quinta-feira, 21 de outubro de 2010

COMENTÁRIOS SOBRE A FESTA DA AMLEF

Caro Júnior,

Grato estou pela gentileza de me enviar o seu belo discurso.

Naquela mesma noite, ao chegar em casa , ainda encantado com a ambiência de poesia, naveguei no site da academia e lá me deleitei , mais uma vez , com seu outro discurso proferido em data anterior.

Difícil escolher o mais belo...

Fiquei mais contente ainda ao saber da sua outra paixão: a culinária, arte pela qual também nutro uma pitada generosa de paixão.

Bravo, amigo !

Na certeza de que um dia poderemos jogar conversa fora à beira do fogão, degustando um bom vinho, mais uma vez agradeço e o parabenizo por tanta destreza e carinho com que tratas as palavras.

Grande Abraço

Aldo Quintino


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Grande Júnior Bonfim,

eu é que agradeço a delicadeza do seu convite ao evento da Academia. Obrigado.

Aproveito o ensejo para dizer-lhe que fiquei deveras emocionado com sua lírica oratória aos recipiendários.

Os vocábulos do seu discurso já são primorosos, mas você, não se contentando, ainda dá vida às palavras, transfigurando-as em belíssima canção, acompanhada de uma lira invisível que inebria toda a plateia.

Parabéns.

As fotos ficaram excelentes.

Saúde e Paz,

Boaventura Bonfim.

CONJUNTURA NACIONAL

Proibindo eclipses

O Coronel Zé Azul, chefe político de São Gonçalo do Abaeté, em Minas, era candidato a prefeito pela UDN, às vésperas de um eclipse do sol que a imprensa vinha prevendo para começo do ano seguinte, como o mais forte já visto no Brasil. O medo generalizou-se. Espraiavam-se relatos de crianças que iam nascer defeituosas, galinhas que deixariam de pôr ovos, cabritos que não mais berrariam e a cachaça que ficaria envenenada. No dia 1º de outubro, o coronel Zé Azul fez o último comício da campanha e acabou com um juramento sagrado:

- Pode ser que, na prefeitura, a partir de janeiro, eu não consiga fazer tudo que pretendo por esta terra. Mas juro para vocês que meu primeiro decreto será proibir definitivamente eclipses em São Gonçalo do Abaeté.

Ganhou a campanha. No Brasil, candidatos continuam a prometer mundos e fundos.

Quem pode decidir?

Esta é a recorrente pergunta. Quem pode decidir o segundo turno? Darei algumas pistas. A primeira chave da porta de sucesso se chama Minas Gerais. Esse Estado é a síntese do Brasil. E quem pode abri-la é Aécio Neves. O recém eleito senador tem a força para convocar a prefeitada de Minas - Estado com o maior número de municípios - e colocar o governador eleito Antonio Anastasia testa a testa com eles. Prefeitos querem verbas. E Anastasia poderá prometer pagar a conta. Aécio diz que dará o sangue para eleger Serra. No primeiro turno, acomodou-se. Não queria prejudicar seu candidato ao governo. MG registrou o voto Dilmasia. Mais uma informação: desde a redemocratização, todos os presidentes eleitos ganharam a eleição em Minas.

E se Serra for derrotado?

Mas há uma pergunta que também se faz: e se Serra for derrotado, quem será a maior liderança do PSDB? Isso mesmo, todos vocês acertaram a resposta: Aécio Neves. Será, então, que ele vai arregaçar a manga da camisa? Respondo: pelo menos vai mostrar serviço. Ele apareceu na capa da Veja, deu entrevistas para todos os lados, acenando com a vitória de Serra. Não poderá, portanto, fazer feio. Acredito que Aécio poderá tirar parte da vantagem que Dilma conseguiu sobre Serra no segundo maior colégio eleitoral do país.

O triângulo das bermudas

Ao lado de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro completam o triângulo das bermudas. São os 3 maiores colégios eleitorais do país. Em São Paulo, Geraldo Alckmin se posta na mesma posição de Aécio: transforma-se no comandante do tucanato paulista. Sua meta: aumentar expressivamente a votação de Serra em SP. E, no Rio de Janeiro, Sérgio Cabral deveria fazer o mesmo papel. Mas Cabral, tão logo foi eleito, despachou-se para as praças centrais do mundo. Foi a Paris curtir a ressaca cívica. Os generais tucanos estão mais motivados que os generais dilmistas. É o que parece.

"Não admira que os néscios se julguem muitos sabedores, eles têm a vantagem de desconhecer que ignoram." (Marquês de Maricá)

Alckmin, 2 milhões a mais

Geraldo Alckmin teve 2 milhões de votos a mais que Serra em São Paulo. O governador eleito luta para jogar essa votação no colo do seu companheiro tucano. Conseguirá?

Abstenção, segundo fator

A resposta à pergunta acima mostra que o fator abstenção poderá ser fatal para a derrota ou vitória dos candidatos. Vejamos. No nordeste, a abstenção foi muito alta, ultrapassando, na média, a casa dos 20%. No Maranhão, ultrapassou os 24%. Em alguns municípios da região, a abstenção chegou a 30%. A causa? O medo de errar a votação em 6 nomes. Agora, com apenas dois nomes (ou 1 em Estados que já decidiram a eleição para governador), a votação será mais fácil. Por esse argumento, pode-se inferir uma abstenção menor. Porém...

Porém...

O porém é esta dúvida: quem arrasta o povão, principalmente das áreas rurais, para as urnas é geralmente o candidato a deputado. Ora, os deputados estaduais e federais já foram eleitos. Terão disposição para, novamente, arrebanhar os contingentes e levá-los à boca da urna? Pode ser que a prefeitada colabore com essa missão. Mas se a abstenção continuar alta no nordeste, Dilma será a mais prejudicada.

Feriadão

Há outra barreira no caminho do voto. Trata-se do feriado de finados, dia 2 de novembro. E também há o dia do funcionário público. Dia 28. O governador de São Paulo, Alberto Goldman, antecipou a data para 11/10. Em alguns Estados, também haverá alteração para 1/11. Muita gente vai viajar antes do dia 31 de outubro, esticando, como sói acontecer, o tempo de lazer. Outros votarão pela manhã e pegarão a estrada. Mas eleitores da classe média, os mais endinheirados das regiões sudeste e sul, tendem a passar ao lado do exercício cívico. E se isso ocorrer, o mais prejudicado será o candidato José Serra.

E os verdes de Marina?

Outra questão é: para onde irão os votos de Marina? O voto preponderante de Marina é urbano, com origem na classe média e de jovens. Trata-se de um voto mais independente e crítico. Segundo as pesquisas, 51% do eleitorado de Marina migrará para Serra. Dilma pegaria uns 30%. Os outros ainda não têm definição. Minha análise sobre os indecisos é: os mais endinheirados e urbanos irão para Serra e os mais pobres e das margens sociais correrão para Dilma.

E as pesquisas, hein?

As pesquisas, como se viu, erraram bastante, apesar das mil explicações dadas pelos diretores dos Institutos. A essa altura, o que dá para afirmar, sem grandes riscos, é que Dilma continua com mais chances de ser eleita. Numa régua de 0 a 100, ela pontuaria 65. A última pesquisa Datafolha lhe deu 6 pontos de vantagem, e, logo a seguir, a pesquisa Sensus/CNT mostrou um empate técnico, com Dilma tendo uns 3 pontos a mais que Serra. E a pesquisa Vox Populi de ontem, terça-feira, mostra Dilma com 51% e Serra com 39%: 12 pontos de diferença.

O tira-teima

Se os dados do Vox forem confirmados pelo Ibope e Datafolha desta semana, Dilma aumenta suas chances para 80 na régua de 0 a 100 deste consultor. Portanto, vamos aguardar por aferições mais recentes, que sinalizarão a tendência dos últimos dias. Deve-se ter muito cuidado. Há uma senhora chamada abstenção, que somada aos votos nulos e brancos, poderá causar muitas surpresas e aborrecimentos.

Linhas de ataque

Em minha análise, as abordagens de ataque, encampadas pelas duas campanhas, não geram resultados impactantes. Como os tiros são recíprocos, acabam se anulando. Ademais, o eleitor não reage de maneira positiva a ataques virulentos. Os primeiros ataques até causam impacto. Mas, depois de muitos tiros, perdem sua função sinalizadora e motivadora. Envolvem-se no "efeito banalização". Tornando-se comuns não penetram mais no sistema cognitivo dos eleitores. Depois de uma artilharia pesada e intensa, de ambos os lados, o eleitor tende a proclamar: "essa gente é tudo farinha do mesmo saco".

Debates insossos

Os debates, por sua vez, esgotaram os estoques de novidades. Refrãos, mantras e bordões são recitados para ilustrar as áreas da saúde, segurança, educação, habitação, transportes. Até as alfinetadas são previsíveis. Os candidatos dão curvas nas perguntas e respondem apenas o que lhes interessa. As audiências são pequenas, coisa de 3%, 4%, no máximo 5%. Exceção feita à Rede Globo, que registra um pouco mais. Para que servem, então, os debates? Para animar as alas e exércitos das candidaturas. Consolidam visões dos militantes. Mas não agregam votos.

O lobo ferido e a ovelha

Um lobo, tendo sido mordido por cães, estava passando mal, estendido por terra, sem poder procurar alimento para si. A certa altura avistou uma ovelha e pediu-lhe que lhe trouxesse água do rio próximo: "Realmente, se tu me deres de beber, eu mesmo acharei o que comer." Então a ovelha respondeu: "Mas se eu te der de beber, logo tu me usarás como refeição." Esta fábula de Esopo é adequada ao indivíduo perverso que prepara ciladas hipócritas. Em clima de guerra eleitoral, os lobos se espalham por todos os cantos.

Internet negativa

Nunca as campanhas eleitorais exibiram uma agenda tão negativa como a deste ano. E o meio usado para a veiculação dos ataques é a internet. As redes sociais disparam campanhas violentas contra os candidatos. Histórias inventadas, versões estapafúrdias, relatos burlescos, bobagens e piadas de extremo mau gosto invadem a rede eletrônica. E assim muitos incautos compram gato por lebre.

Aborto e privatização

O aborto no Brasil é uma questão de saúde pública. A cada dois dias, morre uma mulher vítima de aborto inseguro. 187 mil mulheres tiveram sérios problemas, em 2009, por conta do aborto. Portanto, é sob esse pano de fundo que a questão deve ser abordada. Não se trata de ser a favor da mortandade de criancinhas, como se procura impingir nos intestinos da campanha. Da mesma forma, não se pode demonizar o conceito de privatização. O programa de privatização das telecomunicações, levado a cabo pelo governo FHC, foi um sucesso. Há no país 187 milhões de linhas de celular. Esses são dois temas mal tratados por candidatos e campanhas.

Maior derrota

Quem foi o maior derrotado nesta eleição Uma das maiores surpresas do pleito foi a derrota do senador Tasso Jereissati, do PSDB do Ceará. Causou mais impacto que a derrota de Arthur Virgílio (PSDB/AM) ou Marco Maciel (DEM/PE).

Kassab vitorioso

O prefeito Gilberto Kassab continua fazendo boa política. Elegeu seis deputados federais, mas sua cota pode chegar a 8, com a esperada nomeação de parlamentares para o secretariado de Geraldo Alckmin e elevação dos suplentes Walter Ihoshi e Eleuses Paiva.

"Eu só trago amor"

Chego, enfim, à minha terra. Trago, nas vestes a poeira das longas caminhadas; nos ouvidos, a ressonância da voz dos oprimidos e, nos olhos, a visão panorâmica da Pátria. Venho fatigado do esforço e das emoções. Mas trago o coração limpo de ódios, de malquerenças ou queixas. Nem ressentimentos tenho. Quem os tiver que com eles se alimente. Eu só trago amor. Vitorioso ou vencido, cumpri o meu dever para com o povo brasileiro. E chego à minha terra como um peregrino ao pórtico do tempo. Sacudo o pó das minhas sandálias e me persigno como um penitente. Que a paz seja convosco, meus irmãos. (Mensagem de Getúlio Vagas dirigida ao povo brasileiro, ao encerrar sua campanha para a presidência da República, em São Borja, em 30/9/1950).

Conselho aos candidatos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos ministros do TSE e do STF. Hoje, volta sua atenção aos candidatos à presidência da República:

1. Procurem pautar seu discurso, nos últimos dias de campanha, sob a inspiração das grandes temáticas nacionais.

2. Teremos uma reforma política? Continuaremos a ter uma alta carga tributária? Sairemos do engessamento das relações do trabalho por meio de uma reforma trabalhista em profundidade? E a reforma previdenciária continuará a ser uma utopia?

3. Evitem a artilharia de ataques recíprocos. A agenda negativa não agrega interesses e demandas dos eleitores.

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(Por Gaudêncio Torquato)

"UMA VIDA"



O título desta reportagem é o nome do livro escrito por Maria Lima de Oliveira, que será lançado no próximo dia 21 de outubro. Até aí nada de muito excepcional, mas o que também chama a atenção é o fato de que a autora, uma dona de casa, tem quase 93 anos de idade e muita história para contar.

Pode parecer clichê, mas ela é exemplo para muitas pessoas, acomodadas, que vivem reclamando de tudo. No livro, o 5o de sua autoria, a escritora narra os sucessos e os fatos não tão bons ocorridos em mais de 90 anos felizes e bem aproveitados. “A vida não é só bondade. É cheia de altos e baixos, mas o melhor de tudo é viver”, afirma.

Dona Maria conta que não tem um segredo ou uma fórmula para ter tanta força de vontade. A explicação é simples: “apenas procuro viver com bom humor, fazer aquilo que gosto e não reclamar da vida”. Muito católica, reza e lê todos os dias. Também escreve contos e poesias.

Ela faz questão de acompanhar o desenvolvimento das tecnologias. No passado, terminou o namoro através de uma carta. Hoje, utiliza o computador e a internet para enviar e-mail e conversar com filhos, netos e sobrinhos espalhados pelo Brasil, Estados Unidos e Europa.

De família conservadora, deixou de lado a intolerância e o preconceito. Passou aos filhos, netos e bisnetos o valor da ética e do respeito. Dona Maria Lima de Oliveira considera que o idoso ainda é pouco valorizado no País, embora acredite que as coisas estão melhorando nesse sentido. Ela lamenta o surgimento de males como as drogas e a violência.

OUTRAS PUBLICAÇÕES

O primeiro livro, “Afonso e Maria (1936-1986) – 50 anos depois...”, escreveu nos momentos em que não tinha algo para fazer. “Escrevia às escondidas e guardava os textos em uma gaveta. Um dia, uma de minhas netas descobriu, e a família passou a incentivar”, confessa.

A primeira obra, que teve como tema o casamento com Afonso Justino de Oliveira, agricultor, homem simples, mas com uma filosofia de vida muito rica, foi publicada com a própria caligrafia da escritora. Depois vieram “Meus 80 anos”, “Meu Jardim”, “Momentos da Vida” e, agora, “Uma Vida”.

PERFIL


Maria Lima de Oliveira nasceu em Guajaratuba, no Amazonas, no dia 22 de outubro de 1917. No ano de 1928, aos dez anos, veio morar no município cearense de Jaguaruana, com a mãe viúva. Em 1936, casou-se com Afonso Justino de Oliveira. Em 1957, a família foi morar em Russas e em 1980 se transferiu para Fortaleza. Tem 16 filhos, 45 netos, quase 30 bisnetos e uma trineta.

“UMA VIDA”


Segundo Delano Macedo, a publicação, que traz personagens verídicas, datas e sequência cronológica, reflete a memória e a lucidez invejáveis da escritora. “As frequentes mudanças da família, vividas por Maria Lima na infância, viajando pelo interior do Amazonas e do Ceará, fizeram com que a autora conhecesse ainda criança as diversidades do meio, vivendo em lugares ora com abundância, ora com escassez de água. Também já desenhava desde cedo seu imenso dom maternal, com as bonecas de tecido demarcadas com fitas e mais tarde comprovadas pela prole numerosa”.

Traz ainda “detalhes do namoro, o casamento ainda jovem com datas e documentos, bem como o início da maternidade demonstram muito bem a personalidade forte da autora”. O lançamento ocorrerá hoje, dia 21 de outubro, no Centro Cultural Oboé, às 19h30. Toda a renda será revestida para a Associação Casa de Afonso e Maria.


(Matéria publicada no Jornal O ESTADO)

ACADEMIA

Metropolitana de...

...letras, mantendo o charme de seus eventos, empossou entre discursos bonitos e testemunho cívico, seus novos associados: Fernando Távora, Grecianny C. Cordeiro, Marcos Fernandes Oliveira, Etevaldo Barcelos e Francisco Cajazeiras. Admitindo ainda Pedro Henrique S. Leão, José Alves Fernandes e Newton Freitas como acadêmicos honorários.

Saudando os entrantes o acadêmico Júnior Bonfim ressaltou que "naquela casa poderemos celebrar a liturgia do sonho, formar uma cadeia de união em torno da inquebrantável eletricidade da coerência e compartilhar o elixir da profunda fibra existencial".

Presidente Anísio Araújo manteve na solenidade e na recepção sua marca de entusiasmo, fortalecendo o brilho da noite, reunindo a intelectualidade e os amigos dos empossados.

(Coluna da Leda Maria, no Jornal Diário do Nordeste de hoje)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ACADEMIA METROPOLITANA DE LETRAS DE FORTALEZA - AMLEF

Ontem à noite, os aristocráticos salões do Palácio da Luz, sede da Academia Cearense de Letras, estiveram lotados por gente do povo, intelectuais, autoridades e representantes da sociedade civil que foram prestigiar a solenidade de posse de novos acadêmicos realizada pela Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF.

Escolhido para saudar os neófitos, proferi o seguinte discurso:

DISCURSO DE JÚNIOR BONFIM NA SOLENIDADE DE POSSE DE NOVOS ACADÊMICOS DA AMLEF


AUTORIDADES QUE COMPÕEM A MESA,
SENHORAS E SENHORES:

BOA NOITE!

Gerardo Mello Mourão, o maior vate que o ardente e telúrico barro cearense produziu, quando veio a Fortaleza receber o prêmio Sereia de Ouro, na sagração da primavera de 1996, confessou que falar em nome dos demais contemplados era “uma honra, um perigoso privilégio”.

Instado a fazer a louvação de estilo aos recipiendários, eu, desafinado versejador da mata ciliar do Rio Poty e ocupante, nesta Arcádia, da cadeira que homenageia o fundador do País dos Mourões, sinto-me igualmente com aquela sensação de ventura e aventura, de fortuna e risco produzidos pela emoção militante.

Porém, hoje é a noite da completude da nossa Academia. Cinco novos amantes das letras se incorporam ao nosso grêmio para celebrarmos o preenchimento de todos os seus quarenta lugares. E a magnitude deste momento sobrepuja qualquer fragilidade verbal ou percalço emocional da minha parte.

Por isso, principio pedindo vênia para açoitar o protocolo e, ao invés de um tapete vermelho, pedir para estender aqui um invisível tapete azul. Azul, sim! Porque azul é o sangue desse nobre que se agrega às nossas fileiras. Talhado para as grandezas, desde a tenra idade teve a veia instilada pelo vírus da genialidade. Aos 17 anos já reluzia nos Estados Unidos da América recebendo o título de BEST ACADEMIC STUDENT. Com dezoito janeiros foi intérprete da Comitiva Papal de Sua Santidade João Paulo II no Brasil. Com vinte e dois anos foi aprovado em seleção de mestrado na UFC e, aos vinte e sete, por concurso, virava Procurador de Justiça. Foi meu professor no curso de Direito. Lembro-me de suas primorosas aulas na disciplina de processo civil. Em uma delas discorreu com tranqüilidade sobre o instituto do litisconsórcio. É com indizível alegria que o recebo para, neste organismo de jurisdição voluntária, nos consorciarmos sem lide. Em voz alta anuncio solenemente o nome do poeta FERNANDO ANTONIO TEIXEIRA TÁVORA, que ocupará a cadeira de número 02, abençoada por Hermes Vieira.

Há alguns meses o confrade Seridião Montenegro me presenteou com um romance. Disse: - Bonfim, a autora é minha candidata a uma cadeira na AMLEF. Assenti no escuro, pois sei do zelo desse meu claro companheiro. Acertou em cheio. O livro, batizado de ANJO CAÍDO, nos sacode com a história de Maria, jovem de alma marcada pelas feridas da exploração sexual. É uma das obras de uma romancista que escolheu o ofício de promover a justiça. Rosto angelical, alma generosa, coração em festa, límpida fronte. Mãe e mestra, pisa neste tablado com seu andar libertário. Na qualidade de custus legis, fiscal da cidadania feita ternura, vem aqui para nos cobrar obediência aos Estatutos que mais importam, aqueles que o caudaloso poeta Thiago inscreveu na madeira de lei da Amazônia e que em seu último artigo assevera:

Fica proibido o uso da palavra liberdade,/ a qual será suprimida dos dicionários/ e do pântano enganoso das bocas./ A partir deste instante/ a liberdade será algo vivo e transparente/ como um fogo ou um rio,/ e a sua morada será sempre/ o coração do homem.

Na cadeira de número 3, que tem por padroeiro Senador Pompeu, sentará a doutora GRECIANNY CARVALHO CORDEIRO.


Quem me abriu o coração ao sol da vida e me ensinou a mirar o mundo com outros olhos foi Antonio Batista Fragoso, o profético bispo de Crateús nas décadas de 60, 70 e 80. Errante adolescente, com ele descobri as raízes do mal, a engrenagem que gera a injustiça, o sonho de transformação, a festa do mundo, o pão da poesia! Desde então, passei a admirar os defensores das nobres causas. Na segunda metade da década de 1980, em um púlpito da arena política no centro de Fortaleza divisei certa manhã o terceiro daqueles que recepcionamos nesta noite memorável. Impossível olvidar a oratória inflamada, a postura destemida e a intimidade com a ousadia que sempre caracterizaram esse paraibano cearense. Polivalente, bacharelou-se em ciências jurídicas, fez-se mestre, doutor e cientista na área da odontologia. Poliédrico, incursiona pelas pedrinhas de brilhantes da crônica, pela ribalta azul da dramaturgia e pelas veredas mágicas da poesia. Poliglota, passeia com desenvoltura pelo inglês, francês, espanhol e alemão. Entre nós, MARCOS JOSÉ FERNANDES DE OLIVEIRA zelará pela cadeira 25, sob a proteção de Otacílio Azevedo.


O quarto que se perfila em nosso pavimento mosaico nasceu embalado pela brisa do Coreaú, na heráldica Granja. Depois de profícua trajetória na iniciativa privada, ocupando as mais diversas fainas de ordenação e coordenação, entregou-se ao empreendedorismo esotérico. Livre e de bons costumes, foi pedreiro, mestre de obra e arquiteto no imorredouro processo de construção do edifício social da humanidade. Sentará na cadeira que pertenceu ao nosso irmão José Muniz Brandão, substância do bem, mineral cachoeira de doação. Embora ejetado precocemente do nosso convívio, Muniz permanece em nossa memória com sua silhueta de gentleman. É por isso que o assento de número 19, cujo patrono é Joarivar Macedo, será ocupado por um homem que também subiu com formalidade cada degrau da escada de Jacó, que lapidou corações petrificados pela insensibilidade. Líder espiritual de milhares de pedreiros-livres espalhados por todo o território cearense, Sereníssimo Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Ceará, ETEVALDO BARCELOS FONTENELE.


Ruy Barbosa lecionou que “a fronte do sacerdote se verga para o cálice consagrado. A do lavrador para a terra. A do que espalha o grão da verdade para o sulco soaberto nas consciências novas. E todos três receberam ordens sacras. Todos concorrem para a fecundação divina do Universo. A hóstia, o arado, a palavra correspondem aos três sacerdócios do Senhor. Mas a suprema santificação da linguagem humana, abaixo da prece, está no ensino da mocidade”. Abraçou o nosso quinto neófito esta excelsa tarefa. Médico de almas, articulista iluminado, conferencista consagrado nacionalmente, semeador de fonemas de indulgência, tem feito da palavra escrita e falada instrumento sagrado em favor da dilatação da fraternidade. Publicou onze livros cheios de sílabas poderosas. Fundou e preside o Instituto de Cultura Espírita do Ceará e a Associação Médico-Espírita Alencarina. Por conta de uma dessas confluências místicas que só a retina da alma enxerga sucederá, neste Sodalício, outro timoneiro da doutrina espírita: Mário Kaula. Segundo o confrade Paulo Eduardo, Kaula era o mais humanista dos Amlefianos. Por isso, para sucedê-lo só outro trabalhador igualmente altruísta, admirado e querido na messe kardecista: FRANCISCO DE ASSIS CARVALHO CAJAZEIRAS. Protegerá a cadeira 16, que tem Inês Kaula como patronesse.

Portanto, adentrai todos.

Vinde, Fernando e Grecianny, assinar o decreto irrevogável que, ao gosto do cantor amazonense, estabelecerá o reinado permanente da justiça e da claridade, fazendo da alegria uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Vinde, Marcos, proclamar a atualidade da arte de Demóstenes e nos ensinar a fórmula da eterna juventude.

Vinde, Etevaldo, ceder aos movimentos dos corações sensíveis e subir ao altar dos juramentos à cultura.

Vinde, Cajazeiras, brindar-nos com vossos conselhos evolutivos e reafirmar o valor terapêutico do perdão.

Aqui poderemos celebrar a liturgia do sonho, formar uma cadeia de união em torno da inquebrantável eletricidade da coerência e compartilhar o elixir da profunda fibra existencial.

Uma advertência final: este Palácio é de Luz! Quem aqui é iniciado só tem um compromisso: manter vivo o vaga-lume da alma e tornar mais clara a existência humana!

Obrigado!


(Discurso proferido por Júnior Bonfim no Palácio da Luz, sede da Academia Cearense de Letras, em 19.10.2010)

FOTOS DO EVENTO DE ONTEM DA ACADEMIA METROPOLITANA DE LETRAS - AMLEF







terça-feira, 19 de outubro de 2010

EVENTO CULTURAL

Tomam posse...

...logo mais, às 19 horas, na Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza: Fernando Antônio Teixeira Távora, Grecianny Carvalho Cordeiro, Marcos José Fernandes Oliveira, Etevaldo Barcelos Fontenele e Francisco de Assis Carvalho Cajazeiras. Ali, também receberão o título de Acadêmicos Honorários o presidente da Academia Cearense de Letras, Pedro Henrique Saraiva Leão e Newton Freitas. Tudo acontece no Palácio da Luz. Presidente da Amlef, José Anízio de Araújo, comanda.

(Coluna da Leda Maria, no Diário do Nordeste de hoje)

LIMITE DA ESTABILIDADE - SUPREMO DEFINE DIREITOS DE SERVIDORES CELETISTAS

Os funcionários públicos contratados sob o regime celetista só têm direito de integrar o regime jurídico único dos servidores, com todas as vantagens e a estabilidade dele decorrentes, se já trabalhavam no serviço público cinco anos antes da promulgação da Constituição de 1988. O entendimento foi reforçado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal.

Por unanimidade, os ministros decidiram que os servidores celetistas têm o direito à transformação de suas funções em cargos públicos desde que seus casos estejam enquadrados no que dispõe o artigo 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Essa é a única hipótese aceitável para a dispensa de concurso para o ingresso no serviço público.

O artigo 19 do ADCT fixou que “os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público”.

O entendimento do Supremo foi reforçado no julgamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pelo governo do Paraná contra o artigo 233 da Constituição Estadual paranaense. A regra determinava que todos os servidores estáveis seriam regidos pelo Estatuto dos Funcionários Civis do Estado. Em seu parágrafo único, a Constituição do Paraná determinava que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário fariam as adequações necessárias em seus quadros funcionais para cumprir a determinação.

Os ministros do STF decidiram declarar inconstitucional o parágrafo único do artigo 233. A relatora do processo, ministra Cármen Lúcia, entendeu que a ordem de adequar os quadros funcionais para absorver os servidores celetistas demandaria a criação de cargos e permitiria a entrada de servidores no estado sem a promoção do devido concurso público. Para ela, a adequação dependeria de prévia existência de cargo público criado por lei e seria necessária a abertura de concurso.

Na prática, a regra permitiria que fossem transformados em servidores públicos todos os funcionários admitidos sem concurso, mesmo aqueles que não tinham a estabilidade reconhecida pelo artigo 19 do ADCT.

Além de derrubar a regra que determinava a adequação dos quadros para a absorção dos servidores no regime único, os ministros deram interpretação conforme ao artigo 233 da Constituição paranaense. Ou seja, só os funcionários que tinham mais de cinco anos de serviço público quando a Constituição de 1988 foi promulgada passam a ser regidos pelo regime jurídico único do funcionalismo.

(Por Rodrigo Haidar)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

CONVITE

O Presidente da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, José Anízio de Araújo, tem a honra de convidar Vossa Senhoria para a solenidade de posse dos novos acadêmicos: Fernando Antonio Teixeira Távora, Grecianny Carvalho Cordeiro, Marcos José Fernandes de Oliveira, Etevaldo Barcelos Fontenele e Francisco de Assis Carvalho Cajazeiras.

Receberão o título de Acadêmico Honorário os doutores Pedro Henrique Saraiva Leão, José Alves Fernandes e Newton Freitas.

O evento acontecerá no dia 19 de outubro de 2010, às 19:00 hs, na sede da Academia Cearense de Letras, Rua do Rosário, nº 1, Fortaleza, Ceará.