segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

ANOS E LUAS



Mais um ano que se vai

Mas a vida continua,

Eu sigo meu caminho

Como segue o seu, a lua

Horas bem cheia de graça

Botando o bloco na praça

Como quem se insinua.

*

Carregada de otimismo

Acho a vida envolvente,

Nada ofusca meu caminho,

Sou tal qual lua crescente

Que a cada novo dia

Ganha mais luz e magia,

E risonha segue em frente.

*

Se às vezes a melancolia,

Vem nublar o meu semblante

Não fico desatinada,

Procuro seguir adiante

Pois me sinto iluminada

Feito lua minha estrada

Tem seus dias de minguante.

*

Eu já vivi muitas luas

Sei que a vida se renova,

No ano que entra e sai

Eu vou passando na prova

E que venha o Ano Novo

Pois com ele me comovo

E renasço lua nova!


--

Dalinha Catunda

domingo, 30 de dezembro de 2012

VAMOS CURAR O MUNDO EM 2013!

Imagine uma célula do corpo que pensa que é um ser separado, que não faz parte do grande organismo vivo. Essa célula olha para as doenças, toxinas e mazelas do corpo como uma criatura externa que julga tudo e não se sente como uma parte integrante daquele ser maior. Ela não entende que ela é também aquele ser maior. E ao não se enxergar como parte do todo, a célula critica, julga, joga a culpa das mazelas em outras células e órgãos, gerando desamor e rejeição a si mesma, o que acaba provocando mais desarmonia e doenças.

É mais ou menos assim que nos sentimos. Somos parte de um grande organismo vivo, como se fôssemos células. Só que nós somos células que tem consciência de si mesmas. Entretanto, do nosso limitado ponto de vista, temos a impressão de que somos seres individuais com mentes individuais habitando um planeta cheio de problemas com pessoas cheias de defeitos. Na verdade, fazemos parte de um grande organismo vivo, que tem uma mente coletiva global, uma saúde global. Perdemos essa visão mais abrangente e começamos nos sentir separados do todo.

A partir dessa ilusão de separação, julgamos, criticamos e tendemos a ver a causa dos problemas da sociedade em outras pessoas, gerando ainda mais negatividade, falta de amor e desarmonia. Não percebemos que ao agirmos dessa forma estamos rejeitando a nós mesmos, pois somos uma parte indissociável do todo.

Um exemplo claro dessa ilusão de separação e julgamento, são os comentários que vemos de pessoas revoltadas com a política. São pessoas que pensam que a "culpa" de todos os problemas são desses poucos seres que estão aparentemente comandando tudo.

Quando enxergamos de uma forma mais global, sem perder de vista que somos parte de um grande todo, percebemos que toda a corrupção e desonestidade que vemos nos comportamentos dos políticos são apenas o reflexo da desonestidade e corrupção que existe em boa parte dos seres que fazem parte da sociedade.

Uma sociedade muito corrupta, produzirá políticos muito corruptos, assim como uma sociedade mais honesta produzirá governantes mais honestos. O grau de honestidade de quem comanda as instituições será um reflexo direto do grau de honestidade da população.

Muitos dos que criticam praticam a corrupção de diversas formas em suas vidas (sonegação de impostos, suborno do guarda, se aproveitam da influencia de alguém para obter vantagens e passar na frente de outros e etc...) e fariam o mesmo se estivessem no poder. É sempre um processo coletivo.

A poluição e toda a feiúra e miséria que existem no mundo são um reflexo direto da negatividade e do nível de consciência daquela população. E esse nível de consciência global, é reflexo do somatório da negatividade e das coisas boas que existem em cada um de nós. Por isso, a única forma que temos para ajudar o todo, é curando as nossa própria negatividade interior. Assim nos tornamos mais saudáveis emocional e fisicamente e passamos a somar de forma positiva na coletividade.

A nossa mente individual está cheia de áreas obscuras que contém todo o tipo de negatividade: pensamentos e sentimentos que nos causam sofrimento - mágoas, medos, culpas, tristeza, raiva e etc. Temos partes saudáveis também, caso contrário, estaríamos todos completamente loucos, infelizes e doentes. Quanto mais curamos essas partes negativas que guardamos, mas nos tornamos saudáveis, felizes e em paz.

De forma análoga, a grande mente global também está perturbada e cheia de pontos obscuros com negatividade. Essas partes obscuras são o somatório da negatividade contida na mente individual de cada um de nós.

Quando eu curo qualquer negatividade que eu guardo, além de ajudar a curar a minha mente individual, eu ajudo a curar a grande mente coletiva e torno o mundo um pouco melhor, pois eu faço parte do todo.

A negatividade que nós carregamos tem também o poder de influenciar outras mentes. É como um vírus que lançamos no ar e que leva doença para outras pessoas. Quando nos curamos e nos tornamos mais felizes, temos também o poder de influenciar de forma positiva todos que estão ao nosso redor. Deixamos de fazer parte do problema e passamos a fazer parte da solução.

A violência que vemos no mundo, é fruto da raiva e outros sentimentos negativos que cada um de nós guarda. Quanto mais energia de raiva individual, maior será a energia coletiva, e ficamos mais propensos a nos tornarmos agressivos com outras pessoas pois estamos imersos em um campo.

Quando essas tensões emocionais individuais se tornam muito altas em uma grande parte da população, veremos explodir a violência de várias formas: aumento dos índices de homicídio e violência física, aumento dos níveis de agressão psicológica, surgimento de revoltas coletivas, e, em um grau mais extremo, pode ocorrer uma guerra civil ou guerra entre países.

Pensamentos do tipo "a paz começa comigo" ou "seja mudança que você quer ver no mundo" podem parecer clichês ou bobagem, mas expressam uma grande verdade e estão baseados na visão holística que de cada um de nós faz parte de um todo.

Um mundo mais pacífico se faz com pessoas que se sentem em paz. Um mundo mais feliz se faz com pessoas que estão mais livres da negatividade consciente e inconsciente que o ser humano carrega.

(André Lima)

sábado, 29 de dezembro de 2012

MENSAGEM DO GRUPO GUARARAPES

O GRUPO GUARARAPES, ao se despedir de 2012, deseja que 2013 seja um ANO BEM-AVENTURADO. Muitos erros cometidos, no passado, foram realizados por homens que não acreditam nas VERDADEIRAS lições dos GRANDES MESTRES.

Há MUITOS milhões de anos, seus fins, sempre, foram às 24.00 horas e 1º de janeiro começando a zero minuto. O mundo, sempre, avançando, e o HOMEM BUSCANDO A FELICIDADE.

Se ele compreendesse que ela, FELICIDADE, ESTÁ ALOJADA NO NOSSO ÂMAGO, PODENDO SER CUIDADA POR NÓS, tudo seria mais fácil.

“Para atravessar corretamente um rio, é preciso escolher o lugar certo”. A vida é este lugar. Ou aí ou o afogamento. Para escolher há necessidade de:

1 . “Estudar é polir a pedra preciosa; cultivando o espírito, purificamo-lo”. Confúcio.

2. “A paz vem de dentro de você mesmo. Não a procure à sua volta”. Buda

HOMENS SÁBIOS indicaram a passagem certa do Rio. Analisando-a, com profundidade, como nos manda CONFÚCIO, teremos a paz interna (FELICIDADE) de BUDA.

VAMOS, EM 2013, PENSAR COMO, ASSIM, FIZERAM-NO ALGUNS SÁBIOS, NO PASSADO? NÃO IREMOS ENCONTRAR A FELICIDADE? Penso que sim.

1 . MOISÉS: “Não jurarás, em nome do Eterno, teu Deus, em vão; guardarás o dia do Shabat; Honrarás a teu pai e a tua mãe; não matarás; não adulterarás, não furtarás; não darás falso testemunho; não cobiçarás a mulher do teu próximo e não desejarás a casa do próximo”.

2 .PERICLES: “Só o amor da glória não envelhece, e, na idade avançada, o principal não será o ganho, como alguns dizem; mas, ser honrado”.

3 . EPICURO: “ o maior bem é a prudência”.

4 .CATÃO, O VELHO: “A cupidez e o luxo, flagelos que subverteram todos os grandes impérios, assolam a cidade”.

5 . BUDA: “O homem perverso que censura o virtuoso é como aquele que olha o alto e escarra para o céu; o escarro não manchará o céu, mas recai e suja a sua própria pessoa.”

6 . CÍCERO: “Nada se deve anelar do fundo da alma, senão a auréola da honra”.

7 . CHAPLIN: “O caminho da vida pode ser os da liberdade e da beleza, porém desviamo-nos dele. A cobiça envenenou a alma dos homens. Levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios”!

8 .ORTEGA Y GASSET: “A vida é um ato que se projeta para frente”

9 . RUI BARBOSA: “A pátria não é um sistema, nem é uma seita, nem um monopólio, nenhuma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. Os que a servem são os que não invejam, os que não inflamam, os que não conspiram, os que não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se acobardam, mas resistem, mas ensinam, mas esforçam, mas pacificam, mas discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo. Porque todos os sentimentos grandes são benignos e residem originariamente no amor. No próprio patriotismo armado o mais difícil da vocação, e a sua dignidade não está no matar, mas morrer. A guerra, legitimamente, não pode ser o extermínio, nem a ambição: é, simplesmente, a defesa. Além desses limites, seria um flagelo bárbaro, que o patriotismo repudia...”



FELIZ 2013

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

MINIMAMENTE FELIZ!


A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em "Paris" e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.

Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.

Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.

'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro "volta" a fechar ("ufa!") ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.

Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular:

'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.

Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou "em casa assustado", ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.

Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.

Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'.

Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido?

Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?

"Como" tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos.

E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.

Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam.

Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente
em compasso de espera.

Leila Ferreira é jornalista renomada nas Minas Gerais e em todo o Brasil.

ORQUESTRA SINFÔNICA E CORAL KOHAR (ARMÊNIA)

A Orquestra Sinfônica e Coral Kohar, de Gyumri, no nordeste da Armênia, é conhecida por inovar músicas armênias tradicionais e conferir-lhes uma levada pop.

Foi fundada em 1997 pelo libanês de origem armênia Harout Khatchadourian.

Dirigida pelo maestro cipriota Sebouh Abcarian, com seus mais de 140 músicos, dançarinos e cantores do coral, as apresentações da Kohar geralmente se dão ao ar livre.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O NATAL E A ENERGIA DA CIDADE!


A cidade, soma de humanos, extensão de cada um de nós, possui uma volúpia sentimental, um vulcão de desejos, uma carga de energia. Assim como cada um de nós é notado pelos outros quando olvidamos de zelar o nosso corpo e cuidar da alma ou vice versa, igual avaliação crítica recai sobre a urbe.

A ética carrega em sua essência uma variável estética. Cuidar de si mesmo de forma agradável e prazerosa, cultuar o belo em suas dimensões externa e interna (estética) é também uma forma de bem querer ao outro, um modo de respeito ao próximo (ética).
Compreender essa dimensão da realidade é essencial para realizarmos a recepção da energia vital, capaz de alterar para melhor o estado em que estamos. O período natalino é uma dessas épocas em que ficamos mais receptivos aos influxos energéticos externos.

Segundo Graziella Marraccini, em 25 de Dezembro o mundo católico e cristão festeja o Santo Natal. Mesmo que não sejamos católicos e que não cultuemos o nascimento de Jesus, podemos sentir como a energia desta data acaba contagiando a todos nós como uma onda de renovação e esperança, que melhora nosso humor e contagia nossos relacionamentos pessoais e sociais.

O Natal coincide com o Solstício de Verão no nosso hemisfério. O Solstício acontece em 21 de Dezembro às 09h03min e o Sol ingressa no signo de Capricórnio, em conjunção exata com Plutão!

A mudança de paradigma está chegando, não é possível recuar mais! O Sol chega ao máximo de sua inclinação no Hemisfério Sul (a 23°45 tocando o Trópico de Capricórnio) e marca para nós o Solstício de Verão. Sol-stício quer dizer Sol estacionado: na verdade, o Sol 'parece estacionar' por algum tempo no nosso hemisfério nos oferecendo o máximo de calor.

Do mesmo modo ele marca o início do Solstício de Inverno no hemisfério norte. Os povos antigos daquele hemisfério costumavam marcar esta data com rituais destinados a pedir aos céus a volta da energia solar que se afastava com o longo inverno que iniciava. Eram feitos cerimoniais em todos os ritos, com cantos e implorações, cerimônias de acasalamento para simbolizar a fertilização da terra. Os homens, em sintonia com os céus, pediam aos deuses que não deixassem a Terra perecer sob o frio inverno e que enviasse novamente o Sol para renovar a vida que logo iria ressurgir sob a dura camada de neve. A Igreja católica aproveitou esses festejos pagãos para incorporá-los em sua liturgia, e fez de maneira que o Natal coincidisse com o nascimento de Jesus.

Assim os festejos do período natalino estão a indicar que, no momento em que a vida parece morta, a Terra torna-se gélida e fria e as árvores estão sem frutos, devemos manter a esperança do retorno da Luz, elevando nossas preces aos céus para pedir uma renovação da energia vital. Nossas rezas e rituais se parecem com os rituais antigos e também indicam a renovação de vida. Desta maneira, nos sintonizando com a energia solar, podemos renovar nossas esperanças e fazer com que nossos pedidos subam aos céus com uma energia especial, intensa, sincera, universal.

As pessoas e o seu coletivo, que são as cidades, carecem dessa sintonia renovadora. Albert Einstein conta uma experiência interessante que serve para esse momento. Estava num jardim e dois meninos brincavam. Num dado momento, um deles foi até uma fogueira quase extinta e com dois pauzinhos pegou uma brasa ainda incandescente e falou para o outro: quero que você carregue essa brasa, para outro lugar. O outro menino observou e ficou pensando. Einstein, observador, também ficou olhando e esperando o que o menino faria diante daquela situação que se apresentava como uma possibilidade de dor, de sofrimento. Eram amigos e seria difícil dizer não a uma pessoa querida. Então, para surpresa do cientista, o outro menino pegou na fogueira um pouco de cinza já fresquinha, colocou uma quantidade na palma da mão e disse carinhosamente ao amigo: vamos, coloque a brasa aqui em minha mão. E seguiram os dois pelo caminho. A brasa, protegida pela cinza, não queimava a mão do amigo. É isso: talvez a gente esteja necessitando dessa inteligência e amizade, para poder nos proteger da agudeza da vida.

Mesmo nos momentos mais conturbados, haverá sempre na fogueira de nossas dores e angústias um pouco de cinza fresca. Colocada em nossa alma, nos permitirá carregar nossos sonhos e projetos sem sofrimento.

E o Natal pode ser essa oportunidade!

(Júnior Bonfim, no Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

OBSERVATÓRIO

No início da década passada, Paulo Nazareno era Prefeito de Crateús e surfava sobre as ondas de uma enorme popularidade. Reeleito com folga, confortado pelo apoio de dois terços dos Vereadores, resolveu colocar o dedo na eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal. Convidou os integrantes da sua base de sustentação para um convescote. Ouviu a opinião de cada um, mas já tinha a sua própria, ou seja, um nome previamente definido. Convocou a imprensa para uma coletiva e fez o anúncio formal do seu candidato a Presidente: Adairton Carvalho. Ato contínuo, e sem alarde, um grupo da própria base resolveu abrir uma dissidência. A insatisfação era muito mais com a forma como o processo houvera se desenrolado do que mesmo com o seu desfecho. Poucos dias antes da eleição, já dispondo de maioria, o grupo se ausentou da cidade e só reapareceu na hora de votar. Resultado: o Prefeito perdeu!

REPLAY

Alguns pares de anos depois foi ensaiada uma repetição da cena: o edil Adairton é indicado à Presidência da Câmara. Mudou o Prefeito. O Vereador é rigorosamente o mesmo. Permanece inalterado o cerne das relações entre Executivo e Legislativo: na contramão das aparências, os Vereadores temperam os alimentos com a pimenta da esperteza. O mais ingênuo ingere uma sardinha sem abrir a lata. Portanto, todo cuidado é pouco. Surpresas poderão ocorrer.

DESEJO

Quem dera o ano de 2013 se descortinasse sob o influxo de novas energias e o Legislativo revolucionasse sua pauta. Caixa de ressonância da sociedade, a Câmara bem que poderia liderar um movimento de congregação das inteligências da cidade visando à construção de caminhos e soluções para os nossos mais graves desafios. Está na hora de se inaugurar um rumo propositivo para a busca de uma cidade ecologicamente saudável, culturalmente avançada, economicamente equilibrada, convivencialmente pacífica, politicamente justa. A Câmara de Fortaleza, durante a gestão ex-Presidente Salmito Filho, arregimentou as principais forças vivas da sociedade fortalezense para estudar os grandes problemas da Capital e alinhavar soluções. Daí nasceu, dentre outros Programas, a Sala do Empreendedor, o Câmara Móvel, o Câmara Ambiental e o Câmara Cultural. Na gestão atual, do Presidente Acrisio Sena, esse trabalhou continuou e foi fortalecido com o apoio enfático às ações culturais. A Câmara de Crateús bem que poderia seguir essa trilha, mobilizando escolas, sindicatos, igrejas, empresários, artistas e líderes de uma maneira geral.

POINT

Nos últimos meses vários empreendimentos comerciais foram abertos em Crateús. Há um, em especial, que desperta a atenção por priorizar um filão ainda pouco explorado: a cultura. Trata-se do Armarinho Literário, idealizado pela professora e escritora Ana Cristina, que aproveitou a esteira de tradição do antigo Armarinho liderado por sua tia Mimosa Vale e ali fez a sua tradução para o tecido das letras. Ler é um dos mais vitaminados alimentos para o espírito. Incentivar a leitura é estimular o engrandecimento pátrio, pois, como ensinou Monteiro Lobato, “um País se faz com homens e livros”. Assim sendo, aplausos à iniciativa!

GONZAGA

Outro escritor que também teve um rasgo de iluminação alvissareira foi o Dideus Sales. Num momento em que o País inteiro, merecidamente, explodiu em comemorações alusivas ao centenário do seu maior sanfoneiro, Luiz Gonzaga, o poeta Dideus Sales brinda os fãs do Rei do Baião com um esmerado livro que prima pela pujante originalidade e delicada beleza: “Luiz Gonzaga - muito além de um sanfoneiro”. Gonzaga foi um sujeito como qualquer um de nós, nascido nesta geografia extraordinária chamada Nordeste. Aprendeu, desde cedo, a respeitar o pai, Januário. Teve o Juazeiro como testemunha do primeiro amor. Viu, na estrada de Canindé, o galo campina que, quando canta, muda de cor. Lamentou a flor que estava aqui e o peixe que é do mar, que a poluição comeu. Alertou ao doutor que uma esmola, para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão... O novo livro do Dideus é mais um lírio que brota do seu germinal vale poético.

ALC

Na última terça-feira, dia 18 de dezembro, a Academia de Letras de Crateús esteve reunida com o fim de ultimar os preparativos para anfitrionar em grande estilo o Encontro Estadual de Escritores, que ocorrerá em Crateús no início de março de 2013. Dentre outras atividades será realizada uma solenidade de reposição do busto do escritor José Coriolano de Sousa Lima na praça que leva o seu nome, ao lado da Catedral. Esse resgate histórico - idealizado pelos acadêmicos Edmilson Providência, Flávio Machado e Raimundo Cândido – é uma ação das mais louváveis, pois disponibiliza às atuais gerações a memória do mais expressivo poeta que Crateús de ao mundo.

PARA REFLETIR

Há na minha província uma ribeira,
Um sertão, onde eu vi a vez primeira
Sorrir-me da existência a doce luz:
Tem o nome da tribo que o habitava,
Quando ao rude tapuia entregue estava,
Esse nome, sabei-o, - “Crateús.”
(José Coriolano)

(Júnior Bonfim, no Jornal Gazeta do Centro Oeste, Crateús, Ceará)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

CONJUNTURA NACIONAL

Abro a Coluna com uma historinha do jornalista Ivan Santos.

O lendário deputado José Maria Alkmin era amigo de infância de Juscelino Kubitschek. Como Juscelino, Zé Alkmin, aos 20 anos de idade, foi telegrafista, profissão que exerceu para manter-se enquanto estudava Direito em BH. Mesmo com rara inteligência, tinha pouco brilho social. Era franzino, com 1,59m de altura, mas estudante brilhante e aplicado. Lia todas as publicações que encontrava à frente - dos ensaios de Erasmo às bulas de remédio. Era um gajo extrovertido e espirituoso. Certo dia, Juscelino o apresentou a uma garota linda, alta (mais de 1,75m), simpática, de forma corporal perfeita. Alkmin prontamente apaixonou-se por ela. Elogiou-a e, durante uma semana, deu-lhe presentes com a intenção de conquistá-la. A moça fechou a guarda, esquivou-se, manobrou como pode até que um dia, sem saída diante do cerco armado por Cupido, perdeu a paciência e despejou:

- Vê se te enxerga Zé Maria! Cresça e apareça!

O enigmático mineirinho, sem perder tempo, tascou:

- Crescer eu não garanto, não; só garanto outras coisas.

A moça entendeu. Ficou vermelha. Perdeu o fôlego e retirou-se. Nunca mais se aproximou do mineirinho namorador, audacioso, espirituoso e enigmático.

Mais querelas

A querela está no ar. Quem tem a prerrogativa de cassar mandatos de deputados? A Câmara ou o STF? Marco Maia, o presidente da Câmara, diz que não abre mão da prerrogativa que a CF concede: é um direito da casa legislativa. O mesmo diz a maioria dos membros do Supremo: cabe à Corte suspender o mandato legislativo quando o condenado perde os direitos políticos. Celso de Mello, o decano do STF, argumenta que "desobediência será intolerável". Os juristas se dividem. Dalmo Dallari defende que o órgão revogador de mandatos é a Câmara. O ex-presidente da Corte, Carlos Velloso, diz que cabe à Câmara cumprir a decisão tomada pelo STF.

Rose não pode sair

Rosemary, ex-toda poderosa chefe da Representação do Governo Federal em SP, não pode sair do Brasil. Tinha passagem comprada para os Estados Unidos. São proibições dessa natureza que devem infernizar sua vida. Ao contrário de Paulo Vieira, Marcos Valério e Carlinhos Cachoeira, Rose não tem ameaçado abrir a boca para abrir os porões.

Campanha começou

Pois é, os prefeitos nem tomaram posse e a campanha de 2014 já está nas ruas. As oposições aproveitam o momento para disparar tiros contra Lula. Seu objetivo é macular a imagem de Todo Poderoso ex-presidente. Conseguirão? Difícil. Lula abriga-se no inexpugnável abrigo do carisma. De onde não sairá tão cedo. O estoque de admiração encontra-se ainda muito cheio. Pesquisas recentes indicam que seria eleito presidente no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Os oposicionistas querem jogá-lo no meio da fogueira, na crença de que o queimando, queimarão por tabela a pele da presidente Dilma e os costados do PT. Puro engano.

Dilma com vida própria

Ocorre que a mandatária Rousseff adquiriu vida própria, a essa altura. Já não depende de Lula nem do PT. Pesquisas mostram que ela alcança um índice de intenção de voto superior ao de Lula. Seu perfil é um composto de substância técnica, autoridade e independência. Demonstra não se submeter às pressões políticas. Mas a presidente tem noção da realidade. Mobiliza suas bases e está de olho nas movimentações que ocorrem no Congresso.

Eduardo e os 90 dias

Eduardo Campos incorpora a identidade dos futurólogos e adivinhos. É dele a mais recente projeção para 2014: se Dilma ganhar os 3 primeiros meses de 2013, ganhará todo o ano de 2014. A lógica do governador de PE abarca a crise econômica internacional, com impactos no Brasil, a convicção de que o consumo não será mais fator de contenção da crise, a necessidade de reformar o pacto federativo e a própria estrutura política. Percebe-se em Eduardo Campos a tendência de olhar para os dois lados : se a economia sair dos trilhos, ele coloca seu trem em direção ao Palácio do Planalto. Como candidato independente. Torcendo para que Aécio, pela oposição, tire forças do situacionismo e ele, Campos, se apresente como a terceira força.

A porca do Piauí

Flávio Furtado de Farias explica o significado de "a porca comeu" no Piauí. Refere-se ao destino de todos os candidatos derrotados no sufrágio popular eleitoral. Ou seja, a porca come quem perde eleição. "Os candidatos, quando querem provocar seus adversários, citam a porca, especialmente se o adversário já passou pelo bucho da bicha antes. Aí é aquela história de que a porca vai comer de novo. Tudo isto teve início, segundo alguns contam, no município de Campo Maior, na década de 1950 ou 1960. Ali, um candidato já havia preparado uma urna cheia de votos para lhe favorecer. O dito cujo escondeu a urna numa moita, mas na hora de pegá-la para substituir a verdadeira urna, verificou que uma porca enorme tinha estraçalhado a urna e os seus votos. O candidato perdeu a eleição. Os populares tomaram conhecimento da história. E desde então a porca tem comido muitos candidatos em todo o Piauí. Onde a porca é famosa".

PT irá às ruas?

Há um PT de novos sentimentos, que quer virar a página após o mensalão e recomeçar a jornada partidária com novos passos. E há um PT antiquado, que imagina complôs por todas as partes e tramóias feitas pela mídia para destruir sua imagem. O PT novo é o que prega abertura de informações, transparência, punição a culpados. O PT velho é o que quer acobertar os malfeitos. Esse partido obsoleto pretende mobilizar as bases para defender os condenados no mensalão. Ora, o partido não enxerga a realidade. Não há ânimo nas bases de qualquer partido - o PT entre eles - para sair às ruas em defesa de pessoas condenadas. Pode haver certo barulho em ambientes fechados. Organizado por meia dúzia de integrantes da velha guarda.

Gastança no exterior

O bolso dos brasileiros das classes médias, ao que parece, está bem recheado. Os gastos dos nossos turistas no exterior atingiram novo recorde em novembro e no acumulado do ano. Apesar do dólar mais caro, brasileiros gastaram US$ 1,8 bilhão em visitas a outros países no mês passado, 15% a mais do que há um ano. No acumulado de 2012, os brasileiros já gastaram lá fora US$ 20,244 bilhões, 3,9% acima do registrado no mesmo período de 2011 (US$ 19,489).

Truman, o exemplo I

Harry Truman foi um tipo diferente como presidente. Provavelmente tomou tantas ou mais decisões em relação à história dos EUA como as que tomaram os 42 presidentes que o precederam. Uma medida da sua grandeza talvez permaneça para sempre: trata-se do que ele fez depois de deixar a Casa Branca. A única propriedade que tinha quando faleceu era uma casa, onde morava na localidade de Independence, Missouri. Tratava-se de uma herança de sua esposa. Depois dos anos em que moraram na Casa Branca, ali viveram o resto de suas vidas.

Truman, o exemplo II

Quando se retirou da vida oficial, em 1952, todas as suas receitas consistiam numa pensão do Exército de $ 13.507 anuais. Quando o Congresso soube que ele custeava seus próprios selos de correio, outorgou-lhe um complemento e, mais tarde, uma pensão retroativa de $ 25.000 anuais. Depois da posse do presidente Eisenhower, Truman e sua esposa voltaram a seu lar no Missouri dirigindo seu próprio carro... sem nenhuma companhia do Serviço Secreto. Quando lhe ofereciam postos corporativos com grandes salários, rejeitava-os dizendo : "Vocês não me querem a mim, o que querem é a figura do presidente, e essa não me pertence. Pertence ao povo norte-americano e não está a venda...".

Truman e as duas vocações

Ainda depois, quando em 6 de maio de 1971 o Congresso se preparava para lhe outorgar a Medalha de Honra em seu 87° aniversário, recusou-se a aceitá-la, escrevendo-lhes: "Não considero que tenha feito nada para merecer esse reconhecimento, venha ele do Congresso ou de qualquer outra parte". Como presidente, pagou todos seus gastos de viagem e de comida com seu próprio dinheiro. Este homem singular escreveu: "As minhas vocações na vida sempre foram ser pianista numa casa de putas ou ser político. E para falar a verdade, não existe grande diferença entre as duas!".

A bomba atômica

Há outro lado da história do presidente Truman. Autorizou a bomba sobre Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto de 1945. A bomba atômica caiu em Hiroshima numa segunda feira. Três dias depois, no dia 9, outra sobre Nagasaki. As estimativas do primeiro massacre por armas de destruição maciça sobre uma população civil apontam para um número total de mortos a variar entre 140 mil em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki, sendo algumas estimativas consideravelmente mais elevadas quando são contabilizadas as mortes posteriores devido à exposição à radiação.

Little boy

Às 8h15, (horário japonês), "Little Boy" cai sobre Hiroshima. A bomba atômica de urânio, de 3,2m de comprimento, 74 cm de diâmetro e 4,3 toneladas explode 576 metros acima do Hospital Cirúrgico de Shima. A detonação equivale a 12,5 mil toneladas de TNT. No raio de um quilômetro, todo ser humano que se encontrava em local aberto morreu instantaneamente ou dentro de poucos minutos. O calor chegou a tal violência que a quinhentos metros do centro da explosão os rostos foram atingidos a ponto de ficarem irreconhecíveis. Somente nos 20 primeiros segundos morreram 70 mil pessoas, número que chegaria a 210 mil nas semanas seguintes. Quem foi salvo atribui o fato ao acaso - um passo dado a tempo, uma decisão de entrar em casa. Os sobreviventes não sabiam sequer o que havia atingido a cidade. E por muito tempo não saberiam.

3871º C

A onda de calor, que chegou a 3871°C, queimou tudo que se localizava em um raio de 10 km. A potência da bomba, equivalente a 20.000 toneladas de TNT, matou cerca de 200 mil japoneses. Devido a radiação presente na bomba, os japoneses que sobreviveram ao ataque tiveram vários problemas de saúde. Houve inúmeros casos de crianças que nasceram com problemas físicos e/ou mentais devido as alterações genéticas causadas pela bomba, bem como a presença de leucemia. Meses após o ataque, era comum que as queimaduras causadas pela bomba ainda não estivessem cicatrizadas.

Corrupção na saúde

Há uma semana, dez pessoas foram presas durante a Operação Atenas, deflagrada para investigar um grupo criminoso que usava duas associações civis de fachada para desviar recursos públicos destinados à área da saúde em Itapetininga/SP. A apuração revelou que, embora constituídos na forma de organizações não governamentais independentes uma da outra, o Instituto SAS e o Sistema de Assistência Social e Saúde (SAS) são, na verdade, uma única organização criminosa, administrada e comandada pelo mesmo líder. Os contratos analisados pela polícia apontam para um desvio em torno de R$ 100 milhões por ano em processos fraudulentos em pelo menos oito municípios nos estados de SP, RJ e SC. No caso do Hospital Regional de Itapetininga, parte da verba destinada ao pagamento dos funcionários era desviada para pagamentos de notas fiscais frias ou superfaturadas, beneficiando as empresas e pessoas envolvidas.

Detalhes

Gustavo Capanema, outro velho matreiro político mineiro, discursava em um comício em Pará de Minas. Citou verbas detalhadas, de bilhões a centavos. Um assessor jogou a questão: "por que tantos quebradinhos"?

Capanema deu a resposta:

- Para mentir é preciso ser preciosista. Assim, ninguém percebe que você está mentindo.

(Historinha de Adauto Francisco Amaral, advogado e contabilista)

Conselho aos dirigentes

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos injustiçados, aqueles com fome e sede de Justiça. Hoje, volta sua atenção para os dirigentes dos Poderes da República :

1. O momento exige equilíbrio, bom senso e, sobretudo, uma ética de responsabilidades. Não é o caso de abrir mais uma frente de lutas entre os poderes Legislativo e Judiciário.

2. Convém abrir um intenso diálogo entre as partes e evitar qualquer ação que possa ser considerada desrespeito à decisão da Justiça. Nesse sentido, a iniciativa do diálogo cabe ao Poder Legislativo.

3. A comunidade do Direito e da Justiça deve procurar se pautar pela vontade de encontrar a solução mais justa e adequada, sem atiçar ânimos e abrir frente de luta.

____________

(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

ESTROFE DE NATAL

Olá Júnior,

Obrigada pelas postagens, parabéns pela elegância do seu blog. É bom ter você na lista dos amigos.

Segue minha estrofe de Natal.
*
O PRESENTE DE NATAL
*
Nossa vida é um presente,
Com certeza divinal.
Por isso desejo a todos
Neste vindouro Natal:
Saúde e felicidade,
Que Jesus seja a verdade
Com seu supremo aval.
*
Dalinha Catunda

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Governo em alta ansiedade

Para a presidente da República, neste conturbado fim de ano, chega como um bálsamo a pesquisa CNI/Ibope divulgada na semana passada, contando que apesar dos percalços econômicos e das complicações políticas de parceiros e aliados com as quais está tendo de se meter sem querer, sua popularidade e a aceitação de seu governo continuam altas - e em alta. Há na pesquisa alguns sinais de alerta, como o aumento da desaprovação das políticas de saúde e de segurança e diminuição da aprovação da política anti-inflacionária e de juros, mas nada ainda há de preocupar - e que não possa ser revertido. Permanecendo tal situação - que gera uma sensação geral de bem estar - a presidente pode seguir sua marcha batida para entrar em 2014 como favorita para mais quatro anos de Palácio do Planalto. Aliás, como registrou outra pesquisa divulgada pelo Instituto DataFolha no domingo. O nó é fazer a economia acelerar, o que sua equipe econômica parece estar com mais dificuldades de fazer. Tanto que ao mesmo tempo em que diz que as medidas de reativação das atividades vão começar a dar certo, expele semanalmente novas providências. O governo diz que os agentes econômicos andam apressados. Porém, a alta ansiedade é dele.

Dilma e as duas reputações

Além de botar a economia no rumo em 2013 - um ano pré-eleitoral decisivo para 2014 que já começou - para botar seu bloco reeleitoral na rua sem atropelos, sem riscos de "atravessar o samba", Dilma terá de cuidar de duas reputações. A primeira é a do ex-presidente Lula, ainda o maior cabo eleitoral do país, queira-se ou não, afetada pelo "rosegate" e pelas revelações de depoimento recente do publicitário Marcos Valério ao MP. Vale dizer que atingir Lula respinga em Dilma. A presidente sabe tanto disso que já acionou sua mais profunda solidariedade, mesmo sob o risco de engolfar seu governo em histórias que nada têm a ver com ele. Está sendo uma solidariedade pessoal, de amizade, mas também política. Segundo, deve a presidente cuidar de sua própria reputação de "gerentona", seu principal capital político e o mais usado por Lula para elevá-la até o Palácio do Planalto. O governo dá - e já são cada vez mais visíveis - sinais de desarranjo e quase paralisia. Os comentários de que a irritação natural da presidente com seus auxiliares vem crescendo são indicações diretas de que ela está notando esse desgaste em sua imagem. Vejamos na nota que se segue.

Atrasos e ineficiências

Os fatos são claros. O governo demorou um ano anunciando que o modelo de concessão dos aeroportos de BH e do RJ seriam diferentes, mais aperfeiçoados do que os dos aeroportos de Campinas, Guarulhos e Brasília. Esta semana divulgou que será igualzinho. Quase um ano decorreu entre o primeiro leilão fracassado do trem bala e o novo edital. E mesmo assim a primeira licitação só sai daqui a quase um ano. Isto porque está tudo agora nas mãos de um dos homens fortes de Dilma, o presidente da EPL, Bernardo Figueiredo, uma espécie de ministro de fato da infraestrutura no governo. Os investimentos oficiais, essenciais para puxar as inversões privadas, também estão atrasados. Segundo levantamento do site "Contas Abertas", especializado em contas públicas, até 11/12, o governo tinha conseguido investir apenas R$ 40 bi dos R$ 90 bi previstos no Orçamento Geral da União. Não é por outra razão que o parceiro - e talvez futuro adversário - de Dilma, o governador de PE, Eduardo Campos, está dizendo que os primeiros 90 dias de 2013 serão decisivos para a presidente e seus planos políticos.

Novo modelo

A presidente Dilma está buscando, a partir de planos gestados no Palácio do Planalto, encontrar uma nova fórmula para gerir o PAC. A fórmula anterior estava intrinsecamente ligada à própria presidente quando ela era a ministra poderosa do governo Lula. Agora, Miriam Belchior não consegue se desvencilhar da árdua tarefa. Assim, a presidente busca uma solução para o problema a partir de duas premissas : (i) tornar os projetos mais afáveis ao capital privado e menos suscetível aos "papéis" de regulador do Estado e (ii) negociar politicamente com outras áreas do Estado, especialmente com o TCU (ligado ao Legislativo), para agilizar a realização de projetos e obras. O grande problema desta mudança da estratégia presidencial é a pouca disponibilidade de recursos humanos próximos à presidente para tornar esta estratégia geral em planos concretos.

O tempo de Guido Mantega

Eis o que ouviu esta coluna na semana passada de fonte próxima à presidente Dilma : "O tempo para Guido Mantega mostrar que a economia vai andar não é tão curto quanto quer o mercado, mas não é tão longo como muitos na Fazenda imaginam".

Nova fórmula para atacar o spread

Como se sabe a taxa primária de juros foi reduzida com sucesso comparativamente ao que achava a maioria dos analistas e agentes econômicos. Mesmo a inflação não estando enquadrada da melhor forma possível no modelo de metas estabelecido pelo governo (vide nota a seguir), deve-se reconhecer que controlar a inflação não é a prioridade mais importante de nenhum banco central relevante ao redor do globo. É a atividade econômica a variável mais crítica. Neste contexto, constata-se que o sucesso em torno da queda do juro primário não se refletiu no âmbito dos juros do crédito disponibilizado pelo sistema financeiro. A presidente e o BC estão passando da observação para a ação efetiva em relação ao tema. A criação de um mercado de títulos (securities) de empresas privadas de capital fechado (mesmo as limitadas) é um dos passos imaginados pela autoridade monetária para tornar o elevado spread bancário brasileiro menos relevante para a recuperação da economia. O outro aspecto que cada vez mais chama a atenção do BC e da presidente é que depois de tantas fusões e privatizações, o mercado financeiro brasileiro se tornou excessivamente oligopolizado.

Inflação e câmbio

O presidente do BC explicitou sem rodeios o dilema que o governo vive : deixar o câmbio se ajustar mais para cima para ajudar o setor industrial brasileiro ou segurar o dólar para não aquecer mais a inflação. Até dez dias atrás, inclusive com referência explícita de Dilma ao jornal "Valor Econômico", a opção era pela desvalorização do real. A pressão dos empresários era para que a moeda americana chegasse a, pelo menos, R$ 2,40. Agora, a direção é outra e o BC está agindo para o câmbio não fugir dos R$ 2,10. Simples a explicação : a inflação voltou a incomodar. É preciso deixar espaços para o aumento dos combustíveis, pois senão a Petrobras deixa de respirar.

Excesso de indexação

Há excesso de títulos indexados na economia brasileira. A indexação da dívida pública (cuja demanda é crescente) será, nos próximos anos, uma das barreiras que o BC enfrentará e terá de adequar o combate à inflação a um adequado financiamento da dívida pública. Os títulos indexados à inflação estão no limite superior do Plano Anual de Financiamento da dívida pública, enquanto os títulos pré-fixados estão na média da meta do referido plano. Um sinal de que o mercado não confia na estabilidade monetária.

Sinais externos: deterioração

Colecionados os principais indicadores de desempenho da atividade das mais importantes economias mundiais chega-se a conclusão de que o começo de 2013 pode gerar ainda mais pessimismo para os agentes econômicos. A produção industrial do Japão se aproxima dos patamares mais baixos de 2011. Na Europa, a indústria cai pelo terceiro mês seguido, sendo que a Alemanha também caminha para a recessão por força da queda das exportações. Os dados manufatureiros dos EUA voltaram a dar sinais de fragilidade o que motivou a nova expansão monetária promovida pelo Federal Reserve. Na China dois dados preocupantes : o governo terá dificuldade em manter a nova meta de crescimento (+8%) e as atividades de comércio externo estão caindo, como pode ser constatado pelo volume de carga transportado internamente no país. Neste contexto, não há nenhuma ação política e de gestão econômica que seja capaz de reverter tão grave cenário. Os governos estão acomodados e sem visão e os eleitores ainda oscilam na sustentação de políticas conservadoras, apesar da evidência de que estas não estão funcionando. Um cenário semelhante ao dos anos 30 do século passado.

Obama e as mudanças no secretariado

Deve-se olhar com muito esmero as mudanças que Barack Obama fará no seu secretariado e no Fed e SEC (Securities Exchange Commission). Como se sabe o presidente norte-americano é um conservador em matéria econômica e foi muito pouco ousado no trato da crise atual. Além disso, não foi capaz de mudar a regulação relacionada com os desmandos cometidos pela turma de Wall Street. As mudanças que estão por vir podem confirmar a personalidade política de Obama ou mostrar que há fatos novos que podem alterar esta personalidade.

O recado de Lula

Embora tenha aparecido como um "caco" (não estava no script) num discurso que Lula fez em Paris, não foi gratuito o aviso que o ex-presidente fez de que se o incomodarem muito pode ir para as ruas em uma campanha que pode virar campanha presidencial. Foi um recado direto para a oposição que ainda tem medo do ex-presidente. Mas também não deixou de ser um aviso indireto à presidente Dilma e aos dilmistas, sejam eles petistas ou de outros partidos. Algo como: "Não me deixem só!". Alguém pode imaginar o que acontecerá se Lula realmente, reativar seus palanques?

O caso do gás

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que a próxima meta do governo para garantir maior competitividade às empresas brasileiras, depois da redução da conta de eletricidade, será a diminuição do preço do gás, outra reivindicação do setor industrial, principalmente do setor químico. Mantega disse ainda que o governo só não sabe ainda como fazer. Mas não deverá ter dificuldades. Afinal, quem manda no gás no Brasil é a Petrobras...

Mel para governadores e prefeitos

Para tentar conter um pouco a insatisfação dos prefeitos e governadores com a perda de receitas, em parte por culpa das políticas de isenções fiscais adotadas por Brasília, o governo deve anunciar esta semana a mudança no indexador das dívidas que eles têm com a União. Na prática significa que Estados e municípios vão pagar menos juros e terão mais dinheiro para investir. Era um antigo desejo deles. Com isso, Dilma espera desarmar um movimento, pelo fortalecimento dos Estados e municípios em andamento e que, como já comentamos em outras colunas, era uma das bandeiras que seus oposicionistas já estavam agitando, com grande possibilidade de sucesso. É possível que ela consiga uma trégua, mas não total. Os governadores querem mais, principalmente no caso dos Estados mais fracos economicamente. E na área municipal, o alívio só vem para os grandes, como SP, RJ e outras capitais. Os pequenos e médios municípios, os mais encalacrados, não terão esse alívio porque não rolaram suas dívidas. E eles querem é mais dinheiro - ao vivo e em cores.

Natal e Ano Novo

Agora é período de festas, de meditações - e de descanso : afinal, como dizia a poeta pernambucano Ascenso Ferreira, "ninguém é de ferro". Aos novos bravos e persistentes leitores desejamos ótimas comemorações, 2013 feliz como nunca. Voltaremos em 8/1. Como agradecimento por nos terem seguido por mais um ano, deixamos este poema :

Desejo, de Carlos Drummond de Andrade

Desejo a você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel...
E muito carinho meu.

por Francisco Petros e José Marcio Mendonça

sábado, 15 de dezembro de 2012

ROLA BOLA TATU BOLA = Edmilson Providência e Ernesto Teixeira



A Associação Caatinga comemora com grande satisfação a escolha do tatu-bola como mascote da Copa do Mundo 2014 por dois importantes motivos:

Primeiro porque o objetivo principal da Associação Caatinga ao lançar a campanha do tatu-bola para mascote em janeiro deste ano, e com isso associar questões ambientais ao maior evento esportivo do planeta, foi atingido! E segundo, com a visibilidade dada à espécie graças ao mascote da FIFA, surge uma oportunidade ímpar de sensibilizar a sociedade para a preservação da espécie e da Caatinga.

Com essa finalidade, a Associação Caatinga, em parceria com a ONG The Nature Conservancy e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), desenvolveu o projeto de conservação intitulado: “Tatu-bola e a Copa do Mundo da Fifa 2014 – Juntos marcando um gol pela sustentabilidade”. O foco principal desta iniciativa é reduzir o risco de ameaça de extinção que o tatu-bola sofre através da mobilização da FIFA, dos patrocinadores, participantes e principalmente dos torcedores da Copa do Mundo 2014, todos juntos, em busca da preservação ambiental.

O projeto – que já conta com o apoio do Ministério do Meio Ambiente e Ministério do Esporte – prevê um conjunto de ações voltadas à ampliação do conhecimento sobre a distribuição e ocorrência atual da espécie, à criação de áreas protegidas na Caatinga e à mobilização da sociedade para conhecer melhor a espécie e a Caatinga.

O tatu-bola (Tolypeutes tricinctos) é uma espécie de tatu encontrado na Caatinga e no Cerrado. São dotados de três cintas móveis, de onde origina o nome tricinctus. Medindo cerca de 50 centímetros, o tatu-bola tem habito noturno e alimenta-se de cupins, formigas e frutas. Essa espécie não escava buracos e sim aproveita tocas abandonadas. A caça e a destruição do habitat são as principais ameaças à sua sobrevivência. É a única espécie capaz de se enrolar completamente, formando uma bola quando se sente ameaçada.

Por que defender o Tatu-bola e elegê-lo mascote da Copa 2014?

• O tatu-bola mostra ao mundo a beleza, exuberância e o quanto a natureza brasileira é surpreendente.

• O tatu-bola é uma espécie 100% brasileira e só existe em nosso país e é uma das raras espécies que tem a habilidade de se transformar em bola.

• O tatu-bola está bastante ameaçado pela caça e pela perda de hábitat e a sociedade precisa se envolver na proteção do patrimônio natural do país.

• A campanha alia a paixão nacional à preocupação com a natureza e mostra ao mundo que o Brasil tem compromisso com a sua biodiversidade.

• A campanha exalta algumas das qualidades do povo brasileiro como a criatividade, a irreverência e senso de humor.

• O tatu-bola é predestinado a assumir o posto de mascote pois tem no nome a protagonista do maior espetáculo esportivo do mundo: a bola.

4 CONCEITOS RECOMEDADOS PELA FIFA PARA DEFINIÇÃO DO MASCOTE DA COPA 2014 QUE DEVE CARACTERIZAR BEM O BRASIL:

- Sociedade Coesa: Um dos maiores orgulhos dos brasileiros é a riqueza da nossa natureza retratada no verde da bandeira do Brasil. O tatu-bola teria a capacidade de mobilizar a sociedade para o cuidado com a natureza, aliando à maior paixão do brasileiro que é o futebol a preocupação com as questões ambientais, pois o tatu-bola está ameaçado de extinção. Existe uma grande identidade popular com esta espécie, mesmo pouco conhecida, o fato de adotar a forma de bola quando ameaçado, torna a espécie curiosa que toca no imaginário e emocional dos brasileiros. Além disso, a identidade é forte por tratar-se de espécie exclusiva do Brasil, em outras palavras ele é 100% brasileiro.

- Poder de Inovação: A proposta de transformar o tatu-bola em mascote da Copa 2014 é inusitada e inovadora pois este animal jamais foi retratado como símbolo de evento esportivo no país ou no mundo, além de não termos conhecimento de que ele já tenha sido utilizado como mascote por nenhuma entidade ou agremiação. Único mamífero no nosso país que pode assumir a forma de uma bola. Isso atribui uma grande carga de originalidade a proposta.

- Natureza Impactante: Por se tratar de espécie exclusivamente brasileira, ser o único mamífero que assume o formato de bola ele reúne características representativas da nossa natureza impactante. O tatu-bola precisa das florestas para sobreviver e por isso ele como mascote poderia sensibilizar a sociedade para a preservação das florestas e suas riquezas, além de assegurar a manutenção dos serviços ambientais fornecidos por estas florestas. Retratar através de seqüência de fotos ou animação as etapas da transformação do tatu em bola impressiona de tal forma as pessoas que não conseguem acreditar que um animal consiga fazer isso. Imagens do tatu enrolado em sua carapaça de forma quase hermética e perfeita tem um grande poder de sensibilização e envolvimento.

- Terra da Alegria e Nação do Futebol: Só mesmo nessa nação, onde todos jogam bola na rua desde pequeno, poderia existir um tatu que vira bola. Se a nação do futebol escolher um mascote que tem essa rara habilidade é no mínimo muito autêntico e criativo. A bola, protagonista deste esporte é associada a esta espécie rara, ameaçada e muito especial da fauna brasileira o que representa a capacidade do brasileiro de brincar com este símbolo (a bola) de forma atrevida e leve. A proposta do tatu-bola como mascote reúne a criatividade, o senso de humor e a irreverência, características típicas do povo brasileiro.

(Fonte: Associação Caatinga)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A ESCRITA DE DARA (PARABÉNS!)


Tio,

Quero dividir a alegria que tive ontem ao ser chamada ao colégio para receber uma homenagem por uma redação que fiz sobre o Patativa do Assaré. Em anexo segue a capa do livro, uma coletânea de redações, poesias, blog e desenhos de todos os alunos da Organização Farias Brito e a página onde tem a redação que escrevi.

Beijos,

Dara


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A VIDA DE PATATIVA DO ASSARÉ



Patativa do Assaré foi um menino que nasceu no sertão nordestino numa cidade chamada Assaré. Um menino que teve uma infância difícil. Aos quatro anos, ficou cego de um olho e aos oito perdeu seu pai. Seu nome verdadeiro era Antonio Gonçalves da Silva. Antonio só teve quatro meses de aula, era agricultor e tinha três irmãos.

Um belo dia, Patativa ouviu um homem cantando uma poesia e ficou fascinado com aquilo e começou a cantar também. Foi convidado para cantar pelo mundo e voltou para casa famoso e com o nome de Patativa do Assaré. Para nossa tristeza, aos noventa e três anos, Patativa morreu no ano de 2002. Este ano ficou marcado, pois o Brasil perdeu um grande poeta.

Patativa teve pouco tempo de estudo, mas foi o suficiente para se tornar um dos maiores poetas brasileiros. Mas, mesmo tendo ficado famoso, nunca deixou de ser agricultor. Deixou de ser cantor e foi para o campo trabalhar. Enquanto trabalhava, Patativa guardava na memória várias palavras e quando chegava em casa, passava tudo para o papel. Patativa pode ter deixado de cantar, mas nunca deixou de escrever poesias. Mesmo tendo morrido, Patativa deixou seus livros, poesias, cordéis e, além disso, Patativa deixou uma grande coisa pra gente: seu trabalho como poeta, cantor e a sua presença em nossa alma.

Mesmo estando morto, nós nunca vamos esquecer de Patativa do Assaré, o maior poeta brasileiro. Obrigada, Patativa!

Dara Maria de Sá Bonfim, 3º ano 01 – Manhã – Ensino Fundamental
FB Júnior Sobralense
2º Lugar – Infantil I

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

HOJE É O CENTENÁRIO DE LUIZ GONZAGA

Luiz Gonzaga é dos músicos mais subestimados do Brasil, menos dimensionados em sua real importância. A popularidade do forró, o orgulho de ser nordestino, a maior popularidade de festas juninas, tudo tem raiz no Rei do Baião, o primeiro e maior nome da música nordestina da história.

(Luiz Cláudio Canuto)

O ETERNO REI DO BAIÃO
.
Já faz mais de vinte anos
Que o velho Lua morreu.
Da vida dos nordestinos
Nunca desapareceu.
Porque em cada canção
Cantantava com coração
O mundo que ele viveu.
.
Nosso Rei do Baião vive
Na boca de sua gente.
Pois tudo que ele gravou
É cantado no presente.
Sendo a voz do retirante,
Dos que estavam distante,
Foi o canto do ausente!
.
Luiz Gonzaga cantou,
Os costumes do sertão
Cantou beatas e santos,
Padre Cícero Romão,
Cantou povo, cantou fé
O Santo de Canindé,
Cantou até oração.
.
Cantou também paro o papa
Não esqueceu Lampião,
As lendas de cangaceiros
Que corriam no sertão.
Cantou a mulher rendeira
E Sá Marica parteira
Costumes e tradição.
.
Cantou do vate Catulo,
Que no nome tem Paixão,
Digo a todos com certeza
Que encantou seu torrão,
Com a mais bela cantiga
Que amor a terra instiga
Que foi Luar do Sertão.
.
Lua mostrou ao Brasil
Nossa nação nordestina.
Falou de chuva e de seca
Contando a nossa sina.
Cantou tristeza e alegria
Dum povo que contagia
Pois a ser forte ensina.
.
Cantou a fauna e a flora.
Do nosso seco sertão.
E mostrou ao mundo inteiro
Grande amor pelo seu chão.
Asa branca arrebatou,
E o povo todo cantou,
Este hino ao Sertão.
.
O querido rei caboclo.
O nosso rei do baião.
Viverá eternamente
Em nossa recordação.
E será eternizado
Pois sempre será lembrado
Por toda nossa nação.
.
Quando o fole da sanfona,
Gemer em qualquer lugar.
E um forró pé-de-serra
O sanfoneiro tocar
Lembrarei de Gonzagão,
O nosso rei do Baião,
Majestade Singular!
--

(Dalinha Catunda)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

CONJUNTURA NACIONAL

Eleições diretas

Durante a campanha pelas Diretas Já, em 1983/84, o jornal Folha de S.Paulo transformou o assunto em sua bandeira, até com uma fitinha verde-amarela no alto da primeira página. Noticiário e editoriais davam como garantida a vitória da emenda que devolvia ao país as eleições diretas para presidente da República, depois de vinte anos de ditadura - a emenda Dante de Oliveira. O jornal cantava a vitória e abria fotos do povo nas praças. A contagem a favor só crescia. Seu concorrente, O Estado de S. Paulo, era bem mais sóbrio e cauteloso e tinha lá seus motivos. Um deles, um informante especial em Brasília. Ao ser questionado sobre a contagem da Folha, que dava mais de cem votos a favor da emenda, o informante deu uma boa risada ao telefone e completou assim a conversa:

- Meu filho, fique tranquilo, eles não sabem contar.

Era Tancredo Neves. (Da coleção de Luciano Ornelas)

Valério, uma bomba?

Marcos Valério conta que dinheiro do mensalão foi parar nas contas de Lula. A declaração, registrada pelo Estadão, que teve acesso a documentos, pode ser tentativa de chutar o pau da barraca e botar mais lenha na fogueira? Pode. Mas não deve ser descartada. Urge apurar todas as informações e versões. Ocorre que a apuração, a esta altura, seria de responsabilidade de um juiz de primeira instância, eis que Lula não goza mais de foro privilegiado. Portanto, abriria um novo processo. Quem acredita que isso pode ocorrer?

Perdeu a oportunidade

A fala de Marcos Valério entra no fosso das dúvidas porque ocorreu depois da condenação. Procurou o MP para entrar no compartimento da "delação premiada". Ou seja, chegou com atraso.

Se Lula fosse o alvo...

Este consultor não tem nenhuma dúvida. Se Luiz Inácio fizesse parte da relação de incriminados na denúncia sobre mensalão, o processo não ganharia continuidade. Estaria trancado nas gavetas. Avançamos muito em matéria de direitos humanos, cidadania e avanços no terreno dos valores republicanos. Mas não a ponto de queimar por completo o perfil mais carismático do país. Lula continua a encarnar a figura do "pai dos pobres". Nessa condição, ganharia um gigantesco escudo de proteção. Não seria tosquiado pela fogueira.

E agora?

Tudo pode recomeçar se Marcos Valério mostrar documentos cabais, provas densas, revelações bombásticas. É pouco provável que tenha esse acervo. Há, isso sim, muita especulação. Teria recebido ameaças de morte? É possível. Conta que teria ouvido de Paulo Okamotto, que dirige o Instituto Lula: "Ou você se comporta ou morre". Mas, por enquanto, é a palavra de um condenado no mensalão como operador do sistema.

Lula e Dilma

Quase 3 horas de papo em Paris. Foi quanto durou a conversa entre a presidente Dilma e Lula em um hotel da capital francesa. Longe dos telefonemas e dos curiosos. Certamente passaram os olhos nos últimos acontecimentos: mensalão; comportamento de ministros; condenações em regimes aberto e fechado; o caso Rosemary; as implicações para o PT e impactos sobre o governo; o cenário pré-eleitoral; as eleições para as presidências do Senado e da Câmara; as MPs em tramitação, etc. Pauta densa. Dilma fazendo consultas e Lula dando as suas impressões.

Direção das casas legislativas

Está acertado. As casas legislativas deverão ficar sob o comando do PMDB. O fato é que, no Senado, o rito é de que o partido com o maior número de senadores tem direito à presidência da mesa. Ali é uma tradição. O nome deverá ser Renan Calheiros. Na Câmara, o PMDB fez um acordo com o PT. Cedeu a presidência na atual legislatura para ganhar o comando na próxima. Acordo assinado pelas lideranças partidárias. Há resistências a esse acordo? Há. Grupos de deputados têm se rebelado contra acordos feitos pelas cúpulas. No caso do deputado Henrique Alves, o indicado do PMDB, vale lembrar que se trata do parlamentar com o maior número acumulado de mandatos naquela casa. Chegou ali com 22 anos. Ademais, é líder do partido em seguidas legislaturas. Trata-se de um deputado com muita experiência.

Para a esquerda, não vou

Depois de eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral, em eleição indireta, Tancredo Neves começou a ser pressionado para empunhar algumas causas do PT - aliás, partido que se omitiu naquela eleição; mas não se sabe se já era aliado de Paulo Maluf na ocasião, em 1985. A pressão chegou a tal ponto que Tancredo teve de ser duro, à sua maneira:

- Não adianta empurrar, para a esquerda eu não vou.

Uma figura pública

Ontem, demos adeus a uma grande figura pública: dr. Dante Ancona Montagnana, presidente da Federação dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises e outros estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo. Era também presidente do Sindicato. Uma figura incansável em defesa de sua classe. Um lutador. Acompanhei sua luta por bom tempo. Gentil, afável, educado, nunca o vi levantar a voz nem quando demonstrava irritação. Seria homenageado, hoje à noite, com um jantar e as palmas dos muitos amigos. Adeus, dr. Dante!

A saúde pública

Eis o que pensava sobre a saúde pública em nosso país: "a deterioração da saúde pública já vem de longa data ..O SUS é, teoricamente, o sistema público ideal e ninguém pode dizer o contrário. Só que não podemos tapar nossos olhos e bater palmas, porque ele não está funcionando como deveria, pois não dá ao cidadão o seu direito garantido constitucionalmente: a saúde - direito de todos e dever do Estado. O Estado não cumpre seu dever, ou seja, não aumenta os recursos para a saúde, deixando a rede privada, principalmente a filantrópica, com a responsabilidade do atendimento, mesmo que isto represente um déficit em cada procedimento, o que tem levado as Santas Casas a uma insolvência como nunca nos últimos anos".

Cassação de mandatos

Mais uma pendenga se forma. O STF deverá votar, hoje, por maioria de 5 a 4, pela cassação de mandatos de parlamentares condenados na Ação Penal 470. Há interpretações para todos os gostos. O presidente da Câmara, Marco Maia, diz que não acatará decisão do Supremo, pois a CF garante (art. 55) que essa é uma prerrogativa da Casa. O Supremo, por maioria, decide que parlamentar condenado perde o direito à representação. Se perde os direitos políticos, como continuar a ter esses direitos? Um condenado em regime fechado (é o exemplo in extremis) como poderia dar o voto na Câmara? Seria seu voto colhido na prisão? Será que a Câmara não deveria verificar apenas se todos os rituais de cassação foram cumpridos? É claro que deve haver alguma manifestação da Câmara. O dono do mandato é o povo.

Imagem forte

A presidente Dilma Rousseff continua a manter imagem forte perante o eleitorado, principalmente os contingentes situados nas margens. Mensalão, affaire Rosemary e denúncias de favorecimento envolvendo quadros da administração Federal não têm impactado negativamente a imagem da governante. A pergunta é recorrente: qual é a razão? Este consultor enumera: 1. o perfil envolvido no manto técnico, que lhe confere a imagem de faxineira; 2. a maneira rápida com que toma decisões, mandando demitir os implicados; 3. a expansão do cinturão social (programas Brasil sem Miséria e Brasil Carinhoso, extensões do Bolsa Família). Enquanto correr o dinheirinho no bolso das margens sociais, Dilma continuará com a imagem inabalável.

A locomotiva econômica

E como será o quadro eleitoral? Dilma será reeleita? Resposta: se a locomotiva econômica se mantiver nos trilhos, o trem correrá sem solavancos rumo à plataforma 2014. Crescimento poder ser até baixo em 2013, algo em torno de 3% a 4%. Mas se as margens sociais continuarem a se acomodar no gigantesco cobertor social, Dilma deverá continuar sentadinha na cadeira central do Palácio do Planalto. Pois os eleitores mais uma vez se guiarão pela geografia do voto : bolso, estômago (geladeira cheia), coração e cabeça.

Custos adicionais

As empresas de segurança privada estão preocupadas com os impactos da aprovação do PL 1033/03, que garante adicional de periculosidade de 30% sobre o salário dos vigilantes. Isso porque o custo operacional por posto de trabalho deve passar dos atuais R$ 12.257,67 para os R$ 14.129,74. Só nos cofres públicos, estimativas apontam um impacto adicional de R$ 187 mi por mês. "Não queremos deixar de pagar o adicional nem queremos demitir. Porém, precisamos conceder o benefício gradativamente para que não haja impacto negativo", argumenta João Palhuca, vice-presidente do Sesvesp (Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo).

A vingança dos prefeitos

Não são poucos os homens públicos que merecem figurar no Portal da Indecência. São aqueles que se vingam contra o povo ao não se reelegerem ou não elegerem seus candidatos. Por perversidade, suspendem serviços básicos ou essenciais que eram prestados até o dia das eleições; relaxam na limpeza pública; exoneram professores e atravancam o calendário escolar; suspendem o transporte de alunos da rede municipal e até chegam a propor (escárnio...) que os servidores trabalhem como voluntários, sugerindo que peçam recontratação ao próximo prefeito. Vingadores. Indecentes. Merecem a navalha afiada do MP. E o desprezo dos eleitores nas eleições futuras. Só em Pernambuco, o MP enquadrou 45 prefeitos. Dentre eles, o ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, prefeito de João, alvo do TCE e do MP.

Conselho aos injustiçados

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes, membros dos Poderes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos membros dos Tribunais. Hoje, os conselhos vão para os injustiçados, aqueles com fome e sede de Justiça:

1. Procurem persistir em seus sonhos. Não se deixem abater pela onda de injustiças que bate à sua porta. Não desanimem. Avante. Tenham fé.

2. O grande Ruy já dizia: "A menor injustiça pode operar instantaneamente as mais sanguinosas comoções, como uma gota d'água poderá determinar o esboroamento de um dique fendido lentamente pelos anos, ou a mínima fagulha produzir uma conflagração num depósito subterrâneo de explosivos". Mesmo sabendo de tudo isso, procurem conter as fagulhas de sua alma. Na crença de que, um dia, a injustiça será sanada.

3. Rezem para que os instintos mais selvagens de figurantes da cena institucional voltem a se banhar nas fontes do Humanismo, da Caridade e da Justiça!




(Gaudêncio Torquato)

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Questões na virada do ano

Diante da enorme expansão monetária das principais economias mundiais, associada à crise gravíssima do desemprego, fruto do baixo consumo e do fraco investimento, o principal dilema mundial está em como combinar uma política monetária suficiente para controlar os problemas da débil atividade econômica com as perspectivas preocupantes relativamente à estabilidade fiscal e monetária futura. Em palavras mais singelas, duas variáveis estão a preocupar os gestores econômicos: a recessão e a inflação futura. Em períodos "normais", este dilema é resolvido pela manipulação adequada da taxa de juros. Num momento em que as economias mundiais margeiam a depressão (Europa) ou a recessão continuada (EUA), as dúvidas são enormes. Com um agravante: a debilidade política dos líderes dos países, a despeito dos recentes eventos eleitorais (EUA, França, Espanha, etc.). Assim sendo, 2013 será provavelmente um ano em que o choque de ideias entre os preocupados com a inflação/situação fiscal e os focados no desemprego há de deixar marcas de volatilidade por todo o mundo. Talvez a volatilidade seja ainda maior que em 2012.

China, a incógnita da vez

Os últimos dados da economia chinesa mostram uma desaceleração contínua e substantiva comparativamente aos padrões anteriores do país. Agora, sob nova direção do partido e do governo comunista (Xi Jinping), o desafio chinês será o de "trocar" investimento por maior consumo. Um momento delicado, portanto. As exportações chinesas foram até novembro apenas 2,9% superiores ao mesmo período do ano anterior. As importações de matérias-primas, tão vitais para países como o Brasil, estão desacelerando, mesmo que mantenham um patamar bem acima da dos produtos manufaturados - o consumo de ferro, por exemplo, está no patamar acima de 8%, enquanto as importações como um todo (dados de novembro) estão estáveis. Outro aspecto importante é que o país comunista começa a ter de lidar com um desemprego maior (8,1% de desemprego urbano, segundo dados oficiais). Politicamente, a despeito do duro controle social exercido pelo Partido Comunista Chinês, este dado é muito preocupante. Por fim, há uma série de dúvidas sobre a higidez do sistema financeiro chinês. Este é um assunto tabu, daqueles que fazem os agentes reagirem rapidamente e de repente quando têm dúvidas.

Brasil: fragilidades à mostra

Não resta dúvida de que o Brasil padece dos efeitos externos sobre a sua economia. Todavia, considerando-se que o nosso país é relativamente fechado em termos de comércio externo (baixa participação das exportações+importações no PIB), os problemas de crescimento brasileiros estão muito mais ligados com a gestão interna da política econômica. Como aspecto mais relevante, temos a constatação de que a taxa de investimento está baixa, muito aquém daquela que seria necessária para nos colocar numa classificação segura de "país emergente". Ademais, os investimentos públicos são baixos e ineficientemente administrados - o PAC é um fracasso de gestão. O último fato a justificar a debilidade dos problemas relacionados com a taxa de investimento é a fraca articulação do setor governo com o privado. Os objetivos de cada um não são harmonizados por negociações. Ao contrário, o governo toca a coisa pela via da intervenção, como se ele fosse dotado da "última razão" em matérias que merecem atenção e cuidado. Vide a crise do setor elétrico, esta que veio para ficar. Aqui e ali (veja o caso da influente revista The Economist) já despontam vozes contra a política econômica e o ministro da Fazenda Guido Mantega. Esta é apenas a ponta do iceberg. Afinal, é a presidente que tem autoridade e gosto especialíssimo em mandar e desmandar na política econômica. É a presidente que tem a legitimidade política para tal e será ela a ser avaliada pelas urnas. Todavia, até lá o crescimento deve continuar na toada da letargia, como os agentes esperando algo que não sabem bem ao certo o que é.

Ainda sobre o paradoxo "emprego versus crescimento"

Estamos repisando, mais uma vez neste espaço, que há uma incompatibilidade lógica entre o nível de emprego (elevado) e a atividade econômica (em baixa). A nosso ver, o desemprego já poderia ter se elevado. O fato de não ter acontecido assim foi o principal fato a manter o PIB positivo, mesmo que fraquíssimo (gravitando em torno do 1%). A nosso ver, será a fragilidade (ou não) do mercado laboral que irá sinalizar se entraremos no campo negativo em termos de atividade econômica. Não cremos numa mudança estrutural da taxa de investimento, no curto prazo. De outro lado, será o maior desemprego (se ocorrer) que irá mostrar as entranhas da política brasileira : o governo, até agora relativamente forte perante o Congresso, terá de dobrar joelhos e aí a habilidade presidencial para lidar com este cenário será testada. O governo deve saber disso, mas parece pouco propenso a ser mais atrevido (e menos temido) para mudar o cenário.

A luta cambial

Ao mexer no prazo para antecipação de operações cambiais, o governo deu sinais de que não tolerará altas severas do câmbio frente ao dólar. Como se sabe, a política cambial é a variável mais fora de controle de qualquer governo. Este pode até controlar a taxa nominal (como no período do primeiro governo de FHC), mas a taxa real (fruto das variações externas das moedas internacionais e da inflação aqui e lá fora) está totalmente fora do controle do governo. O governo aparentemente está mais preocupado com a inflação, no curto prazo, que com a competitividade externa do país. Faz sentido. Afinal, a inflação acumulada nos últimos anos é alta, comparativamente a outros países, bem como há inflação represada, especialmente no setor de petróleo. De todo modo, os agentes estão cautelosos. Sabem que o governo deve conseguir seus intentos imediatamente, mas que as incertezas mediatas estão aumentando. Melhor cuidar-se e se proteger contra flutuações mais agudas no valor do real.

Bolsa: investidores e gestores inquietos

Estes colunistas têm se encontrado com muitos gestores de ações nas últimas semanas. O que é informado é que está muito difícil estabelecer uma política coerente com os objetivos de cada investidor ou fundo. O cenário muda rapidamente e a análise está cada vez mais focada no curto prazo, mesmo em relação a empresas tradicionais. Isso porque setores importantes da bolsa sofreram mudanças estruturais por força da política governamental (energia, petróleo) e porque outras empresas estão emitindo sinais cada vez mais instáveis sobre as suas perspectivas. Um ambiente nada amigável para quem faz política de investimento de médio e longo prazo. Assim sendo, o ajuste mais natural seria os preços caírem face ao risco. Em alguns casos isso já ocorreu (energia, de novo), mas no geral (refletido no índice Ibovespa) isso não ocorreu porque não há aqui no Brasil e no exterior (para os investidores externos) muitas alternativas mais atraentes. Todavia, os fundamentos do mercado estão muito deteriorados comparativamente ao período pós-2008. Assim, o mercado poderá tomar um rumo mais negativo, caso surjam alternativas às ações brasileiras, ou os investidores finais acabem por sucumbir à ideia de que os retornos são incompatíveis com os riscos.

É Dilma ou Dilma

As relações entre o PT e a presidente da República são conflitantes: de respeito e de desconfiança. De ambas as partes. Há um certo PT, que perdeu espaço no governo Dilma, que não está satisfeito com ela. E talvez fique menos ainda depois das mexidas que ela pode fazer no ministério e nas lideranças governistas do Congresso em janeiro e fevereiro. Dilma também sabe que este PT está com ela porque ela tem a caneta, o Diário Oficial e uma popularidade que, mantidas as atuais condições de temperatura e pressão econômica, dão-lhe extraordinária oportunidade de se reeleger daqui a dois anos. Mas que se pudessem, gostariam de estar com outra pessoa. Só que as circunstâncias mensaleiras e secretariais fecharam esta porta. Portanto, é Dilma ou Dilma. O que explica a cautela com que o PT trata de temas delicados, como o mensalão e o rosegate, para não envolver a presidente em casos nos quais seu governo não tem nada a ver diretamente. De toda forma, Dilma trata de criar suas próprias bases. Se se notar, ela não mais se socorre do PT ou do próprio Lula para tratar com os aliados. Merece também registro o fato de o ex-marido da presidente e um de seus mais importantes interlocutores, Carlos Araújo, ter deixado o PT e voltado para o PDT, partido no qual ele e a presidente militaram depois que saíram da clandestinidade.

É Dilma ou/e...

Nunca se viu o PMDB, nos últimos anos, pelo menos publicamente, tão cordato como agora. A presidente manifestou um simples desejo, o PMDB comparece, sem reclamar. Se cobra, se esperneia, é a boca pequena. Com seu faro afinado, o partido que já foi liderado por Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, quer firmar-se como grande aliado de Dilma, tão ou mais importante que o PT. Aproveitando-se exatamente do vácuo deixado pelas vacilações petistas. As razões: (1) defender-se dos ataques do PSB de Eduardo Campos, que tem como uma de suas opções para 2014 expelir o PMDB da condição de vice de Dilma (a outra, é uma candidatura própria); (2) conquistar, discretamente, mais e melhores espaços no governo, conquistando mais "cartórios eleitorais", capazes de lhe garantirem mais votos para a Câmara dos Deputados, o Senado e as Assembleias Legislativas (o PMDB teme perder a condição de maior partido no Congresso para o PT e até para o PSB). Porém, a "fidelidade" peemedebista tem prazo de validade: a recuperação da economia brasileira no ritmo que o ministro da Fazenda há meses vem garantindo que ocorrerá no mês seguinte. O PMDB está e estará onde sempre esteve desde que a ditadura militar acabou: no governo, onde ele estiver e seja quem for.

É o dinheiro, estúpido!

As discussões sobre a nova divisão dos royalties do petróleo, as confusões com alguns governos estaduais por causa das regras de prorrogação das concessões de energia elétrica e a queda das receitas dos Estados e municípios - em parte pelo fraco desempenho da economia, mas em parte também pelas isenções tributárias concedida pelo governo Federal com a ajuda dos cofres dos governadores e prefeitos - despertou uma serpente que havia algum tempo era chocada no ventre do Estado brasileiro: a desigual divisão de recursos entre o governo Federal, os governos estaduais e os governos municipais.

Presidente rico, governador remediado, prefeito pobre

Tecnicamente, é a discussão do chamado pacto federativo, tema que está além dos interesses partidários - na realidade, une bancadas estaduais contra Brasília. Por mais que teorias políticas digam o contrário, deputado sabe perfeitamente que sem apoio de prefeito e/ou governador, sua eleição/reeleição fica muito difícil. Não impossível, mas delicada. Este será o grande tema de 2013, ano pré-eleitoral. São os mantras que Eduardo Campos e Aécio Neves já estão ensaiando enquanto se aquecem para entrarem em campo na sucessão presidencial. Qual será a resposta de Dilma com todos os compromissos existentes no Orçamento Federal? Falar em "pacto federativo" não comove o eleitor. Batizá-lo como "falta de dinheiro para saúde, segurança..." certamente agita.

Cavalos de tróia - I

O governo está tratando a pão de ló e vai tratar melhor ainda os irmãos cearenses Cyro e Cid Gomes. Eles são vistos como os únicos capazes de botar algumas pedras no caminho dos planos políticos do governador Eduardo Campos no PSB.

Cavalos de tróia - II

Não há indicações de que o governo esteja procurando o mesmo na oposição. Tanto que já está incorporando inteiramente o PSD de Gilberto Kassab em sua base política, ignorando as relações do partido com os tucanos paulistas. Por enquanto, não precisa mesmo: os cavalos de tróia do PSDB estão mesmo recheados de tucanos: a vaidade os impede de se entenderem.

(por Francisco Petros e José Marcio Mendonça)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

92 ANOS DE DOM FRAGOSO


PREFÁCIO DE DOM FRAGOSO EM UM LIVRO DE SEU IRMÃO ESTANISLAU FRAGOSO BATISTA, O LIVRO TEM O TÍTULO: "CANTATA DE UM ANISTIADO...PARA DEPOIS..." (temos o livro).

Digitei este prefácio em homenagem a todos àqueles que perpertuam em suas memórias a lembrança de Dom Fragoso. Principalmente, Boaventura Joaquim Furtado Bonfim.

"Leitor Amigo:

Não escrevo este prefácio como o bispo Antonio Fragoso. Nem mesmo como Tonho, irmão mais de Lai, autor da "Cantatas de um anistiado... para depois".

Hoje, sou apenas um leitor como os outros, como você.

Li os originais de uma fôlego. Conteporâneo dos acontecimentos, recordei ao vivo a história de um passado que marcou tanta gente, que me marcou no mais fundo de mim mesmo.

Muito mais do que o tecido dos acontecimentos, eu ia recompondo o perfil de Estanislau.

Emergia das linhas e entrelinhas do Diário-Cantata, o rosto de um HOMEM.

Homem de coração CONFIANTE, desarmado, venerável como todos os homens sem ódio e sem malícia. Ele é dos que acreditam "nas flores vencendo o canhão". O olhar de uma criança enternece seu coração e põe mais calor humano em sua vida do que o Leviatã do poder. Para ele é tão densamente verdade como para Tristão de Athayde - que "as cinzas de Alexandre, um dos maiores onquistadores da história, não bastam hoje para tapar o buraco de uma parede, enquanto a oração de uma criança pode fazer mudar o curso da história".

Homem que carrega incorrigivelmente consigo uma UTOPIA mobilizadora. As Ditaduras, a prepotência, o Sadismo dos que fazem a Tortura Psicológica, podem marcar com ferro em brasa a sua carne e levá-lo até as dilacerações crucificantes da lavagem cerebral. Mas nenhum sopro apaga a chama da Esperança louca.

Homem que não SE VENDE por dinheiro e posições. Não se deixa instrumentalizar. A consciência de sua dignidade aparece intacta, mesmo nas horas mais sombrias.
Homem de fé profunda, DOM de Deus, herança de seus pais, conquista de sua vida. Chamá-lo de "comunista" é testemunho de chegueira mental ou de inominável má-fé. De ponta a ponta do seu Diário-Cantata, encontrei o cristão para quem o Deus de Jesus Cristo é o Amigo de todos os dias.

Homem da DEMOCRACIA, da fidelidade à lei, da NÃO-VIOLÊNCIA inteligente e ativa. Não podia coexistir pacificamente com a Ditadura, com o imperio do arbítrio com as formas da Tortura Física e Psicológica, com um Sistema para o qual a elite no poder e o centro e a fonte dos direitos.

Leitor amigo, é este mesmo perfil que se destaca das linhas e entrelinhas da "Cantata de um anistiado... para depois "? Deixei por ventura, falar o meu coração de irmão? Aqui para nós: chorei várias vezes durante a Leitura!

Julgue, você mesmo.

Antônio Fragoso, que também é o bispo de Crateús e irmão de Estanislau Fragoso”.

Poranga, 24 de outubro de 1980.

A título de esclarecimento: O nome de Dom Fragoso era: ANTONIO BATISTA FRAGOSO, e do Seu Irmão: ESTANISLAU FRAGOSO BATISTA.

(Por Francisco Antonio Sales Saboia)

domingo, 9 de dezembro de 2012

CECÍLIA MEIRELES... HÁ 48 ANOS...



Cecília Benevides de Carvalho Meireles nos deixou em 09 de dezembro de 1964. Foi poetisa, pintora, professora e jornalista. Uma das vozes líricas mais marcantes da literatura brasileira.





Motivo


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

sábado, 8 de dezembro de 2012

OSCAR NIEMEYER - NOSSO MAIOR ARQUITETO - O POETA DA LEVEZA EM MEIO À DUREZA DO CONCRETO










“Não é o ângulo reto que me atrai,
nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem
O que me atrai é a curva livre e sensual,
a curva que encontro nas montanhas do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo,
o universo curvo de Einstein.”


(Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares - Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907 — Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2012)

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PÉROLAS DE OSCAR NIEMEYER:

- Ganhei um convite para ver o filme da Bruna Surfistinha. Espero que
seja MESMO um filme sobre surf. O filme da Bruna Surfistinha é uma
apologia ao baixo meretrício e aos mais baixos instintos humanos. Mas
pelo menos rolou uns peitinhos.

- Meu médico me proibiu de tomar vinho todos os dias. Sorte que ele
não falou nada sobre Smirnoff Ice.

- Fui convidado para ver o pessoal do Comédia em Pé. Só não vou porque
minha artrite não deixa ficar em pé muito tempo.

- Esse humor do Zorra Total já era antigo quando eu era criança.

- Linda, eu não vou a museus. Eu CRIO museus. Quer ir Ver uns museus?

- Sem sono e a fim de sair pro agito. Quem embarca?

- Existem apenas dois segredos para manter a lucidez na minha idade: o
primeiro é manter a memória em dia. O segundo eu não me lembro.

- Ivete Sangalo me encomendou o primeiro trio elétrico de concreto
armado do mundo. O pessoal aqui no escritório já apelidou de
“Sangalão”. A proposta era fazer o “Sangalão” de madeira para ficar
mais leve. Aí eu disse pra Ivete “Quer de madeira? chama um
MARCENEIRO!”.

- Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá foi como
criar um lindo vaso de flores pra vocês usarem como PINICO.

- Caro Sarney: ser imortal na Academia Brasileira de Letras é mole.
Quero ver é tentar ser aqui fora!

- Nunca penso na morte, NUNCA. Vou deixar para pensar nisso quando
tiver mais idade

- Perto de mim Justin Bieber ainda é um espermatozóide.

- Odeio praias lotadas aos domingos. Não dá pra surfar direito, é o maior crowd.

- Brasília nunca deveria ter sido projetada em forma de avião. O de
camburão seria mais adequado. Na verdade quem projetou Brasília foi
Lúcio Costa. Eu fiz uns prédios e avisei que aquela merda não ia dar
certo. Sim, ela é aquele avião que não decola NUNCA. Segundo a Nasa,
Brasília é inconfundível vista do espaço.

- Duro admitir, mas atualmente Marcela Temer é o monumento mais
comentado de Brasília.

- Todos ficam falando Zé Alencar é isso, Zé Alencar é aquilo. Mas quem
fez Pilates e caminhou na praia hoje? EU!

- O frevo foi criado há 104 anos. Ou seja: só tive um ano de sossego
desse pessoal pulando de guarda-chuvinha.

- Segredo da Longevidade 48: Não viva cada dia como se fosse o último.
Viva como se fosse o primeiro.

- Na minha idade, a melhor coisa de acordar de madrugada para ir ao
banheiro é ter acordado.

- Alguns homens melhoram depois dos 40. E eu mesmo só comecei a me
sentir mais gato depois dos 90.

- Queria muito encontrar um emprego vitalício. Só pra garantir o
futuro, sabe… Andei Comprando apostilas para Concurso do Banco do
Brasil. Não quero viver de arquitetura o resto da vida.

- Foi-se o John Herbert, 81 anos. Essa molecada da área artística se
acaba rápido demais.

- Só me arrependo de UMA coisa na vida: de não ter cuidado melhor da
minha saúde para poder viver mais.

- São Paulo mostrou ao Brasil como se urbanizar com inteligência:
basta fazer o exato contrário do que aconteceu lá.

- Fato: o meu Edificio Copan aparece em 50% dos cartões postais de São
Paulo. DE NADA.

- A quem interessar possa: eu NÃO estive presente na fundação de São
Paulo há 457 anos. Na verdade eu não fui nem convidado.

- Se eu projetasse a casa do Big Brother os participantes iriam brigar
pra ver quem saía PRIMEIRO.

- A vida é um BBB e eu quero ser o último a sair.