quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

VEM, ME FALA DE VOCÊ!



ME FALA DE VOCÊ
(Zé Vicente)

Vem, me fala tu de liberdade
Dessa igualdade que todos queremos
Desta vida nova que todos buscamos
Desta paz que um dia encontraremos.

Vem me fala tu de tua vida
Dessa amizade mais querida
Dessa ansiedade de amar de novo
Desta tua vida doada ao povo

Vem me fala tu de esperança
Desse novo ser criança
Dessa paz sem ser bonança
Dessa luta pra vencer
Vem me fala de você

NO STF, LEI DA FICHA LIMPE JÁ TEM QUATRO VOTOS A FAVOR E UM CONTRA

O Supremo Tribunal Federal suspendeu, pela terceira vez, nesta quarta-feira (15/2), a sessão de julgamento da Lei da Ficha Limpa sem concluir a votação que avalia, desde novembro, sob que condições seus dispositivos devem ser aplicados nas eleições municipais deste ano.

O STF retomou o julgamento nesta quarta depois que o pedido de vista do ministro Dias Toffoli interrompeu, em dezembro, a conclusão da análise do pleito. Dois dos 11 ministros, Joaquim Barbosa e o relator, Luiz Fux, já haviam votado, ainda em 2011, a favor da plena aplicabilidade dos dispositivos da lei nas eleições municipais em 2012. Com a sessão de hoje, o placar até agora é de quatro votos a um a favor da Lei da Ficha Limpa. Além de Fux e Barbosa, Rosa Weber e Carmen Lúcia proferiram votos favoráveis à nova lei, enquanto Dias Toffoli votou contra.

Depois de se estender por mais de cinco horas, a sessão foi adiada para esta quinta-feira (16/2). São esperados ainda os votos do presidente do STF, ministro Cezar Peluso, e dos ministros Ayres Britto, Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Apenas o ministro Joaquim Barbosa não tomou parte da sessão desta quarta-feira. Pelas intervenções nos debates dos ministros que ainda não votaram, é possível prever que Ricardo Lewandowski e Carlos Britto deverão garantir a maioria da posição que considera a lei constitucional, enquanto o presidente Cezar Peluso e os ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes devem se alinhar com Dias Toffoli na posição vencida. Marco Aurélio não deu sinais de como deve votar.

Na sessão desta quarta-feira, o ministro Dias Toffoli “abriu a divergência” em relação aos votos dos ministros Luiz Fux e Joaquim Barbosa em uma longa consideração que ocupou praticamente toda a tarde e gerou inúmeros debates, a maioria protagonizados pelos ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes, opositores declarados da Lei Complementar nº 135.

Mendes não poupou farpas a praticamente cada consideração a favor da nova lei. “Estender a pena [de inegibilidade] aos casos já julgados é um convite ao casuísmo”, disparou o ministro. “É fundamental lembrar que quando essa lei chegou ao Congresso, bastava a denúncia recebida para impor a inegibilidade”, observou. “Temos que proteger o núcleo dos direitos fundamentais”, disse em outro momento.

A ministra Rosa Weber e Carmen Lúcia votaram em conformidade com o relator e Joaquim Barbosa, decidindo pela ampla constitucionalidade da lei. O voto de Carmen Lúcia foi o mais curto, se estendendo por menos de dez minutos. Weber chamou a atenção para o entendimento de que a inegibilidade não pode ser considerada “pena em si” e que o foco em questão é a coletividade e, portanto, dessa forma, “os poderes constituídos devem emprestar ressonância à vontade popular”. Carmen Lúcia apelou para a distinção entre presunção de inocência e presunção de não-culpabilidade penal, argumentando que a Lei Complementar 135 não fere os principios da primeira.

A Lei da Ficha Limpa entrou em vigor há quase dois anos, provocando uma série de dúvidas referentes à sua validade e extensão até o STF decidir, à época, que esta não vigorava para 2010, ano em que foram eleitos presidente, governadores, deputados estaduais e federais e senadores.

Fruto da iniciativa popular, a lei embarga a candidatura e faz inelegíveis políticos condenados pela Justiça em decisões colegiadas ou aqueles que renunciaram ao cargo eletivo para se esquivar da cassação, isto até se extinguir os efeitos da decisões condenatórias.

O julgamento dos três processos que questionam a abrangência da lei iniciou em novembro de 2011, porém os trabalhos foram interrompidos por duas vezes em razão de pedidos de vista. O julgamento se refere a duas ações declaratórias de constitucionalidade, apresentadas pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Partido Popular Socialista (PPS), e à ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pela Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL), uma federação de sindicatos .

Um dos pontos de controvérsia se refere a alínea que faz inelegíveis políticos que renunciam a cargos eletivos a fim de impedir a cassação do mandato. Neste caso, de acordo seus opositores, o dispositivo não poderia compreender renúncias anteriores à sanção da nova lei em razão do político desconhecer, até então, as implicações do ato da renúncia frente à nova realidade. O outro ponto é relacionado ao fato da lei tornar inelegível o réu de juízo em primeiro grau, ainda apto de recorrer da decisão a que pesa contra si.

(Fonte: CONJUR)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

CONJUNTURA NACIONAL

Salgar meu pai

Abro a Coluna com uma historinha do Rio Grande do Norte, mais precisamente de Macaíba, vizinha à Capital, Natal.

Em certa administração municipal, constituída em sua grande maioria por pessoas de Natal, um pobre rapaz procurou o gabinete do prefeito com um problema urgente. Era uma sexta-feira. "Meu pai morreu e vim pedir o caixão", suplicou o jovem à secretária natalense da mais fina flor da moderna burocracia. "Hoje não há como atender. O prefeito e todo o pessoal foram a Natal. Volte segunda-feira, está bem?", respondeu a funcionária conscientíssima do dever cumprido. Desolado o rapaz recuou e abriu novamente a porta do gabinete para nova abordagem: "Dona, poderia me arranjar dois reais?". "Pra quê você quer o dinheiro?", interrogou a eficiente servidora. "É pra comprar sal grosso, salgar o meu pai até segunda-feira!".

Quem conta o "causo" é Valério Mesquita.

Cenários eleitorais

- Vermelho/encarnado

Este cenário é o do PT. Nele, vê-se o partido abocanhando entre 1200/1300 prefeituras das 5.564 existentes no país. Significaria passar à frente do PMDB e, desse modo, garantir a argamassa para a decolagem do avião de 2014, com as maiores bancadas - estaduais e federais - sob o embalo da reeleição da presidente Dilma. Este é o desenho que o PT tentará compor. E mais ainda: sua meta é eleger o maior número de prefeitos nas 200 mais populosas cidades do Brasil. Faz parte da estratégia de prolongar o ciclo petismo/lulismo/dilmismo.

- Vermelho/preto

Este é o cenário do PMDB. O desenho que o partido quer ver no país abriga entre 1300/1400 prefeitos. Acha que, por ter, hoje, o maior número de administrações municipais e o maior número de vereadores, pode ambicionar meta mais larga, ou seja, expandir sua base municipalista. Trata-se do partido de maior capilaridade nacional, posição que vem mantendo desde 1986, quando elegeu 21 dos 22 governadores de Estado. Eram os tempos áureos de Sarney e do confisco do boi no pasto. A grande luta do partido será com o PT, que quer desbancá-lo da posição.

- Azul/amarelo

Este é o cenário tucano. O PSDB tentará eleger entre 800 a 1000 prefeitos. Conta, para isso, com a força de administrações estaduais nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo (Geraldo Alckmin), Minas Gerais (Antonio Anastasia), e em Estados importantes como Paraná (Beto Richa) e Goiás (Marconi Perillo). Lembre-se que MG tem o maior número de municípios do Brasil e o governador Anastasia é bem avaliado. A administração Alckmin também goza de razoável prestígio.

- Verde/amarelo/branco

Este é o cenário do PSD de Kassab. Que governa, hoje, cerca de 270 prefeituras, com a migração de prefeitos vindos principalmente do DEM. O PSD já tem 53 deputados Federais e espera ser vitorioso em 500 municípios. O partido pisca de um lado e de outro, ensaiando estabelecer alianças de todos os lados. Seu objetivo é formar uma grande base política. O prefeito é exímio articulador. Conta com governos de Estado (SC, AM) e com políticos influentes. Tenderá a participar da base governista.

- Vermelho/amarelo

Este é o cenário do PSB, do governador Eduardo Campos. Espera fazer uns 800 prefeitos, principalmente na região Nordeste, a partir dos Estados de Pernambuco e Paraíba, onde tem as rédeas. Campos sonha com 2014, seja como candidato a presidente da República seja como vice na chapa da presidente Dilma. Pisca com um olho para o tucano Aécio Neves e com outro para Kassab. É um poço de ambições. E aprecia Maquiavel.

- Azul/verde/branco

Este é o cenário do DEM. Que foi visivelmente enfraquecido pelo PSD de Kassab. O partido terá o pleito de outubro como um parâmetro para projetar suas estratégias e abrir os horizontes de futuro. Caso perca tempo eleitoral e recursos do Fundo Partidário - ameaça real que sobre ele se projeta - a saída para o DEM seria uma fusão. E o partido com quem começa a abrir conversações é o PMDB. Os dois, juntos, formariam um grande ente com mais de 100 deputados Federais. O DEM quer eleger uma boa bancada de prefeitos, mas seu desempenho será uma incógnita.

Prosperidade e adversidade

"Na prosperidade, nossos amigos nos conhecem. Na adversidade, conhecemos os nossos amigos". (Collins)

A policromia partidária

Como se pode aduzir das próprias cores que adornam os cenários, a imbricação de posições, ações, metas e comportamentos é patente. Todos pensam de forma assemelhada. Falamos, claro, dos grandes e médios partidos (lembrando ainda o PDT, PTB, PP, PRB, PV) que agem no centro - e nas bandas esquerda e direita - do arco ideológico. Não estamos, aqui, incluindo os entes com maior coloração doutrinária, como PSOL, PCO, PSTU, etc. A constelação partidária deverá obter 90% dos votos nacionais, deixando percentagem mínima para siglas das margens ideológicas.

A régua de cada um

Quem tem se sobressaído nas administrações estaduais? A maior visibilidade dos governadores, convenhamos, ocorreu na esteira de eventos negativos - acidentes/incidentes naturais no Rio, greves de policiais militares, epidemias, etc. Quem apareceu de maneira positiva? Ninguém. Anastasia, sobre o qual se projetava a marca de exímio gestor, mergulhou. Renato Casagrande, do Espírito Santo, não é nem referência de passagem. Alckmin, em São Paulo, talvez seja o mais visível, particularmente por conta de eventos conjuntos com a presidente Dilma Rousseff, em São Paulo. Tarso Genro, no Rio Grande do Sul, fica distante dos eixos centrais. Perillo e Beto Richa, tucanos, parecem não terem ainda deslanchado. Cabral, do Rio, aparece sempre em meio a tragédias. E com a imagem de turista parisiense. Wagner, da Bahia, acaba de sair de uma greve. Quem ficou acima de cinco na régua? Difícil dizer.

Tudo o que somos

"Morrer é deixar tudo o que temos e levar tudo o que somos".

Serra quase aceitando

E aqui estou eu novamente fazendo a recorrente leitura do quadro paulistano. Digo e repito: aqui nessa arena ocorrerá a mais sanguinolenta e emblemática luta eleitoral dos últimos tempos. Terá Lula, careca e curado, no comando de um exército; Alckmin, na vanguarda de outro; e Kassab, abrindo novas frentes na arena. Pois bem, a briga tende a se acirrar, caso José Serra, que sempre nega ser candidato, decida enfrentar o páreo. Este consultor soube que, nas últimas horas, ele deixou de refugar. Já não manda o interlocutor recolher-se ao silêncio. Mostra-se disposto a pensar. Serra está quase com a decisão pronta. Se sair, Kassab deverá recuar da ideia de fechar posição com o PT de Haddad. Daí a pressa de Serra para evitar a decisão de Kassab.

Rejeição nas nuvens

Caso Serra tope a parada, deverá enfrentar a maior luta de sua vida: contra ele mesmo. Tem uma rejeição altíssima, por volta de 35%. Significa que Serra deverá ajustar sua identidade, na esteira de um processo que demanda mudança de atitudes, comportamentos, ações, gestos, etc. José Serra não provoca simpatia.

O que mata um jardim

"O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar vazio de quem por ele passa indiferente". Mário Quintana.

Ministros na ordem unida

Em tempos idos, era fácil apontar o ministro com maior força, de maior prestígio, o mais simpático, o mais arrogante, etc. Nos últimos tempos, essa tarefa tornou-se difícil. Porque o governo gira em torno de dona Dilma. Que centraliza tudo, que dá as ordens, puxa a orelha, cobra, dá corda, motiva e desmotiva. Os ministros temem enfrentar a ira da presidente. O Ministério recolheu-se. Quem bota as manguinhas de fora pode levar bronca.

Mais ordem unida

A presidente Dilma recomendou, ontem, aos 15 partidos que compõem a base aliada - presentes à primeira Reunião do Conselho Político - que mantivessem a unidade. Que as eleições de outubro não fossem obstáculo para brigas partidárias. Estiveram presentes líderes e presidentes dos seguintes partidos: PT, PMDB, PSB, PSC, PP, PDT, PTB, PR, PCdoB, PRTB, PRB, PT do B, PRP, PSL e PHS.

Ansiedade

"Ansiedade é a incapacidade de saber o que é importante e o que não é".

Plasmando a cara

A cara do Ministério vai tomando a feição de dona Dilma. A nova ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, e a nova presidente da Petrobras, Graça Foster, são carne e unha com a presidente. De maneira lenta, segura e gradual, a comandante-em-chefe das forças do país vai escolhendo os seus generais e coronéis.

Magistrados em nova briga

Nem bem saíram da batalha sobre o CNJ, cujas funções queriam ver mais restritas, as associações de magistrados acenam com mais querelas. Querem, agora, lutar contra o Executivo por não aceitarem a criação do Fundo Complementar para os Servidores Públicos. As demandas dos magistrados, convenhamos, contribuem para expandir o contencioso que entope os canais da Justiça. Cada qual empresta sua cota para as curvas da Justiça.

Justos e pecadores

"Só há dois tipos de homens: os justos que se crêem pecadores e os pecadores que se crêem justos. Mas nunca sabemos em qual dessas categorias nos classificamos - se soubéssemos já estaríamos na outra". (Pequeno Tratado das Grandes Virtudes - André Comte-Sponville)

Governo sob pressão

O governo não tem cumprido o compromisso de mandar pagar as emendas dos parlamentares feitas no orçamento de 2011. A insatisfação das bases bate no teto. As ministras Ideli e Gleisi são uma pilha de nervos. Os deputados miram em três alvos: aprovação do Fundo Complementar dos Servidores Públicos, o Código Florestal e a Lei Geral da Copa.

Prócer e liderança

Historinha contada por Carlos Santos, em seu livro Só Rindo 2.

Auxiliar direto do governador Dinarte Mariz, Grimaldi Ribeiro apresenta-lhe outro político interiorano no Palácio Potengi:

- Este é um prócer político do Trairi - define.

Noutra oportunidade, utiliza vocábulo diferente:

- Governador, esta é um liderança política da região Oeste.

Intrigado com as constantes distinções, mas sem captar a sutileza da separação, o arguto Dinarte interpela Grimaldi: "Por que uns são próceres e outros lideranças?".

Professoral, Grimaldi justifica:

- Governador, prócer só tem pose, e liderança é que tem voto.

Conselho aos foliões

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos membros do Judiciário. Hoje, sua atenção se volta aos foliões:

1. Tempo de folia é tempo de catarse, de alegria, de descontração, de convívio social. Aproveitem a folia carnavalesca, mas sem exageros que possam causar problemas ao físico e ao espírito.

2. Que o carnaval lhes proporcione viver momentos de relaxamento e lazer ao lado de familiares, amigas e amigos.

3. E que voltem ao espaço do labor com disposição e o compromisso de realizar bem as suas tarefas e funções. Pelo seu bem e pelo bem da sociedade!

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

OBSERVATÓRIO



Estive em Crateús no final de semana passado. No início da Praça localizada no entorno da Estação divisei um chamativo outdoor em cor vermelha – que provavelmente está ali desde o final do ano passado - com a seguinte mensagem: “Boas festas!... FÉ PAZ AMOR SAÚDE VIDA NOVA FELICIDADE PROSPERIDADE! ...um novo ano de muitas realizações. Carlos Felipe – Prefeito de Crateús”.

IMPESSOALIDADE

A Constituição Federal estabelece que a propaganda custeada com o dinheiro público ter que obedecer a determinadas regras. No parágrafo primeiro do artigo 37 está dito claramente: “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”. É induvidoso que o outdoor acima mencionado foi confeccionado com a mesma cor do partido do Prefeito, o vermelho do PCdoB. É incontestável que ali está, em destaque, o nome do Chefe do Executivo Municipal, caracterizando promoção pessoal da autoridade. Talvez sem se dar conta a gestão municipal afixou um outdoor que atenta contra princípio constitucional. Pelo artigo 11 da Lei Federal 8.429, de 02 de junho de 1992, isso constitui em tese ato de improbidade administrativa. Melhor seria substituí-lo imediatamente por outro.

OPOSIÇÃO

Parece-me que esse outdoor é emblemático da situação política da cidade: a ausência de oposição. Afora as queixas espontâneas da população e a manifestação isolada de algumas lideranças e segmentos, o fato é que o senhor Prefeito não enfrentou uma oposição contundente nesses três anos de mandato. Pelo menos nos moldes formais e tradicionais como a enfrentaram os dois ex-prefeitos imediatamente anteriores, Paulo Nazareno e Zé Almir. Contra Paulo existia uma atuante e implacável oposição política, entrincheirada na Câmara Municipal. Os Vereadores de oposição se reuniam semanalmente, avaliavam o quadro político, definiam uma agenda de combate e a implementavam. Inúmeras denúncias, ações judiciais e pronunciamentos nos meios de comunicação. Ainda hoje Paulo responde, juntamente com alguns ex-auxiliares, um enorme passivo judicial. As intimações têm freqüência quase semanal. Contra Zé Almir se consolidou uma forte oposição judiciária, provocada pela vigilância severa do Ministério Público e que culminou, inclusive, com seu afastamento temporário da Prefeitura.

OPOSIÇÃO II

No último fim de semana houve intensa movimentação nos bastidores políticos. Uma reunião ocorrida no sábado à tarde reuniu lideranças insatisfeitas com essa letargia na política local. Na mesma mesa estavam Nenzé Bezerra, Marcelo Machado e Luizinho Sales, ex-eleitores de alto coturno do atual alcaide. Este ano subirão em palanque adverso ao do Prefeito. Comenta-se que poderão somar em uma ampla articulação oposicionista. Há um consenso naqueles que estão fora do poder: é preciso construir uma unidade. Os entendimentos estão se amiudando. O PSDB se reuniu no sábado pela manhã e definiu que vai trabalhar por essa unificação oposicionista. Convidou os empresários José Vagno Mota e Luizinho Sales para se colocarem como opções do partido na mesa de negociação. Além disso, definiu uma dezena de candidatos a vereador. Há nomes expressivos e de grande densidade eleitoral.

OPOSIÇÃO III

A população está sedenta por nomes, opções, caminhos indicativos. O importante é que haja uma campanha qualificada. Um programa de governo que mobilize o povo para debater os grandes desafios do município. Que se discuta o futuro. Com grandeza e equilíbrio. Sem exibir baixarias nem resvalar para ressentimentos pessoais.

NENEN FRANCELINO

O ex-vereador Nenen Francelino completou oito décadas. A confraternização de seu aniversário reuniu uma multidão. Na festa, prestigiada por várias lideranças populares, ocuparam o microfone Neto Francelino, filho caçula do aniversariante, o Deputado Nenen Coelho, Lourival Rodrigues e Ivan Monte Claudino. Nossa saudação ao velho guerreiro do pé da serra.

HARLEY

Causou comoção generalizada o assassinato do Harley. Conheci-o. E daqui externo solidariedade à família. Uma de suas filhas escreveu que ele era um menino de 53 anos. Era um palhaço por vocação, amor e paixão. Poderia ter seguido uma carreira que o cobrisse com os tesouros deste mundo. Optou por seguir a vereda da alma, a trilha do coração, o pedregoso porém florido caminho do convite interior. Viveu feliz com a felicidade dos outros. Distribui sorriso. Amou o despojamento. Erguia a cada dia, com lona antiga e novos cacarecos, um templo à alegria de viver, que ele chamava de circo.

PARA REFLETIR

“O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido”. (Charles Chaplin)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

FLORENTINO DE ARAÚJO CARDOSO FILHO



Antigos pergaminhos e a auricular tradição rezam que, na antiguidade, em uma ilha grega chamada Cós, nasceu um cidadão cuja vida seria um culto permanente ao estudo das linhas nobres que dão vida e luz ao corpo humano. Era um asclepíade, membro de uma espécie de corporação de mestres da saúde que dizia descender do próprio Asclépio, o Deus da Medicina.

Esse insular ser tornou-se um peregrino da arte médica. Atendia seus consulentes à sombra de árvores, ao ar livre. Perambulava de cidade em cidade recolhendo observações e compartilhando saberes. Em 430-429 a.C., uma grande peste assolou a cidade de Atenas. Através do seu olho clínico identificou existir uma categoria – a dos artesãos (por dever de ofício guardava intimidade com o fogo) – que parecia imune ao contágio da doença. O sábio orientou que se acendessem fogueiras como forma de estender a imunidade a toda à população. Ao que se sabe a epidemia se extinguiu depois que Hipócrates mandou acender fogueiras por toda a cidade.

O fato é que o filho da ilha de Cós ganhou da História o honorável brasão de Pai da Medicina. Sua aura popular atravessou a madrugada dos séculos não só pelos tesouros científicos que extraiu, mas em especial pelos pórticos morais que erigiu. Gotejando sabedoria e humanidade, regou com serenidade e discrição para a posteridade o jardim suspenso do médico ideal. Inscreveu, nas éticas tábuas da devoção à vida, um juramento definitivo: “Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza. Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra.”

Foi por sobre esse invisível tapete mágico da história tecida pelos mestres da arte da cura que o crateuense Florentino de Araújo Cardoso Filho chegou ao topo da representação associativa médica nacional. Assumiu, há poucos meses, a Presidência da Associação Médica Brasileira. É o primeiro brasileiro fora do eixo sul-sudeste a presidir a entidade nos seus mais de sessenta anos.

“Herdei a emotividade da minha mãe e a vontade de trabalhar do meu pai” – confidenciou ao chegar ao cargo máximo da Associação Médica Brasileira. Em Crateús, onde mirou a primeira roupa branca de médico e aprendeu a soletrar o alfabeto do sonho, viveu até os doze anos de idade. Às margens do Poty fez o batismo de consagração á carreira de Hipócrates. Imaginava conquistar um Diploma e retornar ao leito umbilical. Porém o curso do rio da História o conduziu a outras paragens. Após se formar pela Universidade Federal do Ceará (onde também colou grau de mestre), fez Residência Médica em Cirurgia Geral e Cirurgia Oncológica no Rio de Janeiro, com incursões pelos Estados Unidos. Atingiu um grau de especialização que o impediu de retornar a Crateús.

Embora optando por ficar em Fortaleza, tinha na mente uma clara certeza: fazer da medicina um serviço à humanidade. Ao invés de fechar-se no espaço bitolado dos que querem apenas acumular a prata deste mundo, resolveu ser um profissional do setor público. Encarando a medicina como um serviço ao próximo, buscou e busca dignificar a profissão atuando na congregação dos pares e na intervenção cirúrgica na sociedade, a fim de que o conjunto da população possa sentir os efeitos de um melhor sistema de saúde. Fez da luta associativa médica sua principal bandeira. Destacou-se na vanguarda dos médicos cearenses até pontificar na liderança nacional da categoria.

A faceta de gestor operoso teve seu ápice quando assumiu a direção do Hospital Geral de Fortaleza – HGF, ocasião em que profissionalizou a gestão daquela instituição. Em dezembro de 2009, estava com a família em uma viagem internacional quando foi instado, por telefone, a enfrentar o desafio de comandar o complexo hospitalar da Universidade Federal do Ceará, que inclui o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC). Foi lá, na sala da Superintendência que ele me recebeu outro dia e discorreu sobre a sua trajetória e os projetos que toca atualmente na AMB. Entre outros, o de enfatizar o foco cientifico e melhorar a saúde pública. Falou com entusiasmo do Projeto de Lei de Iniciativa Popular que obriga a União a destinar 10% da Receita Corrente Líquida para o setor, o que significa um incremento de 35 bilhões no orçamento da saúde. Considera que, além de combater os desvios, é necessário trabalhar a formação profissional, a qualidade dos médicos lançados ao mercado. Quer inserir o Ceará no centro dos grandes debates. Para 2013, no centenário da Associação Médica Cearense, vai trazer para a terra da luz a Assembléia Geral da Associação Médica Mundial.

Indago-lhe sobre a família. Fala que tem, na intimidade do lar, um esteio essencial: a prima Rachel Cardoso, esposa, e os filhos Amanda (17 anos, já estudante de medicina), Daniel (15 anos) e Maria (10 anos).

Peço-lhe uma mensagem final... O semblante pétreo e forte, como os monólitos e os mares bravios do Ceará, dá lugar à divagação e à brandura. Aos poucos a solidez do olhar é tomada por um melancólico líquido de lagoa noturna do sertão. Orienta a respiração e sussurra uma carteirada existencial recolhida do genitor, um filósofo com pouco tempo nos bancos escolares, de quem herdou o amor laboral: “Muito cedo aprendi que nada vence o trabalho e a dedicação. O conhecimento ninguém lhe tira”.

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste e na Revista Gente de Ação)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

UTOPIA - de ZÉ VICENTE

Presenciei esta composição sendo escrita e musicada. Era o início dos anos oitenta.

Merece, pois, ser revisitada de quando em vez. Ouçamos: