sábado, 29 de março de 2014

CELTIC WOMAN

quarta-feira, 26 de março de 2014

CONJUNTURA NACIONAL

Abro a coluna com uma historinha da gloriosa terra potiguar.

Cuidado com o bolso

Poeta popular com vasto e multifacetado círculo de amizades, além de possuir reconhecido talento, Onésimo Maia é convidado para participar de uma festa na casa de um político seridoense. Sua tarefa é a mais simples possível, em face da sua capacidade criativa : enfocar através dos versos e com sua viola quadrantes da vida política dos envolvidos naquele encontro, como se fosse um Homero a narrar em forma de rima épicos sertanejos. Mostrando sua arte, Onésimo Maia desperta o entusiasmo de muitos circunstantes. Entre eles, o ex-governador Aluízio Alves, que resolve fazer um agrado. Aproximando-se, Aluízio, com os dedos entrançados, coloca uma cédula no bolso da camisa do poeta. Onésimo, de chofre, toma o gesto como tema ao improviso:

- Doutor Aluízio Alves agora compareceu / Meteu a mão no meu bolso, vou ver o que ele me deu / Do jeito que ele é sabido, pode ter levado o meu.

(Só rindo 2 - A política do bom humor do palanque aos bastidores, de Carlos Santos)

Pano de fundo sujo

O pano de fundo da política é uma sujeira só. Escândalos continuam abrindo as pautas dos meios de comunicação. A perda do valor de mercado da Petrobras é algo que até pode ser explicado, jamais aceito. Principalmente nesses tempos de administração petista. Como se sabe, o PT bateu forte no governo FHC, acusando-o de querer privatizar a empresa-símbolo das riquezas nacionais. Ganhou as eleições, na sombra dos refrãos do passado: não mexam com nosso petróleo; ele é nosso e de mais ninguém. E o que ocorreu? O sistema Eletrobrás/Petrobras perdeu algo em torno de US$ 100 bilhões. É muita grana. Sujeira do óleo nas costas do petismo.

Dilma sincera

A confissão da presidente Dilma de que aprovou a compra da refinaria de Pasadena por conta de relatórios que escondiam informações fundamentais é crível. Ela fez um desabafo. Foi corajosa. Mas não constitui um sincericídio, como alguns apontam. Apesar de ser inadmissível a aprovação para a compra de uma refinaria sem os devidos dados para embasar a decisão.

CPI da Petrobras

Será difícil passar pelo Senado a aprovação de uma CPI para investigar a Petrobras. O rolo compressor governista na Câmara Alta não deixaria passar essa lâmina que cortaria muito a carne viva do governo.

A falta d'água

A falta de água nas torneiras afetará, sobretudo, a imagem do governo de SP e, por conseguinte, a imagem do governador Geraldo Alckmin. A Sabesp fez estudos prevendo a extensão dos sistemas de captação. Não foi, portanto, por falta de planejamento que a crise do abastecimento de água na região metropolitana de SP tende a se agravar. O que faltou foi decisão política para investimento em obras. Ou seja, o dedo do governador apontou para baixo, lembrando a sinalização dos ditadores romanos quando a turba pedia morte aos gladiadores fracos.

Uma Cantareira por ano

Por falta de obras - contenção/represamento, captação - SP perde, por ano, o volume de uma Cantareira: um bilhão de metros cúbicos. Hoje, a Cantareira tem armazenados apenas 144 milhões de metros cúbicos. Se considerarmos a média histórica de chuvas (a menor média), teríamos 37,5 milhões de metros cúbicos por mês. Em três meses, esse volume estaria esgotado. A considerar a média maior, é possível se chegar a quatro meses de uso da Cantareira. Qual seria a solução de curto prazo? Puxar água do sistema Billings, água poluída.

Dois anos

E as obras que estão sendo apontadas pelo governador Alckmin, como a que prevê a utilização da água do rio Jaguari, no Vale do Paraíba? Demoraria cerca de dois anos.

3%, o índice da indústria

Como sempre acontece, arranja-se nas crises um bode expiatório. Na questão da água da região metropolitana, a indústria é apontada por alguns como o tal bode. O fato é que a indústria consome apenas 11% de toda a bacia, ou seja, de todo o volume de chuva que cai e é recolhido na região metropolitana de SP (o complexo com 38 municípios, onde estão 50% da população do Estado de SP). A indústria usa seus próprios sistemas de captação. Dos canos da Sabesp, ou seja, da chamada água pública, a indústria recolhe menos de 3%. O restante, quase 97% são consumidos pela população.

E o apagão?

Traria problema para o governo Federal e, por conseguinte, teria impacto sobre a imagem da presidente Dilma ? Sim, em caso de incidente. Por exemplo, no meio do jogo de uma partida entre a seleção brasileira e qualquer outra seleção, o estádio fica às escuras. Seria coberto de vaias. Que Deus nos livre desse risco. Qualquer incidente que mexa com o humor popular terá consequências sobre políticos e suas ambições.

Jantar para Aécio

Aécio Neves será recebido na próxima segunda-feira por João Dória em uma recepção que contará com pesos pesados da esfera produtiva. Aécio e Eduardo Campos disputam a preferência do empresariado. Nunca foi tão importante para os candidatos essa aproximação. Tempos competitivos.

Negócios no exterior?

As versões se espalham. As empresas brasileiras que fazem negócios no exterior estariam fora dos controles de TCU? Os empreendimentos na África, por exemplo, seriam imunes aos controles? O exterior é fonte primeira da propinagem?

Encontro da segurança privada

Empresários do setor de segurança privada realizarão, a partir desta quarta, 26, o X Fórum Empresarial de Segurança Privada do Estado de São Paulo (FESP), em Campos do Jordão. Com o objetivo de discutir a atual situação do mercado de segurança privada, o Estatuto da Segurança, e alguns problemas do setor, como a existência de empresas clandestinas, o evento, que seguirá até sexta, 28, também marcará a posse da nova diretoria, a ser liderada pelo empresário João Palhuca. Deixa a presidência o empresário José Adir Loiola após um período de oito anos de mandato.

De matar em PE

Eduardo Campos fará a maior campanha eleitoral da historia de PE. Lutará com armas mais pesadas do que as usadas em suas campanhas e nas de seu avô, Miguel Arraes. Afinal, ele é candidato a presidente da República. E tem de fazer bonito em sua terra. Se perder ou ganhar por um triz em PE, será um desastre.

De matar em Minas

Pelas mesmas razões, Aécio Neves terá de fazer a maior campanha eleitoral da história mineira. Minas tem o segundo maior colégio eleitoral do país: 16 milhões de eleitores. Precisa tirar de Minas cerca de quatro milhões de votos de maioria. Será que consegue?

Lindenberg sob risco

O PT começa a temer a derrota do senador Lindenberg no RJ. Dilma tem dito que preza os amigos Sérgio Cabral e seu candidato Pezão; e teria prometido também apoio ao candidato Crivella, que pode lhe dar os votos evangélicos no RJ.

Henrique no RN

Henrique Alves decidiu: será candidato ao governo do RN. Henrique é o mais antigo deputado: 11 legislaturas. Deixará a presidência da Câmara para embarcar na canoa de governo de Estado. Sempre foi o sonho do pai, Aluízio Alves, a maior liderança política de toda a história do RN. Henrique está formando a mais larga e densa coligação da política potiguar. Deixará o PT de fora.

Novo manual de marketing

Está no forno o novo Manual de Marketing Político, mais um livro deste escriba. Apresento os conceitos fundamentais do Marketing Político, mostro a evolução da área, descrevo os desafios do Estado-Espetáculo e narro curiosidades do mundo da política. Em breve. Poderá ajudar muitos candidatos.

Moldura do Senado I

Mudanças à vista na composição do Senado Federal. Eis a situação em alguns Estados: Garibaldi Alves, pai do ministro Garibaldi Alves Filho, da Previdência, poderá ceder lugar a Vilma Faria, do PSB, candidata da coligação a ser comandada por Henrique Alves no RN; é pouco provável a vitória de Fátima Bezerra, do PT; Em PE, Jarbas Vasconcelos não disputará o mandato. Terá chances o deputado João Paulo, do PT; Clésio Andrade, do PMDB de Minas, vai continuar a concorrer com a desistência de Anastasia, do PSDB? Kátia Abreu, do PMDB, terá chances de se reeleger; Cassildo Maldaner será candidato em SC? Pedro Simon não disputará a reeleição. PMDB disputará com pequena chance de vitória para o governo do Estado; José Sarney vai continuar no AP? Eduardo Suplicy hoje leva vantagem, mas pode perder caso Kassab, como candidato a senador, faça coligação entre seu PSD e o PMDB de Paulo Skaf, que está bem cotado.

Moldura do Senado II

Com Jorge Viana no governo, é possível que Aníbal Diniz, do PT, mantenha a vaga; no ES, Ana Rita deve manter a vaga em razão do acordo com Casagrande. O PMDB poderia tentar com Paulo Hartung para o Senado. Neste caso, o páreo será duro; em AL, Fernando Collor enfrentará eleição difícil, mas é provável que não seja substituído pelo PT; no DF, sairá Gim Argello, que irá para o TCU, mas o PT não tem chances de substituí-lo; em RO, Mozarildo Cavalcanti terá dificuldades e Chico Rodrigues tem condições de levar a melhor no pleito ao governo? ; no PI, o senador João Vicente Claudino deverá continuar; na PB, Cícero Lucena deverá continuar bem como o senador Álvaro Dias, no PR. Na BA, João Durval poderá ser substituído por Jacques Wagner, caso este dispute a senatoria. Geddel, do PMDB, faz forte coligação em torno de sua candidatura ao governo. No CE, panorama indefinido. Em GO, Iris Resende quer ser senador pelo PMDB? Seria fortíssimo candidato. Maria do Carmo, do PFL, terá condições em SE?

Governo apressado I

A Receita Federal quer implantar ainda este ano o eSocial, um sistema informatizado para que todas as empresas brasileiras prestem contas de suas obrigações tributárias, previdenciárias e trabalhistas. Um sistema extremamente complexo. Dois problemas: o governo não anunciou a sua invenção. É de utilidade pública, assim as datas de vacinação. Logo, a maioria dos empresários ainda não sabe que têm esse compromisso pela frente. Segundo problema: como a declaração exige software específicos, muitas empresas nem tem como comprar. Depois, os softwares ainda estão sendo desenvolvidos. Em muitos pontos do país ainda nem existe banda larga; é conexão discada mesmo, aquele martírio. Mas o governo não consulta, exige. O pior é que a Receita Federal simulou seus testes só com as grandes corporações, que têm como preencher os formulários. E as pequenas ?

Governo apressado II

O presidente do SESCON-SP, Sérgio Approbato Machado Filho, ergueu essa bandeira contra a pressa do governo em implantar o eSocial , uma grande injustiça com as micro e pequenas empresas brasileiras, ou 98% do setor produtivo do país. Pior: o sistema prevê punições e multas em caso de erro ou atraso nas informações. Ora, como o sistema é complexo, erros são possíveis e com boa fé. Atrasos também, pois os formulários equivalem a câmaras de tortura, principalmente com as informações trabalhistas. O SESCON vê avanço no sistema digital, pois elimina a papelada. O problema é a urgência, desnecessária. E espera do governo um mínimo de sensibilidade para adiar por mais tempo a implantação do programa. Se não adiar, fica configurado que o governo quer mesmo é arrecadar. E dos menores, para não fugir à regra.

Conselho aos políticos

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos candidatos. Hoje, reforça o conselho anterior. A pedidos.

1. Atentem para o ciclo que o país está vivendo. Cuidado com mais lenha na fogueira. O eleitor prepara-se para ouvir propostas. E não quer participar de querelas entre candidatos.

2. Este é o momento de planejamento de suas campanhas. Procure formar boa equipe, arrumar discurso eficaz, conseguir recursos necessários a uma boa luta e, desde já, disponha-se a gastar sola de alguns sapatos.

3. Leve verdade, muita verdade, para os eleitores. Só prometa o que poderá realizar.

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(Gaudêncio Torquato)