quarta-feira, 18 de maio de 2011

CONJUNTURA NACIONAL

Mudou de nome?

Mariana, em Minas Gerais, já foi chamada de Roma brasileira. Terra de fé e de velhas igrejas. E cheia de placas com nomes engraçados nas ruas:

- Cônego Amando

- Armando Pinto

Cônego Amando era conhecido pela verve. Um dia, viajando pelo interior do município, uma de suas acompanhantes caiu do cavalo. Rapidamente ficou em pé. Meio sem graça, perguntou ao Cônego:

- O senhor viu a minha agilidade?

- Minha filha, respondeu, eu até que vi. O que eu não sabia é que tinha mudado de nome.

(Historinha de Zé Abelha em A Mineirice)

Palocci sob bombardeio

O ministro Antonio Palocci é o mais poderoso do governo Dilma. Assume o papel de um primeiro ministro: coordena tarefas, recebe demandas, acerta nomeações, leva nomes para presidente Dilma, enfim, é a barreira mais forte sob a qual se resguarda a presidente. E ainda se dispõe a auxiliá-la na árdua tarefa de fazer articulação com o Congresso, tarefa que dispõe de um ministro próprio, Luiz Sérgio, da Articulação Institucional. Essa introdução tem o objetivo de arrumar o argumento: quando o principal ministro é atingido por matéria jornalística de impacto, os estilhaços acabam caindo sobre a imagem do governo. E é o que está acontecendo. Palocci foi objeto de matéria de primeira página na Folha de S.Paulo, sob a abordagem de que aumentou seu patrimônio 20 vezes nos últimos 4 anos.

Fogo amigo?

O ministro Palocci, ao que se sabe, pode ter sido objeto de fogo amigo. Petistas se dividem em alas, grupos, facções, cada uma desejando ser mais poderosa que a outra. Aliados de outros partidos também querem ver o ministro fragilizado. Palocci é foco de tiroteio. Precisa explicar como conseguiu aumentar seu patrimônio. Consultoria dada por sua empresa, é o que alega para a CGU, a Controladoria Geral da União. Não é proibido um deputado ter uma consultoria. Contanto, que não preste serviços ao Estado para evitar tráfico de influência. A mídia quer saber a quem o ex-deputado prestou serviços. O ministro argumenta que tudo está documentado. O imbróglio implicará diminuição de força do chefe da Casa Civil? É improvável.

Efeitos

Sob bombardeio, Palocci vai carecer de apoio político para evitar idas ao Congresso Nacional e depoimentos que poderiam constrangê-lo e ao governo do qual faz parte. É o que as oposições pretendem. Como é sabido, elas estão sem poder, sem discurso e com as bases desmotivadas. Agora, pressentem a oportunidade de ressurgirem sob a bandeira de uma matéria com sabor de escândalo. Mas as bases governistas certamente não aprovarão a convocação do ministro. Elas, contudo, gostariam de compensação. Palocci precisa apressar e fechar o processo de nomeações de aliados, particularmente os políticos que não obtiveram sucesso no último pleito. Todo esse rolo chegará à mesa presidencial. Uma dúvida persiste: que "amigos" poderiam ter mais interesse em colocar Palocci na fogueira? Quem teria vazado as informações que chegaram aos meios de comunicação?

Genéricos variados

Eis mais uma faceta brasileira: os preços dos medicamentos genéricos podem variar até 986,96%. Resultado de uma pesquisa feita pelo PROCON em São Paulo.

Shadow cabinet? Besteira

Geraldo Alckmin nunca agiu de maneira açodada. Trata-se de governante de estilo moderado e que não aprecia causas e coisas polêmicas. Agora, porém, saindo um pouco de seu estilo conciliador, propõe a implantação de um shadow cabinet, ferramenta de inspiração britânica, e que se propõe, como um gabinete paralelo, a monitorar, avaliar, julgar, comparar e denunciar as ações do governo Dilma. Ou seja, Geraldo quer entrar na briga. Serra já entrou e usa as armas das redes sociais - textos com abordagem crítica - e Aécio ainda não encontrou o tom para fazer oposição. Ocorre que essa proposta de Alckmin parece velha. Porque já foi tentada outras vezes. E nunca deu certo. Por falta de fôlego de seus autores, motivação ou mesmo recursos para tocar um empreendimento, que demanda quadros especializados e estudos constantes. Por já ter visto esse acervo ineficaz, este consultor chega à conclusão: é besteira.

Cid provoca

O espevitado governador do Ceará, Cid Gomes, continua na sua jornada para demonstrar a "inépcia, incompetência e desonestidade" do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Cid participou nesse fim de semana de um rally na BR-222, que reuniu 100 veículos, em um protesto contra os buracos nas rodovias Federais. Ora, Cid faz parte da base governista. O mais estranho é que a presidente Dilma tenha chamado seu ministro para explicar as razões da querela. O ministro explicou e tudo ficou como "dantes no quartel D'Abrantes". Este consultor, avaliando o perfil gerencial, técnico e cheio de autoridade da presidente Dilma, imaginava que os querelantes logo iam se acertar. Errou em cheio. Racha entre aliados do governo, atenção, é sinal amarelo.

Brasil, 77 milhões

O Brasil tem 77 milhões de brasileiros adultos que não têm conta bancária. Fica atrás da China, Índia, Indonésia e Paquistão.

Quem subiu primeiro?

Pedro Aleixo, um dos mais matreiros políticos mineiros, era advogado brilhante. Criminalista de primeira. Em um processo de crime de sedução, a testemunha-chave sustentava a tese de que quase presenciara o defloramento contra a vontade da vítima, o qual teria ocorrido em um sótão. Aleixo liquidou o depoimento com uma pergunta à testemunha: Quem subiu primeiro a escada?

Tesoureira no júri

A tesoureira da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) nos Estados Unidos, Regina da Silva, vai à júri popular. Ela foi acusada, segundo o jornal O Globo, de falsidade ideológica, fraude e furto por causa de uma operação irregular de empréstimo no valor de US$ 22 milhões (cerca de 36 milhões de reais) feita em novembro em nome da igreja fundada pelo bispo Edir Macedo. Juiz Richard Carruthers decidiu que Regina deverá responder por 36 crimes.

Oferta milionária

Semana passada, a mídia noticiou mais uma oferta milionária, dessas que se multiplicam na esfera do showbiz e do jornalismo que provoca sensação: R$ 1,4 milhão mensais. Isso mesmo, por mês. Essa teria sido a oferta da TV Record a José Luiz Datena, contratado da Band e responsável pelas maiores audiências do canal. Como se recorda, Datena, ao sair da Record, em 2003, foi acionado pela emissora por quebra de contrato. De lá para cá, tem disparado críticas aos bispos do canal. A mesma TV Record bateu, pela primeira vez, a TV Globo durante o período matutino. Foi ontem. Fechou, na média, com 6,9 pontos contra 6,3 da Globo e 5,9 no SBT. Dados foram apurados da medição prévia minuto a minuto e foram calculados pela reportagem do UOL.

Obama, Bin Laden e economia

Obama ganhou novamente o respeito e a admiração dos americanos. A morte de Bin Laden contribuiu para resgatar os índices de aprovação popular. Mas não será esse fato que dará a ele vitória na campanha à reeleição. Mais uma vez, quem deitará o voto nas urnas será o PNBF, Produto Nacional Bruto da Felicidade, que começa com P de poupança, ou seja, dinheiro no bolso. A economia, estúpido.

Pleonasmo

Político tão esperto quanto simplório, Benedito Valadares era governador de Minas Gerais quando encontrou na ante-sala de Getúlio Vargas o ministro da Educação, Gustavo Capanema, que estranhou seus óculos escuros.

- É uma conjuntivite nos olhos - explicou Valadares.

- Benedito, isso é um pleonasmo! - reagiu o ministro, professoral.

Valadares ignorou a observação e entrou para falar com Vargas. O presidente também estranhou os óculos escuros. Ele reagiu:

- Presidente, o médico lá em Minas disse que era uma conjuntivite nos olhos, mas o Capanema, que quer ser mais sabido que os médicos, me disse que é um pleonasmo!

Em minha modesta interpretação penso que Benedito Valadares estava certo, existe outro lugar para dar conjuntivite, a não ser nos olhos?

Revendo jurisprudência

O TST decidiu rever 26 pontos de sua jurisprudência. Os ministros, tocados pelo espírito do tempo, pretendem estabelecer uma sintonia fina entre a obsoleta legislação trabalhista e a realidade do trabalho. Súmulas e enunciados do TST precisam ser atualizados, entre os quais questões atinentes à terceirização de serviços. Na esfera do trabalho, por exemplo, não há mais como distinguir o que é atividade meio e atividade fim. O que são atividades meio e fim em uma indústria automobilística, por exemplo? Nesse sentido, modernizar a súmula 331 se faz absolutamente necessária. O TST está de parabéns por querer trilhar os caminhos da realidade, evitando sair pelas curvas do passado.

Serra candidato?

A visão deste consultor é de que José Serra começa a balançar quando seu nome é posto no circuito municipal de 2012. Antes, não admitia discutir a proposta. Hoje, demonstra interesse em ouvir as análises. Serra acabará aceitando a pressão tucana, a partir do governador Geraldo Alckmin.

Vossa excelência é passional

Em Governador Valadares/MG, a sessão da Câmara corria normal, até o momento em que o líder da oposição se dirige a um opositor meio radical, que o aparteava:

- Vossa Excelência é passional.

O adversário, pego de surpresa, perguntou ao colega ao lado o significado de passional.

- Passional quer dizer bicha, diz o interlocutor em tom de gozação.

O quebra-quebra tomou conta do ambiente. Cadeiras foram jogadas no orador. Sessão suspensa. Quase saiu tiro. A turma do deixa-disso jogou panos quentes. Por via das dúvidas, a palavra passional foi riscada do vocabulário da Câmara.

O direito de casar

Adriana Galvão, presidente da Comissão da Diversidade Sexual da OAB/SP e advogada do escritório Approbato Machado, admite que recente decisão do STF acerca da união estável entre homossexuais foi um avanço, pois demonstrou que a legislação deve ser inclusiva. "A garantia dos direitos, independente da orientação sexual, deve ser assegurada". O casamento civil entre homossexuais depende da aprovação de PEC, de autoria do deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ). São necessárias 171 assinaturas para dar início à tramitação.

Primeira pesquisa em SP

Saiu a primeira pesquisa para a prefeitura de São Paulo. Feita pelo Ipespe/Diário, a pesquisa chama a atenção por alguns cenários apresentados. Marta Suplicy, no cenário número 1, sai na frente com 50% de intenção de voto. Mas Serra não aparece nesse cenário. O segundo cenário é com Aloizio Mercadante, que tem 37%. Também sem Serra. Chama a atenção os cenários 4 e 5. Nesses, Serra aparece na liderança, com 40%. O segundo lugar pertence a Aloizio Mercadante, com 35% no cenário 3 e 34% no cenário 4. O terceiro lugar é de Paulo Skaf, que aparece com 8%, superando Gabriel Chalita, com 6%.

PPS vai de Soninha?

A ex-vereadora Soninha poderá ser a candidata do PPS à prefeitura paulistana. E entraria no campo tucano no segundo tempo do jogo.

PC DO B com Netinho

Já Netinho de Paula, que tem 13% no cenário 1, disputando com Marta Suplicy, deverá reivindicar a candidatura pelo PC do B.

Zé Aníbal

O secretário da Energia, José Aníbal, que obtém 7% no cenário com Marta, 8% disputando com Mercadante e 15% no embate com Netinho de Paula, lutará para ser o candidato tucano caso Serra não tope entrar no jogo.

O deputado Marcelinho

Marcelinho Carioca vai assumir, amanhã, a vaga de deputado Federal no lugar do deputado Abelardo Camarinha, do PSB, que pediu licença da Câmara por seis meses. Marcelinho, do PSB paulista, diz à Coluna que está entusiasmado com a possibilidade de servir ao povo no parlamento Federal. E avisa que deverá ser candidato a vereador no pleito de 2012, porque será deputado Federal por um período curto.

Lunga aposentado

Esta Coluna tem o dever de comunicar que aposenta o personagem "Seu Lunga". Já faz um tempinho que a figura não aparece nesse espaço. Joaquim Santos Rodrigues vinha tentando há tempos por fim à fama de "homem mais zangado do mundo". Venceu a primeira batalha. A Justiça cearense proibiu um cordelista, Abraão Bezerra Batista, de usar o nome de Lunga em suas histórias. E a Coluna, mesmo lamentando, apoia a decisão do velho e engraçado amigo.

Conselho aos olimpianos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos parlamentares. Hoje, sua atenção se volta aos olimpianos:

1. Olimpianos, segundo Edgar Morin, sociólogo francês, são todos aqueles que habitam o Olimpo da Cultura de Massas. Ou seja, governantes, políticos, artistas de todos os naipes, reis, rainhas, príncipes, músicos/cantores/compositores, presidentes de grandes grupos, jogadores de futebol, técnicos de futebol, etc. Pois bem, tenham cuidado, Olimpianos, com as escadas da fama.

2. Vocês estão subindo nas escadas em direção ao Olimpo todos os dias e em momentos muito flagrados pela mídia : restaurantes, espaços públicos, corredores dos Palácios e dos Parlamentos, palcos, palanques, teatros, etc. E, em uma hora qualquer, em um espaço que vocês imaginavam ser recôndito e sagrado, são flagrados com a mão na botija. No dia seguinte, suas fotos estarão estampadas nos espaços midiáticos.

3. Portanto, senhoras e senhores olimpianos, cuidem-se: não corram nus atrás de camareiras e arrumadeiras de hotel; não façam propostas mirabolantes; não enfiem a mão na boca da botija. Vocês poderão ser picados por cobra venenosa. Lembrem-se do que ocorreu com Bill Clinton, na Casa Branca (com Mônica Lewinsky), Berlusconi, em sua mansão, (com Karima El Mahroug, a dançarina marroquina) e Dominique Strauss-Kahn (com a arrumadeira do Sofitel, em Nova Iorque).

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(Gaudêncio Torquato)

PROGRESSO

O espírito dionisíaco passou,
ébrio,
esfumaçado na poeira dos
minutos.
Mesmo o Apolíneo, gerador das
artes,
a buscar em si o equilíbrio e a
harmonia,
transpôs um umbral que elucida
a morte
e que explica a vida a renascer,
sempre.

As velhas Leis matemáticas que
divulgam
os segredos perdidos nas
memórias arcanas,
estipulam os preceitos, a
verdade face a face
desta evolução que é serena,
humilde e eterna.

Por um dever cumprido, de
patamar em patamar,
pela educação consciente em
firmeza e evolução,
Para onde converge a
humanidade? Espiritualidade!
Numa ciência lógica e precisa
em suas regras naturais:
A primeira e maior: caridade,
benevolência, compaixão
no ato da existência da vida que
não cessa, é fonte eterna.
A segunda, mas essencial e
meritória nesta longa
caminhada:
o renunciar das ilusões, pela
ânsia de plenitude e paz no Ser
Maior.

(Raimundo Cândido)

terça-feira, 17 de maio de 2011

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Brasília, temor e insatisfação

O estilo público da presidente Dilma tem sido muito elogiado, já quase em prosa e verso. O estilo privado, de "gestão de pessoas" e de abordagem política, nem tanto. Comenta-se na capital, em tom de queixa e revolta, a aspereza no trato com auxiliares, um certo fastio com a operação da política dos políticos e a demora no atendimento dos pleitos partidários. Diz-se que há uma certa soberba e arrogância pairando no Planalto, disfarçada nos eventos públicos. Foi por conta desse caldo de cultura que o governo esteve a minutos de sofrer sua primeira fervorosa derrota no Congresso, mais especificamente na Câmara, na votação do novo Código Florestal. Do PMDB ao PT, passando pelos aliados menos votados, havia uma disposição na noite de quarta-feira, quase madrugada de quinta-feira, de se votar contra as posições defendidas pelo governo. Bons contabilistas das coisas do Legislativo asseguram que a proposição mais ao agrado dos ruralistas do que dos ambientalistas teria cerca de 400 votos num total de 513. Velhas raposas dizem que, se o governo não ficar mais "simpático" a mesa pode começar a mudar. (Entenda-se por simpatia: nomear mais rapidamente os segundo e terceiros escalões, soltar mais verbas das emendas dos parlamentares e para os prefeitos e afagar deputados e senadores com gestos de carinho, recebendo mais, conversando mais com eles). O temor das broncas, para completar, geram, naturalmente, o temor de avançar decisões, de tomar a iniciativa sem consultar os oráculos nas mínimas coisas.

Só blábláblá, não

De uma experiente alma política, da base aliada: "O governo pensa que é espertinho demais e que leva a gente aqui somente no lero-lero. Ele está arriscado a sentir logo que aliado insatisfeito é muito pior do que esta oposição mambembe que está aí".

Estratégia de risco

Os operadores políticos do governo acreditam ter descoberto a forma para pressionar os ruralistas a apressar a votação do Código Florestal, aceitando as mudanças que os ambientalistas ainda querem fazer no relatório do deputado Aldo Rebelo, tido como excessivamente antiambiental - é que em 11 de junho termina a moratória para desmatadores concedida pelo presidente Lula. Daí em diante, quem está fora da lei fica sujeita a multas diárias, cuja repetição pode tornar os ônus para os proprietários. É fato. Mas é preciso saber se o governo terá força (ou determinação, ou coragem) para valer para punir quase 4 milhões de propriedades nessas condições, boa parte das quais trabalhadas por pequenos e microprodutores. É ameaça para não cumprir porque poderia criar um problema social e político de alta combustão. O governo está condenado a buscar um acordo rapidamente por um texto de algum consenso no Código Florestal ou então a prorrogar por mais um tempo a anistia a quem desmatou fora das regras.

Em ritmo de valsa

As divergências entre os partidos políticos na luta pela distribuição dos cargos Federais em Brasília e nos Estados, somada à disposição da própria presidente Dilma de tratar a questão com parcimônia e em câmera lenta, além de gerar insatisfações entre os parceiros, até no obediente PT, está provocando paralisações e até uma certa anomia em vários ministérios e órgãos oficiais. Há ministros que não conseguiram nomear até agora seus preferidos para áreas vitais de suas pastas, órgãos com interinos, órgãos comandados por pessoas que não sabem se vão continuar. Há casos de escolhidos para postos chaves que começaram a trabalhar sem a nomeação oficial, com mesa e cadeira na Esplanada dos Ministérios, e, depois de um bom período de atividade tiveram que sair porque o governo precisava do posto para outra composição política. Ainda há gente nesta situação desde janeiro. E Brasília assiste ainda, como na semana passada, a duas ou três posses importantes, com o governo às vésperas de entrar em seu sexto mês. A situação só é mais tranquila nas áreas em que houve uma continuidade e naquelas nas quais o novo ministro optou por manter a equipe passada. E não se trata apenas de ministérios de peso secundário. De fato, o fenômeno se dá em áreas ditas prioritárias. Na Saúde, por exemplo, somente nos últimos dez dias definiu-se os titulares da Anvisa e da Funasa. O que gera uma certa lentidão, quando não paralisa nas decisões desses organismos. Quem se sabe interino ou não tem certeza de que vai ficar por mais tempo, decide o menos possível, apenas toca o barco.

Tudo bem aqui fora

Em compensação, ao contrário do mundo político, que começou o governo com entusiasmo elevado e agora já está de crista baixa, no mundo real da economia e da sociedade, depois dos meses iniciais de desconfiança, o governo começa a ultrapassar o ceticismo vigente. Aumenta o número de agentes econômicos e formadores de preço que passaram a acreditar que a estratégia traçada para a política econômica, de combate gradual à inflação para não comprometer excessivamente o crescimento econômico, tem possibilidades de ser bem sucedida. Os dois próximos meses podem ser decisivos nesta retomada da confiança, a partir dos números da inflação, do desempenho real das contas públicas, da capacidade que o governo demonstrar de que vai continuar toureando as pressões políticas, e do desempenho da economia externa; esta última variável a grande incógnita do momento.

Hora imprópria

Por falar em economia mundial, tudo que não se queria agora é uma complicação no FMI, como a gerada por essa história do seu diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn. Os mercados ontem já refletiram negativamente a confusão, num momento em que a Europa volta a pisar em ovos e esperava do Fundo um anteparo para valer. Pode ficar tudo paralisado e incerto, ainda mais que já se abriu uma disputa perigosa pela vaga de Kahn.

"Conosco ninguém podemos"

No idos aos anos 1960, o escritor Sérgio Porto, na pele do seu alter ego Stanislaw Ponte Preta, o criador do Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o país), dando vazas a sua veia musical, compôs uma música que intitulou "O samba do crioulo doido". (Nome hoje politicamente incorreto. Deveria se chamar: "Samba do afro descendente com deficiência mental"). Stanislaw contava a história de uma sambista que, depois de anos chamado a compor sambas de enredo para sua escola de samba, com temas e personagens da história do Brasil, posto diante do desafio de falar da "atual conjuntura" delirou de vez, e entre outras sandices cantou o casamento de Tiradentes com a Princesa Leopoldina, lembrou a "proclamação de escravidão" e por aí afora. Um sucesso de bom humor, sem consequências. Pois foi este espírito do sambista inventado pelo criador do Febeapá (nada mais significativo aliás) que baixou nos autores de um livro, aprovado oficialmente, sobre Língua Portuguesa, que está sendo distribuído nas escolas públicas nacionais. O livro, em resumo, considera que falar (e escrever) sofra dos padrões da norma culta (não a norma complicada, a mais simples, mas gramaticalmente perfeita) não é errado, pode ser apenas inadequado. Assim, valem, por exemplo:

"Nós pega o peixe" - "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado"

E outras sandices. Ou seriam asnices? A obra faz parte do Programa Nacional do Livro Didático. Com tais conceitos, dá aval ao lema de um bloco carnavalesco no interior de Minas: "Conosco ninguém podemos". E torna norma culta um velho linguajar de alguns futebolistas menos letrados: "A gente faremos tudo para vencer nossos adversário". O Ministério da Educação andou um tanto fora do ar após seguidas trapalhadas no Enem. Mas voltou com tudo, no melhor estilo do Lalau Ponte Preta do Febeapá. Ao contrário do que diz certo jargão, nem toda ignorância é santa, nem inocente, pois manter as pessoas ignorantes e mal informadas é mantê-las atreladas à pobreza e fáceis presas do clientelismo político.

Crer para ver

Tucanos têm espalhado que chegaram a um acordo entre suas diversas correntes não só em São Paulo, entre os grupos de Alckmin e Serra. Como também nacionalmente, entre Aécio e Serra. São Tomé está a postos para conferir.

Ver para crer

A cúpula do PMDB, de público, garante que o partido está satisfeito com o desenrolar do governo. Parece que faltou combinar com as bases.

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(Por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PARA REFLETIR

Eu amo a minha liberdade, amo a honestidade das pessoas, não a considero uma virtude, mas sim, um compromisso.

Gosto de ter amigos, ainda que poucos, porém pessoas raras, incomuns, loucas de preferência.

Acredito no amor universal e nas pessoas que o exercitam, as demais ignoro e lamento!

[Clarice Lispector] Água Viva

REUNIÃO DA ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS

Caros Colegas da ALC,

No proximo dia 20 de maio, sexta feira, às 19:00h, na nossa Sede, realizaremos mais uma reunião de trabalho para tratar dos ultimos acertos acerca do nosso projeto de publicação sobre o Centenário de Crateus.

Na ocasião tambem trataremos da preparação de nossa Assembléia Geral para eleição da nova diretoria da Arcádia e tambem da eleição de novos membros para ocupar as cadeiras vagas da ALC.

Apresento-lhes a sugestão de que a Assembleia de eleição seja no dia 04 de junho, o primeiro sabado do mês, lembrando que a posse dos novos diretores será em 13 de junho.

É importante que os nomes a serem sugeridos a virem compor a ALC e submetidos para eleiçao na assembleia sejam levados ao conhecimento dos colegas ja no dia 20 proximo, para que constem do edital de convocação da assembléia.

Lembramos que os candidatos devem ser origentados a cumprirem os pre-requisitos para ingresso na arcádia e entregá-los na nossa Sede até o dia 28 de maio, o curriculo pessoal, memorial de seu patrono escolhido e copia de sua obra, publicada ou não. Todos os documentos exigido devem ser apresentados em tres vias, ou tres exemplares, no caso de publicação.

Saudações literárias!

Elias de França
presidente

COMENTÁRIO

Caro Junior,

justa e merecida a homenagem prestada ao querido amigo e irmão Eliel.

Abraços.

Sergio Moraes