sábado, 30 de junho de 2012

WILSON DA SILVA VICENTINO


Um homem que amou à primeira vista a sedutora geografia cearense. Apaixonou-se pela imponência silenciosa das nossas serras e a fertilidade imorredoura dos nossos vales, a latência fascinante do solo dos nossos sertões e a grandeza envolvente dos nossos verdes mares bravios. Eis uma marca de Wilson da Silva Vicentino.

Por isso foi unanimemente pontuada como merecida e efusivamente saudada a outorga, no último dia 18 de junho de 2012, do Título de Cidadão de Fortaleza, por propositura do vereador Carlos Mesquita.

À entrada da solenidade, em um banner, lia-se: “Há 37 anos este paulista descobriu aquilo que hoje todo mundo sabe: é uma fortaleza ser cidadão desta cidade!”

Bandeirante legítimo, de ascendência italiana, filho único dos operários João Vicentino e Cecília Joaquina, Wilson aportou na terra de Iracema no ano de 1975 como representante da Lista Telefônica. À época, a Lista era a mais destacada e poderosa forma de integração entre as pessoas, exercendo um magnetismo interativo semelhante ao das redes sociais nos dias atuais. Embora ainda muito jovem, já carregava na fronte o ímã vanguardista.

Aqui fez sua iniciação definitiva, aprendeu o trivium e o quadrivium, praticou as quatro viagens essenciais, destocou o roçado da faina elevada, desbastou a pedra bruta, constituiu numerosa família e acendeu a veneranda tocha de uma carreira olímpica.

Nestes últimos anos, desde quando firmamos sociedade na labuta jurídica, muito aprendi com o seu talento para enfrentar os desafios e olhar de frente as adversidades. Wilson espanca barreiras, desconhece limites. À Terêncio tem consciência de que nada do que é humano lhe é estranho. Não é de ficar alheio a nenhuma área do saber e da inteligência: mergulha nas águas do direito, lê compêndios de medicina, aprecia música, incorpora sommelier, analisa pesquisa, estuda engenharia, ministra aula de marketing, pratica agronomia...

É generosa figura humana, excelente anfitrião, marcante companheiro, pai extremado, amigo fraterno. Devota público afeto aos seis filhos: Gustavo, Wilson Júnior, Caio, Cindy, Matheus e Victor. Semanalmente, como quem cumpre um ritual sagrado, almoça com todas as suas crias. Há um ano tornou-se avô de Isadora.

Após uma extensa e exitosa passagem pelo Governo do Estado, quando conheceu e ficou conhecido pelo universo político-administrativo, resolveu sentar praça na trincheira jurídica.

Profissional dedicado, Wilson Vicentino é um dos mais destacados obreiros do direito no Ceará. Lidera uma banca com dezoito profissionais. Agrega às atividades típicas do causídico (advocacia e consultoria) o diferencial da estratégia. É um estrategista legal. Entra nas causas que abraça com a desenvoltura e a paixão de um mergulhador de águas profundas. Vai ao fundo do oceano jurisdicional. Perscruta cada detalhe. Não é daqueles operadores do direito que se quedam genuflexos ante os repositórios jurisprudenciais. Encontra o que dormita nas entrelinhas. Forja teses novas. Coloca na ribalta o que caiu na escuridão. E faz a luz!

Helena Romcy, a mulher com quem divide o manjar do amor, diz que o admira “porque é um homem de metas”. Ele não deixa tarefas sem cumprir. Descansa trabalhando no prazeroso ofício de cuidar de plantas em uma casa na Serra da Guaramiranga ou no sítio Urucará, onde também recebe amigos e se realiza na apicultura, na piscicultura e na criação de aves, ovinos, caprinos e bovinos, bem como em outros diletantismos campestres.

Cultuador da discrição, avesso aos holofotes, adora entregar para os clientes o protagonismo das vitórias na seara do Direito e da Justiça.

Como Saulo Ramos, em seu Código da Vida, Wilson pode declarar: "A advocacia é meu sacerdócio, minha desgastante e suave obsessão. Irresistível é o fascínio de lutar pela defesa do direito de alguém. Salvar liberdades, honras, patrimônios de toda espécie, materiais e morais. Poder ajudar na cura de feridas abertas na alma dos injustiçados, pobres ou ricos."

Parabéns, Wilson Vicentino, cidadão de Fortaleza, advogado do mundo!


(Crônica publicada na edição de hoje da Revista GENTE DE AÇÃO)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

PARA REFLETIR



"Nas almas dominadas pelo senso da responsabilidade a consciência de um poder pesa como fardo, e atua como freio." (Rui Barbosa)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

CONJUNTURA NACIONAL

Começo com a graça do grande José Américo de Almeida, um dos maiores tribunos brasileiros.

Margarida Vasconcelos, eleita Miss Paraíba, foi visitar o velho José Américo, joalheiro de palavra e autor de A Bagaceira, no casarão avarandado da praia de Tambaú, em João Pessoa. Chegou falando muito, falando demais, maltratando o português e as ideias. Queria conselhos:

- Doutor José Américo, o que o senhor me recomenda para eu representar bem o Estado no concurso de Miss Brasil, lá no Rio?

- Minha filha, você quer mesmo um conselho? Então fale o menos possível. E, se puder, não abra a boca.

Era uma vez... mil vezes

Amanhã, quinta-feira, 28, lançarei meu livro "Era uma vez mil vezes - O Brasil de todos os vícios" na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Publicado pela editora Topbooks, é uma leitura vertical, dividida em cinco capítulos, da política brasileira. Na capa, apresentações escritas pelos admiráveis amigos Jorge Gerdau, Delfim Netto, Dora Kramer, Ricardo Noblat, Maria Adelaide Amaral e Carlos Eduardo Lins da Silva. "Era uma vez mil vezes..." expõe uma reflexão sobre o país com base nos costumes da sociedade e nos padrões da política nacional. Todas as amigas e amigos leitores dessa coluna estão convidados.

Lançamento do livro "Era uma vez mil vezes - O Brasil de todos os vícios"

28 de junho de 2012, 19h
Conjunto Nacional - Livraria Cultura (av. Paulista, 2.073, SP)
Informações: (11) 3170-4033 (Livraria Cultura) ou (11) 5053-6100 (GT Marketing)

Malulismo

Paulo Maluf chega ao paraíso. Nunca foi tão autossuficiente como nesses dias de confraternização com o PT e Lula. Acaba de dizer: "Eu, perto do PT, sou comunista". O comunista Maluf é apenas uma firula que quer dizer: vocês acreditam sinceramente que o PT ainda é um partido ideológico? Há muito que o PT jogou sua ideologia pelos desvãos da velha cultura política brasileira. Todos os partidos se juntam no caldeirão do cozido doutrinário. O malulismo - mescla do malufismo com o lulismo - constitui a manifestação mais avançada da pasteurização que invade a esfera partidária. Maluf é o profeta desses tempos cada vez mais inacreditáveis.

Mil caminhos existem

Mil caminhos existem, que ainda não foram palmilhados, mil saúdes e ocultas ilhas da vida. Ainda não esgotados nem descobertos continuam o homem e a terra dos homens. (Assim falou Zaratustra - Friedrich Nietzsche)

Pressões e contrapressões

O ministro Ricardo Lewandowski se queixa de pressões que estaria recebendo por parte da mídia e da própria presidência do STF. Diz que não se rege por pressões. Que cumpre a agenda de sua consciência. Compreende-se. Mas a agenda formada pelo ministro Ayres Britto, presidente da Corte, foi aprovada por maioria dos membros. Afinal, o processo do mensalão está quase caindo de maduro da árvore da lerdeza. São sete anos de espera. Lewandowski entregou ontem a sua revisão, que é uma leitura atenta do voto do ministro Joaquim Barbosa, sujeito a ajustes e abordagens diferenciadas. Pelo andar da carruagem, o julgamento entrará no mês de setembro. Lembre-se que 3 de setembro é a reta final do ministro Peluso no Supremo. Aposentadoria compulsória.

A favor de um e contra outro

Um príncipe também é estimado quando é um verdadeiro amigo ou um verdadeiro inimigo, isto é, quando, sem temor algum, declara-se a favor de um e contra outro. Esse partido é sempre melhor do que se manter neutro, porque, se dois poderosos vizinhos a ti entrarem em guerra, e um deles vencer, das duas uma: ou tens o que temer do vencedor, ou não. (O Príncipe - Nicolau Maquiavel)

PSB e PT tomam distância

O PSB e o PT começam a tomar distância no espaço político-partidário. A partir deste último. Os partidos se afastam em pleitos, onde, até então, caminhavam juntos: Fortaleza, João Pessoa e Recife. O caso mais impactante é o do Recife, onde o PSB garantira o apoio ao PT, caso o candidato fosse o ex-deputado Maurício Rands. João da Costa ganhou as prévias. O PT acabou pedindo aos dois que se retirassem do pleito. Rands aceitou, o prefeito João disse não. O PT, então, decidiu afastá-lo na marra, escolhendo o senador Humberto Costa como candidato do partido. Ante a confusão formada, o presidente do PSB, governador Eduardo Campos tira do bolso do colete o nome de Geraldo Júlio, o golden-boy da administração pessebista, e o lança como candidato do PSB. Atrai para a aliança o PMDB do senador Jarbas Vasconcelos.

Visão de futuro

Em Fortaleza e em João Pessoa, o PSB também sairá com candidatos próprios. O partido demonstra não querer ser apertado em abraço de afogados, como lembra seu vice-presidente, Roberto Amaral. Aplaina caminhos do presente com vistas ao futuro. Eduardo Campos é ambicioso e gostaria de juntar em torno dele o que chama de "geração pós-64".

PMDB, o coringa

Qualquer cenário que se projete para o amanhã deve levar em consideração o papel do PMDB. Trata-se do maior partido nacional, com alta taxa de união interna graças à articulação realizada pelo presidente licenciado do partido, o vice-presidente da República Michel Temer. Todos os sinais apontam para uma performance altamente positiva do partido, o que o conduzirá novamente ao pódio municipal. Ou seja, deverá continuar com o maior número de prefeitos. Com a planilha nas mãos, o partido deverá ser um coringa. Se pender para um lado, este lado ganha o jogo. Se o PT, por exemplo, der uma guinada e quiser caminhar em faixa própria - posicionando-se como poder hegemônico - arrisca-se a entrar em parafuso. PT diz que fará 1.000 prefeitos. PMDB deverá ultrapassar esse número.

Atenção, na cidade inteira

Volte sua atenção para a cidade inteira, todas as associações, todos os distritos e bairros. Se você atrair à sua amizade seus líderes, facilmente vai ter nas mãos, graças a eles, a multidão restante. (Cícero - Manual do candidato às eleições, 34 A.C.)

Serra no teto?

Serra não expandiu sua taxa de intenção de voto mesmo com a intensa exposição a que teve direito nos spots publicitários. Há quem diga que bateu no teto dos 30%. O que impressiona é a altíssima taxa de rejeição do candidato, 32%. Que não cede. Essa é a montanha perigosa que poderá obstruir o desempenho do tucano.

Spots publicitários

Serra dentro de um estúdio dando aulas de administração. Haddad, circundado por Lula e Dilma. Em um cenário branco e frio. Chalita falando nos bairros, identificando as questões das regiões e discorrendo sobre as demandas das comunidades. Não é preciso entender de propaganda para se chegar à óbvia conclusão: a maior identificação com São Paulo é, sob o aspecto dos spots publicitários dos partidos, a do deputado Gabriel Chalita. Aliás, a convenção realizada na Praça da Sé revestiu-se de simbolismos. Praça central do civismo. Portanto, o candidato está bem calçado. Começo a considerar a hipótese de crescimento de Chalita. E repito o que tenho dito: furando o bloqueio e chegando ao segundo turno, será prefeito de São Paulo.

Vá ao encalço dos eleitores

Rastreie, vá ao encalço de homens de toda e qualquer região, passe a conhecê-los, cultive e fortaleça a amizade, cuide para que em suas respectivas localidades eles cabalem votos para você e defendam sua causa como se fossem eles os candidatos. (Cícero - Manual do candidato às eleições)

Perfis à mostra

Tenho sido indagado, quase diariamente, por jornais e revistas sobre os perfis preferenciais do eleitorado. Cada região tem suas preferências. Há, porém, alguns traços sobre os quais parece haver consenso:

- passado limpo, vida decente - candidatos que possam exibir sua trajetória sem ter vergonha de mostrar aspectos de sua vida;

- identificação com a cidade - candidatos que busquem vestir o manto da cidade, significando compromisso com as demandas das comunidades e as questões específicas dos bairros;

- despojamento, simplicidade - candidatos despojados, simples, descomplicados, sem as lantejoulas e salamaleques que costumam se fazer presentes no marketing exacerbado. Candidatos não afeitos ao 'dandismo' - mania de querer aparecer de maneira diferente.

- respeito, decência, dignidade pessoal - candidatos de postura respeitosa para com os eleitores e identificados com uma vida pessoal e familiar digna;

- transparência, verdade - candidatos que não temam contar as coisas como elas são ou foram;

- objetividade, viabilidade de propostas, concisão, precisão - candidatos de expressão objetiva e concisa, capazes de fazer propostas viáveis e não mirabolantes. Precisos na maneira de abordar os assuntos.

Fatores de influência

Outra questão recorrente nos questionamentos midiáticos é a respeito dos fatores que influenciam uma campanha. Eis alguns:

- maneira de apresentação dos candidatos - estética - alta prioridade. O primeiro sinal percebido pela cognição é a imagem que o candidato transmite. Sério, alegre, improvisado, informal, formal, artificial, desleixado, mal vestido, empetecado, verdadeiro, mentiroso, falso, atraente, simpático, nervoso, calmo, etc.

- programas de governo - propostas viáveis/inviáveis, impactantes ou óbvias - alta prioridade;

- patrocinadores/lideranças políticas - dependendo da região, a influência poderá ser muito alta ou tênue;

- casos escabrosos descobertos no meio da campanha - desastrosos, podem queimar as possibilidades de um candidato;

- organizações da sociedade civil - importantes para agregar grupos, mobilizar as comunidades;

- identificação com esportes/futebol - influência relativa; torcidas a favor podem receber o contraponto de torcidas contrárias;

- apoio de artistas - depende do artista e da região.

Vai ter lugar para todo mundo?

O afã mundial pelos jogos da Copa costuma provocar dúvidas sobre questões de infraestutura nos países que acolhem a nata do esporte bretão. Um dos pontos focais de preocupação é a oferta de leitos para hospedar a massa mundial (e local) de torcedores. Fazendo coro com esta preocupação, as comissões de Viação e Transportes e de Turismo e Desporto promovem, hoje, às 10h uma audiência pública com representantes do setor hoteleiro e dos navios de cruzeiro para debater a questão. A hotelaria se mostra bem preparada, mas a opção pelos navios como reforço na brigada hospedeira poderia ser uma ajuda interessante. A conferir.

Não é flor que se cheire

Cândido Norberto, jornalista, deputado do MTR (cassado), na tribuna da assembleia do RS, criticava o governador Ildo Meneghetti. Janela aberta, via-se ao lado o Palácio Piratini. Irritado com os ataques, o deputado Hed Borges, da bancada do governo, grita lá de trás:

- V. Exa., senhor deputado, já foi do PL, do PSD, do PTB, agora é do MTR. Como um beija-flor, vive pulando de flor em flor.

Cândido Norberto apontou para o palácio:

- É por isso mesmo que eu lhe digo, senhor deputado, que esse governador não é flor que se cheire. (Nery em seu Folclore Político)

Conselho aos marqueteiros

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos assessores políticos. Hoje, sua atenção se volta aos marqueteiros:

1. Tentem desenvolver uma identidade para seus candidatos, consoante com a história, os valores, os princípios e as condutas dos perfis. Identidade montada sobre uma base artificial desmorona.

2. Procurem auscultar não apenas a intenção de voto dos eleitores, mas as razões que fundamentam/orientam suas decisões. Ou seja, tentem entender o sistema cognitivo e a cultura política do eleitorado.

3. Façam ajustes periódicos, usem abordagens diferenciadas, façam comparações entre estilos, analisem as forças e fraquezas, as oportunidades e ameaças de seus candidatos.

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(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 26 de junho de 2012

PITACOS SOBRE A CIDADE

Amanheci com vontade de dar pitacos. Diversamente do que muitos possam imaginar, pitaco não é um palpite sem fundamento. É uma opinião. Em se tratando da coisa pública, ou sobre os rumos de uma cidade, a opinião pode ser emitida independente de solicitação.

Obviamente, estou pensando em uma urbe específica, mas pode servir para outras.

Dirijo estas palavras aos que se lançam à nobre tarefa de interpretar sonhos: os candidatos. Sim, candidato a cargo eletivo, representante do povo, líder popular não é senão um intérprete de sonhos, dos sonhos da coletividade.

Enquanto escrevo me vem à mente um personagem bíblico do Antigo Testamento: José, o filho de Jacó e Raquel, que ficou para a posteridade como José do Egito. Certamente um emblema em se tratando de revelação da essência daquilo que é só aparência.

Uma noite, o Faraó sonhou. Naquele transe onírico viu que sete vacas magras comiam sete vacas gordas e mesmo assim continuavam magras. Em busca de uma explicação, convocou todos os sacerdotes do Egito. Nenhum conseguiu. Apenas José, que estava preso, ofereceu uma interpretação convincente ao Faraó: o Egito passaria por sete anos de fartura e sete anos de seca, consecutivos.

Empolgado com a sua desenvoltura, o Faraó presenteia José com um anel de seu próprio dedo e o nomeia Adon do Egito, um cargo de expressão, tipo chanceler ou governador.

José, então, ordena que se construam celeiros para guardar a produção do Egito durante os anos de fartura. Nos sete anos de seca, José passou a vender os cereais dos celeiros reais a preço de ouro e conseguiu comprar para o Faraó quase a totalidade das terras do Alto Egito. O nome José significa “aquele que acrescenta”.

Bem representa os seus concidadãos aquele que, além de interpretar os signos das aspirações populares, se lhes acrescenta alguma coisa. E age. Semeia. Planta. Cuida. Colhe. E reparte. Como lembra Thiago de Mello, “é sonhar, mas cavalgando/ o sonho e inventando o chão/ para o sonho florescer”.

A primeira tarefa de um líder, preferencialmente um prefeito, é despertar a coletividade do seu município para a alteração cultural. Mudar a forma de raciocínio, transformar os nossos esquemas mentais. Libertarmo-nos dos grilhões que acorrentam a massa encefálica. A diferença que separa um município pobre de um rico, ou um estado ou um país, não é a idade, muito menos a quantidade de recursos naturais. A Índia é um país milenar e possui uma pobreza vultosa e aviltante. A Nova Zelândia é novíssima. E riquíssima também. A Suíça não produz um grão de cacau, mas vende o melhor chocolate do mundo.

Estudiosos revelam: a fronteira que separa países ricos e pobres se resume à observância de algumas formas de conduta essenciais: 1. A ética como principio básico. 2. A integridade. 3. A responsabilidade. 4. O respeito às leis. 5. O respeito pelos direitos dos demais cidadãos. 6. O amor pelo trabalho. 7. O esforço para economizar e investir. 8. O desejo de superar. 9. A pontualidade.

A ética pode ser resumida em tratarmos os outros como desejamos ser tratados. Para isso, basta nos colocarmos no lugar do outro. Será que eu gostaria de ser tratado como estou tratando um servidor, um contribuinte, um cidadão comum? Estou sendo íntegro, responsável, respeitador das leis e dos direitos alheios?

Valorizo o amor ao trabalho ou premio apenas o meu grupo independente do mérito dos que o compõem? Combato a mendicância e o clientelismo? Priorizo projetos que incentivam a independência financeira? Ao invés de festejar a quantidade de pessoas recebendo bolsa-família, deveríamos comemorar sua diminuição. Quanto mais pessoas deixassem os programas de transferência de renda e adquirissem sua própria renda por meio de empreendimentos montados e gerenciados por elas, melhor. (Outro dia um amigo me perguntou: - Você já viu um japonês pedindo esmola? Não, respondi. Ele completou: - Pois é porque eles desenvolveram a cultura do trabalho, essencial para o progresso.)

Se uma Prefeitura deliberar para gastar menos do que arrecada e for pontual no cumprimento dos compromissos já eliminará mais da metade dos seus problemas. O resto se resolve com o firme propósito da permanente superação.

Entendo que a campanha política é o espaço para se divulgar ideias; não intrigas. Planejar o futuro; não propagar futricas. Dissecar projetos; não denegrir pessoas. Sonho com isso. E esse sonho, convenhamos, de tão nítido dispensa interpretações.

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)


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Artigo Brilhante!

Parabéns!!!

De: José de melo neto (Zéneto)

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Dr Junior Bonfim, já disse aqui em seu blog, este é para ser lido pelos estudantes de nossa cidade. Belíssimo seu comentário, quando alcançaremos este perfil politico?

OBSERVATÓRIO

Desta semana não passa. No próximo sábado, dia 30, expira-se o prazo para todos os Partidos realizarem suas convenções para a escolha dos candidatos: prefeito, vice-prefeito e vereadores. A maioria, obviamente, convocou seus filiados para o limite legal. Em Crateús o cenário permanece praticamente o mesmo dantes delineado. Na chapa de situação, após certa relutância do Prefeito, que chegou a externar o desejo de não se recandidatar, os nomes deverão permanecer os mesmos: Carlos Felipe e Mauro Soares. Na oposição, há por enquanto três chapas definidas: a do PSOL (ainda sem os nomes), a do PV (João Coelho Soriano, o Maçaroca) e a das Oposições Unidas, liderada pelo PMDB e pelo DEM (Ivan Monte Claudino e Antonio Luiz). Luizinho Sales, do PSDB, que logo cedo havia afirmado não ser candidato, abriu uma dissidência e lançou-se semana passada. Mas a maioria dos tucanos, agora sob a Presidência de Edmilson Coelho, pretende manter o compromisso já firmado: a união das oposições.

ARTICULAÇÕES

Foram muitas as articulações visando rachar o esquema oposicionista. Em uma reunião ocorrida em Fortaleza membros do PPS, PDT, PSDB e PMN informaram ao pré-candidato Ivan Monte Claudino que estavam rompendo a aliança e iriam marchar com uma candidatura própria, encabeçada pelo empresário Luizinho Sales. Sucede que, no dia seguinte, a direção estadual do PSDB entregou ao TRE um documento em que autorizou a vigência da Comissão Provisória de Crateús. Foram mantidos os mesmos nomes. Mudou apenas o Presidente. Ao invés de Zé Vagno Mota, assumiu o comando da agremiação o ex-presidente da Câmara Edmilson Coelho. Este não é favorável à divisão das oposições. Acha que o PSDB deve compor com os demais partidos oposicionistas e priorizar a eleição proporcional, elegendo uma boa bancada de vereadores. Doutor Lourival Rodrigues, líder maior do PDT, reuniu os correligionários e manifestou sua posição: defenderá a aliança original em sinal de lealdade ao vice-governador Domingos Filho. Com isso, contatos estão sendo mantidos com os demais líderes a fim de recompor a ampla coligação inicialmente idealizada.

MULHERES

No que pertine à eleição para o Legislativo Municipal, a maioria ainda não se deu conta de uma inovação: do número de vagas requeridas - segundo o artigo 10, § 3º, da Lei 9.504/97 - cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. Ou seja, se uma coligação lançar vinte candidaturas, obrigatoriamente terá que apresentar no mínimo seis candidatas mulheres. O problema é que não há, nos nossos partidos, tradição de lançamento de tantas candidaturas do sexo feminino...

IMPORTANTE

Após a escolha dos candidatos em convenção, os partidos e as coligações deverão solicitar ao Juiz Eleitoral o registro de seus candidatos até às 19 horas do dia 5 de julho de 2012. O pedido de registro deverá ser apresentado em meio magnético, gerado pelo sistema CANDEX, que é o programa criado pela Justiça Eleitoral para uso obrigatório nos registros de candidaturas. A propaganda eleitoral somente será permitida após o dia 05 de julho de 2012 (art. 36 da Lei n.º 9.504/97). Para o registro de candidatura são necessários os seguintes documentos: 1. DRAP - Formulário Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários, gerado pelo Sistema CANDEX, impresso e assinado pelo Presidente do Partido (quando concorre isolado) ou pelo Representante da coligação. 2. RRC - Requerimento do Registro de Candidatura, gerado pelo Sistema CANDEX, impresso e assinado pelo candidato. 3. Declaração de bens. 4. Fotografia recente do candidato. 5. Comprovante de escolaridade. 6. Cópia de documento oficial de identificação. 6. Prova de desincompatibilização ou afastamento, quando for o caso. 7. Proposta de governo para o candidato ao cargo de Prefeito, em uma via impressa e outra digitalizada e anexada ao CANDEX. 8. Certidões criminais fornecidas pelo Poder Judiciário.

OS SERTÕES E EUCLIDES DA CUNHA

A Academia de Letras de Crateús convida para uma agradável palestra e um prazeroso bate papo cultural sobre OS SERTÕES E EUCLIDES DA CUNHA. O palestrante será o acadêmico Padre Geraldinho. O evento ocorrerá hoje, terça-feira, logo mais à noite, às 19:00 hs, na sede do Sodalício, na Rua do Instituto Santa Inês, 231, Crateús, Ceará.

PARA REFLETIR

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. (...) Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude. (...) Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe, alta, sobre os ombros possantes aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se-lhe, prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias”. (Euclides da Cunha)

(Júnior Bonfim, na edição de hoje do Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

AMANHÃ É DIA DE MAIS UMA EDIÇÃO DO JORNAL GAZETA DO CENTRO OESTE



QUASE

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

(Sarah Westphal)