quarta-feira, 17 de setembro de 2014

MARINA É UM PORTO SEGURO


Com o título “Marina é um porto seguro”, eis artigo do advogado Reno Ximenes. Para ele, a candidata a presidente da República pelo PSB é ruptura necessária no cenário onde predomina a polarização PT/PSDB. Confira:

A Marina é a síntese política dialética, decorrente do processo histórico da lapidação, entre os choques envolvendo PT e PSDB. É a necessária e natural ruptura de hábitos sistêmicos para começar um novo ciclo, do qual fará idêntico bem ao Brasil que fez Itamar Franco, FHC e o primeiro governo do Lula.

A sua liderança surge para banir as falsas dicotomias criadas, artificialmente, pelo maniqueísmo delinquente da política, que vendeu a ideia da polarização entre o PT e o PSDB, como únicos intérpretes dos reclamos sociais. A sociedade foi induzida a ter a ilusão de emulação, entre dois gêmeos bivitelinos, com semelhantes códigos genéticos, com aparências maquiadas para resultar no embuste da diferenciação.

A vida segue e os privilégios de alguns iconoclastas insistem em ficar. A ira ora criada contra a Marina vem da iminente destruição de uma safra política de frutos pobres, que teimam em não largar da árvore e caírem, naturalmente, ao solo, dando seqüência ao ciclo vital, característica também da política. Nessa luta de estigmas publicitários, nem o Aécio merece o fardo pesado e mentiroso fabricado pelo PT contra o PSDB, nem a Dilma, merece carregar a atual ojeriza social e unânime ao PT, por ululantes motivos justos. O PT está definhando, mais pela ganância de suas tendências internas, que fazem o partido sentar às mesas políticas com muita soberba e intransigência, já fatiando o bolo do poder do Estado como fosse um inventário familiar.

Inobstante a colaboração inequívoca do PT à inclusão social massificando um Programa Social, criado pelo decente senador Eduardo Suplicy, antes chamado Programa de Renda Mínima ou Tributação Positiva, os atuais males provocados pela atual gestão não podem ser desconsiderados.

Um Estado que exporta toda a sua matéria prima de qualidade; tem o serviço público como única esperança profissional da juventude, numa máquina pública em colapso; uma economia em recessão; a volta da inflação incontrolável que explodirá após as eleições; o abandono da indústria nacional; do empreendedorismo; da ciência e da tecnologia das Universidades e Centros de Pesquisas. Enquanto, a distribuição de títulos fajutos aos milhões de analfabetos funcionais; a pulverização de bolsas e bolsas assistencialistas, criando uma legião de inocentes indignos e dependentes, o que ainda propagam, parte do seu portfólio, irônico, de orgulhos políticos de um governo.

Os governos do PSDB não fizeram só mal ao Brasil, como recitado pelas esquerdas fascistas ou discursos iconoclásticos fajutos. A ruptura dos guetos e aparelhos públicos, tanto utilizado para sangrar o Estado pelas falsas esquerdas, sob o manto de dar ao público os prejuízos, e ao sindicalismo fascista o sorrateiro lucro, através do sarapatel emanado das veias do Estado brasileiro, foi uma corajosa quebra de paradigma.

A esperança cansou de esperar e acredito que o jargão submerge mais uma vez. A esperança vencerá o medo. As pesquisas falsas já estão sendo sintonizadas à realidade, para não desmoralizarem os seus institutos.

A Marina está na frente pela força da mudança efetiva, sem contar com o voto silencioso, dos heróis resistentes ao assédio moral em seus empregos e às falsas ameaças ao sustento de suas famílias.

O desespero provoca nas mentes humanas frágeis e acuadas, imprevisíveis impulsos e atos. O desesperado político usa as suas piores dores sofridas, sem nenhum escrúpulo, contra as ameaças de seus privilégios, sustentados na guarita do discurso fascista que tenta legitimar interesses privados e subjetivos através do sofisma, como se fossem interesses públicos e coletivos.

A proposta da Marina Silva em governar como o que há de melhor da política brasileira, surpreende os guetos e corporações. Há gente decente em todo canto, em toda profissão e em todo partido político. O engodo do argumento de se reivindicar serem pais da pobreza, não passa de mais uma falácia de quem quer viver as custas dos pobres. E, quando vejo, velhas raposas virando socialistas depois de velhos, lembrei da piada anônima, a qual assegura que socialismo é igual papeira ou cachumba, quando não dar na juventude, aleija!

É repugnante ver a dita esquerda brasileira, em forma de diversos crápulas, destilar o mais venenoso ódio e preconceito em direção a uma mulher tão digna e corajosa. Faz-se chantagens de serviços públicos e programas sociais, como se fossem patrimônio de um único partido.

Lembro de um estadista quando dizia que “devemos medir o sucesso dos programas sociais pelo número de pessoas que deixa de recebê-lo e não pelo número de pessoas que são adicionadas”.

Viva a decência! Convoco todo o Brasil de todas as cores e todos os partidos à aderirem, sem medo, sem preconceito, sem rótulos, à liberdade. Um viva à Marina!

* Reno Ximenes,

Advogado.

CONJUNTURA NACIONAL

O candidato 'Pato'

"Em setembro de 2009, fui a Campo Grande/MS fazer palestra sobre marketing político no 7º Encontro da União das Câmaras de Vereadores de Mato Grosso do Sul. Num grande auditório, havia mais de 500 assistentes. Eu sempre digo que posso falar sobre marketing político durante vários dias sem parar, pois acumulei 33 anos de prática em mais de 100 campanhas. Então, dou os fundamentos que norteiam o trabalho e abro perguntas para que temas específicos, de interesse daquela comunidade, sejam abordados. Um dos vereadores presentes fez uma pergunta que, mesmo localizada, tem muita abrangência e me permitiu criar nova definição. Ele contou que, na sua cidade, o candidato a prefeito do partido era do tipo "sabe-tudo". Sabia fazer a comunicação, sabia fazer os acordos políticos, sabia o melhor lugar para o comício, sabia escolher a música, sabia o ponto fraco do adversário, sabia o que dizer na entrevista, sabia. Veio a pergunta : 'Como agir com um candidato assim?'. Criei a definição na hora : 'Esse é o candidato-pato'. Age exatamente como essa ave. Sabe andar, mas anda mal, todo desajeitado, balançando o corpo grande. Sabe voar, mas voa mal, tem voo curto e raso, não voa alto, nem a longas distâncias. Sabe nadar, mas nada mal, não mergulha e não é rápido. Bota ovo, mas bota mal, pois o ovo é grande demais e muito pouco frequente. Foi uma gargalhada geral, pois o "candidato-pato" também é muito frequente, como o pato, que está nos quintais, mas também nos jardins e praças públicas. Como agir com ele ? Ah, eu levo na gozação e vou tocando, devagar e sempre, assim como se toca um bando de. patos ! Com a ave de verdade, pelo menos, há possibilidade de se fazer um confit de canard - delicioso prato francês no qual a ave é cozida em fogo brando. Meu marketing político é assim : sempre com alegria, sempre aprendendo, sempre inventando novidades". Grande Chico !

Mutantes em cena

O cenário político-eleitoral tende a mudar. Nas próximas duas semanas, teremos de analisar para onde irão migrar os votos de Aécio Neves. Os tucanos ainda apostam na "virada da razão", pela qual o senador mineiro resgataria sua pontuação de dois meses atrás. Quase impossível. O tempo é curto. Ademais, Dilma e Marina, em duelo aberto, praticamente ocuparam o tabuleiro de xadrez, garantindo, assim, a jogada final do segundo turno. Muitos apostam na migração de votos de Aécio para Marina. Este consultor acredita que eles se repartirão entre as duas candidatas.

Margens com Dilma

Os grupamentos e famílias que estão laçados pelo programa Bolsa Família, particularmente na região Nordeste, tendem a fechar com Dilma. São os beneficiários da equação BO+BA+CO+CA (Bolso, Barriga, Coração, Cabeça). No NE, Dilma tem cerca de 50% dos votos, margem que lhe dará força para suportar as urnas mais vazias no Sudeste. Assim, Dilma tende a ganhar um "voto de coração" mais denso que o voto para Marina.

Centro com Marina

Já os setores que habitam o meio da pirâmide tendem a se direcionar para Marina, principalmente no Sudeste. Em SP, a rejeição ao PT e, consequentemente, a Dilma chega a ultrapassar 35%. Nunca se viu índice tão alto. Mas Dilma também terá muitos votos das faixas centrais, principalmente junto aos bolsões do petismo, que adentrou forte nas estruturas governativas, a par da classe média emergente, tendente a dar também um voto de reconhecimento.

Por que a rejeição?

Por que a rejeição ao PT chegou a índices tão altos no pleito deste ano ? Porque o PT foi arrastado para a lama pelos escândalos que têm corroído a imagem de políticos e partidos. O PT está no centro das denúncias. Colhe os resultados dos eventos negativos que têm manchado a imagem do governismo. Para piorar, o prefeito Fernando Haddad, em pleno ano eleitoral, toma medidas antipáticas, a partir das decisões sobre avenidas e ruas, complicando o já congestionado trânsito de SP. É um cabo eleitoral do contra.

O rolo compressor

Este consultor sempre lembra a força do rolo compressor das máquinas governativas em final de campanha. Nesse caso, no segundo turno, Dilma ganhará um empuxo da máquina. São milhares de funcionários públicos que querem preservar seus empregos. São milhares de ativistas partidários nas bases. São militantes de outros partidos que, na reta final, costumam dar sangue para que seus candidatos (governistas) ganhem. Diante dessa hipótese, é possível dizer : Dilma conta com essa força a mais no frigir dos ovos.

Pendendo para Dilma

É até possível que parcela dos votos do tucano Aécio migre para Marina no segundo turno. Mas há de ser considerada a hipótese de integração dos partidos aliados de Dilma. No primeiro turno, por conveniências locais, muitos saíram da frente de apoio situacionista. No segundo turno, face ao pensamento restritivo de Marina sobre partidos, é evidente que alguns, desconfiados, tendem a se reunir sob o abrigo de Dilma. Ademais, a presidente tem boa vantagem em municípios de até 50 mil habitantes, reduto da velha política. Onde os partidos têm sua maior base. Mais um ponto de vantagem para a petista.

Bancada no Senado

A se confirmarem as tendências apontadas pelas últimas pesquisas, assim será o próximo Senado : PMDB, continuará com 19 senadores ; PT, de 13 passará para 14 ; o PSDB continuará com 12 ; o PSB sairá de 4 para 7 ; o PDT diminuirá de 6 para 3 ; o PR e o DEM poderão continuar com 4 ; o PTB sofrerá a maior queda, de 6 para 2 ; o PSC deverá ter 2 ; o PP poderá continuar com 5 ; o PSD tende a elevar de 1 para 2 ; o PSOL, o PC do B, o PPS, o PRB, o PV, o PROS, o SDD deverão, cada, ter 1 senador. Já o PMN e o PRTB não deverão ganhar representantes.

Governo e oposição

Se Dilma ganhar, deverá contar com uma bancada de cerca de 50 senadores ; Marina e Aécio contariam, juntos, com cerca de 30.

Na Câmara

Já a próxima legislatura deverá continuar com o PT e o PMDB liderando as duas maiores bancadas. O PT sonha em chegar a 100 deputados. Pode ter entre 85 a 90 ; e o PMDB deverá contar com cerca de 80 a 85. Mas o candidato com melhores condições (eleitorais) para presidir a Câmara será Eduardo Cunha, do PMDB do RJ, atual líder do partido na Casa.

Paulo Roberto na CPI

O que vai acontecer nesta quarta ? Paulo Roberto Costa irá à CPI mista que investiga a Petrobras. Mas não deverá dizer muita coisa. Sob pena de quebrar o sigilo da delação premiada. Confirmará os nomes de políticos por eles citados ? É mais provável que fique calado. A conferir.

Maluf sai ou fica?

O procurador-Geral eleitoral, Rodrigo Janot, encaminhou ao TSE parecer desfavorável à candidatura do deputado Federal Paulo Maluf (PP) nas eleições de outubro. Com base na Lei da Ficha Limpa, Maluf seria inelegível em face da condenação por ato doloso de improbidade administrativa que gerou enriquecimento ilícito e lesão ao patrimônio público.

Façam seus cálculos


O eleitorado brasileiro é de 142.783.995 eleitores. O Sudeste abriga 62.066.251, ou 43,47% do eleitorado ; o Nordeste tem 38.218.398 eleitores, ou 26,76% dos votantes ; o Sul tem 21.127.282 eleitores, ou 14,79% dos votantes ; o Norte abriga 10.794.131 eleitores, ou 7,56% dos eleitores e o Centro-Oeste tem 10.240.481, ou 7,17% dos votos. Teremos uma abstenção, votos nulos e brancos em torno de 20%. Façam suas contas, usando os números das últimas pesquisas. Na última, do Datafolha, Dilma avançou para 36%, enquanto Marina ficou nos 33%, empate técnico. No segundo turno, a candidata do PSB teria sete pontos de vantagem : 47% contra 43%. Mas Dilma conta com o rolo compressor da máquina.

24º EESCON

"Em busca de novos caminhos" é o tema central do 24º EESCON - Encontro das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo, considerado o maior evento do segmento empreendedor contábil de SP e o segundo maior do Brasil. Realizado a cada dois anos pelo Sescon/SP, sindicato da categoria, a abertura ocorre, hoje, quarta, no Campos do Jordão Convention Center, em Campos do Jordão/SP. Até 19/9 são esperados cinco mil visitantes, entre empresários, gestores e profissionais da área contábil. Haverá ainda feira de negócios, demonstrações e comercialização de produtos e serviços.

Agências: temporada de inverno ruim

Para 63% das agências de viagens e operadoras turísticas do Brasil, as vendas caíram durante a temporada de inverno deste ano, na comparação com o mesmo período de 2013, segundo pesquisa feita pelo Ipeturis - Instituto de Pesquisas, Estudos e Capacitação em Turismo, por encomenda do Sindicato das empresas de Turismo no Estado de São Paulo (Sindetur/SP). "Apontada por 46,4% dos entrevistados, a Copa do Mundo no Brasil foi o principal motivo para a queda nas vendas durante a temporada", destaca Marciano Freire, presidente do Ipeturis. Outros motivos que contribuíram para os baixos resultados foram : ano de eleições (8,5%), cenário econômico negativo no país (8,5%), preços altos das tarifas aéreas (7,5%) e a alta do dólar (5,2%).

CONETT 2014

Nos dias 25 e 26/9, a cidade de SP recebe empresários internacionais para o debate da terceirização e do trabalho temporário na América Latina. O CONETT 2014 é uma realização do Sindicato das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário de São Paulo (Sindeprestem). Local : Grand Mercure São Paulo Ibirapuera (rua Sena Madureira, 1355).

Até D. Orani ?

Meu Deus. Quanta violência. O cardeal arcebispo do RJ, D. Orani Tempesta, foi assaltado no bairro de Santa Teresa, na zona sul, na noite de segunda-feira, 15, por três homens armados. D. Orani estava acompanhado do motorista, de um fotógrafo e de um seminarista. Todos foram roubados. O arcebispo, embora não esboçasse reação, chegou a ter uma pistola apontada para a cabeça. Ele entregou aos assaltantes o anel cardinalício e o colar com o crucifixo peitoral. Ladrões levaram celulares, carteiras, relógios, uma câmara fotográfica, o paletó do motorista e até a batina do seminarista.

Lições de marketing

Discurso

Costumo bater nessa tecla. Muita gente se engana com a eficácia do discurso político. O discurso político é uma composição entre a semântica e a estética. O que muitos não sabem é que a eficácia do discurso depende 7% do conteúdo da expressão e 93% da comunicação não verbal. Esse é o resultado de pesquisas que se fazem sobre o tema desde 1960. E vejam só : das comunicações não verbais, 55% provêm de expressões faciais e 38% derivam de elementos paralinguísticos - voz, entonação, gestos, postura, etc. Ou seja, do que se diz, apenas pequena parcela é levada em consideração. O que não se diz, mas se vê, tem mais importância. Portanto, senhoras e senhores assessores dos programas eleitorais, anotem a informação.

10 linguagens de campanha

1. A linguagem da afirmação.

2. A linguagem da factibilidade/credibilidade.

3. A linguagem das pequenas coisas.

4. A linguagem da participação - o nós versus o eu.

5. A linguagem da verificação/exemplificação - como fazer.

6. A linguagem da coerência.

7. A linguagem da transparência.

8. A linguagem da simplificação.

9. A linguagem das causas sociais - os mapas cognitivos do eleitorado.

10. A linguagem da tempestividade/simultaneidade - proximidade (adaptado do meu livro Tratado de comunicação organizacional e política).

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

OBSERVATÓRIO

Nesta coluna homenagearemos com citações o filósofo Voltaire. Era ele que dizia: “Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males”.

Dois curiosos registros históricos.

1962. Marco da primeira articulação política para formação das grandes alianças partidárias no Ceará. As maiores agremiações políticas Alencarinas à época - UDN, PSD e PTN – se acasalaram em uma coligação chamada “União Pelo Ceará”, sob a chancela do governador Parsival Barroso. O líder do PTB,Carlos Jereissati, saiu candidato a Senador contra esse ‘esquemão’ e venceu a eleição. Pouco tempo após assumir o mandato, mais precisamente em 09 de maio de 1963, sofreu um enfarto e faleceu. Em seu lugar assumiu o suplente Antonio Jucá, médico cardiologista natural de Crateús.

1974.“Aonde a vaca vai, o boi vai atrás…”dizia o refrão da música do brega João da Praia. Foi fácil fazer a paródia: “Aonde o Mauro vai, o povo vai atrás.”O país, sob a égide de uma ditadura militar, tinha no Ceará um robusto exemplo do peso das fardas: três coronéis de patente mandavam no estado. César Cals, governador; Adauto Bezerra, deputado estaduale Virgílio Távora, Senador da República. César Cals estava em final de mandato e quis bancar sozinho a candidatura do engenheiro civil Edilson Távora, que vinha de quatro mandatos de deputado federal. Embora fossem primos, Edilson Távora era desafeto de Virgílio. Adauto também não via com bons olhos a candidatura de Edilson, porque era íntimo de César. Resultado: Adauto fez corpo mole, Virgilio passou a campanha fora do Ceará e Mauro Benevides, o candidato oposicionista do MDB, foi estimulado por debaixo dos panos a elevar o volume da música “Aonde o Mauro vai, o povo vai atrás.”Com 44 anos, e já considerado uma astuta raposa na floresta da política, Mauro foi eleito Senador.

TASSO E MAURO

A eleição para o Senado, no Ceará, tem sido ao longo do tempo colada à eleição de governador. Os protagonistas das exceções que confirmam essa regra foram, exatamente, os genitores de Tasso e Mauro Filho, os que lideram a corrida este ano. Tasso luta para repetir o feito do pai. Mauro Filho sonha manter o genitor como o último caso de eleição descolada para o Senado. No próximo dia 05 de outubro saberemos quem exibirá o diploma.

CAMILO E EUNÍCIO

A família Ferreira Gomes fez uma aposta arriscada: construiu uma chapa com três pessoas sem capital político próprio para uma eleição majoritária. Eunício, no início, achou que eles marchavam para o precipício. Ledo engano. Profissionais da política, trabalham com cálculo e estatítica. Fizeram Camilo, que não é camelo, passar pelo buraco da agulha e agulhar o concorrente. O páreo endureceu e haverá segundo turno. Agora, carregam as baterias em favor de Mauro Filho. Nenhum fio de amizade existe mais entre Tasso e os irmãos Ciro e Cid. Como dizia Voltaire: “A amizade é o casamento da alma e este está exposto ao divórcio”.

CAMILO E EUNÍCIO II

Esta eleição está levando inimigos históricos para o mesmo palanque. Em Novo Oriente, o doutor Airton, do PT, está unido a Nenen Coelho (PSD) pedindo votos para Camilo. Em Crateús, também. Ivan e Felipe, que se enfrentaram na eleição municipal, votam no 13. Porém, a convivência não está fácil. Em uma reunião no Clube Sargento Hermínio, Ivan e Domingos Neto foram hostilizados por militantes/simpatizantes ligados a Carlos Felipe e Mauro Soares. No comício de Camilo sexta-feira passada em Crateús, o fato se repetiu em relação a candidatos e lideranças que não estão no bloco da Prefeitura. Isso é inconcebível.“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”.(Voltaire) Como é que, em plena campanha, necessitando conquistar, se resolve afugentar? O Prefeito prometeu tomar providências. “Para ter sucesso neste mundo não basta ser estúpido, é preciso também ter boas maneiras.” (Voltaire)

CAMILO E EUNÍCIO III

Como sempre, a sucessão estadual influi na municipal. Camilo, em conversa com Ivan Claudino, disse que nos municípios onde dois eleitores seus estivessem se enfrentando, optaria pela neutralidade. Eunício eleito, apoiará um candidato do grupo que está com ele: Zé Almir, Paulo Nazareno ou um dos líderes do grupo de Genecias Noronha.“A maior parte dos homens é como a pedra do íman. Tem um lado que atrai e outro que repele”. (Voltaire)

AÇUDE FRONTEIRAS

Na tarde da quinta-feira passada, dia 11.09,houve audiência entre a Diretoria do DNOCS e o Ministério Público Federal oficiante em Crateús. Participaram Ivan Monte Claudino, diretor administrativo-financeiro;Laucimar Loiola, diretor de produção; Felipe Cordeiro, da Infra-estrutura; Francisco Arlem de Sousa, procurador do DNOCS, e a doutora Sara, procuradora do MPF. O tema foi o açude Fronteiras. De maneira proativa, a diretoria do DNOCS apresentou o projeto da obra, prestou as informações essenciais e já agendou reunião para o próximo dia 23 com o movimento dos sem terra e comunidades envolvidas/atingidas, visando prevenir eventuais litígios.“O ouvido é o caminho do coração”. (Voltaire)

CENTENÁRIA

Aumenta a quantidade de pessoas centenárias em Crateús. No próximo mês engrossará essa lista a viúva do senhor Edmundo Pinto, a lúcida e iluminada senhora Maria José Pinto. Os amigos e familiares organizam a comemoração. “O maior prazer que alguém pode sentir é o de causar prazer aos seus amigos”. (Voltaire)

PARA REFLETIR

“A leitura engrandece a alma”. (Voltaire)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste)

A RESSURREIÇÃO DA UTOPIA!


Admiro profundamente o músico brasileiro Milton Nascimento. Ele pertence a uma estirpe musical que soube aliar, com fulgurante talento, a boa música e o bom conteúdo. Letra e melodia se misturando em um baile de grandeza, itinerário telúrico, exercício reflexivo, eflúvio de excelência.

Dentre suas canções, tenho especial predileção por “Coração Civil”. Ela aborda um tema que me é caro: a utopia. Admiremos a letra, produto de uma parceria de Milton e Fernando Brant: “Quero a utopia, quero tudo e mais/ Quero a felicidade nos olhos de um pai/ Quero a alegria muita gente feliz/ Quero que a justiça reine em meu país/ Quero a liberdade, quero o vinho e o pão/ Quero ser amizade, quero amor, prazer/ Quero nossa cidade sempre ensolarada/ Os meninos e o povo no poder, eu quero ver
São José da Costa Rica, coração civil/ Me inspire no meu sonho de amor Brasil/ Se o poeta é o que sonha o que vai ser real/ Vou sonhar coisas boas que o homem faz/ E esperar pelos frutos no quintal/ Sem polícia, nem a milícia, nem feitiço, cadê poder?/ Viva a preguiça, viva a malícia que só a gente é que sabe ter/ Assim dizendo a minha utopia eu vou levando a vida/ Eu vou viver bem melhor/ Doido pra ver o meu sonho teimoso um dia se realizar”.

A Utopia – cujo berço etimológico é a união dos radicais gregos οὐ, ‘não’ e τόπος, ‘lugar’; portanto, o ‘não-lugar’ ou ‘lugar que não existe’ - tem como significado mais comum a idéia de um território ou mundo ideal, imaginário, fantástico – produto da usina de sonhos da mente humana. (O termo foi popularizado por Thomas More, pois serviu de título para uma de suas obras escritas em latim por volta de 1516. Segundo a versão de vários historiadores, More se fascinou pelas narrações extraordinárias de Américo Vespúcio sobre a recém avistada ilha de Fernando de Noronha, em 1503. Thomas More decidiu então escrever sobre um lugar novo e puro onde existiria uma sociedade perfeita.)

O fato é que sonho com a ressurreição da utopia na política. A cada novo prélio eleitoral – mesmo mirandoos astres e desastres da vida pública, as notícias desairosas, o alargamento das práticas depreciativas – renovo esse desejo de triunfo da boa política. Desejover no púlpito do debate eleitoral a imperiosa agenda da compatibilidade do desenvolvimento com respeito ao equilíbrio do meio ambiente. Desejo ver a higienização da prédica política. Palpita no ar uma necessidade premente: a importância cardeal da eliminação desse discurso tóxico da agressão mútua, sem conseguir ver mérito em nada docontendor; urge eliminar essa sanha irracional de se buscar destruir o outro, ter de desqualificá-lo.

Esse respeito pelo outro, embora suas idéias sejam absolutamente contrárias às nossas, é uma das principais facetas daquilo que se convencionou chamar de ética. Por que, nas disputas eleitorais, há que se recorrer ao desespero, ao vale-tudo, à máxima de que ‘em política, o feio é perder’? Em verdade, o feio – na política e na vida – não é perder uma batalha, mas abrir mão da trilha da correção, da construção de princípios, do culto aos valores essenciais.

Infelizmente, em quase todas as urbes do território nacional ainda prevalece esse modo corrosivo de agir político. Porém, impende questionar: - Por que, para me eleger, tenho que explorar os defeitos do outro ao invés de apresentar minhas qualidades?... - Por que, ao assumir o poder, tenho que seguir a mesma rota obsessiva de buscar desqualificar os antecessores?...

Nessas divagações lembro os faróis, as sentinelas altivas, os monumentos da dignidade, os memoriais do exemplo, como o americano Martin Luther King, que bradou: "Sonho com o dia em que a Justiça correrá como água e a retidão como um rio caudaloso. Eu tenho um sonho em que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma Nação onde elas serão julgadas não pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter".Ou a reflexão singela e generosa de Madre Teresa de Calcutá: "o mundo que Deus nos deu é mais do que suficiente para todos; existe riqueza mais do que sobra para todos. É só uma questão de reparti-la bem, sem egoísmo".Na mesma linha, a fala iluminada de Gandhi: "o caminho da paz é o caminho da verdade. Ser honesto é ainda mais importante do que ser pacífico. A mentira é a mãe da violência. Um homem sincero não pode permanecer violento por muito tempo".

Alguém pode dizer que isto é sonho, devaneio, utopia! Pode ser. Mesmo assim, prefiro seguir na mesma estrada de Eduardo Galeano: “A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste)