sexta-feira, 21 de outubro de 2011

MISSANTA BONFIM - 91 ANOS!

Peço desculpas antecipadas pela ausência de postagens neste final de semana. Vou me deslocar para o sossego do recanto em que nasci, ainda sem internet (graças!). Resolvi fazer uma pequena pausa para abraçar minha nonagenária vovó, Missanta Bonfim.

Ano passado, quando ela celebrou noventa outubros, a família se reuniu e lhe brindou com uma glamourosa festa. Este ano ela não quer festa, nem glamour. Apenas a presença da família e os fluídos do amor.

Aproveito para recolocar a crônica que lapidei há um ano... Incrível é o que o milagre se repetiu: o tempo, mais uma vez, mudou. A temperatura está amena. E ela, serena!... Fenômeno de quem descobriu o segredo da vida plena. Parabéns, minha vó, meu emblema!


Os meses do ano coroados com a sílaba “bro” costumam ser bafejados, no sertão do Ceará, com os mais elevados índices de temperatura. Invariavelmente ao redor dos quarenta graus.

No dia 23 de outubro deste 2010, no entanto, a fazenda Mondubim, que dista 23 quilômetros da cidade de Crateús, amanheceu sob a surpresa do afago de um clima ameno. Um cenário agradável – caracterizado por uma combinação de pausa na inclemência solar com a gratuidade do céu espargindo delicados fios de água – como que convidava as pessoas a dar graças à vida ou compartilhar a boa prosa no largo alpendre da fraternidade!

Essa dupla alteração no horizonte sertanejo e no coração das pessoas, para os membros da minha veia familiar, foi obra da nossa matriarca: Missanta! (Sua filha Toinha havia profetizado: - “Nós já sabemos que a mamãe é santa. Para que os outros tenham essa certeza, só falta um milagre: chover no dia do aniversário”. E choveu!)
Missanta! Esse prenome íntimo, carinhoso apelido familiar, obra dos seus genitores e produto da junção litúrgica de missa e santa, incorporou-se à sua doce figura e substituiu o nome de batismo: Raimunda Rodrigues Bonfim.

A Vó Missanta - Tia Santa para a grande maioria – celebrou seus 90 (noventa) outubros sob o conforto de todos os filhos vivos, netos, bisnetos e demais componentes de seu imenso arvoredo genealógico. Durante estas nove décadas só residiu em duas casas: o habitat de nascimento, na localidade Lagoa das Pedras dos Rodrigues, e o lar do Mondubim, um casarão de calçada alta e teto trabalhado com arte, para onde se mudou após ter trocado aliança com José Moreira Bonfim (o Têtêro), no dia 29 de junho de 1939. (Aliás, a medida da aliança foi feita em um pedaço de pano, pois antes de casar minha avó nada havia colocado entre os dedos).

A trajetória de Missanta Bonfim está vinculada aos eflúvios superiores do Espírito. Viu o sol do mundo pela primeira vez às 14:00 horas de um dia de sábado: 23 de outubro de 1920. (Quem nasce em dia de sábado é regido por Saturno e conhece o sentido do tempo, a paciência, a sabedoria, o amadurecimento. Tem a graça de viver sob o impulso abençoado de uma vida laboriosa).

Seis homens e quatro mulheres vieram à terra através do seu ventre. Criou doze filhos: José Maria Bonfim, Sebastião Bonfim Neto, Rosária Rodrigues Bonfim, Josefa Rodrigues Bonfim (Zezé), Domingos Rodrigues Neto, José Itamar Bonfim, Antonia Rodrigues Bonfim (Toinha), Manoel Fernandes Bonfim, Lauro Rodrigues Bonfim, Maria de Lourdes Rodrigues Bonfim, Francisco Stênio Bonfim e Antonio Luiz dos Santos.

Por inevitável, saboreou frutas amargas. Carregou nos ombros maternais o peso da humana cruz e sentiu no peito as pedras cortantes da longeva caminhada. Teve que colocar na nave que leva os seres para a estação da outra dimensão, além do próprio cônjuge, três filhos: Lauro, Manoel e Rosária. Deles se recorda diariamente.

Porém, continua Missanta. Desfila, na passarela do convívio, com a elegância discreta de uma miss e a radiosa alma de uma santa. Mantém, no acolhedor terreiro do coração, uma permanente fogueira de espiritualidade como que a fazer contraponto à redução de temperatura gregária.

Sem embargo é por isso que coleciona, no anonimato de sua saga pessoal, feitos admiráveis. Aos noventa anos, Missanta Bonfim mantém o sorriso nos lábios e conserva hábitos incomuns para os da sua idade: levanta cedo, administra a própria casa, monta na garupa de uma motocicleta, brinda e sorve com alegria um copo de cerveja ou uma taça de vinho, se alimenta sem qualquer restrição e aceita sem pestanejar os constantes convites que recebe para participar dos mais variados eventos. Vive tranqüila e intensamente. É serena e afável, pacífica e bondosa!

Indaguei-lhe qual o segredo de viver em paz consigo mesma. Ela me respondeu: - “Meu filho, nunca deixei que as preocupações tomassem conta de mim. Não é que não me preocupe. Mas, se uma coisa é inevitável, nunca deixo que ela perturbe demais a minha cabeça. E toco a vida prá frente”.

Nunca deixar as preocupações tomar conta da gente – ou seja, relevar, perdoar, viver em sintonia com a consciência - é o principal segredo, a lição essencial de uma nonagenária criança que exibe o invisível diploma de PHD na Universidade da Existência. Parabéns, Vó Missanta!

(Júnior Bonfim)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

SESSÃO ESPECIAL EM HOMENAGEM A CRATEÚS

Pela primeira vez em sua história, a cidade de Crateús será homenageada com uma sessão especial na maior Casa Legislativa do País.

O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, aprovou requerimento do deputado, João Ananias(PCdoB-CE) para realização de sessão solene em homenagem aos 100 anos do Município de Crateús.

Essa sessão acontecerá no dia 07/11, às 10h00, no Plenário da Câmara dos Deputados com transmissão pela TV Câmara para todo o Brasil.

Convidamos a colônia cearense para participar desse memorável evento. O gabinete do deputado, João Ananias, está à disposição para mais informações.



Atenciosamente,

Edmar Soares - Jornalista

8119-8813 - 8142-8301

Gabinete Deputado Federal João Ananias

(61) 3215-5303

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

CONJUNTURA NACIONAL

A sinfônica mineirice

Zé Abelha registra em Mineirice, um dos seus imperdíveis manuais sobre os mineiros, este anúncio, veiculado no INFORME JB, de 1975. "A Orquestra Sinfônica de Belo Horizonte precisa dos seguintes músicos: cinco violinos, três altos, três violoncelos, dois contrabaixos, uma flauta, um trompete e um trombone. Paga de quatro a cinco mil cruzeiros por mês, 13 vezes ao ano. Custeia a passagem até a cidade e a instalação profissional. Assina contrato de dois anos. Não se pode garantir que a direção da Orquestra, em Minas, garanta tudo isso a músicos brasileiros. No entanto, é certo que o faz para músicos franceses, segundo anúncio publicado no Le Monde do dia 7 de janeiro (1975). Caso a Orquestra mantenha as condições para nacionais, tudo bem. Do contrário, recomenda-se aos interessados que sigam para Paris, onde devem apresentar suas candidaturas na Embaixada".

Reforma ministerial

Ganha força a reforma ministerial que a presidente Dilma intencionaria fazer entre o fim do ano e o início de 2012. Os eventos negativos responsáveis pela queda de ministros e a continuidade de episódios e denúncias, desta feita envolvendo o Ministério do Esporte, embasam a tese reformista. À primeira leitura, a presidente Dilma gostaria de promover uma reforma mais profunda, tratando de fusão e/ou integração de pastas. É muito alto o número de ministérios: 38. Chegará a 39 com a criação do Ministério da Pequena Empresa. Trocar nomes, apenas, não seria suficiente para alavancar o segundo momento do ciclo Dilma.

Nomes mais técnicos

Será muito difícil compor um Ministério com nomes exclusivos das áreas técnicas, quando se sabe que o mando político-partidário é fundamental para a sustentação do governo na esfera congressual. Mas a presidente, conforme se conversa nos bastidores, estaria interessada em nomear perfis de índole mais técnica, mesmo com o carimbo político de indicação dos partidos. Dilma pensa em ter uma equipe mais homogênea, capaz de interagir em projetos integrados. Com raras exceções, as pastas são espaços fechados, sob domínio dos partidos e de algumas lideranças. Parcela acentuada das fogueiras que queimam a imagem de ministros é acesa com a ajuda de gravetos amigos.

Reforma política

O vice-presidente da República, Michel Temer, mostra o caminho para viabilizar a reforma política: um plebiscito em 2014. Com o conhecimento que detém - foi três vezes presidente da Câmara e é presidente do maior partido brasileiro (PMDB) - Michel propõe que a reforma passe pelo crivo popular. Enaltece as missões cumpridas por Ronaldo Caiado, Miro Teixeira e Henrique Fontana - deputados que deram grande contribuição ao escopo da reforma política, por meio de suas ideias aos projetos que tramitam na Câmara - e aponta o impasse de uma reforma que, para muitos, funcionaria como um tiro no pé dos congressistas. Para tirar dúvidas sobre tipologia do voto - distrital, distritinho, distritão, distrital misto - financiamento público de campanha, cláusula de barreira, etc., a proposta precisaria receber o endosso da sociedade. Ante o caráter Federal da reforma, é lógico que o plebiscito seja feito por ocasião de um pleito Federal, ou seja, em 2014. Muito bem argumentada a tese.

Campanha emblemática

O palco mais fosforescente de 2012 será o da capital paulista. Pois em São Paulo, desenvolve-se a mais contundente polarização entre PT e PSDB. Não é a toa que Lula quer impor seu candidato - o ministro da Educação, Fernando Haddad - e os tucanos, sob comando do governador Geraldo Alckmin, pretendem escolher o seu sob o critério de maior viabilidade eleitoral. Ora, não há um grande candidato tucano. Os maiores nomes são os de José Serra e Aloysio Nunes Ferreira. Ambos rejeitam a hipótese da candidatura à prefeitura. Marta Suplicy, com seus 30% de intenção de voto, não desiste e irá às prévias petistas, desafiando Lula. Ganhará? Pouco provável.

Quatro filhos

"Quatro mães muito formosas geram quatro filhos muito feios. A verdade pare ódio; a prosperidade, orgulho; a familiaridade, desprezo e a segurança, perigo". (Padre Manuel Bernardes)

Briga dos royalties

A briga pelos royalties do petróleo se acirra. Clima emocional envolve todos os atores, os chamados "Estados produtores e não produtores". A União não aceita reduzir sua receita de participação especial de 50% para 40%. Os Estados não produtores esperam que o relatório do senador Vital do Rêgo (PMDB/PB) seja aprovado. Se a confusão aumentar, a situação poderá ser decidida pelo STF.

Caras novas

Ou seja, o candidato do PT deverá ser mesmo Fernando Haddad. O PMDB já escolheu como seu candidato, o deputado Gabriel Chalita. O PTB vai de Luiz Flávio Borges D'Urso. O PDT acena com o nome de sempre - Paulinho da Força. O PC do B, com o vereador Netinho de Paula. Celso Russomano, que saiu do PP e entrou no PRB, deverá sair por este partido. E o PSDB? O secretário da Energia, José Aníbal, teria condições de ganhar as prévias. Mas o PSDB não fecharia totalmente com ele. O nome que pode desequilibrar o jogo é o de Guilherme Afif. Com boa visibilidade e um portfólio de muitos votos. Sairia pelo PSD de Kassab. Alckmin e o prefeito acenam com uma aliança. Ocorre que PSDB, com tempo de mídia eleitoral, só faria acordo caso conseguisse a cabeça de chapa, cedendo a vaga de vice ao PSD, que não dispõe de tempo de rádio e TV.

Acordo Sescon e OAB/SP

A OAB/SP firmou ontem acordo de cooperação mútua com o Sescon/SP em benefício dos jovens profissionais de ambas as entidades. "O Sescon tem sido um parceiro e nunca nos faltou nas grandes jornadas que caminhamos juntos. O objetivo dessa nova parceria visando os jovens é ressaltar que o futuro está em boas mãos e que o papel das instituições é trabalhar pela renovação", afirmou o presidente da secional da Ordem, Luiz Flávio Borges D'Urso. José Maria Chapina, presidente do Sescon, lembrou que a OAB/SP tem sido parceira fiel e aliada do Fórum Permanente do Empreendedor, que congrega dezenas de entidades. O presidente do Conselho Federal, Ophir Cavalcante, prestigiou o evento. A parceria foi assinada também pelo presidente da Comissão do Jovem Advogado, da OAB/SP, Gilberto Rodrigues Porto, pelo vice-presidente de Desenvolvimento, Sérgio Approbato Machado Júnior, e pelo presidente da Comissão do núcleo dos Jovens Empresários, Eduardo Serbaro Tostes.

Meu Sergipe

Augusto Franco, governador, estava no aeroporto do Galeão, quando uma aeromoça da Varig, reconhecendo-o, jogou a pergunta:

- O senhor é o Dr. Augusto Franco, de Sergipe?

- Não, minha filha, Sergipe é que é de Augusto Franco.

(Da verve do Sebastião Nery)

PT, mais próximo?

Se não houver acordo entre PSD e PSDB, o que poderá ocorrer? PSD vai procurar outros partidos para fazer aliança e, assim, garantir mídia eleitoral. PSDB, idem. Quanto maior o número de candidatos, tanto melhor para o PT. Que é a sigla que alcança maior união eleitoral. O PT começa, sempre, com históricos 30% de votos. Esse índice lhe garantiria o ingresso no segundo turno. E, com o governo Federal funcionando como escudo e emblema, não seria difícil para o PT arrumar um grande acordo para o segundo turno. Claro, essa hipótese leva em consideração a maior dificuldade do PSDB em estabelecer alianças. A orquestra tucana será conduzida pelo maestro Alckmin. Resumo da ópera: o PT terá, em 2012, maiores chances que em pleitos passados. São Paulo é a sonhada cereja do bolo petista.

Ministério do Esporte

O ministro Orlando Silva tomou a iniciativa adequada ante as denúncias que o envolvem: pediu urgente apuração do caso pela PF e PGR. E se dispõe a ir à Comissão de Ética Pública da presidência da República. Na Câmara Federal prestou depoimento. "Coloquei meu sigilo fiscal, bancário e telefônico à disposição. Eu sei qual meu compromisso ético. Da mesma maneira que fiz questão de impetrar a abertura de apuração para desnudar tudo o que está escrito na reportagem". Disse mais: "Creio que é uma ameaça grave à democracia tentar desqualificar a história de um partido. Por isso quero rechaçar a segunda acusação de que há qualquer tipo de esquema para beneficiar um partido político". Vamos ver, agora, os desdobramentos.

Segurança privada

Empresários do setor de segurança privada realizarão um encontro, quinta e sexta desta semana, por ocasião do VII Fórum Empresarial de Segurança Privada do Estado de São Paulo (FESP), em Bragança Paulista/SP - com o objetivo de discutir a atual situação do mercado de segurança privada, as tendências e os problemas inerentes ao setor. "Autoridades e especialistas debaterão as questões jurídicas, trabalhistas e operacionais, com ênfase para a aprovação do Estatuto da Segurança Privada, que prevê uma regulação maior", explica João Eliezer Palhuca, vice-presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo (Sesvesp), organizador do evento.

Terceirização evolui

Pesquisa feita pelo Sindeepres, o maior sindicato brasileiro, que reúne trabalhadores terceirizados, mostra que a remuneração média dos terceirizados era de R$ 972,40, em 2010. Em 1985, era de R$ 544,10. O número de terceirizados subiu, em média, 11,1% ao ano entre 1985 e 2010. A quantidade de empresas teve aumento médio de 16,4% ao ano no período. O mercado paulista possui 700 mil terceirizados contratados. Desse total, o Sindeepres representa cerca de 200 mil, abrigados em mais de dez categorias. "A falta de regulamentação dificulta a solução dos problemas de relações trabalhistas precárias que ainda existem no ambiente da terceirização", diz Marcio Pochmann, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que realizou a pesquisa. "Melhores condições de trabalho, controle do número de horas de serviço e salários mais altos fazem parte das reivindicações dos trabalhadores terceirizados", defende Genival Beserra Leite, presidente do sindicato.

Mário Sérgio

Mário Sérgio Cutait, ex-presidente e membro do Conselho do Sindicato Nacional da Indústria da Alimentação (Sindirações) e atual presidente da FeedLatina (Asociación de las Industrias de Alimentos para Animales de America Latina y Caribe), foi eleito para o cargo de presidente da International Feed Industry Federation - IFIF. A eleição ocorreu há duas semanas, em Roma, e o mandato é de dois anos. Ao ocupar este cargo, Mário Cutait enfrentará importantes desafios impostos pela indústria mundial de alimentos, a partir da elevação dos padrões de qualidade.

Marketing eleitoral

Questões importantes que deverão florescer no jardim do Marketing Eleitoral de 2012 : Campanhas serão municipalizadas ou tendem a receber inputs Federais? Micropolítica - política das pequenas coisas - ou macropolítica, temáticas abrangentes? O discurso da forma (estética) suplantará o discurso semântico? Campanhas privilegiarão pequenas ou grandes concentrações? Qual será o papel das entidades de intermediação social (associações, movimentos, sindicatos, Federações, clubes, etc.)? Telegráficas respostas: 1) Ambiente geral - estado geral de satisfação/insatisfação - adentra esfera regional/local (temas locais darão o tom, mas a temperatura ambiental será sentida); 2) Micropolítica, escopo que diz respeito ao bolso e a saúde, estará no centro dos debates; 3) O discurso semântico - propostas concretas e viáveis - suplantará a cosmética; 4) Pequenas concentrações, em série, gerarão mais efeito que grandes concentrações; 5) Organizações sociais mobilizarão eleitorado.

O coice do jumento

Sócrates caminhava tranquilo quando um atrevido descomedido lhe deu um coice. Estranharam alguns a paciência do filósofo, que arguiu:

- Pois eu que lhe hei de fazer, depois de dado o coice?

Responderam:

- Demandá-lo em juízo pela injúria.

Replicou:

- Se ele em dar coices confessa ser jumento, quereis que leve um jumento a juízo?

(Padre Manuel Bernardes)

Conselhos aos partidos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado ao governador Sérgio Cabral. Hoje, sua atenção se volta aos partidos:

1. Procurem, desde já, mapear e estudar as questões municipais - demandas, gargalos, obstáculos, soluções - para o planejamento do discurso de seus candidatos nos 5.564 municípios brasileiros.

2. Elejam, dentre os temas estudados, entre 5 e 6 áreas prioritárias, que devem merecer atenção central. Esse será o vértice da Identidade dos candidatos.

3. Comecem, já agora em outubro/novembro, as tarefas de articulação/mobilização com vistas a parcerias, eventuais alianças, acordos, etc. Com início do mapeamento dos quadros locais para efeito de apuração do corpo de lideranças municipais.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

REPERCUTINDO A "CARTA AO EDUARDO"

Meu caro primo Júnior Bonfim, a generosidade de sua carta me deixou deveras emocionado. Não apenas por estar num momento de grande perda, mas suas palavras calaram profundamento meu coração.

Um grande abraço e meu obrigado.

Eduardo

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É isso Júnior, Eduardo é esse ser maravilhoso, digo isso porque, além de sermos parentes bem próximos, somos amigos de infância e fizemos o "terrível" Exame de Admissão ao ginásio no mesmo ano, fomos colegas de escola, quando depois ele partiu por esses mares sem fim e hoje a gente sempre está em contato, seja aqui ou em Brasília nos encontros da família.

Na semana que passou Eduardo sofreu uma separação: sua mãe, D. Mariinha partiu deixando muita saudade, mas uma família bem estruturada.

Ao nosso querido Eduardo, muita Saúde, Paz, Amor, Sucesso e Prosperidade, tudo o que pessoas boas e decentes merecem nesta vida.

Grande abraço a você Júnior e ao nosso Eduardo.

Postado por Gotardo Beserra Bomfim

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Agradecemos a diligente atuação do nosso querido Eduardo com as dificuldades da nossa familia, e nesse momento somos solidários ao momento de separação e saudade.

Sandra Estela Bonfim

OBSERVATÓRIO

Na solenidade de lançamento da Cordelteca Lucas Evangelista, na sede da Academia de Letras de Crateús, comentei com o vice-prefeito, doutor Mauro Soares, e com o ex-vereador Cleber Bonfim sobre a ausência de uma agenda diferente – que animasse um debate qualificado - para a próxima eleição municipal. Aquele me ponderou que, analisando os municípios da nossa região, Crateús ainda estava na frente dos demais. Penso, no entanto, que essa angústia quanto à qualidade do que vai ser inserido na pauta da campanha vindoura perpassa o coração de muita gente: afinal, para onde estamos indo? Qual o pensar estratégico que há sobre os principais desafios que inquietam o nosso povo? Ouviremos, mais uma vez, a surrada melodia da mistificação? Na falta de um norte claro, continuamos reféns dos ardis, das manobras e dos lances de astúcia. E eles já começaram.

O PMDB

Conforme anunciamos aqui na edição passada, o PMDB de Crateús saiu das dunas da situação e migrou de vez para as ondas tempestuosas da oposição. Qual, então, o desacerto cometido pelos estrategistas da situação que culminou com a perda do PMDB? Apostaram em uma cisão irreversível entre Eunício Oliveira e Domingos Filho. Acreditaram em demasia na suposta força de um neófito, o Deputado Estadual André Oliveira. Eunício conhece bem o potencial de Domingos. Embora saiba que ambos almejam o mesmo objetivo, sabe também que a relação histórica que construíram consolidou a certeza de que um é útil ao outro. Celebraram um pacto de boa convivência. E Eunício entregou o PMDB de Crateús para os amigos de Domingos. Sucede que essa situação episódica apenas trouxe à baila uma velha querela: a resistência de alguns políticos crateuenses, hoje abrigados nos gabinetes do poder local, ao nome de Domingos Filho. Por quê?

DOMINGOS FILHO

O que mais se argumenta como motivo para dissentir do vice-governador é que “Domingos Filho é de Tauá e vai levar tudo que conseguir para lá”. Ninguém diz que João Ananias é de Santana do Acaraú, que Gorete Pereira é de Juazeiro do Norte, que Guimarães é de Quixeramobim e que outros políticos votados e festejados em Crateús são oriundos de outras paragens... Esse argumento é apenas contra Domingos. Por isso é injusto. Ele luta por Tauá, sim. E deveria ser censurado se agisse de modo diferente. Porém, sempre se dispôs a dar o melhor de si por Crateús. Empenhou-se na viabilização das principais obras hoje em andamento no município. Mostrando ser um político desprovido de queixas ou rancores, convidou o Prefeito e seu staff para uma ida a Tauá, ocasião em que disponibilizou sua expertise tecnológica para que Crateús implementasse o Projeto Cidade Digital. Enfim, são inconsistentes as razões levantadas para que se alimente qualquer clima de hostilidade em relação ao ex-presidente da Assembléia. Aliás, isso é apenas uma manifestação de infantilidade política.

DOMINGOS FILHO II

Hoje, Domingos Filho não é apenas um dos mais expressivos nomes do universo público estadual. Ele é, pela posição que ocupa, o próprio curinga. A sucessão Alencarina passará pelo seu crivo. Primeiro da linha sucessória constitucional, com a desincompatibilização do governador para disputar outro mandato, Domingos terá nas mãos as principais pedras do xadrez político cearense. Por que, então, alimentar gratuitamente em Crateús uma atmosfera xenófoba em torno dele? Nossa terra sempre foi conhecida pela sua larga, às vezes ingênua e excessiva, hospitalidade. Se até aqueles que nunca fizeram por merecer experimentam nossa acolhida calorosa, qual a razão para denegá-la a um companheiro de lutas?

CANDIDATO

O cenário eleitoral crateuense para o próximo ano está marcado pela imprevisibilidade. Enquanto a situação já tem um nome definido – o Prefeito – e luta para resgatar a credibilidade arranhada pelos passos equivocados da gestão, a oposição se debate em torno de três desafios: construção da unidade, inovador plano de governo e candidato de visibilidade. O primeiro desafio deverá ser vencido brevemente. Um encontro de todas as forças de oposição deverá selar a unidade sonhada. Nessa esteira, se constrói o consenso em torno de um Programa de Governo, a partir da colaboração efetiva da inteligência local. A definição do nome é que complica. Historicamente, nos últimos anos as candidaturas surgiram sempre por definição de cúpula. O próprio Prefeito atual, Carlos Felipe, foi lançado pela primeira vez, em 2004, nessa mesma lógica: de cima para baixo. O PSDB, que sempre protagonizou essa postura, está fazendo uma auto-avaliação e propondo a inversão dessa lógica. Sugere que todos os que se propõem ser candidato sentem à mesma mesa, definam uma agenda de debates com a população e, ao final, como resultado da soma das mais diversas possibilidades discutidas, se chegue à definição do candidato. Para esse nome oriundo das bases é que seria solicitado o apoio da cúpula.

CENTENÁRIO

No próximo mês a cidade comemorará o seu centenário. Muitos conterrâneos estão se preparando para prestigiar o evento. A Academia de Letras de Crateús prepara, através de seus acadêmicos, um livro substantivo e rico em conteúdo que será lançado como o contributo da Arcádia para a efeméride.

PARA REFLETIR

“O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário”. (Steve Jobs)

(Por Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste)

CARTA AO EDUARDO


Meu primo Eduardo Paula Rodrigues:

Um pássaro virtual me trouxe a missiva em que narras a sucessão dos fatos que constituem tua árvore essencial. Minha primeira reação foi correr para o mar. Tua vida parece se resumir a uma corrida, após uma busca para conhecer o mundo através de uma inserção marítima. E hoje à tarde o mar, esse incansável viajante que nunca sai do lugar, me estimulou a te pedir vênia para dar publicidade a alguns detalhes da tua intimidade.

Confesso que desconhecia, oh sexto filho do Janjão e da Mariinha, o porquê do teu nome composto Eduardo Paulo. Eduardo porque nasceste em 13 de outubro, dia de santo Eduardo, o Confessor, penúltimo rei saxão da Inglaterra. Já o Paulo surgiu em homenagem a Paulo Sarasate, excelso líder cearense quando viestes ao mundo. No cartório, grafaram ‘Paula’ ao invés de Paulo.

Na infância fostes talhado para a fortaleza, sendo cúmplice da madrugada e acordando antes da aurora para beber o leite ‘mugido’, a fim de tanger o comboio de animais que transportava a água de beber em pipas de madeira.

Na sequencia, a cidade. Crateús. Febril, pulsante, desafiadora. O Externato Nossa Senhora de Fátima, a Escola da Dona Delite. E a inusitada recepção: o código do rigor, o estatuto da severidade, o puxão na orelha, o regimento da palmatória. Mas essa exigente etapa era condição sine qua non para a realização do sonho de todo estudante daquela agradável província: passar no exame de admissão do Ginásio Pio XII. Como “reprovar era um verbo proibido de se conjugar”, passaste.

Naquele final da década de 1960, o País sob o governo das armas, um anúncio te despertou a atenção: “Entre na Marinha e conheça o mundo”. Vislumbraste ali não apenas uma oportunidade de trabalho, mas a oceânica aventura de mudar de vida. E foi na Escola de Aprendizes Marinheiros, precisamente em 04 de junho de 1971, que enfrentaste o teu maior maremoto existencial: a perda do pai, aos 52 anos, vítima de acidente automobilístico.

Se a amplidão do mar tinha inicialmente te inebriado, o convés do navio te sufocava.

Desejavas um porto seguro, correr em terra firme, subir degraus na escadaria educacional, viver novas experiências. Aí, concursado do Banco Central, foste para o centro do País, a Capital da República. Tiveste a oportunidade de saborear o convívio poético com o tio-avô Alexandre Lucas, o maior condoreiro do nosso clã, que resolveu adotar o sobrenome Boquady - “Jatobá” em tupi-guarani – como uma forma de prestar reverência à nação indígena. Jamais esqueceste o gesto generoso de Jesus, filho de Lucas, ao te ofertar o indispensável apoio na condução do barco educacional, essencial para que pudesses aportar com tranqüilidade nessa ilha de excelência pública que é o Banco dos Bancos, regulador do crédito e do volume de dinheiro na economia.

Em Brasília, saboreaste a Ambrosia, o doce de divinal sabor, produzido pelo fogão de lenha do coração. Desposaste Antonia, que te deu a inteligente e radiosa Ana Paula, a mais velha, jovem discípula da deusa Thêmis e o promissor Lucas, o mais novo, em adiantado estágio de preparação para prestar o juramento de Hipócrates.

Quem enfrenta a procela, aprende a pisar com agilidade no espaço terreno. Por puro diletantismo, começaste a correr pelas ruas, como um hobby para recondicionamento físico, e viraste um maratonista de dimensão internacional, com atuação na famosa maratona de Nova Iorque e, por quatro vezes, na COMRADES, a ultra maratona da África do Sul, que ocorre desde 1921.

Porém, a incursão mais espetacular que registraste foi em direção às montanhas da bem-aventurança, praticando a filantropia nas ribanceiras da própria vazante familiar, presidindo a Associação Beneficente em Prol dos Portadores de Ataxia (ABPAT/DF), um lenitivo para o incômodo hereditário que inquieta vários parentes com dificuldades de coordenação motora.

Sei que amas a leitura, gostas de ouvir música e adoras pescar. Tens, porém, uma frustração: nunca aprendeste a tocar um instrumento musical. Ficai tranqüilo: tua trajetória é uma melodia à essência solene da vida!

(Por Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste e na Revista Gente de Ação)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

PARA REFLETIR

"A ginástica não é um agente materialista, mas, pelo contrário, uma influência tão moralizadora quanto higiênica, tão intelectual quanto física, tão imprescindível à educação do sentimento e do espírito quanto à estabilidade da saúde e ao vigor dos órgãos."

Rui Barbosa

domingo, 16 de outubro de 2011

HOJE É O "DIA DE STEVE JOBS" NA CALIFÓRNIA

O governador da Califórnia (oeste dos Estados Unidos), Jerry Brown, declarou ontem que este domingo, 16 de outubro, será proclamado o "Dia de Steve Jobs" em seu Estado, em homenagem ao cofundador da fabricante de computadores Apple, falecido no dia 5 de outubro.

Em um comunicado, Brown considerou que Steve Jobs "era um visionário californiano único em seu gênero e é normal que marquemos este dia (16 de outubro de 2011) em honra à sua vida e suas conquistas. Ele encarnou o espírito de um Estado (Califórnia) que o mundo inteiro observa para ver o que o futuro nos reserva".

Steve Jobs, falecido aos 56 anos, lutava contra um câncer há vários anos.


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Num discurso que se tem espalhado através das redes sociais, Jobs fala da vida, do trabalho e da morte. Sem preconceitos, num tom por vezes irónico e bem-disposto, o fundador da Apple quer passar uma mensagem de esperança aos milhares de alunos que o ouvem e que acabavam de se licenciar.

Através da sua história de vida – de ter sido dado para adopção, de ter desistido da universidade, a criação da Apple e a sua demissão ("Como é que pode ser despedido da empresa que se cria?", brincou) –, Steve Jobs mostra por que é que hoje é lembrado como "um grande homem", "um revolucionário", "um génio". A chave do segredo, para ele, é acreditar sempre. Ter fé, nunca desistir e fazer sempre o que se gosta.

"Quando olho para trás vejo que ter desistido da universidade foi a melhor coisa podia ter feito", contou Jobs, lembrando que assim pôde deixar de frequentar as aulas obrigatórias "que não serviam para nada" e passar a assistir às que mais lhe interessavam.

Da mesma forma, fala sobre o seu despedimento da Apple, garantindo que essa situação lhe permitiu começar tudo de novo: "Se não fosse assim, hoje não estaria aqui".

A última parte do discursou é dedicada à morte, "muito provavelmente a melhor invenção da vida". "Lembrar-me de que todos estaremos mortos em breve é a ferramenta mais importante que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas na vida".

"Quase tudo – as expectativas, o orgulho, o medo de falar, qualquer coisa – tudo desaparece quando estamos perante a morte", diz, lembrando o dia em que os médicos lhe disseram para ir para casa e tratar dos seus assuntos, dando-lhe no máximo seis meses de vida, uma situação que viria a mudar quando os médicos acabaram por descobrir que a sua doença era de um tipo raro, que podia ser curado.

"O tempo é limitado, não o deperdicem."


O DISCURSO COMPLETO


“Você tem que encontrar o que você ama.

Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos.

Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina.

Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: “Apareceu um garoto. Vocês o querem?” Eles disseram: “É claro.”

Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquilo.

Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.

Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.

Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.

Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.

Minha segunda história é sobre amor e perda.

Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.

E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses.

Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício].

Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.

A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.

E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.

Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.

Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.

Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.

Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.

Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.

Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para “preparar para morrer”. Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.

Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.

Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.

Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.

O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.

Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.

Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.

E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição.
Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.

Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.
Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:

"Continue com fome, continue bobo.”

Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.
Obrigado.”

Steve Jobs