasileiro.

O ato político de hoje é o início de um processo. A aliança entre PSB e Rede será construída de baixo para cima nas escolas, locais de trabalho, municípios, Estados, no diálogo permanente e democrático com as organizações da sociedade.

Esse é o nosso compromisso.”

ARCO E FLECHA - POEMA DE MARINA SILVA

Do arco que empurra a flecha,
Quero a força que a dispara.
Da flecha que penetra o alvo
Quero a mira que o acerta.

Do alvo mirado
Quero o que o faz desejado.
Do desejo que busca o alvo
Quero o amor por razão.

Sendo assim não terei arma,
Só assim não farei a guerra.
E assim fará sentido
Meu passar por esta terra.

Sou o arco, sou a flecha,
Sou todo em metades,
Sou as partes que se mesclam
Nos propósitos e nas vontades.

Sou o arco por primeiro,
Sou a flecha por segundo,
Sou a flecha por primeiro,
Sou o arco por segundo.

Buscai o melhor de mim
E terás o melhor de mim.
Darei o melhor de mim
Onde precisar o mundo.

(Autoria: Marina Silva)