quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CRUZ NA BEIRA DA ESTRADA


Cada vez que eu atravesso,

Estradas do meu sertão.

No transcorrer da viagem

Dispara meu coração

Cada lado da estrada

Tem tanta cruz enfeitada

Que causa até comoção.

*

Por detrás de cada cruz

Uma história singular

Um filho que sai de casa

Para nunca mais voltar

Com o coração ferido

Por ter o filho perdido

Tem mãe na cruz a chorar

*

A causa maior se sabe,

É o consumo de bebida.

Jovens inconseqüentes,

Em disparada corrida.

E cada cruz na estrada,

É uma vida roubada

Antecipada e perdida.

*

A cruz na beira da estrada,

No Nordeste é tradição

Tanto se vê no asfalto

Como na estrada de chão

Ela marca o desatino

Marca o trágico destino

Vira lenda no sertão.




--

Dalinha Catunda

PARA REFLETIR

Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo.

(Confúcio)

(enviado por Leudo Santana)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

CONJUNTURA NACIONAL

Cambada de ladrões

Cabralzinho, líder estudantil em Campina Grande/PB, foi passear em Sobral, no Ceará. Chegou em dia de um formidável comício. No palanque, longos cabelos brancos esvoaçantes, o deputado Crisanto Moreira da Rocha, competente orador da província :

- Ladrões! Ladrões.

A praça, apinhada de gente, levou o maior susto.

- Ladrões! Ladrões, porque vocês roubaram meu coração!

Cabralzinho voltou para Campina Grande. Candidatou-se a vereador. No primeiro comício, lembrou-se de Sobral. Suspiro. Imaginou os aplausos, sob a oratória do deputado cearense. Fechou os olhos. E tascou com ar furios:

- Ladrões!

Correu um frio na espinha da praça.

- Ladrões!

Ninguém se mexeu. Cabralzinho bem sabia que a política em Campina Grande era briga de foice no escuro. Queria o impacto total.

- Cambada de ladrões!

Foi uma loucura! A multidão avançou sobre o palanque. Pedra, pau, sapatos. O rosto sangrando, acuado, Cabralzinho implorava:

- Espera que eu explico! Espera que eu explico!

Explicou. Ao médico, no hospital. (Com a verve do amigo Sebastião Nery).

Emenda 29

Dia 28 de setembro, será votada a Emenda 29, voltada para socorrer o sistema de saúde, que está na UTI. Será aprovada. Mas quem pensar que será criado um novo imposto, pode tirar o cavalinho da chuva. Nenhum partido tem motivação para votar um novo tributo temendo represálias da população. Afinal, a carga de impostos é escorchante. O PMDB fechará questão contrária a um novo tributo. O líder Henrique Alves pronuncia esta tarde no plenário da Câmara veemente discurso com duas mensagens fortes: sociedade não tolerará novo imposto; e governos estaduais precisam fazer suas lições de casa e não desviar recursos da saúde para outras frentes.

Carga escorchante

Vejam, a seguir, como os impostos entram no processo produtivo:

Média tributação sobre o faturamento

Energia Elétrica: 38,65%; Comunicações: 36,97%; Indústrias: 35,47%; Combustíveis: 32,74%; Transportes: 29,56%; Comércio: 23,23%; Demais Serviços: 23,83%; Instituições Financeiras: 17,58%; Administração de bens: 14,94%; Agropecuária e Extrativista: 14,29%; Micro e Pequenas Empresas: 9,78%.

A informação é do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT.

Impostos sobre produtos

Já na frente de produtos, eis alguns exemplos dos tributos:

Achocolatado : 38,06%; Agenda escolar : 43,19%; Água mineral : 43,91%; Aparelho de barbear : 40,78%; Balão de borracha : 34,00%; Batedeira : 44,37%; Cachaça : 81,87%; Calça (tecido) : 34,67%; Computador : 33,62%; Maisena : 33,87%; Fralda descartável : 54,75%; Gasolina : 53,03%.

Mobilização do PMDB

Amanhã, quinta-feira, o PMDB deve reunir, em Brasília, cerca de 3 mil militantes. Trata-se do primeiro movimento com vistas à mobilização geral que o partido promove para alavancar o pleito municipal de 2012. Não há uma agenda prefixada, eis que o partido tem a intenção de fazer um primeiro movimento de animação. Já o segundo será no início do próximo ano, quando as bases municipais serão convocadas para a batalha eleitoral. Nesse momento, o PMDB exibirá suas bandeiras, particularmente aquelas que atingem o bolso do eleitor.

Beleza e paciência

"Relacionamento é baseado em duas coisas: beleza e paciência. Se der certo, beleza ! Se não, paciência". (Colaboração de Álvaro Lopes)

PT em 2012

O PT, como o PMDB, quer fazer a maior bancada de prefeitos de sua história. Porque acredita na hipótese de que a alavanca municipal será decisiva para abrir as portas das prefeituras em 2014. O PT quer atingir as cidades grandes e médias. Trabalhará acertando o foco para cerca de 150 municípios. É o bastante para iluminar o panorama eleitoral. Lula está se arrumando para comandar o espetáculo. Com (muito) dinheiro no bolso e (muito) tempo livre para se divertir nos palanques, Luiz Inácio será o maior cabo eleitoral do Brasil em todos os tempos. Vai ser interessante acompanhar e medir o tamanho e a importância de Lula para a eficácia eleitoral.

Reforma política

A cantada e decantada reforma política pode, sim, sair do papel. Este consultor vê viabilidade na aprovação de um sistema de voto misto : meio distritinho, meio distritão. Metade dos eleitos será tirada de uma lista de candidatos do distrito. E a outra metade será pinçada de uma lista geral do Estado, tomando-se como parâmetro os mais votados em todo o Estado. Com o fim das coligações proporcionais, esta fórmula poderá ser interessante por atender mais de perto aos interesses do eleitor. O PT gostaria de ver implantado o voto de lista partidária. Como partido de mando vertical, ele se beneficiaria. Elegeria seus comandantes. O PMDB defende mais o distritão.

Duas formas de vida

"Há apenas duas formas de viver a vida: uma é acreditar que nada é um milagre. A outra é acreditar que tudo é um milagre". (Albert Einstein)

Dilma e Alckmin

Pela segunda vez, a presidente Dilma vai ao Palácio dos Bandeirantes para realizar um ato conjunto com o governador Geraldo Alckmin. Trata-se de parceria entre o governo Federal e o estadual em torno do rodoanel Mário Covas. Dinheiro lá do Planalto para a planície. Dos tempos, ainda, de Lula. Que, convidado, refugou. Alegação : não quer empanar prestígio de Dilma. A esta altura, não empanaria. Ela conserva a liturgia presidencial. E não é de salamaleques. Dilma está demonstrando atitudes suprapartidárias, que merecem aplausos.

Mais solta

Aliás, a presidente Dilma está mais solta e mais leve. Desenvolta foi sua atitude na entrevista que concedeu ao Fantástico, quando perambulou pelo Palácio da Alvorada. Respondeu a todas as perguntas. E cometeu, até, a liberdade poética de chamar a ema macho de emo. A família e seu barulho animam o netinho da presidente.

Enem, hein?

Por mais que o ministro Fernando Haddad se esforce para subir o conceito das escolas públicas em nosso país, não consegue. As escolas públicas e também privadas receberam notas insuficientes no exame do Enem. Quase 64% foram reprovadas. E destas, mais de 99% são da área pública. Não adianta sofismar dizendo que os alunos é que foram reprovados e não as escolas. Ou, por acaso, não há relação entre causa e efeito ? Alunos estudam em escolas... logo...!

UPPs marquetizadas

A tentativa da bandidagem de reerguer bandeiras no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, quer dizer apenas uma coisa. As tais Unidades de Polícia Pacificadoras ainda não conseguiram se consolidar. A harmonia nas favelas está longe de aparecer. O governador Sérgio Cabral cosmetizou bastante a ideia. Há muito marketing enfeitando esse troféu de Cabral.

Um olho, um ouvido, um coração

"Para toda beleza, há um olho em algum lugar para vê-la.
Para toda verdade, há um ouvido em algum lugar para ouvi-la.
Para todo amor, há um coração em algum lugar para recebê-lo". (Panin). Colaboração de Álvaro Lopes.

Mensalão à vista

O ministro Joaquim Barbosa sinaliza muita vontade de jogar o pacote do mensalão no plenário do STF logo, logo. A depender dele, as coisas caminharão em ritmo adequado, de forma que, em 2012, antes das eleições, o processo seja concluído. Mas alguns advogados - dos melhores do país - tentam produzir curvas no meio do caminho. Finalidade : jogar a bomba para 2013, após as eleições. Justiça se faça : José Dirceu quer agilidade no julgamento do mensalão. Diz : "é a única coisa que peço, que me julguem nos autos. Porque juízo político já tive na Câmara dos Deputados. Fui cassado sem provas".

Campos só vê aquilo

Eduardo Campos passou a fazer política 25 horas por dia. A hora a mais é por conta da teoria de sistemas, na qual 2 + 2 pode ser cinco. Trata-se do adendo proporcionado pelo elemento organizativo, que junta as coisas. Ou seja, a capacidade de juntar, unir, mobilizar, tecer, costurar é mais um componente na cadeia aritmética. Campos deixou se ver por inteiro por ocasião do programa do PSB em rede nacional. Escolheu, até, uma moeda que entra direto no bolso das pessoas : tarifas de ônibus. Defende sua redução. Leia-se : quero ser candidato em 2014. Um posto nacional.

Demonização da política

A presidente Dilma fez um alerta : não confundam faxina na administração com demonização da política. Ou seja, não queiram culpar os partidos por erros e desvios de alguns de seus integrantes. Recado dado, recado sentido. Políticos ficaram satisfeitos.

Títono ou saciedade

"Formosa fábula, a que se conta de Títono. Estando por ele apaixonada, a Aurora, desejosa de lhe gozar para sempre a companhia, implorou a Júpiter que seu amado jamais morresse. Mas, em seu açodamento de mulher, esqueceu-se de acrescentar à súplica que ele também não padecesse as agruras da idade. De modo que Títono se viu livre da condição mortal. Sobreveio-lhe, porém, uma velhice estranha e miserável, como a que toca àqueles a quem a morte foi negada e que carregam um fardo de anos cada vez mais pesados. Então Júpiter, condoído, transformou-o finalmente em cigarra". (A Sabedoria dos Antigos, Francis Bacon).

Comissão da verdade

A Comissão da verdade está nascendo. Viva ! Precisamos abrir todas as frestas do país. Mostrar os buracos, as mazelas, os desvios, os erros. A verdade precisa aparecer como os raios do sol iluminando um novo horizonte.

A diferença

"Sabe qual é a diferença entre as galinhas e os governos? Simples: as galinhas botam ovos antes de cacarejar".

Desencontro histórico

Juscelino sempre foi um homem desencontrado com o seu tempo. Sempre mais adiante ! Tragédia de Kennedy em 1963. Juscelino, ex-presidente, era entrevistado e o assunto girava em torno das gestões avançadas dos dois presidentes. A certa altura da entrevista o repórter traçou um paralelo, perguntando :

- O senhor já calculou o que seria, JK no Brasil e Kennedy nos EUA, no mesmo período?

Juscelino desabafou:

- Foi um desencontro histórico... lamentável ! (José Flávio Abelha em A Mineirice)

Conselho aos gestores públicos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado à presidente Dilma. Hoje, sua atenção se volta aos gestores públicos. O sistema de saúde está na UTI. Precisa ser salvo. Para tanto, a aprovação da Emenda 29 se faz absolutamente necessária. Garantirá a aplicação rígida de índices orçamentários no sistema, sem desvios. Nesse sentido, urge fazer as seguintes observações:

1. Governadores e prefeitos precisam fazer a lição de casa e usar rigorosamente os recursos alocados nas frentes da Saúde, sem desvios e curvas na aplicação.

2. A população não aguenta mais criação de novos impostos. Se recursos extras são necessários, que se arrumem recursos em fontes como os royalties do petróleo, etc.

3. É comum dizer-se: dinheiro há, o que é ruim é a gestão. Aplicação rigorosa de recursos, diminuição do Produto Nacional Bruto da Corrupção (PNBC), enxugamento de estruturas, racionalização de processos, simplificação de rotinas seriam, entre outras, medidas absolutamente viáveis e necessárias para se chegar ao Pacote Financeiro para a Saúde.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

POETA DO CURRAL VELHO


Desde a época em que velhos automóveis trafegavam por uma central de terra batida, desviando-se dos inúmeros buracos com as habilidades de malabaristas e a poeira ia se levantando, cobrindo meio mundo a indicar que vinha um carro pela BR 404, já toda asfaltadinha, mas só no papel, ou então era o Misto do Seu Zé Padre que já ia, com a carroceria carregada de mercadorias e os passageiros bem acomodados nas boléias e com os sentidos aguçados, pois desceriam na próxima parada, é que sabemos: no Curral velho era tempo de poeta, pois ali versejava com engenho e arte, como um cancão acuando as cobras na mata espinhosa da caatinga, um sertanejo chamado Sebastião Ferreira do Bonfim.

Agora que a central é realmente uma pista bem pavimentada e que o tempo encurtou as distâncias e a brevidade nos obriga a novas desenvolturas, a rejuvenescida pista continua a nos levar aos mesmos locais que antes, numa paisagem nem tão semelhante à de outrora, mas percebemos satisfeitos, que por lá continua sendo a mesma época de poetas. Alguns dos vates que beberam nas cacimbas do riacho serrote criaram asas e levantaram vôo, rumo a um horizonte sem fim, tornaram-se poetas-doutores, poetas-professores, todos airosos. Mas outras sementes que brotaram por lá, ficaram e foram troando como trovões na terra dos Bonfins, retumbando suas estrofes a pleno pulmão num meio dia de um sol estorricante. Como a sericora que embeleza as margens das lagoas com seu canto vespertino ou a esbelta sariema que pasmaceia o ar com seus cortantes versos, vi admirado o poeta Antonio de Lisboa Bonfim, o bonachão e já grisalho Lisboa a soltar seu belo canto e a confirmar que, por lá, onde antes era os velhos currais de gado, continua um abundante celeiro de poetas.

Curioso, pergunto só para começar a nossa conversa: Lisboa, como é que você faz os seus versos?

Responde-me rápido: Não faço! Eles vêm em qualquer canto, aqui na mercearia ou onde eu estiver.

De supetão, pergunta-me: O que é a saudade? Ele mesmo me responde, em versos:

“Saudade é um parafuso
Que dentro da rosca cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo não vai.
E quando atarraxa dentro,
Nem torcendo não sai!”

Isso é a saudade!

Percebo o potencial no sorriso solto, como quem sabe que já domou o mundo com todos os seus apetrechos, inclusive a tal felicidade, que transborda de seus olhos claros. E se fores por lá, comprar algo para mantença do corpo ou tomar uma, bem geladinha, escorado num balcão que é uma ampla janela, prepara-se para sair com os bolsos abarrotados de versos e a alma leve pela poesia que aflora do lugar. Imploro por outras, de suas rimas.

Ele concorda, mas com a condição de que eu lhe responda uma pergunta no final e afirma que, se não responder, iria me chamar de mentiroso. Desfralda o poema:

“ Tudo depende de sorte,
Até para lavar roupa.
No dia que o sol não sai,
A roupa não cora bem,
Você quando está de azar,
Vai dar um peido e a merda vem!

Já aconteceu com você? Era a ameaçadora pergunta. E respondo de imediato: - Já!!! A risada é geral, que ecoa pelos quatro cantos do Curral Velho.

Ele aproveita o clima de alegria ali gerada, mas que germinava mesmo era de sua simplicidade, para lembrar mais uma estrofe e eu aproveito para recordar o poeta das figuras, naquele calorento dia de setembro, o espanhol Pablo Picasso, que uma vez disse: Há pessoas que transformam o Sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol... Lisboa cintila os versos como os raios de sol clareando o dia:

Bezerra de vaca preta,
Onça pintada não come.
Quem casa com mulher feia,
Não tem medo de outro homem.
Quem casa com mulher bonita,
Leva chifre, mas não passa fome!

Ainda nos brinda com o duelo de dois cantadores, primor de história que ele criou em rimas:

Um cantador disse:

Cachaça matou jacinto,
Homem muito trabalhador,
Sentença de mão cortada
Para a cana que não plantou.

O outro disse:

Cachaça não matou jacinto,
Porque ela não tem esse poder,
Quando ele foi beber
Já estava era para morrer.

O poeta Lisboa é assim, sabe fazer de pequenos instantes grandes momentos. Pergunta-me: Você já ouviu falar no sitio Cagajá Ele sabia que eu não sabia! E continua: a rapadura de lá era três partes de sal e uma de doce ruim. Papai me mandava buscar uma carga e eu comia era muito por lá. Vamos aos versos:

Fui uma viagem
Com destino de voltar,
Porém tive que passar
No sitio Cagajá.
Andei quatorze léguas
Sem a calça abotoar.
Oh, caganeira de lascar!

O poeta Lisboa é como um passarinho cantando no terreiro, uma alma liberta, numa coexistência pacifica com o lugar. Um grande contador de historias que só perde que não for ouvi-lo por lá. Quando ele se despede da gente já vai deixando saudades e avisa, assim:

Olhe!!! Eu sou contador de historia...
Não confunda aroeira com aurora,
Não confunda rabicho com rabichola,
Eu sou contador de historia!!!

Vá lá! Confirme no brilho dos olhos do Lisboa onde mora a poesia! E ao chegar, não deixe de cumprimentar um gato preto que está sempre deitado na cadeira de seu dono, é um velho mago, que se faz de ajudante do poeta Antonio de Lisboa Bonfim.

Raimundo Candido

ABLC- CORDELTECAS E IMPLANTAÇÕES



A Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC, no seu compromisso em difundir a literatura de cordel, vem dando continuidade a implantação de cordeltecas por todo Brasil. Gonçalo Ferreira da Silva presidente da ABLC estará implantando mais três cordeltecas no Estado do Ceará no inicio de outubro.

Com o calendário definido, as inaugurações acontecerão nos seguintes dias:

Dia 03-10-2011 Reriutaba – Cordelteca Riacho das Flores

Dia 05-10-2011 em Crateús - cordelteca Lucas Evangelista

Dia 07-10-2011 em Aracati - Cordelteca Dideus Sales

Como membro da ABLC e convidada do presidente Gonçalo Ferreira, eu, Dalinha Catunda, estarei na comitiva prestigiando as inaugurações.

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Dalinha Catunda

CORRIGINDO UM EQUÍVOCO

Permitam-me um apontamento.

Este texto tem sido atribuído a Ariano Suassuna, entretanto é de autoria do jornalista José Teles sendo publicado originalmente (segundo o próprio) na coluna Toques Digitais do Jornal do Commercio online, em 7 de maio de 2008.

Existem outros textos no qual o crítico musical aborda o tema - como ele intitula - "fuleiragem music". Seguem alguns:

http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/toques/2011/04/08/mudernos-tinhoroes-e-a-fuleiragem-music/

http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/toques/2011/05/08/pequena-historia-da-fuleiragem-music/

http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/toques/2011/06/04/368/

http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/toques/2011/06/05/ate-tu-arcoverde/

ps. caso não acessem através do clique direto, basta copiar e colar na barra de endereço do seu navegador.

Abraços Fraternos!



Postado por Jocelino Neto no blog BLOG DO JÚNIOR BONFIM em 13 de setembro de 2011 14:08

AS FOTOS COMPROVAM QUE FOI PROVIDENCIAL O LANÇAMENTO DO LIVRO COM CD DO "PROVIDÊNCIA"

Sábado passado, na Cabana Mendes, em Crateús, Edmilson Providência fez o lançamento de seu primeiro livro e CD
Sertanejo, Oh! Xente
Por razões superiores, estive impossibilitado de prestigiar o magno evento.
Fica o registro:






domingo, 11 de setembro de 2011

CRÍTICA DE ARIANO SUASSUNA ( SECRETÁRIO DE CULTURA ) SOBRE O FORRÓ ATUAL

"'Tem rapariga aí? Se tem, levante ...a mão!'. A maioria, as moças,
levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase
todas muito jovens (pelo menos um terço de adolescentes), o vocalista
da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas
(dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia',
'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena
aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas
se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos
70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades
em deixar a cidade.

Para uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas
bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque
este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a
dizer alguns títulos, vamos lá: 'Calcinha no chão' (Caviar com
Rapadura), 'Zé Priquito' (Duquinha), 'Fiel à putaria' (Felipão Forró
Moral), 'Chefe do puteiro' (Aviões do forró), 'Mulher roleira' (Saia
Rodada), 'Mulher roleira a resposta' (Forró Real), 'Chico Rola' (Bonde do
Forró), 'Banho de língua' (Solteirões do Forró), 'Vou dá-lhe de cano de
ferro' (Forró Chacal), 'Dinheiro na mão, calcinha no chão' (Saia Rodada),
'Sou viciado em putaria' (Ferro na Boneca), 'Abre as pernas e dê uma
sentadinha' (Gaviões do forró), 'Tapa na cara, puxão no cabelo' (Swing do
forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é exatamente as
bandas, ou os empresários que as financiam, já que na grande parte
delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que
investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o
turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia,
quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas,
em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo
folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As
estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das
bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam
muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista
ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos
alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o
regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e
relevou o primitivismo estilístico. Pior, o glamour, a facilidade
estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos
políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia,
que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em
popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos
do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno
lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma
banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade,
com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas)
pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de
ordem. Quando canta uma canção (canção??!!!) que tem como tema uma
transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É
vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está
muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por
tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns
poucos anos."

Ariano Suassuna

Observação:



O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa

aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda

Calipso, que ele achava (e deve continuar achando, claro) de mau

gosto. Daí mostraram a ele algumas letras das bandas de

'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'.

Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou. Realmente, alguma

coisa está muito errada com esse nosso país, quando se levanta a mão

pra se vangloriar que é rapariga, cachaceiro, que gosta de puteiro, ou

quando uma mulher canta 'sou sua cachorrinha', aonde vamos parar? Como

podemos querer pessoas sérias, competentes e de bom gosto? E não

pensem que uma coisa não tem a ver com a outra não, pq tem e muito! E

como as mulheres querem respeito como havia antigamente? Se hoje elas

pedem 'ferro', 'quero logo 3', 'lapada na rachada'? Os homens vão e

atendem.

Vamos passar essa mensagem adiante, as pessoas não podem continuar

gritando e vibrando por serem putas e raparigueiros não. Reflitam bem

sobre isso, eu sei que gosto é gosto... Mas, pensem direitinho se

querem continuar gostando desse tipo de 'forró' ou qualquer

outro tipo de ruído, ou se querem ser alguém de respeito na vida!





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(enviado por José Cavalcante ARNAUD)