sexta-feira, 15 de julho de 2011

A PALAVRA DO DIA: "O FILHO DO HOMEM É SENHOR DO SÁBADO!"

Naquele tempo, Jesus passou no meio de uma plantação num dia de sábado. Seus discípulos tinham fome e começaram a apanhar espigas para comer.

Vendo isso, os fariseus disseram-lhe: 'Olha, os teus discípulos estão fazendo, o que não é permitido fazer em dia de sábado!'

Jesus respondeu-lhes: 'Nunca lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheiros sentiram fome?

Como entrou na casa de Deus e todos comeram os pães da oferenda que nem a ele nem aos seus companheiros era permitido comer, mas unicamente aos sacerdotes?

Ou nunca lestes na Lei, que em dia de sábado, no Templo, os sacerdotes violam o sábado sem contrair culpa alguma?

Ora, eu vos digo: aqui está quem é maior do que o Templo.

Se tivésseis compreendido o que significa: 'Quero a misericórdia e não o sacrifício', não teríeis condenado os inocentes.

De fato, o Filho do Homem é senhor do sábado.'


Este é um dos trechos, ao meu sentir, mais profundos do Evangelho.

Narra a cena em que Jesus e seus discípulos passavam no meio de uma plantação, em um dia de sábado, os discípulos começaram a apanhar espigas para comer, porque estavam com fome. Os doutores da lei de então levantaram o brado de protesto, porque consideravam trabalho o fato de colher espigas, e no sábado era proibido trabalhar. Jesus dá dois exemplos, mostrando que a vida humana está acima da Lei.

Fica evidente, aqui, a preocupação de Jesus com o essencial: a vida humana, colocando-a acima de qualquer lei, civil ou religiosa, pois a lei do sábado era ao mesmo tempo civil e religiosa.

Salta aos olhos que, para o Jovem de Nazaré, o mais importante é perscrutar o espírito da Lei, que é promover a liberdade humana. Quando a Lei é usada para impor grilhões e condenar inocentes, ela está descurando do seu verdadeiro sentido.

(Evangelho de Mateus, 12,1-8)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

SERRA DO LUAR




Composição: Walter Franco

Amor, vim te buscar
Em pensamento
Cheguei agora no vento
Amor, não chora de sofrimento
Cheguei agora no vento
Eu só voltei prá te contar
Viajei...Fui prá Serra do Luar
Eu mergulhei...Ah!!!Eu quis voar
Agora vem, vem prá terra descansar

Viver é afinar o instrumento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro

Amor, vim te buscar
Em pensamento
Cheguei agora no vento
Amor, não chora de sofrimento
Cheguei agora no vento
Eu só voltei prá te contar
Viajei...Fui prá Serra do Luar
Eu mergulhei...Ah!!!Eu quis voar
Agora vem, vem prá terra descançar

Viver é afinar o instrumento (de dentro)
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro

Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro

quarta-feira, 13 de julho de 2011

CONJUNTURA NACIONAL

Plena absolvição

O rapaz, advogado novo em Princesa Isabel, Paraíba, ia defender um criminoso de morte a faca. Procurou o coronel Zé Pereira, dono da cidade:
- Coronel, preciso conseguir pena mínima para meu cliente. Se não conseguir, não tenho carreira aqui.
O coronel prometeu. Terminou o julgamento, pena mínima. O advogado foi agradecer a vitória ao coronel, que valorizou a ajuda:
- Doutor, o senhor não calcula a força que eu fiz para conseguir a pena mínima. Todo mundo queria absolver o homem.

Mais uma vez, historinha da coleção do amigo Sebastião Nery.

E Gurgel, hein?

Pois bem, a presidente Dilma decidiu reconduzir Roberto Gurgel ao cargo de procurador-geral da República. Até aí tudo bem. Gurgel acaba de fazer a denúncia formal contra os mensaleiros. Confirma o laudatório do procurador anterior. Pergunta: o que os senadores petistas farão? Aprovarão ou não a recondução de Gurgel? Já as oposições alegam: ele foi muito governista. Não quis ir a fundo no caso Palocci. Pergunta: como as oposições avaliarão a recondução? Parecer deste consultor: há muita firulação. Gurgel deve passar na prova que o Senado fará a ele em agosto. A conferir!

Crises intermitentes

Sai o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e a mídia abre as trombetas: segunda crise ameaça governo Dilma. Ora, mais crises virão. Todas muito previsíveis. O presidencialismo de coalizão obedece a um fluxo de idas e vindas, marés vazantes e marés enchentes. As bases do governo sempre vão fazer pressão ou contrapressão. Trata-se de um jogo. Os partidos querem inserir seus quadros na administração. Os perfis nem sempre agem de acordo com a agenda ética. Por outro lado, o DNA da corrupção se espraia pelas três instâncias federativas. Ante a repercussão negativa, a dona da caneta não tem alternativa que a de despachar os indiciados.

O sal da terra

"Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que há de se salgar ? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens". (Cristo, em O Sermão da Montanha)

O novo ministro

Paulo Sérgio Passos é um nome da presidente Dilma. Que quer limpar influência e mando do deputado Valdemar Costa Neto. O PR teve de endossá-lo. Trata-se de um técnico que fez amizade com a presidente. Que o trata por Paulinho. Ele é marido da cantora Rosa Passos.

Reforma ministerial

O Ministério que inaugura um governo é a primeira moldura. Que, ao longo do tempo, vai sofrendo desgastes. Há quadros mal colocados na parede; alguns são muito esmaecidos, outros se quebram ao sabor do vento. As peças vão sendo remodeladas ao longo do tempo. Dilma pensava em fazer a primeira alteração ao final do ano. E ainda conserva esta ideia. A saída de dois ministros antecipa a revisão de quadros. Ante a versão de que coloca no escanteio alguns ministros, a presidente poderá, até, adiar a reforma que imagina e começar a prestigiar perfis considerados marginalizados. É evidente que alguns nomes ainda não mostraram eficiência.

Superfaturamento?

Costume por estas bandas. Fecha-se o contrato por X. Depois de algum tempo, aparecem os aditivos. E o preço sobe a montanha.

A ousadia

"Desde o condutor dos transportes e o tocador de tambor até o general, a ousadia é a mais nobre das virtudes, o aço verdadeiro que dá à arma o seu gume e o seu brilho". (Clausewitz, em Da Guerra)

Oposições mais fortes

O poder é um jogo de soma zero. A perda de um jogador é o ganho de outro. Cada vez que um episódio negativo bate no corpo do governo, este perde pontos e as oposições se fortalecem. É o que temos percebido. O governo Dilma, em seis meses, perdeu uns pontinhos. Foi bem até o terceiro/quarto mês. E a indicação apontava para taxas crescentes, sob o conceito de que Dilma é uma presidente técnica, equilibrada e educada com seus acenos bem vistos para Fernando Henrique, a quem escreveu uma carta carregada de encômios. Nos últimos dois meses, o governo entrou numa curva. Que começou com o carro desembestado do ex-ministro Palocci. Por enquanto, a locomotiva governamental ainda desce a ladeira.

Embates conceituais

Fernando Henrique produziu aquele texto onde procurou descrever o papel das oposições. Sua tese é a de que as oposições cairão do cavalo ao procurarem a montaria do povão. Foi dizer isso e o pau caiu sobre ele. FHC sugeriu que as oposições fixassem o foco nas classes médias. Escrevi um artigo no Estadão reforçando este ponto de vista, mostrando o poder de irradiação de influência das classes médias. Que funcionam como a pedra jogada no meio do lago. Fazem marolas que chegam às margens. Agora, é Zé Dirceu quem faz um texto em resposta à FHC. Li o documento. Trata-se de um arrazoado sobre os programas sociais do PT e uma forçada de barra conceitual na tentativa de enquadrá-los no escopo do socialismo. Pura bobagem. Dirceu faz parte de um time que joga com bolas furadas. Apega-se ao velho vocabulário para discorrer sobre o escudo protecionista que os governos - qualquer um - têm obrigação de formar em defesa das classes mais carentes.

A emoção

"A emoção é necessária, porque sem ela não se pode viver. O importante é sonhar e ser sincero com seu sonho". (Jorge Luis Borges)


Crise externa

A Europa enfrenta novamente a ameaça de crise. Itália, Espanha e Portugal temem que suas economias sejam as primeiras a se romper, caso a gigantesca sombra que paira sobre a Grécia chegue até seus territórios. Os EUA também estão ameaçados. O desemprego não cede. O Brasil, por seu lado, parece esbanjar oportunidades. Há muitos buracos que precisam ser tapados e a gastança chega aos píncaros. Não por acaso, Mantega e sua equipe econômica roem as unhas para evitar ondas mais altas na praia da inflação. Juros altos seguram a barra. Mas a produção brasileira sofre duramente com o dólar pedindo esmola e o real esbanjando pujança.

O centro


"O centro vale mais que os extremos". (Cardeal Mazarino, em Breviário dos Políticos)

PR sairá da base?

PR ameaça sair da base do governo. Essas ameaças partem de fontes não identificadas, que se valem do genérico: parlamentar que não deseja se identificar, um líder partidário, fontes do Congresso, etc. Bobagem. PR é governista de corpo e alma. Seus participantes jamais trocariam o bem-bom do governismo pela fonte seca do oposicionismo. Seria mais fácil o sol não aparecer, amanhã, que o PR abandonar o curral governista. Por isso, as sinalizações de fontes não identificadas servem apenas como expressão de barganha.

Ensaios para 2012

Lula quer puxar Fernando Haddad, ministro da Educação, para o palco paulistano. Haddad já bebeu muita água no copo governamental e, ao que tudo indica, quer colocar seus lábios em novas taças. É o candidato de Lula a prefeito de São Paulo. Luiz Inácio crê em caras novas. Atenção: ele tem faro. Mas o ex-presidente confessou a um amigo, semana passada: será difícil tirar Marta Suplicy do jogo. Trata-se do perfil com maior recall e índice de votos do PT na capital. E a senadora está muito motivada. Marta mostra-se enjoada com o palavrório do Senado. Gosta mesmo do Executivo. Há uma vírgula em sua pontuação: a rejeição é alta. Se detém, hoje, uns 30% de intenção de voto, registra o mesmo índice na área da rejeição. Pode diminuir? Sim. Tudo vai depender do clima ambiental: economia, satisfação geral, violência social, imagens dos governos estadual e municipal, polarização entre PSDB e PT, e adversários.

Surpresa

"Nem sempre vale a pena ser o primeiro a atacar; mas se o inimigo atacar primeiro você pode inverter a situação. Na estratégia, ganha mais quem surpreende o inimigo". (Miyamoto Musashi, em Um Livro de Cinco Anéis)

Safra governamental

Quem está bem nos governos estaduais? As leituras que faço dão conta de que os governadores, quase todos sem exceção, estão às voltas com a carência de recursos. Estendem o pires na mão no Planalto Central. Afluem aos Ministérios. Que não têm ordem - nem orçamento - para liberar recursos. Não sei quem tem avaliação acima de 7. Regular.

Pastore e os ex-detentos

José Pastore é um dos mais preparados scholars do país. Tem as mais completas planilhas sobre o mundo do trabalho. Professor renomado da nossa USP, consultor de diversas entidades, a partir da CNI, Pastore lança, em breve, um novo livro: "Trabalho para Ex-Infratores", 158 páginas, Editora Saraiva. Trata-se de uma obra que relata os resultados de uma pesquisa sobre a reinserção de ex-detentos no mundo do trabalho. Ao examinar os determinantes do crime e da reincidência, o autor procura desvendar o que de melhor pode ser feito em prol da recuperação dos que cumpriram suas penas ou estão em vias de cumpri-la. E apresenta sugestões aos que desejam operar programas de reintegração de ex-detentos, além de recomendações práticas para sua execução.

Suplentes sob sombras

A senadora Marisa Serrano, do PSDB, deixa o cargo no Senado para ser conselheira do TCE/MS. Seu suplente é o empresário Antônio Russo Netto. Russo é dono do frigorífico Independência, que entrou em recuperação judicial em 2009, deixando uma enorme lista de credores às portas do Judiciário, até hoje. Com a morte do senador Itamar Franco, o suplente Zezé Perrella ganha um mandato de senador por 7,5 anos. Perrella é presidente do Cruzeiro. Pesa sobre ele denúncia de enriquecimento ilícito.

Criando necessidades

"Um príncipe sábio deve encontrar um modo pelo qual seus cidadãos, sempre e em qualquer tempo, tenham necessidade do Estado e dele; assim, eles sempre lhe serão fiéis". (Maquiavel)

O grito do Capibaribe

O psiquiatra e escritor Luiz Carlos Albuquerque acaba de lançar em Pernambuco o segundo livro voltado para o público jovem. O primeiro, "A Guerra dos Bichos", está na sétima edição e mais de quarenta mil exemplares, fazendo parte de programas MEC e Secretaria de Educação de São Paulo. No recém-lançado "Batra, o Sapo", o autor conta as peripécias de um espécime que nasce no interior de Pernambuco junto aos olhos d'água que dão início ao rio Capibaribe e sente que acompanhar o rio até o mar será o seu destino, a jornada de sua vida. O longo percurso é feito de lenda, ação, humor, perigos e aprendizagem. O sapo é também um animal político.

Bom senso

A presidente Dilma chamou Luciano Coutinho e ordenou : tire o BNDES desse jogo do Pão de Açúcar com Carrefour. O banco passou mal no teste da opinião pública. A presidente usou o bom senso.

Turismo

O turismo brasileiro atravessa um ciclo de decepções. E demissões. Mais um nome sai da frente turística: a secretária de Turismo e Fomento de Ilhabela, Djane Vitoriano de Jesus, após um ano e três meses de mandato, deixou o cargo na manhã de ontem. Junta-se ao conjunto de outros secretários que abandonaram cargos nos últimos meses, em Búzios, São Francisco do Sul e Angra dos Reis.

Desindustrialização

A FIESP defende posições avançadas (e corajosas) do governo no território tributário. Mas o governo não está disposto a atender a algumas sugestões da entidade. A Federação defende desoneração total dos encargos trabalhistas da indústria de transformação, transferindo essa carga tributária sobre a folha de pagamento para outros setores da economia. O presidente da FIESP, Paulo Skaf, põe as coisas no devido lugar: "O Brasil enfrenta um processo de desindustrialização precoce. Para revertê-lo, a nova política industrial é fundamental, mas não suficiente. É preciso modificar a política macroeconômica".

Reputação

"Aquele que troca reputação pelos negócios perde os negócios e a reputação". (Quevedo y Villegas)

Conselho ao novo ministro dos Transportes

1. Faça uma radiografia das obras Federais em todos os pontos do território. Veja orçamentos iniciais e finais.
2. Procure saber como, onde e por que as obras estão atrasadas, são ou foram superfaturadas e os responsáveis pelos projetos - planejamento e execução.
3. Convoque a mídia e mostre resultados da planilha de obras a cargo do Ministério dos Transportes. Indicando o nome dos prestadores de serviços.
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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 12 de julho de 2011

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Uma transamazônica de problemas


Embora parcela dos analistas e, obviamente, os empedernidos governistas tenham entendido que Dilma agiu com eficiência nas suspeitas envolvendo o ministério dos Transportes, a interpretação é bondosa em demasia. É fato que não seguiu o padrão "episódio Palocci", mas as vacilações foram - e ainda são as mesmas - uma demonstração de que o governo, sem tutelas, sem temores e sem titubeios ainda não foi ainda inaugurado pra valer. O simples fato de a presidente ter "prestigiado" inicialmente o ministro Alfredo Nascimento, entregando a ele a investigação das supostas irregularidades, para depois forçá-lo a se demitir e, em seguida, convidar outro condestável do partido (PR) para o cargo e considerar ainda o ministério dos Transportes um feudo dos comandados de Valdemar da Costa Neto já diz sobre o grau de amarras que cercam S. Exa..


Asfalto movediço


Tem mais a demonstrar os grilhões do governo:

1. Luiz Antonio Pagot foi dado como demitido, amuou e então foi aceito como estando de férias.

2. O movimento para barrar uma possível CPI do DNIT que uma oposição combalida ameaça, sem nenhuma chance, convocar.

3. A preocupação com a reação do PR.



O que ele fez, fazia e agora vai fazer


Na estrutura dos ministérios, o secretário executivo é apontado como vice-ministro, o homem que toca o expediente, substitui o titular e coisas assim. No ministério dos Transportes, Paulo Sergio Passos exerce esta função desde a era de Lula. Já foi até ministro interino, quando o agora ex-Alfredo Nascimento saiu para concorrer ao Senado e depois ao governo do Amazonas. Guardou o lugar do titular. No caso levantado pela "Veja" o que viu Passos? Ou não viu? Ou fingiu-se de técnico apenas? Ou contou tudo para alguém e viu o circo explodir? Quais dessas credenciais fizeram de Passos o novo ministro, como o Palácio do Planalto anunciou ontem à noite.


Curvas traiçoeiras


Pelas primeiras indicações, a crise foi jogada temporariamente para debaixo do tapete. É uma tentativa de acomodação política. Pelo ambiente do mundo de fora, Dilma precisa dar um murro geral na mesa. O Congresso e os partidos estão abarrotados de escaninhos e curvas traiçoeiras. Esta semana vota-se a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Com armadilhas para pegar onça pintada.


E ele, o que é?


Pouca gente, pelo menos quem não é do "ramo", conseguiu entender ainda o papel do secretário geral da presidência da República, Gilberto Carvalho, no governo Dilma. Ele está em todas (ou quase todas) as exposições para a mídia, ao contrário do discreto e eficiente mineiro Luiz Dulci no posto palaciano com Lula. Foi de Carvalho a solução (temporária) das férias de Pagot, depois de o Planalto ter saído com a notícia da demissão imediata do homem do DNIT. Disseram a jornalistas que Dilma teria ficado irritada com o auxiliar direto por isso. Mas ficou irritada apenas neste caso?


O silêncio dos inocentes - O retorno


Ativos no episódio Palocci, um muito diretamente, o outro mais nos bastidores, o presidente de honra do PT e ex-presidente da República, Lula da Silva, e o presidente licenciado do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, guardaram obsequiosa e silenciosa distância do asfalto selvagem do ministério dos Transportes. Afinal, o negócio Palocci, embora atingisse indiretamente o governo, era mais uma questão pessoal. Já rodovias, ferrovias e tais... Em tempo: o PMDB, na fase de formação do governo Dilma, teve entre seus ministérios mais cobiçados o dos Transportes.


A foice está solta


Na esfera oficial o jogo já está feito para 2014: como na loteria zoológica inventada pelo Barão de Drummond, "na cabeça vai dar", fora imprevistos pouco prováveis, Dilma ou Lula. Não necessariamente nessa ordem de preferência. As caneladas ficam por conta do segundo lugar, já em plena disputa, despontado na frente o atual donatário, o PMDB e, em segundo, o PSB. Por essas e outras é que, tirando o lado da tragédia familiar e pessoal pela qual ele passou recentemente, ninguém nesse mundo está se comovendo com as agruras do governador Sérgio Cabral, do Rio, amigo e cópia carbono mal tirada do ex-presidente Lula. Solidariedade política ele não está tendo nem de seu partido. Vale o oposto também.


Uma falsa calmaria


Quem olha o PMDB só pela superfície, vê hoje quase "um manso lago azul sem ondas nem espuma". Nada mais falso - o que talvez explique o retraimento de alguns de seus caciques, temporariamente aposentados da mídia. Ou a nova postura de Sarney a cobrar explicações de quem aparece no governo encalacrado, como fez na semana passada com Alfredo Nascimento, o oposto do que havia feito com Palocci semanas atrás. A razão é que ganham corpo e consistência duas dissidências dentro das bancadas do partido na Câmara e no Senado, não apenas contra os pajés que tudo podem e tudo levam, mas em defesa de uma nova imagem para a legenda. No Senado, oito senadores "independentes" já vão longe nas discussões de que posições devem tomar, sem radical oposicionismo ao governo. Na Câmara o movimento é mais incipiente, mas já ocorreram reuniões de debates com a presença de cerca de 20 deputados.


É a política


O julgamento do "mensalão", que começou a entrar nos "finalmentes", tem aspectos político-institucionais infinitamente mais relevantes que todos os aspectos técnico-jurídicos que engloba: o seu resultado vai definir o país democrático, republicano que queremos ter. O Supremo, com muitos de seus titulares agraciados mais ao gosto político-partidário-emocional do que jurídico, terá de mostrar, coletiva e individualmente, qual sua real dimensão como Corte Suprema.


A calmaria é real


A oposição está parecendo a seleção do Mano Menezes: não é uma equipe, não tem conjunto, não tem plano de jogo e é incapaz de transformar em fatos e ações (gols) de interesse nacional as oportunidades que os adversários (os governistas) lhes entregam gratuitamente. Dão sempre um drible a mais ou tentam as surradas soluções que não levam a nada.


Propaganda enganosa


Chega ao limite do deboche, para dizer o "menos pior", a propaganda que algumas ditas (mas não provadas) instituições de ensino fizeram publicar nos últimos dias celebrando o desempenho de seus alunos no último exame da OAB. É caso, isto sim, para luto fechado da sociedade e da comunidade jurídica nacional e para uma ação sumária, cirúrgica das autoridades. Mas o MEC, entenda-se, é uma entidade política...


É a economia


O governo Dilma está na berlinda, desde o seu começo - já lá se vão mais de seis meses- por razões de política e adjacências. É o acerto partidário nunca concluso, é a cobrança no Congresso, é o caso Palocci, é o caso Mercadante-aloprados, é o caso do ministério dos Transportes, são as idiossincrasias dos aliados, os amuos dos que se acham donatários de ministérios e cargos, e outras historinhas menos votadas. Mas no horizonte real, para cidadãos e agentes econômicos empresariais e particulares, é um crescente incômodo econômico, com ameaça de inflação, juros em alta, crédito limitado, câmbio escorregadio e crescimento da concorrência externa que vão trazendo uma inquietação crescente fora do mundo da política. Por razões que vão do otimismo exacerbado de alguns auxiliares de Dilma às atitudes boquirrotas de outros, passando por desentendimentos conceituais entre os setores oficiais, deixam a impressão da falta de uma política econômica orgânica e de longo prazo e de pesadas doses de improvisação e remendos. Não pode um ministro dizer que está assustado com o câmbio, por exemplo!


A fila anda


Os mercados comemoraram na semana passada a "salvação" da Grécia depois da liberação de novos recursos da União Européia em função da aprovação de mais um pacote de austeridade. Não se passaram dois ou três pregões para que os especuladores de mercado mirassem no pequeno Portugal e na Itália. Discute-se em relação a ambos os países a possibilidade de seus créditos serem insuportáveis no que tange à solvência. As agências de ratings, apesar de muito questionadas durante a crise norte-americana de 2008, voltaram a prestar seus serviços e a opinar sobre a dívida alheia em plena erupção do magma especulativo. Soa no mínimo estranho...


Sem solução no curto prazo


Uma coisa é certa: a Europa ainda vai viver durante um bom tempo sob forte escrutínio do tal do mercado. A Grécia irá, de alguma forma, reescalonar (ou reestruturar) a sua dívida. Poucos cálculos aritméticos são necessários para se verificar que o país não terá condições de honrar seus compromissos, apesar de já ter jogado quase 25% de sua população economicamente ativa no desemprego. Portugal e Espanha dependerão da "boa vontade" do mercado, coisa que não existe na prática. Irlanda está quebrada também. Até mesmo a França tem lá suas imbricações entre o sistema financeiro e seu setor produtivo, uma fonte constante de problemas para a higidez do sistema financeiro. Muitas análises ainda trazem estimativas/avaliações sobre as possibilidades de Grécia, Portugal, Espanha e cia. voltarem a ter paz para obter crédito. Tais avaliações não passam de uma cortina de fumaça sobre a realidade. Tudo com anuência da Alemanha, a sócia rica da UE e eterna fonte de problemas para a efetivação de uma política econômica consolidada no Velho Continente. Os alemães, quando o assunto é economia, se comportam como uma raça superior. Infelizmente. A tensão vai continuar.


Obama pede, os republicanos respondem


Enquanto Obama pavimenta seu caminho para disputar a reeleição, também pede que os republicanos que aceitem aumentos de impostos para minimizar os efeitos do gigantesco déficit fiscal utilizado para salvar o país do colapso de seu sistema financeiro. A resposta republicana vem em doses pouco homeopáticas: aponta o corte para os programas de universalização da saúde e da previdência. Algo duro para os democratas. A possibilidade mais efetiva é que tudo fique "no meio do caminho", nem muito ao déficit e nem muito aos impostos. O que significa que a dívida pública do país vai continuar gravitando acima de seu PIB, algo como US$ 14 trilhões. Neste ambiente, a coisa mais provável de ocorrer é o pessimismo continuar em alta no país.


(Por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

domingo, 10 de julho de 2011

PARABÉNS, FILHA!



Parabéns prá você, minha doce Marguê! Neste dia em que aniversarias, peço que Deus continue a te cobrir com suas bençãos, aspergindo sobre o teu ser o óleo da bem-aventurança.

Marguerrite Freire Bonfim, a Marguê, tem um coração mineral, uma alma generosa. Sua radiosa mente é um pomar de sonhos! Sonhos doirados! Imagino que nasceu de uma costela telúrica minha, se é que a tenho. Ou do ventre abençoado de sua mãe, uma fibrosa mulher. Quem sabe da combinação harmoniosa das duas!...

Desde as espumas flutuantes da sua infância que identificamos sua inclinação oceânica, o marítimo amor que carrega. Congênito é o gosto pelo cultivo das plantas permanentes que alimentam sua flora humanística. É um manancial de doçura.

Incorrigivelmente solidária, é capaz de gestos de profunda doação em favor de quem necessite. É, porém, uma flor possessiva em relação aos que ama. Deixou a árvore da pureza assentar suas raízes colossais no recanto mais profundo de si mesma.

Nos campos da infância, era sinônimo de bem-me-quer, malmequer. Batia e afagava com igual intensidade. Hoje, esparrama-se em delicadezas. É um vulcão de bondade.

Destemida amante da família, quando se depara com um parente adora perscrutar sobre qual galho do pau d’arco genealógico pertence.

Como um isolado penhasco de saudade, gosta de se recolher à camarinha doméstica. Aí se sente mais livre. Talvez seu faro de pássaro tema a gaiola da vida externa...

Nos últimos tempos, tem escalado com fervor os monólitos da superação. Já remove, sozinha, os arenitos do caminho e mira o sol de frente. Alimenta o desejo de firmar-se em uma carreira que possa servir os semelhantes.

Minha bela Margarida, desejo que o Homem de Nazaré – fermento na massa, sal da terra, luz do mundo - te ajude a palmilhar essa vereda fulgurante, ladrilhada com pedrinhas de brilhantes. Pois eu te amo. Parabéns, filha!


Júnior Bonfim