sábado, 9 de julho de 2011

A PAZ - ROUPA NOVA e PADRE FABIO DE MELO




Composição: Michael Jackson
Versão: Nando



É preciso pensar um pouco nas pessoas que ainda vêm
Nas crianças
A gente tem que arrumar um jeito
De achar pra eles um lugar melhor.
Para os nossos filhos
E para os filhos de nossos filhos
Pense bem!

Deve haver um lugar dentro do seu coração
Onde a paz brilhe mais que uma lembrança
Sem a luz que ela traz ja nem se consegue mais
Encontrar o caminho da esperança

Sinta, chega o tempo de enxugar o pranto dos homens
Se fazendo irmão e estendendo a mão

Só o amor, muda o que já se fez
E a força da paz junta todos outra vez
Venha, já é hora de acender a chama da vida
E fazer a terra inteira feliz

Se você for capaz de soltar a sua voz
Pelo ar, como prece de criança
Deve então começar outros vão te acompanhar
E cantar com harmonia e esperança

Deixe, que esse canto lave o pranto do mundo
Pra trazer perdão e dividir o pão.

Só o amor, muda o que já se fez
E a força da paz junta todos outra vez
Venha, já é hora de acender a chama da vida
E fazer a terra inteira feliz

Quanta dor e sofrimento em volta a gente ainda tem,
Pra manter a fé e o sonho dos que ainda vêm.
A lição pro futuro vem da alma e do coração,
Pra buscar a paz, não olhar pra trás, com amor.

Se você começar outros vão te acompanhar
E cantar com harmonia e esperança.

Deixe, que esse canto lave o pranto do mundo
Pra trazer perdão e dividir o pão.

Só o amor, muda o que já se fez
E a força da paz junta todos outra vez
Venha, já é hora de acender a chama da vida
E fazer a terra inteira feliz

Só o amor, muda o que já se fez
E a força da paz junta todos outra vez
Venha, já é hora de acender a chama da vida
E fazer a terra inteira feliz

Só o amor, muda o que já se fez
E a força da paz junta todos outra vez
Venha, já é hora de acender a chama da vida
E fazer a terra inteira feliz

Venha, já é hora de acender a chama da vida
E fazer a terra inteira feliz

Inteira feliz ...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

UM OITAVADO ABRAÇO DE ANIVERSÁRIO!




Nascer no dia 8, poeta, é uma benção!

Oito é o número da luz, festa sagrada, lírio de Jesus, aliança colada!

Só que você é meio descolado, cheio daquela fé dos ateus, chegado a uma festa profana e, talvez até por isso, seja esse ser obscuro condenado à luminosidade!


(Júnior Bonfim)



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Muito obrigado, poeta, pelas palavras e pela tradução desse meu humilde ser!

Viver no meio de uma geração tão iluminada, ainda que quase toda (todos) com alguns trejeitos de obscuridade, profanismo e rebeldia, é para mim um grande privilégio, alem da benção.

Grande Abraço!

Elias de França

quinta-feira, 7 de julho de 2011

NO DIA DE HOJE, EM 1456, JOANA D'ARC - A SANTA E HEROÍNA FRANCESA - ERA ABSOLVIDA!


Joana d'Arc, santa e heroína francesa, conhecida como a "Virgem de Orléans".

Filha de lavradores, ainda menina começou a ouvir vozes que atribuía ser de São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida. Quando tinha 16 anos, as vozes aconselharam-na a ajudar o delfim Carlos VII a salvar a França do domínio inglês durante a Guerra dos Cem Anos.

Robert de Baudricourt, capitão das forças de Vaucouleurs, conseguiu um escolta para levar Joana até Carlos VII. Ao encontrar o delfim, no castelo de Chinon, falou sobre sua missão divina. O rei, então, mandou que teólogos a examinassem e, em seguida, deu-lhe o comando de uma pequena tropa.

Em maio de 1429, ela derrotou os ingleses e retomou a cidade de Orléans. Em julho, o delfim foi coroado na cidade de Reims. Joana ficou ao seu lado durante a coroação.

Em setembro de 1429, Joana tentou retomar Paris, porém não obteve êxito. Na primavera de 1430, ela entrou em Compiègne, mas foi capturada pelos Burgundians e entregue aos ingleses.

Carlos VII não fez nada para assegurar sua liberdade. Para escapar da responsabilidade e não fazer de Joana um mártir, os ingleses mandaram-na para a corte eclesiástica em Rouen. Ela foi acusada de heresia e bruxaria pelo bispo Pierre Cauchon e por outros clérigos franceses, que apoiavam os ingleses. Provavelmente, seu pior crime foi declarar que se comunicava diretamente com Deus; aos olhos da corte, essa recusa em aceitar a hierarquia da igreja era uma heresia.

Ela foi condenada a prisão perpétua, após assinar uma abjuração. Porém sua condenação durou pouco tempo, ela voltou atrás na abjuração e foi posta novamente em julgamento, sendo condenada à fogueira por heresia e queimada em praça pública em 1431.

Apenas em 1456, Carlos VII reconheceu os serviços de Joana à nação e tornou o tribunal que a condenou inválido. Joana foi beatificada em 1909 e canonizada em 1920. Sua vida inspirou inúmeras lendas e ela foi retratada em várias pinturas, estátuas.


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UM POEMA EM LOUVOR A JOANA D'ARC

Balada das damas do tempo ido

Dizei-me onde, em qual país,
Anda Flora, a bela romana
Arquipíades, ou Taís,
Que foi sua prima-germana?
Eco a falar, voz que se emana,
Qual rumor, de rios e planos:
Que beleza foi mais que humana?
E onde estão as neves dos anos?

Da sábia Heloísa quem diz,
Por quem, castrado, fez-se monge
Pedro Abelardo em Saint-Denis?
Por seu amor sofreu tão longe.
E a rainha, também sem pena,
Que mandou forrar Buridano
Com um saco e jogá-lo ao Sena?
E onde estão as neves dos anos?

A Rainha Branca qual lis
A cantar com voz de sereia,
Berta-Pé Grane, Alis, Beatriz
Haremburgues, que o Maine alteia,
E a brava Lorena, a Joana,
Quem em Rouen, queimaram os anglos:
Onde estão, Virgem Soberana?
E onde estão as neves dos anos?

Príncipe, quereis na semana
Ter resposta? Nem este ano,
Pois o refrão não vos engana:
E onde estão as neves dos anos?


Tradução De Sebastião Uchoa Leite


Dites-moi où, n'en quel pays,
Est Flora la belle Romaine,
Archipiades, ne Thaïs,
Qui fut sa cousine germaine,
Echo, parlant quant bruit on mène
Dessus rivière ou sur étang,
Qui beauté eut trop plus qu'humaine ?
Mais où sont les neiges d'antan ?

Où est la très sage Héloïs,
Pour qui fut châtré et puis moine
Pierre Esbaillart à Saint-Denis ?
Pour son amour eut cette essoine.
Semblablement, où est la roine
Qui commanda que Buridan
Fût jeté en un sac en Seine ?
Mais où sont les neiges d'antan ?

La roine Blanche comme un lis
Qui chantait à voix de sirène,
Berthe au grand pied, Bietrix, Aliz,
Haramburgis qui tint le Maine,
Et Jeanne, la bonne Lorraine
Qu'Anglais brûlèrent à Rouen ;
Où sont-ils, où, Vierge souvraine ?
Mais où sont les neiges d'antan ?

Prince, n'enquerrez de semaine
Où elles sont, ni de cet an,
Que ce refrain ne vous remaine :
Mais où sont les neiges d'antan ?

François Villon

quarta-feira, 6 de julho de 2011

FELIZ ANIVERSÁRIO, CRATEÚS!


Ambulante garoto, sem sotaque cigano

Mergulhei na capoeira de concreto

E descobri o iodado sal do mundo:

A chama suave e ardente da conjunção afetiva,

O copo boêmio que leva o líquido estonteante,

O movimentado vazio dos vagabundos,

A algazarra da aurora urbana,

Essa gota de malícia chamada sensualidade,

O som arrebatador dos violões apaixonados,

A grave disposição do Externato,

O peso e o pesadelo da palmatória da D. Delite,

A educação feita na construção sintética de amor e rigor,

A disputada corrida para o pão com refresco,

Os rebeldes motivos da rua em crescimento.

Estava na tribo dos Karatiús.


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Crateús,

Com sua verde cabeleira de árvores,

Com sua alucinação festiva,

Com a doçura de suas veias fluviais,

Com seu suave desenho maternal,

Com suas invisíveis pratas de mistério,

Lançou sobre mim

Uma inextinguível luz.


Quando desfolho combates

Em tua História, Crateús,

Quando saboreio

A abertura de teus pobres,

Quando me inebrio de teu

Aroma noturno,

Quando toco

Teu tórax revolucionário,

Sinto que de ti recebi

Uma fragrância de simplicidade

Reconheço o poder

Das descobertas

E concluo

Que és uma cidade

Que Eu Amo!


(Júnior Bonfim)

CONJUNTURA NACIONAL

Em diagonal


Severino Cabral foi prefeito de Campina Grande (PB), vice-governador, chefe político de muitos votos. E conhecido pelas tiradas engraçadas. Uma tarde, no Rio, andava pela avenida Rio Branco. Resolvendo passar para o outro lado, meteu-se na frente dos carros, fora do sinal. O guarda gritou:

- Cidadão, não pode ir por aí. É proibido atravessar em diagonal.

Severino Cabral voltou:

- Você não conhece roupa não, ignorante? Isto não é "diagonal". É "tropical maracanã".

Atravessou em diagonal e tropical.


Adeus, Itamar


Itamar Franco deixa a cena político-institucional com a sinalização de que o país perde uma pessoa íntegra, de vida simples, despojada da pompa do poder. Teve uma vida pautada pelos primados da ética. Não se tem notícia de escândalo nas passagens variadas de sua vida pública. Teve, sim, um episódio folclórico, aquele em que esteve ao lado de uma moça à procura de fama em um palanque carnavalesco, no Rio. A personagem deixou partes íntimas aos olhares curiosos da galera. Evento humorístico da vida social. O grande mérito de Itamar foi, seguramente, o patrocínio do Plano Real. Ele apôs a assinatura no instrumento que dominou a inflação. É dele o mérito como presidente. Claro, com a ajuda de Fernando Henrique, ministro da Fazenda, e sua equipe. Parte deixando, ainda, a imagem de um senador combativo nesses quase 6 meses de mandato. A Coluna rende a Itamar a melhor de suas homenagens.


Adeus, Chamie


Mario Chamie também nos deixou. Considerado por muitos como um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos. Tive a felicidade de compartilhar de sua companhia e amizade, graças à ligação afetiva e estreita com o primão Zé Nêumanne. Aos sábados, Nêumanne sempre reúne um grupo de amigos em torno de uma feijoada, uma bacalhoada, com liberdade para bons tragos. Mário sempre estava presente nesses encontros. Conversa afiada, humor finíssimo, painel de cultura geral, encanto das mulheres, desfile de perfis que mereciam dele a expressão exata. Ao final, eu deixava o poeta em seu apartamento nos Jardins. Padecia de um câncer no pulmão. Morreu de parada cardíaca. Na manhã deste último domingo, Chamie nos deu adeus.

P. S. No momento em que digitava Zé Nêumanne, na terceira linha acima, este me chama ao celular. Tomo um susto. Zé me responde: "coisas do Mário".


Axioma positivo I


"Ajuste seu fim aos seus meios. Uma visão clara e um raciocínio frio devem prevalecer por ocasião da escolha do objetivo da guerra. É loucura querer 'abocanhar mais do que se pode mastigar' e é uma prova de sabedoria analisar os fatos friamente, embora sem perder o otimismo: a fé pode realizar o aparentemente impossível quando a ação for iniciada." (Tratado de Comunicação Organizacional e Política, de Gaudêncio Torquato)


Perrella chega


Sem um voto, Zezé Perrella, presidente do Cruzeiro, será senador por 7,5 anos. Suplente de Itamar, Perrella enfrenta processos na Justiça por enriquecimento ilícito. Vejam como a política é feita de retas e curvas. Itamar frequentava a linha reta. Seu suplente entra na arena política pela linha curva.


O cancro dos transportes


Há muito se comenta sobre a existência de um cancro corroendo o sistema de transportes. Não é de hoje que se ouve falar de superfaturamento de obras, licitações conduzidas, cobrança de comissões etc. A última revista Veja trouxe detalhes. E o que aconteceu? Quatro figuras importantes do Ministério dos Transportes foram demitidas. Manchete dos jornais: cúpula dos transportes é demitida. Como cúpula? O ministro dos Transportes continua no mesmo lugar. Alfredo Nascimento diz que vai apurar eventuais denúncias de corrupção. Pediu a ajuda da AGU. Impressão é a de que ministro não segurará o lugar. Cargo é da cota do PR.


Quem sai com Marina?


Marina Silva, ícone do ambientalismo no Brasil, está saindo do PV. Sairia com ela um alentado grupo de representantes. Ante a ameaça de serem cassados por abandonarem a sigla, deputados Federais e estaduais decidiram esperar mais um pouco. Alfredo Sirkis (RJ) continuará, por enquanto, na legenda. E Fernando Gabeira, que pleiteia ser candidato a prefeito do Rio, também deverá permanecer. Vão tomar atitude mais drástica quando tiverem certeza de que a migração para outra sigla ou a tentativa de criação de nova sigla não forem motivo para punição.


Axioma positivo II


"Conserve seu objeto sempre em mente quando tiver que adaptar seu plano 'à situação'. Recorde que existe mais de um caminho para atingir seu objetivo, mas lembre-se de que qualquer objetivo a ser conquistado deve estar relacionado à sua meta maior." (Tratado de Comunicação Organizacional e Política, de Gaudêncio Torquato)


SP e a guerra fiscal


A prefeitura de São Paulo, ufa, até que enfim decidiu entrar na guerra fiscal, que a faz perder uma apreciável soma de recursos. Como? Reduzindo a alíquota de 5% para 2% do ISS para um conjunto de serviços e atividades, entre as quais as de empresas do setor financeiro - corretoras, operadoras de cartão de crédito e débito, cartórios e até da Bolsa de Mercadorias. Muitas empresas de serviços que mudaram de endereço para cidades da Região Metropolitana poderão voltar a São Paulo. Ademais, aprovou-se a Nota Fiscal Paulistana.


Cara da podridão


Chegou ao conhecimento desta Coluna uma relação de nomes que uma Igreja famosa indicou/está indicando para diversas instâncias do Judiciário. Alguns já escolhidos e nomeados. Uma vergonha. Quando essa lista vier à tona, o Brasil verá uma parte de sua podridão. Religião entrando no Estado laico é um estupro constitucional. Vou acompanhar esta crônica dos intestinos do poder.


Máximas do Barão de Itararé


- O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.

- Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.

- Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.

- Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.

- A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.


Carrefour/Pão de Açúcar


A fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour, desejada por ambos, e questionada pelo Grupo Casino, vai dar muita dor de cabeça. Os advogados dos dois lados terão muito trabalho pela frente. O Grupo Casino mostra-se traído. E denuncia a trama de Abílio Diniz, que quer fazer a fusão para se livrar de uma cláusula contratual com o Casino, pela qual o Grupo assumiria o controle do Pão de Açúcar a partir de 2012. Diniz teria em mente expandir o cacife do Pão de Açúcar para romper a situação acordada com o Grupo francês. Quando percebeu a onda crítica, a presidente Dilma pediu ao BNDES mais cautela na análise da fusão e da possibilidade de entrar com R$ 4,5 bilhões e, assim, tornar-se parceiro do Novo Pão de Açúcar. O Banco acaba de colocar na mesa de avaliação mais um dado: só entrará no negócio se o acordo de acionistas não colocar em risco a manutenção do controle nacional da companhia. Ou seja, Diniz sob cabresto curto.


Cade? Só em 2013


A fusão, se ocorrer, baterá às portas do Cade. Mas o órgão só terá condições de avaliar a questão em 2013. Passaria boa parte de 2012 fazendo uma completa varredura em todos os espaços. Para garantir estabilidade do varejão nacional.


Bicadas tucanas


Os tucanos continuam se bicando. Feridas da campanha eleitoral de 2010 cicatrizadas. Homenagens a FHC pelos 80 anos. Criação do Conselho Político, presidido por Serra. Que preparou um documento com dura avaliação do governo Dilma. Queria soltá-lo. Não conseguiu aprovação do Conselho. Serra acabou dando as linhas do documento em seu twitter e site. Reações negativas. Sérgio Guerra viu-se obrigado a soltar uma nota dizendo que Serra não pretendeu impor o documento ao partido, mas apenas provocar o debate. Ou seja, as bicadas continuam.


DSK voltará?


Dominique Strauss-Kahn sai do inferno e pode sonhar com o paraíso. Acusado do estupro de uma camareira em um hotel de Nova Iorque, o ex-diretor gerente do FMI era, até então, o candidato mais forte das oposições para as eleições presidenciais na França. Até 13 de julho, o partido socialista deverá anunciar os nomes que se submeterão às primárias em 9 de outubro. Ocorre que a próxima audiência na Promotoria de NI está marcada para 18 de julho, cinco dias depois. Outros candidatos das primárias, entre eles François Hollande e Ségolène Royal, que perdeu para o presidente Nicolas Sarkozy em 2007, disseram-se dispostos a adiar a disputa para Strauss-Kahn participar.


Atenção, São Paulo


Tenho ouvido as ponderações do ministro dos Esportes, Orlando Silva, com muita preocupação. Orlando é uma pessoa ponderada. Sabe ouvir e tem bons argumentos na ponta da língua. Portanto, não é de exagerar. Volta a cobrar agilidade de São Paulo para não perder a chance de receber os jogos da Copa de 2014. "O prazo está no limite", alerta o ministro. E lembra que são necessários pelo menos 30 meses para que um estádio padrão FIFA fique pronto. Estamos a 35 meses do início da competição.


Axioma positivo III


"Escolha a linha (ou curso de ação) de menor expectativa. Procure colocar-se no lugar do inimigo e verificar qual a linha de ação menos provável a ser prevista ou prevenida. E explore a direção de menor resistência desde que possa conduzir a qualquer objetivo que contribua para a consecução de seu objetivo básico". (Tratado de Comunicação Organizacional e Política, de Gaudêncio Torquato)


Quatro elefantes brancos


Outro alarme: 5 dos estádios que serão usados na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, correm o risco de se transformar em "elefantes brancos". Motivo: serão construídos em cidades com baixa quantidade de público para partidas locais. Os estádios são os de Brasília, Cuiabá, Manaus, Natal e Recife. O custo de manutenção do estádio em Natal seria, no mínimo, de R$ 500 mil reais mensais. Com elevados custos de manutenção, provavelmente ficarão vazios depois da Copa. As cidades em que estão sendo construídos não contam com clubes de futebol muito populares ou não têm quantidades de torcedores que justifiquem seu tamanho.


Os cães da FIESP


A FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - está patrocinando, por meio das organizações que cuidam de seus Serviços - SESI e SENAI - um dos mais interessantes programas sociais do país: desenvolvimento de know-how para treinamento e monitoramento de cães-guia para pessoas com deficiência de visão. Esta semana, a FIESP apresentou o programa, que começará com 7 cães, até se alcançar a meta de 100 por ano. A iniciativa, inédita no país, visa ajudar a população deficiente no campo visual. O Brasil tem 5,4 milhões de pessoas com perda de visão e apenas possui cerca de 70 animais treinados como guias de cego. Calcula-se que 12 mil pessoas estejam nas filas de espera por um cão-guia. O treinamento e o acompanhamento do animal custam, em média, R$ 25 mil. O presidente da Federação, Paulo Skaf, está pessoalmente empenhado no sucesso do empreendimento.


Conselho aos dirigentes do BNDES


Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado às autoridades olímpicas. Hoje, sua atenção se volta aos dirigentes do BNDES:

1. Examinem, atentamente, os prós e os contras da fusão Pão de Açúcar e Carrefour, tomando a devida cautela para evitar decisões precipitadas e que venham onerar o bolso do consumidor.

2. Dizer que o BNDESPar não é dinheiro público é tentar reagir às críticas com sofisma. O dono da flauta é quem dá o tom. E o dono da flauta é o BNDES, um órgão do Estado. Que administra cofres públicos.

3. Urge avaliar de maneira rigorosa as razões do veto do Grupo Casino à fusão. Será que cláusulas do acordo de acionistas serão rompidas? Como fica a imagem do Brasil nos mercados e nas cortes internacionais? Feitas as contas, o que será melhor para o país?


(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 5 de julho de 2011

COMENTÁRIO

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "ANTONIO IRISMAR FROTA":

Vc é bem informado sobre a historia de Crateus...Parabéns!

Procure saber quem foi o mandante do arrombamento do Sacrário do Altar Mor da Matriz do Senhor do Bonfim. Norberto Ferreira Filho talvez lhe dê esta informação.

Para que o Vigario Pe. Bonfim não fosse punido, quem fez a defesa foi um casal de missionários evangélicos, da América do Norte: Mr.Jonh e sua esposa que moravam em Crateus.

Muito interessante!

OBSERVATÓRIO

O Brasil perdeu, no sábado passado, um dos seus mais expressivos homens públicos: Itamar Franco. Pouco louvado pela imprensa, que só deu ênfase aos aspectos controvertidos da sua personalidade, Itamar foi um nacionalista incorrigível, um cultor da probidade, um destemido democrata. Nascido em um navio, Ita (pedra) mar era uma pedra na defesa dos princípios; um mar de generosidade e imprevisibilidade política. Inseriu-se nos rol dos que incorporaram um itinerário épico ao livro da memória.


A VIDA


Itamar Augusto Cautiero Franco, o filho de Augusto César Stiebler Franco e Itália Cautiero Franco, nascido em 28 de junho de 1930, era formado em Engenharia Civil e iniciou sua vida pública, participando da política estudantil. Pelo MDB conquistou seu primeiro mandato eletivo - Prefeito de Juiz de Fora, em 1967. No pleito de 1972, foi reeleito, mas deixou o cargo um ano depois para concorrer, com sucesso, a uma vaga no Senado - sendo reeleito em 1982, já no sucessor do MDB, o PMDB. Participou ativamente da Assembléia Nacional Constituinte e das campanhas para a volta das eleições diretas. Em 1989, foi eleito vice na chapa de Fernando Collor de Mello, que saiu vencedora.


PRESIDENTE ITAMAR


Itamar, vice de Collor, assumiu a Presidência do País após um vigoroso levante popular que apeou do poder o megalomaníaco jovem alagoano. No comando da República, Itamar governou com decência e desassombro. Deu provas de grandeza do inicio ao fim do mandato. Quis convocar eleições logo que assumiu. O conglomerado de partidos que o sustentava ponderou em sentido contrario. Deu liberdade a FHC, seu Ministro da Fazenda, para implementar o mais substantivo e extraordinário plano econômico da historia nacional, o Plano Real. Elegeu o sucessor e deixou o governo sob os auspícios de uma enorme popularidade sem se render a qualquer negociata.


ITAMAR X ACM


O Presidente Itamar jamais se dobrou a qualquer tipo de chantagem. Antonio Carlos Magalhães era, à época, o mais poderoso senador brasileiro. Diante de ACM, metade do mundo político temia; outra metade tremia. Quando ACM agia, constrangia. Ameaçava com dossiês. Incomodado com a nomeação do baiano Jutahy Magalhães Júnior para o Ministério de Itamar, resolve enfrentar o Presidente Itamar. Alardeia que tinha em mãos um fulminante dossiê contra o Governo e pede uma audiência com Itamar. Este aquiesce. Quando ACM adentra o gabinete presidencial por uma porta, Itamar abre outra, autoriza a entrada da imprensa e pede que senador baiano apresente ao País as denúncias que guardava. Não passavam de recortes velhos de jornal. A moral de ACM saiu baixa; a de Itamar, alta.


O AMOR AO TORRAO NATAL


Itamar sempre proclamou o seu amor por Juiz de Fora. Em visita a terra natal, parafraseando Fernando Pessoa, disse - “O rio mais belo não é aquele que não passa na minha aldeia. O mais bonito é o que passa na minha aldeia e mais belo é o rio Paraibuna. Devo a minha vida ao Paraibuna e Juiz de Fora. E é por isso que fico feliz quando estou na cidade e poder dizer a Juiz de Fora o quanto eu a quero e o quanto a amo”.


ANIVERSARIO


Faço esses registros esparsos sobre Itamar, recém-falecido, quando estamos a celebrar mais um aniversario de Crateús. Que presente melhor poderíamos oferecer a esta terra do que uma reflexão sobre a atualidade de uma higienização de sua vida publica? Sem falso moralismo, sem exibir o farisaico dedo acusatório, mas mirando o futuro. O relógio anuncia: eis a hora desta terra promover um reencontro consigo mesma. Alem deste horizonte autofágico, existe um espaço na região mais sagrada das nossas consciências convidando para fitarmos a aurora de uma convivência mais sadia e responsável. Vamos ficar eternamente reféns das futricas medíocres? Não, filhos da mocidade e reitores da maturidade, não nos quedemos a essa avalanche de equívocos. Não nos afoguemos nesse rio contaminado de pusilanimidade.


ANIVERSARIO II


Esta pequena palma de terra que um dia se inseriu no mapa como a tribo dos Karatius, que conquistou contornos imperiais de Vila e, como uma Princesa delicada, construiu um reino sui generis – merece mais do que um bolo de aniversario. Urge que cada um dos seus patrícios, mais do que uma viagem sentimental pelos campos do seu passado, ofereça seu imprescindível contributo no presente, por mais modesto que seja, para a construção efetiva de um afetivo futuro melhor. Essa edificação passa pela escolha criteriosa de nossos representantes, mas também pela atitude cautelosa e silenciosa de nos renovarmos interiormente. Ouso afirmar que o mais belo e precioso presente que poderemos oferecer consiste em procurarmos realizar, dentro dos nossos corações, a mudança que sonhamos para a terra que amamos.


PARA REFLETIR


Abramos as pálpebras embaçadas, sacudamos a poeira das decepções, revigoremos o espírito, desbravemos novos caminhos, recuperemos a utopia, lancemos um outro olhar sobre o fazer político e marchemos na rota de uma cidade que cultue a justiça e a fraternidade. Crateús merece!



(Júnior Bonfim na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste)

ANTONIO IRISMAR FROTA

Por detrás daquele olhar ligeiramente grave, daquela imponente compleição, daquele imenso bloco monolítico de aparente sisudez, se esconde um manancial de ternura – que, no decorrer da convivência, se revela uma cascata de afabilidade, uma colossal cachoeira de bom humor. Assim é o octogenário garoto Antonio Irismar Frota, um crateuense do bem. Encontro-me com ele em um junino domingo, na sua arejada residência em Fortaleza. Ao lado de dona Mirian, esposa inseparável e imantada amiga, defronte a uma gruta em louvor a Nossa Senhora e com um terço na mão, ele começa o diálogo abrindo literalmente o coração. Mostra que carrega um dispositivo eletrônico micro processado de alta tecnologia, o popular marca passo. Quando foi colocá-lo, o médico estranhou o fato de possuir na região torácica uma cicatriz incomum. É a primeira grande marca que carrega da infância. Menino traquino nos campos do Riacho Seco - localidade em que veio ao mundo, na área limítrofe de Crateús com Novo Oriente – sofreu uma enorme queda de uma árvore e quebrou uma vértebra. Com medo da censura paterna, amargou solitariamente aquela dor.

No ano de 1930, em que nasceu, era desejo comum e motivo de orgulho de toda família encaminhar um dos seus brotos para o altar sacerdotal. Foi assim que o irrequieto menino do seu Anízio foi destacado para iniciar os estudos teológicos no Seminário da Betânia, em Sobral, e depois concluí-los no Pontificio Collegio Pio Brasiliano (Pontifício Colégio Pio Brasileiro), em Roma, na Itália. Apesar da litúrgica e formal atmosfera, nunca perdeu o dínamo sertanejo: estudou muito e andou a Europa inteira. Em 1957, foi ordenado. Celebrou a primeira missa nas Catacumbas de São Calixto, na Via Apia, região central de Roma, ponto de intensa visitação turística.

Com as vestes talares no corpo e o talo realizador na alma, Padre Irismar Frota retorna à terra natal. Assume a vaga deixada pelo Padre Fernando Frota. Como que determinado a seguir o conselho de Rui Barbosa - “a suprema santificação da linguagem humana, abaixo da prece, está no ensino da mocidade” – começou um lavor fecundo no seio da juventude crateuense. Atrás da Igreja, abriu uma casa, denominada Betânia, para onde moças e rapazes acorriam ao fim da liturgia eucarística. Era um saudável centro de cultura, lazer e entretenimento, com música, jogos de salão, biblioteca etc.

Visando a acender nos jovens a lâmpada da consciência política e social, animou a JEC (Juventude Estudantil Católica), a Cáritas Diocesana e o Movimento de Bairro. Convocava os fiéis para construir o Reino de Deus nesta terra, através do amor solidário ao próximo. Liderava o rebanho católico em mutirões para construção de casas. Pregava e provava que era possível “construir uma casa por dia”. Após a missa dominical, reunia os homens sob o regime de mutirão e, com um taco na mão, estimulava a todos a cumprir a meta. Quando alguém titubeava, ele mostrava o taco e dizia com desfastio: ‘se fraquejar, eu taco o pau’.

Essa sensibilidade social o fez protagonizar uma cena interessante. No auge da ditadura, os admiradores de Luis Carlos Prestes costumavam homenageá-lo no dia 03 de janeiro, data de aniversário do lendário Capitão. Certa feita os muros da cidade amanheceram pintados com loas ao Cavaleiro da Esperança. Meu parente Padre Bonfim, anticomunista ferrenho, usou o púlpito para proferir um veemente sermão clamando providências das autoridades. Pouco tempo depois, foram para detrás das grades Ferreirinha, João Aragão e João da Bela. Segundo o vulgo comentava, Ferreirinha era o cabeça; João Aragão, o pintor e João da Bela segurara o balde de tinta. Padre Irismar resolveu ir visitar os presos. Ferreirinha já estava sendo liberado. O Padre lhe oferece carona. Ao ver a cena, o povo exclamou: “Quer dizer que um padre prende e o outro solta?!”...

Dentre outros motivos, foram as intrigas que plantaram entre os dois sacerdotes e, sobremaneira, desentendimentos na equipe paroquial, que motivaram sua saída de Crateús. Antes, foi ao Chile fazer um curso. E os mexericos continuaram. Em 1973 resolve se licenciar e passar uma temporada em Manaus. De lá, troca correspondência com a amiga Mirian Monteiro. Um dia, vem a Fortaleza e desabafa. Temia a solidão... Ela se lembrou da frase de João VI para D. Pedro e concluiu: “antes que alguma aventureira lance mão desta jóia, eu o farei”. E no ano chuvoso de 1974 subiram ao altar para selar, sob as bênçãos de D. Fragoso, o sacramento do matrimônio. Têm dois filhos: Suzana Lourdes e Norberto Anízio – assim batizados em homenagem aos avós, maternos e paternos. Ela, fisioterapeuta em Sobral; ele, médico neurologista na capital. Ambos são também professores universitários. E, segundo os pais, pessoas maravilhosas.

Indago-lhe qual a reflexão que faz dessas oito décadas de existência. Primeiro brinca: “Estou pronto para ir quando o Senhor me chamar. Mas... não quero ir tão cedo.” Depois pontua: “Deus foi positivo comigo. Deu-me uma vida abençoada. Sou feliz pela esposa e filhos que tenho”. Descobriu o sentido da nossa passagem neste vale terreno - que não precisa ser um vale de lágrimas, mas de alegria – em especial quando se vive em sintonia com o Altíssimo, fazendo o bem ao próximo, encarando o dia a dia com leveza e, sobretudo, bom humor. Charles Chaplin, engenheiro do riso e um dos maiores gênios da alegria humana, proclamou: “o bom humor está um degrau acima da inteligência!” Antonio Irismar Frota vê o mundo desse degrau superior!


(Júnior Bonfim, na Revista Gente de Ação e no Jornal Gazeta do Centro Oeste)

domingo, 3 de julho de 2011

ITAMAR FRANCO MORRE AOS 81 ANOS


Morreu às 10h15 de ontem, sábado, em São Paulo, o ex-presidente da República Itamar Franco. Aos 81 anos, o político cumpria mandato até janeiro de 2019 no Senado Federal. Antes prefeito de Juiz de Fora (MG) e senador em três oportunidades, Itamar Franco chegou à Presidência após a renúncia de Fernando Collor de Mello, em 1992. Após deixar o Planalto, foi governador de Minas Gerais.

Itamar foi diagnosticado com leucemia em maio e, durante o tratamento, contraiu uma pneumonia, que se agravou. De acordo com o hospital Albert Einstein, ele sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) na Unidade de Terapia Intensiva da instituição.

Filho de Augusto César Stiebler Franco e Itália Cautiero Franco, Itamar Augusto Cautiero Franco nasceu a bordo de um navio em 28 de junho de 1930. O pai de Itamar havia morrido meses antes de seu nascimento e sua mãe registrou o filho em Salvador (BA), onde morava um tio. A família era de Juiz de Fora e ele se mudou para Minas Gerais com poucos meses. No município, cresceu e se formou em Engenharia Civil em 1954. Foi durante o curso que iniciou sua vida pública, participando da política estudantil.

Ainda na década de 50, se filiou ao PTB e tentou se eleger vereador e, depois, vice-prefeito em Juiz de Fora. Com o golpe militar em 1964 e a instalação de um regime de bipartidarismo, Itamar migrou para o MDB, sigla pela qual conquistou seu primeiro mandato eletivo, na prefeitura de Juiz de Fora, em 1967. No pleito de 1972, foi reeleito, mas deixou o cargo um ano depois para concorrer, com sucesso, a uma vaga no Senado - sendo reeleito em 1982, já no sucessor do MDB, o PMDB. Em 1986, sem apoio para ser candidato ao governo mineiro em seu partido, se filiou ao PL, mas foi derrotado por Newton Cardoso, candidato de sua ex-agremiação.

Com a derrota, Itamar voltou ao Senado para cumprir o restante de seu mandato, que ia até 1990. No período, participou da Assembleia Nacional Constituinte e das campanhas para a volta das eleições diretas. Em 1989, trocou novamente de sigla e foi para o desconhecido Partido da Reconstrução Nacional (PRN), para ser candidato à vice na chapa de Fernando Collor de Mello, que saiu vencedora.

De vice a chefe da nação

Na vice-presidência, Itamar criticou atos de Collor, como os processos de privatizações, mas se manteve discreto. Com o surgimento das denúncias de corrupção contra o governo e o início da campanha pelo impeachment do presidente, a figura pacata de Itamar ganhou espaço.

Em setembro de 1992, quando a Câmara decidiu autorizar a abertura do processo contra Collor, Itamar assumiu a vaga interinamente. Três meses depois, o presidente renunciou ao cargo e o mineiro foi conduzido à Presidência, sem uma posse formal.

Na Presidência da República

Itamar Franco assumiu o País com uma inflação de 1.100%, que chegaria a 6.000% no ano seguinte. Em meio à crise, o presidente trocou o comando do Ministério da Fazenda diversas vezes, até que Fernando Henrique Cardoso, então ministro das Relações Exteriores, assumiu a pasta com um projeto para a implantação do Plano Real.

Com o plano, era criada uma unidade real de valor (URV) para todos os produtos, desvinculada da moeda vigente na época, o Cruzeiro Real. Cada URV correspondia a US$ 1. O modelo conseguiu atrair capitais estrangeiros e foi exitoso no combate à inflação em um curto período. Apesar de ousada, a medida estabilizou a economia brasileira.

Com o sucesso do real, Itamar elegeu Fernando Henrique Cardoso seu sucessor em 1995 e deixou o Palácio do Planalto com altos índices de aprovação. No período até a eleição seguinte, Itamar foi embaixador em Portugal e na Organização dos Estados Americanos (OEA), nos Estados Unidos.

No início de 2011, Itamar Franco foi entrevistado em uma série do canal Globonews com ex-presidentes da República. Na ocasião, ele afirmou que seus feitos durante o governo não eram lembrados pelos críticos na atualidade. "Esqueceu-se e, aliás, se esquece, de que eu entreguei o País democraticamente. Ninguém fala, ninguém fala. Só falam de mim 'é o cabelo (caracterizado por um topete), é o não sei o que, é o Carnaval', essas bobagens. Mas esqueceram que eu fiz uma reunião logo de início, no Alvorada, com todos os presidentes dos partidos e fiz a seguinte proposta, a todos: 'olha, eu assumi o governo pela Constituição e pela vontade de Deus, mas estou disposto, se os senhores entenderem, eu estou pronto a convocar as eleições'".

No Carnaval de 1994, Itamar foi fotografado ao lado da modelo Lílian Ramos em um camarote na Marques de Sapucaí, no Rio de Janeiro, após ela desfilar por uma agremiação. A polêmica ficou por conta de a modelo estar só de camiseta e sem calcinha, detalhe evidenciado pelo ângulo das imagens.

O governo em Minas Gerais

Após sair do governo, Itamar se tornou um crítico da política de Fernando Henrique Cardoso. Em entrevista à Globonews, ele destacou como uma das principais críticas a reeleição, estabelecida no Brasil após a Constituição ser alterada no governo FHC. "Jamais ele disse que seria candidato à reeleição. Eu considero até hoje um grande mal, quebrou a ordem constitucional brasileira. Na reeleição, você não distingue se é presidente, se é candidato", afirmou. Além disso, ele afirmou que, logo após deixar Brasília, ficou incomodado com o fato de o real ser associado apenas a FHC, e não ao seu mandato. "Se ele quiser ficar com o Plano Real para ele, ele fica", afirmou.

Ao retornar ao Brasil e ao PMDB, o político tentou se lançar candidato à Presidência para as eleições de 1998, mas encontrou resistência no partido, que apoiaria a reeleição do tucano FHC. Decidiu, então, tentar o governo de Minas Gerais, e foi bem sucedido.

O início do governo foi turbulento. No primeiro dia, Itamar decretou a moratória para renegociar a dívida do Estado, gerando uma crise com a presidência do Banco Central. A suspensão do pagamento da dívida durou pouco mais de um ano e gerou retaliação por parte do governo federal, que suspendeu repasses como o do Fundo de Participação dos Municípios.

Outros episódios que marcaram o governo Itamar em Minas foram a retomada, por meio judicial, do controle acionário da estatal elétrica Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), parcialmente vendida no governo anterior, de Eduardo Azeredo (PSDB), e a reação de Itamar após a intenção do governo federal de privatizar a estatal Furnas, projeto que não foi levado adiante. Após a eleição de 2002, na qual apoiou Aécio Neves (PSDB) para ser seu sucessor, Itamar foi nomeado embaixador brasileiro na Itália.

A volta ao Senado

De volta ao Brasil após deixar a embaixada na Europa, Itamar tentou se candidatar a presidente pelo PMDB em 2006, mas desistiu para retornar ao Senado Federal. Acabou perdendo a indicação do partido para Hélio Costa. Em 2007, ele assumiu a presidência do Conselho do Banco do Desenvolvimento de Minas Gerais.

Em 2009, sinalizando intenção de disputar a sucessão presidencial no ano seguinte, Itamar Franco se filiou ao PPS e declarou seu apoio a Aécio. No discurso de filiação, ele ainda criticou o presidente Lula e o PT. Mais tarde, Aécio e Itamar anunciaram suas candidaturas ao Senado e foram eleitos, derrotando o petista Fernando Pimentel.

Ao voltar a Brasília, Itamar passou a integrar a comissão da reforma política da Casa e defendeu o fim do voto obrigatório e a reeleição. Ele também defendeu um veto à possibilidade de retorno de um político que cumpriu dois mandatos no Planalto. "Quem já foi presidente duas vezes não poderia concorrer mais. Vamos dar oportunidade a outras pessoas. O cidadão fica oito anos no poder e quer voltar?", disse.

A descoberta da leucemia

Em 25 de maio de 2011, Itamar Franco anunciou que um exame de rotina o diagnosticou com leucemia em estágio inicial. Ele se licenciou do Senado e se internou no Centro de Hematologia e Oncologia do hospital Albert Einstein, em São Paulo.

No final de junho, Itamar foi internado na UTI devido a uma pneumonia. Na sexta-feira, o hospital havia informado que o político apresentou uma remissão completa no quadro de leucemia, o que não equivale à cura da doença, mas, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), representa um estado de aparente normalidade que se obtém após a quimioterapia.

Apesar da melhora, o parlamentar apresentava um "quadro grave" de pneumonia aguda e recebia tratamento com corticoesteróides em altas doses. Ele também respirava com a ajuda de aparelhos.

(Fonte: Terra)

DEVO A ITAMAR A AUDÁCIA DE TER ME NOMEADO - DIZ FHC

Acabo de saber da morte de Itamar. Recordo vivamente a última vez que o vi, no almoço oferecido ao presidente Barack Obama, em março.

Encontrei-o jovial, brincalhão, parecendo feliz. Recordei-me imediatamente do Itamar meu colega no Senado. Nossas relações na época eram superficiais, mas cordiais e sempre alegres.

Quando fui líder do PMDB, no fim dos anos 80, ele era um liderado rebelde, sem perder as boas maneiras.

Uma vez ficamos até altas horas da noite para aprovar um aumento do ICMS, a que Itamar se opunha. Ele obstruía com afinco invejável e tiradas e apartes oportunos, não necessariamente ligados ao tema em debate.

No meio tempo, eu e ele brincávamos um com o outro, enquanto na tribuna os argumentos eram severos.

Assim foi Itamar a vida inteira: persistente em seus objetivos, sempre civilizado, discreto, vivaz e, se necessário, contundente.

Quando à luz dos acontecimentos políticos parecia claro que Itamar se transformaria em presidente da República, tive a surpresa de ser chamado por ele, por intermédio do senador Jutahy Magalhães, para uma conversa.

Mineiramente, ele me perguntou: "O que você acha que vai acontecer?". Repliquei o óbvio: "Você será presidente da República".

Daquele dia em diante, passamos a conversar com frequência e a debater, junto com outros amigos, quase tudo, desde a formação do novo governo até as ações preliminares a serem tomadas.

HABILIDADE POLÍTICA

Um dia, ele me perguntou se eu aceitaria ser ministro do Exterior. Disse-lhe que sim, mas que isso não era condição para meu apoio e que poderia continuar a ajudá-lo no Senado.

De quando em vez, eu perguntava quem seria o ministro da Educação, até que me indagou de chofre: "Você quer ser ministro da Educação?". Respondi que não, queria apenas saber o nome de quem seria para evitar que a área fosse objeto de clientelismo. Ele sorriu, não me disse quem seria, mas assegurou que não havia perigo. De fato, nomeou um nome técnico que teve ação positiva.

Conto isso para ressaltar que Itamar sabia navegar nos mares encapelados da política, sabia dissimular para evitar o pior e tinha compromissos com o interesse público.

Neste momento de alguma lassidão nos costumes, vale recordar que na ocasião em que, sem motivos substanciais, uma CPI colocou em dúvida o comportamento de um de seus ministros mais chegados, ele não teve dúvidas em aceitar o afastamento provisório do amigo, até que ficou comprovado que não havia razões para demiti-lo.

Noutra oportunidade, diante da pressão de denúncias capitaneada por um poderoso senador, Itamar resolveu recebê-lo e convocou a imprensa para que escutasse o que lhe diriam e para que visse abertamente como ele reagiria.

Em matéria de deslizes que ferissem os interesses do povo, Itamar não hesitava. O homem discreto e cordial se transformava no presidente austero, incorruptível.

NO GOVERNO

Devo a ele a audácia de nomear um sociólogo sem grande experiência administrativa para o Ministério da Fazenda. Mais: apoiou tudo que eu e minha equipe propusemos para fazer o que no início foi o Plano FHC e se transformou no Plano Real.

Sem o apoio irrestrito do presidente, nada do que foi feito poderia ter sido aprovado. E isso em matéria que nem sempre era da preferência de Itamar.

Preocupado que foi a vida inteira com atender aos mais pobres, temia que a contenção fiscal necessária para assegurar a estabilidade da economia pudesse prejudicar os trabalhadores.

Não obstante, aceitou com responsabilidade histórica o que teria de ser feito, embora às vezes com a alma travada.

As repercussões positivas do Plano Real para o povo e para a economia permitiram que Itamar assistisse sua consagração no fim do mandato. Mais do que merecida, a consagração de um homem que tinha forte sentido ético na política e que, com sua simplicidade e despojamento, serve cada vez mais de exemplo ao Brasil atual.

Pessoalmente, devo a Itamar não só o ter-me apoiado como ministro, mas o haver aprovado com entusiasmo minha candidatura ao Planalto. A despeito das reviravoltas da política que nem sempre permitiram que estivéssemos no mesmo lado quando exerci a Presidência, sempre guardei respeito por tudo que Itamar significou para o Brasil.
Só lamento não ter tido mais oportunidades de desfrutar, com a tranquilidade que só os anos trazem, uma convivência mais frequente.


(FERNANDO HENRIQUE CARDOSO foi presidente da República (1995 a 2002) e ministro da Fazenda no governo Itamar.)